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terça-feira, 18 de outubro de 2011

Helmut Koster, Martin Hengel: Cristianismo, Judaísmo e Helenismo nunca formaram blocos monolíticos e imutáveis




Em primeiro lugar, deveremos considerar as categorias “Cristianismo”, “Judaísmo” e “Helenismo” não como blocos monolíticos e absolutamente imutáveis; uma vez que o seu desenvolvimento e dinâmica situam-se no dinamismo e na dialética da história. Segundo André Chevitarese e Gabriele Cornelli “o judaísmo, o cristianismo e o politeísmo grego nunca existiram, enquanto formas culturais autônomas e independentes, fora das simplificações manualísticas ou das identificações ideológicas posteriores”.


Para Chevitarese e Cornelli, “ao nos referirmos às culturas judaicas, cristãs e politeístas, estamos admitindo o uso de um conceito que estabelece a todo o momento, em termos individuais ou coletivos, um diálogo constante entre o presente e o passado...”.


a. Judaísmo

O judaísmo monoteísta se fundamenta na fé em Deus e na obediência às Leis. Nisso consiste sua pertência à Deus e aqui se fundamenta a apologia. A relação fé/Lei torna-se uma peculiaridade para os judeus, por causa de seu caminho de vida. Nessa adesão, os judeus como povo eleitos de Deus, torna-se a base de toda a apologia. A Toráh pode ser identicada com a lei da natureza e da humanidade. Os gentios politeístas eram adoradores da criação mais que do Criador. Adoravam as coisas, matérias do universo. Os judeus respondiam às calunias concernentes às suas origens recitando a história da criação e seu contexto na história do povo; referindo-se às Leis.


Em base na Bíblia, os judeus foram capazes de levar em frente sua cronografia como um contraposto alternativo, que era plausível para eles mesmos e para os demais. A prova da antiguidade dos judeus (cronografia) pode ser determinada assim: ‘Moisés precede Orpheos e a filosofia grega. Moisés era a figura principal, porém outros serão incluídos no argumento, como Abraão, que nos textos apologéticos veio a ser o inventor. A cronologia judaica se dá em três fases: a. Fora da cronologia bíblica; b. Mistura de dados bíblicos com mitologia extra-bíblica; c. os eventos bíblicos como parte da cronologia universal da história do mundo.


O que melhor concerne ao judaísmo, quando eles iniciam sua residência na terra, foi com a instituição cúltica. E a instituição cúltica incluia especialmente o particular caminho judaico para a vida, expressa em termos de doutrina grega de virtudes (Catálogo de virtudes) – como era delineado antes por Moisés.


A relação entre religião e nação na constituição do judaísmo pós-exílico era muito visível e seu desenvolvimento muito dependeria das ações proféticas, fortalecendo assim uma identidade voltada ao nacionalismo e à plena observância aos preceitos religiosos estabelecidos. “Desde sua instalação na Palestina até o cativeiro, e a despeito da pressão de vizinho muitíssimo mais forte, os israelitas haviam conseguido manter uma relativa independência nacional nos limites do reino que fundaram, mais tarde cindido em dois pelo cisma. Com base nesse quadro nacional, cujos marcos geográficos eram formados pelas fronteiras da Palestina, praticavam a religião que desde o início se caracterizava pelo acentuado cunho étnico. Em virtude do pacto do Sinai, que os unira a Deus, os hebreus consideravam-se o povo eleito. Havia perfeita correspondência entre nação e religião.


O esforço dos profetas visou preservar o patrimônio religioso de Israel contra quaisquer influências estrangeiras e defendê-lo de toda contaminação oriunda do substrato cananeu. É suficientemente verdadeira que, a literatura apologética judaica era uma reação ao antisemitismo.


Mas não há evidência de escritos anti-semíticos antes do tempo dos Macabeus. Após o Exílio da Babilônia (587 a.C.), desde as “leis” e o “Templo” (centro da vida religiosa judaica), a constituição da identidade judaica foi se consolidando a partir das diversidades étnicas e socioculturais dos povos mobilizados, com forte acento em uma “nação judaica” restaurada e definida desde “o Projeto do Segundo Templo (Ex 25-40)”, porém acentuando o caráter étnico.


Sendo assim, o movimento de migração das diásporas judaicas no contexto da consolidação do “judaísmo” possibilitou um pluralismo de matizes étnicas e culturais ao interior da construção do mesmo. “No judaísmo helenístico era possível fazer uso de uma mistura de elementos do judaísmo e da sabedoria grega”.


Para Simon e Benoit, “no interior ou fora de sua pátria, os judeus experimentaram contato permanente e direto com diferentes civilizações (egípcia, mesopotâmica, persa e, sobretudo, a grega, em seguida a romana). Mesmo com muitas precauções, entretanto, não chegaram a impedir a atuação das influências externas. À medida que se dava a instalação definitiva do reino da lei, percebe-se que também se formava no judaísmo um corpo de doutrina, parcialmente constituído de elementos estrangeiros tomados de empréstimo, em especial do Irã e da Grécia”.


O judaísmo, em sua mobilização, vai se situar num campo mais complexo com o início da helenização, tanto na Palestina como em outros territórios onde se fará presente; contudo, sem que imaginemos que se tratara de um processo homogêneo para todo o domínio grego e, posteriormente, romano. “Edward Ullendorff diz que, Conti Rossini (1895) já havia sugerido que o judaísmo professado pela guarnição militar divergia consideravelmente das formas judaicas como era preservada na Etiópia”.


No que concerne à constituição da identidade judaica, no contexto da helenização, observa-se enfaticamente seu caráter de conflito, tensão e fluidez.


Entre o período de Antíoco IV Epifânio (175-164.a.C.) e a ascensão dos Asmoneus houve um conglomerado de ocorrências como a imposição de valores culturais e religiosos gregos à Palestina, como também a todo o dominio greco-romano. A respeito da comunidade judaica da Palestina e das diásporas judaicas fez-se necessário o consentimento parcial judaico a respeito da recepção da oferta grega, não obstante a resistência e oponência radical dos Macabeus, conferindo à identidade judaica seu caráter de fluidez, de conflitos, dinamismo entre as fronteiras étnicas e de reconhecimento da demarcação de sua identidade. Segundo Helmut Koster a rebelião dos Macabeus havia começado devido a tentativa de facer de Jerusalém uma cidade helénica. O pensamento mesmo de um pluralismo cultural e religioso era necessariamente inadmisivel a respeito de Jerusalém.


Desde a perspectiva da fé judaica tradicional, a continuidade lógica da rebelião consistía no retorno de todo o país a fé no Dios de Israel. Por isso quase todas as cidades gregas de território palestino foram conquistadas pelos Asmoneos. A população era expulsa ou obrigada a se converter ao judaísmo, e outros foram incorporados ao imperio asmoneo sem seus direitos cívicos. Enquanto que ao princípio das guerras macabeias pela independência predominava o componente ideológico de liberar o templo, a cidade e o país dos horrores pagãos, depois a religião se converteu nas mãos dos asmoneos como um meio para ligar todos os habitantes com Jerusalém, onde o soberano era ao mesmo tempo o sumo sacerdote.


Foi conquistada a capital samaritana, Siquém, se destruiu o templo de Monte Garizim, sendo obrigados os samaritanos a reconhecer a supremacia religiosa de Jerusalém. Porém, torna-se prematuro afirmar uma supremacía judaica desde Jerusalém pelos asmoneus, com incidência a todo judaísmo das diásporas. Na suposição de que Jerusalém tivesse uma autoridade sobre las comunidades da diáspora, esta seria de caráter ideal e não institucional. Em nenhum momento as autoridades de templo tiveram direitos judiciales e poder policial sobre os judeus que viviam fora dos limites políticos dominados por Jerusalém. Por regra geral a diáspora procurava se manter à margem das questões políticas de Palestina, ainda que somente fosse por motivos de subsistência e de obediência à autoridade política correspondente, que teinha poder sobre ela. Esta atitude básica a adotaram mais tarde muitas comunidades cristãs (cf. Rm 13,1ss.; 1 Pe 2,13).


O judaísmo no período greco-romano vai se desenvolvendo a partir de um caráter pluri-étnico, abrangendo realidades socioculturais distintas, porém sem deixar de considerar no seu processo de interação entre fronteiras étnicas a alteridade presente em suas origens e as diversidades presentes em seu dinamismo histórico.


b. Helenismo

No que se refere ao Helenismo, abre-se um novo período na história do judaísmo, isto é, a “helenização”, que antecede a Antioco IV Epifânio (175-164 a.C.). A história helenista veio a ser uma história universal. Esse foi um esquema que penetrou no judaísmo. O estabelecimento de uma era universalmente válida. Uma universalidade aceitável, datando de eventos que transcenderá os sistemas locais. Assim como o judaísmo vai se definindo por meio do caráter plural do processo de interação com outras culturas e povos, preservando sua autonomia com seus valores étnicos e religiosos, o helenismo também se apresenta como categoria de pensamento na órbita das diversidades, não isento das correntes de resistências, como também de consentimentos, porém com certas especificidades no que se refere à filosofia e às religiões. André Chevitarese e Gabriele Cornelli14, a partir das concepções de Werner Jeager (1991) e L. I. Levine (1998), apresentam duas definições de helenismo: Werner Jeager demonstra que o termo ‘helenismo’ sofreu um processo de interpretações variadas na Antiguidade. De imediato, com Teofrasto no quarto século a.C., esta palavra adquire o sentido do uso gramaticalmente correto da língua grega, o grego livre de barbarismos e solecismos.


Posteriormente, porém, o helenismo vai caracterizar a adoção das maneiras gregas, do modo de vida grego, em especial fora da Hélade, onde a cultura grega tornara-se moda. L. I. Levine define o helenismo como um meio cultural, largamente grego dos períodos helenísticos, romano e uma extensão mais limitada do bizantino, enquanto que, por helenização, Levine chama o processo de adoção e adaptação desta cultura em nível local.


Consideramos que nas duas concepções estão presentes elementos como “maneiras gregas e sua expressão na linguagem”, assim como sua adaptação e assimilação em novos meios locais, onde também se situam as comunidades judaicas e outros povos judaizados. É o caso do Egito, que desde a Alexandria desenvolveu fortemente uma literatura marcada pela cultura helenística. “Cerca de trezentos anos antes de Cristo, o Egito foi conquistado por Alexandre Magno (332 a.C.). O país dos Faraós foi então aberto à intensa colonização dos gregos, chamada helenizaçao (Helenos – Gregos). A língua e a cultura grega não se restringiram aos muitos comerciantes gregos que se estabeleceram em Alexandria e outras cidades, mas foram aceitos praticamente por toda a população urbana”.


O processo de helenização em várias nações não foi motivo para a abdicação da língua nacional e suas representações simbólicas, mesmo que houvesse o consentimento ou aceitação do processo dentro de um consenso coletivo ou parcial, não isentando, porém, as nações onde tal fenômeno de fato ocorreu. Segundo Helmut Köester “na Babilônia e Palestina, a maioria dos judeus falava o arameu, enquanto que na diáspora do Egito, de Ásia Menor e do Ocidente se havia imposto a língua grega”. Essa realidade não nega outras conseqüências menos ou mais drásticas geradas no interior das culturas e dos povos helenizados. Como conseqüência geral da helenização, considera-se que, como processo histórico-cultural, esta afetava a todos os judeus da Palestina e da diáspora.


O processo de romanização que se segue às categorias de pensamento grego vai ampliar, no âmbito universalista que caracterizava o império romano desde Pompeu (65 a.C.) até Constantino (século IV d.C.), as já mencionadas categorias do Judaísmo e Helenismo. Para uma melhor compreensão dessa ampliação e ao mesmo tempo das influências greco-romanas na concepção judaica do mundo, recorremos a James M. Scott.


Este apresenta “o quadro das nações do rei Agripa e a discrição da soberania universal do Império Romano, enquanto Flavio Josefo o coloca como sendo Agripa II, com o início da guerra (Bj 2.345-401). Agripa inclui um impressionado quadro das nações sob o controle romano, isto é, gregos e macedônios, como os miríades de outras nações, incluindo as quinhentas cidades da província da Ásia e outras nações da Ásia Menor, os tracianos, os gauleses, os ibéricos, os germanos, os bretões, os partos, os cirenaicos, numerosas nações do continente africano e Egito.


c. Cristianismo

A construção das identidades dos povos oriundos de diversas nações e geografias irão apresentar uma constituição flexível, não isento os conflitos e tensão no seu processo de interação com outros povos e culturas, porém com autonomia quando se refere ao consenso de identificar seu passado e seu presente na história. Dessa forma, “a pertença étnica não pode ser determinada senão em relação a uma linha de demarcação entre os membros e os não membros. Para que a noção de grupo étnico tenha sentido, é preciso que os atores possam se dar conta das fronteiras que marcam o sistema social ao qual acham que pertencem e para além dos quais eles identificam outros atores implicados em um outro sistema social”.


O cristianismo, procedendo do judaísmo, implantou-se e desenvolveu-se em ambientes greco-romanos, assimilando, integrando, interagindo e reinterpretando muitos elementos socioculturais e categorias de pensamentos neles encontrados, especificamente de cunho religioso, culto de mistérios, hermetismos e gnoses pagãs. Para Martin Hengel “O cristianismo primitivo é uma religião sincrética com várias raízes. O judaísmo não foi o único berço do Cristianismo primitivo, mas havia diversas outras correntes como o gnosticismo, religiões mistéricas gregas e orientais, magias, astrologia, politeísmo pagão, histórias de homens divinos (theioi andres) e seus milagres, filosofia helenista popular com a influência do culto pagão e não judeu, e também influência da imaginação e linguagem religiosa helenista na diáspora”.


O processo de interação étnico-cultural entre os povos e nações, e a constituição do Cristianismo primitivo estão inseridos no movimento das Diásporas e das Sinagogas, como mediações judaicas, helênicas e de inserção cristã. “Enquanto o acesso ao Templo era rigorosamente vedado aos pagãos, o culto sinagogal estava aberto a todos. Por nele se usar normalmente a língua comum, e devido também ao lugar capital que nele se reservava à instrução, esse culto prestou-se com grande eficácia à difusão do judaísmo”. De acordo com os decretos conferidos por César aos judeus, a sinagoga ocupava um “lugar central”, ou seja, um espaço aglutinador dos costumes e das tradições judaicas. A sinagoga garante aos judeus o espaço para as assembléias, para guardar o sábado, a Torá e todas as prescrições que norteiam suas vidas individuais e coletivas; religiosas e culturais. Segundo E. P. Sanders, os decretos em favor dos judeus na Diáspora consistiam nos seguintes pontos: “O direito para assembléia ou para fazer um lugar de assembléia: 5 tempos; o direito para guardar o sábado: 5 tempos; o direito para fazer suas comidas ancestrais: 3 tempos; o direito para resolver seus assuntos pessoais: 2 tempos; o direito para a contribuição monetária: 2 tempos”. Isso tudo era fundamental para a vida judaica.


Porém, no contexto greco-romano essa realidade não era passível de críticas e oposições, uma vez que “os judeus insistiam em reclamar para si um status especial que lhes garantissem a prática de sua religião, o desfrute de alguns privilégios fiscais, o envio a Jerusalém do tributo do templo e, ao mesmo tempo, depreciavam aos deuses dessas cidades”.


É notória a presença de antigas sinagogas no contexto das Diásporas, e essa realidade é testemunhada por fontes literárias como também pela arqueologia. O prefácio da obra editada por Steven Fine apresenta um mapeamento das sinagogas na Palestina e nas diásporas. Aponta a localização das mesmas nas geografias de Egito, África e Gaza. “Na região do Egito (entre Alexandria, Atribes e Crocodilopolis) encontramos, pelas fontes literárias três sinagogas. Em Naro (território africano) encontramos, pelas evidências arqueológicas, uma sinagoga. Em Gaza, situada mais ou menos a 100 km ao sudoeste de Jerusalém, encontramos, pelas evidências arqueológicas, uma sinagoga”.


Porém, qual seria a concepção de sinagoga, a partir da prática judaica da Palestina e das diásporas no contexto do Cristianismo do primeiro século? Tratar-se-ia de espaços informais e comuns de encontros e assembléias, mas não de estruturas já consolidadas. Paulo, em Antioquia, participa de uma sunagwgh/j (“assembléia, reunião”) de judeus e prosélitos (At 13,43).


Para Pieter W. van der Horst, “apenas depois da queda do Templo, para resistir, numa atitude de solidariedade fundamental para a preservação da identidade judaica, que sinagoga veio a ser um termo para a casa da assembléia de adoração. Nas fontes judaicas, porém, até o terceiro século d.C., a palavra sinagoga é usada apenas como ‘assembléia’ ou ‘congregação’, em concordância com o significado original da palavra e com o uso grego, e não para um lugar de assembléia ou a construção. Para o lugar da assembléia, as fontes primitivas sempre usam proseuchê, literalmente (lugar de) oração. Os lugares de reuniões eram meramente partes privadas da casa. Isto se aplica igualmente para Palestina e para a Diáspora. Nas passagens do Novo Testamento; nos Evangelhos e no livro de Atos, sinagoga refere-se à congregação judaica ou à reunião informal de crenças judaicas.


Como considerações provisórias Alguns conflitos e desafios inerentes ao processo da construção da identidade do Cristianismo primitivo


O processo da construção da identidade do Cristianismo primitivo não esteve isento de conflitos e tensão. Como vimos anteriormente, o seu processo interacional entre fronteiras étnicas e geográficas está impregnado de fatores de diferenciação e aproximação que irá construir um tecido identitário plural e diversificado. Segundo Martim Hengel, no tempo de Antíoco IV, o judaísmo helenístico tinha ameaçado a exclusividade do judaísmo monoteísta com seu esforço pela secularização do templo e integração entre a nação do mundo (O templo, o culto, a famosa Jerusalém das perigrinações teve a marca da cultura helenista no tempo dos asmoneus e Herodes; diferentemente do helenismo de Alexandria e de outras geografias helenizadas).


Porém, isso não era tão problemático para o judaísmo quanto à eminência da vinda do Reinado de Deus e a proclamação da escatologia realizada da profecia do A. T. O significado do templo e da Toráh foi diretamente colocado em questão. Da fé e obediência à Lei, como foi dado para Israel no Sinai, passa para uma pessoa messiânica, um mediador, com quem a oração de Isaias (64,1) era certamente atualizada: Deus vem para seu povo em forma de ser humano. Há um verdadeiro Deus, chamado Deus de Israel que em breve envia um Salvador. Cristo é o fim da lei e a luz de todos os que creem26. Aqui reside um conflito entre o judaísmo normativo e o novo movimento messiânico. Já não é Moisés e a Lei os intermediários entre Deus e a humanidade, mas sim o Messias, o que traz o novo pacto. Para Hengel é o começo de uma nova religião tanto para Israel como para o mundo. A eminente chegada do Reinado de Deus e a parusia de Jesus de Nazaré, o Messias crucificado de Israel, o Filho de Deus.


No desenvolvimento do Cristianismo primitivo, estão presentes outros acontecimentos históricos como a Guerra Judaica (64 d.C.), a morte de Pedro, Paulo, João (43 a.C.), a iliminação de vários grupos sociais e religiosos, a expulsão dos cristãos da sinagoga, a formação das diásporas cristãs helênicas e a consolidação do judaísmo rabínico. Aqui reside um outro conflito entre o judaísmo normativo e o movimento cristão.


A partir desses conflitos apresentam-se os desafios para dar passos na direção da separação. Martins Hengel afirma que segundo o descrito por Lucas no contexto da missão de Paulo, foi o fato de que os judeus messiânicos e seus pagãos, seguindo entre os tementes a Deus, foram expelidos das ordenadas sinagogas/comunidades, que foram finalmente distinguidos pelo termino ekklesia. Como uma nova seita escatológica, uma nova assembléia sinagogal, muito familiar, onde se lia a antiga Escritura, mas com novo entusiasmo; com uma oração confiante, mas também no “nome de Cristo”. Com hinos cristológicos, uma vivência segundo a ordem ética das escrituras e no amor (agape); contra a idolatria e vicios dos pagãos. O domingo, a liturgia, a eucaristia, as leituras litúrgicas eram formas dos cristãos se distinguirem da tradição mosaica. Assim como os judeus-cristãos, predominantementes comunidades cristãs gentílicas da Diáspora no Império romano, na segunda metade do primeiro século, não observavam a circuncisão, sábado, leis de dietas, dias de festas e festas anuais.


No contexto do desenvolvimento do Cristianismo predominantemente vemos a carta que Plínio descreve a respeito do cristianismo, em uma carta à Trajano, como degenerado e extravagante. Sutônio chama o movimento cristão como uma nova e maléfica superstição e magia. Tácito descreve o Cristianismo como detestável superstição, assim como em Atos dos Apóstolos 24,5; 24,15; 26,28; 26,5; 28,22.


Sendo assim, o Cristianismo primitivo abre-se às diversidades e às múltiplas experiências na construção de sua identidade. É nesse contexto de mobilidade dos povos e culturas, no horizonte de suas fronteiras étnicas e geográficas, no seu processo de interação e assimilação, conflitos e desafios, nos espaços das sinagogas ou sobre as influências das mesmas, que o Cristianismo vai se desenvolver.


terça-feira, 11 de outubro de 2011

A presença do Diabo no ciclo da vida das comunidades judaicas medievais



O Diabo foi tema de vasta literatura no período medieval. Desde a patrística grega e latina, e por todas as crônicas e relatos do mundo medieval, o Diabo era onipresente e exercia uma influência notável, no mundo dos vivos sendo referenciado como atuante e proselitista. Um aceso debate ocorria entre teólogos e pensadores da Igreja que, ao mesmo tempo, tratavam de delinear os limites de seu poder, para evitar que o Cristianismo adotasse doutrinas dualistas, já que a onipotência divina, não podia ser igualada pelo exército satânico e, por outro, lado faziam uso cotidiano de sua presença e malignidade em prédicas, cultos e exorcismos, de todos os tipos.

Como a História se relacionou com este tema nos últimos séculos?


A historiografia de influência iluminista adotou uma postura cética e de estrito racionalismo. A escola metódica enfocando temas de conteúdo político, diplomático e militar, envidou poucos esforços em abordar tal tema. Grassava certo repúdio por um tema obscuro, que era impregnado de crendices tolas e superstições. Tais temas não seriam dignos de estudo. O Romantismo, por sua vez, retomou o interesse pelo medievo e pelos temas religiosos. Em meados do séc. XIX reaparece esta temática. A primeira obra digna de menção foi de autoria de Michelet, que em seu clássico livro La sorciére1 retomou de maneira pioneira o interesse, da história nos estudos do sobrenatural e das relações entre o mundo natural e o sobrenatural.

No século XX, vemos uma retomada lenta do interesse no estudo do sobrenatural e em particular no Diabo. Em seu livro clássico O Declínio da Idade Média, editado pela primeira vez em 1919, o celebrado autor Johan Huizinga dedica algumas palavras e referências, à presença marcante do Demônio ou Diabo no cotidiano medieval. O autor em diversos aspectos seria um dos “ancestrais” do gênero histórico

denominado como História das Mentalidades ou dos Comportamentos, que floresceu na segunda metade do século passado. Huizinga percebeu que o Demônio estava muito “vivo” no cotidiano das pessoas que viveram e descrevem os séculos XIV e XV.

Na seqüência, já em meados do séc. XX, houve contribuições interessantes neste tema, mas somente na terceira geração da escola de Annales é que os estudos se ampliaram e aprofundaram. Temos algumas obras de expressão: Delumeau, Áries, Duby, Le Goff, Richards, entre muitos mais. Essa tendência se espalhou e gerou obras diversas.

No Brasil podemos citar a obra de Carlos Roberto Nogueira, tanto sobre as bruxas e feiticeiras, quanto sobre o Diabo.

O Diabo e Deus: dilemas do monoteísmo

Como as religiões monoteístas se colocavam diante da temática do Diabo? A posição da Igreja é contraditória, mas, apesar de criticar certos exageros, é uma instituição que aceitou e utilizou-se de conceitos ligados ao Diabo. Desde a Antiguidade Tardia, os autores da Patrística, que definiram e conceituaram a teologia clássica cristã, debateram e advertiram sobre o Diabo. S. Jerônimo é uma das mais fortes referências. João Crisóstomo em Antioquia advertia seus paroquianos sobre os riscos do Diabo.

Isidoro de Sevilha falava intensamente e extensamente sobre o Diabo. Agostinho não tem dúvidas, na sua ótica neo-platônica e cristã, de que o Diabo transita no mundo inferior, na Cidade dos homens. Cria-se o conceito de que se travava uma batalha entre as forças do Bem e do mal. Nas palavras de Nogueira: “[...] os cristãos concordavam em que a queda do homem não foi mais que um episódio na história de um prodigioso combate cósmico, iniciado antes da Criação [...]”. A queda do homem teria sido precedida por uma revolta de algumas das falanges celestiais contra Deus e estes haviam sido precipitados do céu por Deus. Portanto, transitavam na terra e seduziam os humanos para obter adeptos a seu partido.

Até mesmo gente culta como os teólogos e pensadores S. Tomás de Aquino, fundamentado e autorizado por Santo Agostinho, determina que: “Omnes quae visibiliter fiunt in hoc mundo possunt fieri per daemones”. Muitos dos autores e pensadores medievais demonstram certa dose de crítica a esta postura da Igreja, mas nunca negam a existência e a presença do Diabo. Os opositores mais ferrenhos da Igreja, no medievo, foram os heréticos dualistas também denominados maniqueus. Foram sendo reprimidos através do tempo e do espaço: maniqueísmo, mazdeísmo, os paulicianos, os bogomilos e os albigenses. Acreditavam na existência de dois poderes antagônicos e contradiziam o monoteísmo trinitário. Isso era a negação de dogmas fundamentais da Cristandade e sugeria a necessidade de repressão. Eram, portanto, mais adeptos de presença do mal, como entidade independente, do que a própria Igreja que criticavam.

A construção e a manutenção das crenças do imaginário se dão num processo de longa duração. O imaginário se constrói dentro e em função de um determinado contexto social. O Diabo surge no Cristianismo primitivo como uma faceta do intenso dualismo que marca a luta da Igreja para se afirmar nos séculos III e IV. O medievo é uma sucessão de confrontos entre o bem (encarnado pela Igreja) e o mal (encarnado pelo Diabo e seus aliados).

O belicismo, o simbolismo e o contratualismo vigentes neste período são facetas do confronto contínuo entre Deus e a Igreja que o representa contra o Diabo. No dizer de autores como Hilário Franco Jr. o que predominava era “[...] a visão sobrenatural que se tinha do Universo”. O “sobrenatural se mostrando no natural” era um fato cotidiano e corriqueiro, já que a hierofania (manifestações do sagrado no profano) era parte da crença aceita. Até os inimigos da Igreja têm esta visão dualista. Mesmo sendo críticos da Igreja, muitos grupos heréticos tinham uma visão dualista do mundo e enxergavam o confronto entre o espírito e a matéria, entre o bem e o mal, Deus e o Diabo, no cotidiano e dentro de uma visão hierofânica. Isso pode ser visto entre as heresias dualistas e maniqueístas tais como os bogomílios, os albigenses, e os cátaros de uma maneira ampla, como já frisamos antes. O que muda é que a Igreja passa ser a encarnação do mal e que deve ser combatida. Os dualistas foram severamente perseguidos.

Para a Igreja católica, o Diabo não podia ser nivelado no mesmo patamar que Deus. Sendo essa premissa teológica respeitada, o Diabo tinha “salvo conduto”, para atuar entre os humanos e tentá-los. Sua atuação no cotidiano cristão medieval é completa. Está em tudo e em todos os lugares e situações. Seus seguidores são numerosos e ativos.

A Igreja com todo o seu poder político, religioso e social era a maior formadora de opinião, apesar da crítica das heresias e da contestação social vigente na baixa Idade Média. A Igreja comanda a luta contra o mal e seu líder: Satã. A ordem de Cluny comanda a luta a partir do século X. A Inquisição medieval encabeçada pelos dominicanos se tornará a vanguarda da luta contra o mal encarnado nas heresias, já no século XIII. Grande número de textos foram escritos sobre o assunto. A Igreja autorizou a publicação e deu divulgação através da ordem dos dominicanos de uma obra clássica do tema da bruxaria e da demonologia, o assim chamado Malleus Maleficarum, também popularmente conhecido como O Manual da Caça as Bruxas, que foi editado no final do século XV, por dois freis dominicanos, Heinrich Kramer e Jacob Sprenger. O seu uso declarado era para servir como guia aos Inquisidores que interrogavam e torturavam bruxas e seguidores de heresias satanistas. Exorcismos e formas de identificar bruxas e demônios povoam suas páginas.

Além de bruxos e feiticeiras, uma minoria era tradicionalmente discriminada e perseguida em épocas de crise durante a Idade Média européia: a minoria judaica.

A sociedade medieval cristã associava os judeus ao Demônio. Discriminava os judeus, excluía-os de determinadas ramos da produção econômica e marcava-os como perigosamente envolvidos com a magia e o poder satânico. A Igreja decretou inúmeras leis e regras para isolar os judeus do mundo cristão. As mais famosas regras foram determinadas, por Inocêncio III em 1215, no quarto concílio de Latrão. O objetivo era separar e isolar os judeus do mundo cristão. Os judeus deviam portar a “marca infame” nas suas roupas e habitar em bairros segregados para evitar que contaminassem os cristãos. Percebemos que se trata do mesmo concílio que colocou o maior empenho na guerra contra a heresia maniqueísta. Os judeus também eram considerados um perigo e deviam ser separados da sociedade cristã de maneira radical.

O Diabo no imaginário judaico

Contudo, essa separação não impediu os contatos entre judeus e cristãos. Apesar desta discriminação havia trocas entre o mundo cristão e a minoria judaica. O professor Joshua Trachtenberg, num trabalho pioneiro e pouco divulgado, percebeu em seus estudos o relacionamento e a influência mútua entre o Judaísmo e o Cristianismo no período medieval. Em ambas o imaginário coletivo era muito fértil no que tange ao mundo satânico. Trachtenberg mostra a aparição de uma religião popular (Folk Religion) que aparece paralelamente a religião judaica oficial, com todo o seu legalismo, regras e normas da Halachá (lei judaica). Permitimo-nos ampliar sua reflexão. O Judaísmo “oficial’ era erudito e se fundamentava em estudos metódicos e constantes que exigiam um elevado nível material, para se dedicar de maneira intensa aos profundos e demorados estudos talmúdicos”. Em locais e períodos nos quais havia estabilidade e plena tolerância aos judeus por parte da Igreja e das autoridades seculares, os judeus podiam fundar suas academias talmúdicas (ieshivot). Assim se deu na Espanha muçulmana na Idade de Ouro (séc. IX a XI); na Espanha cristã na Idade de Prata (séc. XII e XIII); em Ashkenaz (séc. X e XI) e na Polônia moderna (séc. XVI e XVII) em certos períodos isolados. No geral havia períodos de crise e perseguição, nos quais a religiosidade popular predominava no seio da população judaica: uma intersecção de religiosidade erudita na superfície e na liderança religiosa, lado a lado com crendices e religiosidade popular no seio da massa judaica, que se via diante de perseguições e preconceito. Certa “circularidade das idéias e da cultura” do topo à base e desta ao topo.

Nesta religião popular ocorrem influências do meio circundante, mesmo se este seja hostil ao Judaísmo. Os judeus influenciam e são influenciados pelo mundo cristão: contaminados com as crenças e crendices, com os mitos e superstições existentes no mundo medieval, como um todo. Trachtenberg distingue entre o cotidiano judaico e a forma pelas quais os grandes sábios e rabinos se opunham às superstições vigentes na sociedade judaica. Os rabinos tentavam manter a racionalidade do judaísmo e “esconder” as crendices. O pesquisador deve usar uma leitura crítica dos textos rabínicos. É óbvio que não se pode escrever história do imaginário, fazendo-se apenas uma leitura superficial dos escritos dos rabinos e sábios. Estes usaram pelo menos dois recursos bem definidos para combater as crendices. Num primeiro estágio as combatiam e condenavam. Numa segunda etapa, ao dar-se conta de que não podiam vencê-las, tratavam de dar-lhes uma vestimenta “mais racional e culta”, e encontraram explicações belas e diferentes para as diversas reações que a sociedade judaica criava na luta contra os demônios e espíritos malignos.

Utilizando nossa experiência no projeto “Heranças e Lembranças”, realizado no Rio de Janeiro, do qual participamos, constatamos a enorme quantidade de amuletos e objetos usados no combate a Satã, mesmo quando a religião judaica o ignore ou dê ao mesmo pouca importância. A religião popular sobrevive às pressões e a tentativa de torná-la culta e racional. No âmbito externo, os judeus que vivem isolados e discriminados, no seio da sociedade cristã (por exemplo) e são acusados de serem aliados do demônio, também acreditam no seu poder maligno. Os “aliados do demônio” (judeus) também o temem e se protegem dele com amuletos, exorcismos, rezas e proteções.

A partir daqui nos propomos a descrever a aparição do tema do demônio e dos espíritos malignos tal com aparece nos séculos XII a XV, entre os judeus da Europa Ocidental (denominada Ashkenaz = Alemanha). O tema também é válido e deve aparecer na Península Ibérica (Sefarad), no norte da África e na Europa Oriental (Polônia). Centralizaremos nossas observações do ciclo da vida judaico e a aparição do elemento satânico em Ashkenaz, mas quando pudermos ofereceremos exemplos de outras regiões a título de ampliação do foco. A guerra contra o mundo satânico e suas ferramentas, será nosso tema daqui por diante. Dividiremos o ciclo da vida em nascimento, casamento e morte, não dando importância à maioridade religiosa (Bar Mitzvá) por não ser um rito de passagem, todavia consolidado na Baixa Idade Média (até o séc. XV).

O nascimento

a) O período anterior ao parto

A mulher que estava grávida era um ser sensível e inspirava cuidados e atenções especiais. Cuidava-se de forma meticulosa da parturiente através de rezas, amuletos cabalísticos com textos mágicos. Escreviam-se nomes de anjos, fórmulas mágicas e orações. Usavam-se freqüentemente objetos metálicos como a chave da sinagoga e até da Igreja e facas, pois se acreditava que os metais tinham a capacidade de distanciar os maus espíritos. Um ser, em especial, era temido: a primeira mulher criada junto com o homem no sexto dia – Lilith. Esta mulher continha poderes malignos e competia com as descendentes de Eva, a primeira mulher. Há diversos amuletos que a exorcizam e rituais se sucedem para mantê-la afastada.

b) O período posterior ao parto e anterior à circuncisão

Acreditava-se que a criança depois de circuncidada e tendo ingressado no pacto de Abraão estaria “imunizada” diante da ameaça dos espíritos malignos. O mesmo é válido, apenas como comparação, na sociedade cristã, na qual o batismo “salvava a alma” e impedia sua queda nas mãos do maligno. Desta maneira a comunidade judaica se mobilizava e todo o arsenal anti-satânico era mobilizado também. Velas acesas dia e noite, o uso de objetos metálicos, textos e amuletos cabalísticos, rezas e vigílias que eram utilizadas na semana que separa o nascimento do menino da sua circuncisão. Em Ashkenaz (Alemanha) existe um costume neste período denominado Wachnacht. Seria uma noite de vigília total na qual não se deixava a mãe, tampouco o recém nascido por nem um segundo desacompanhados, durante a noite que antecede a circuncisão (Brit Milá). Um costume semelhante ocorre entre os judeus marroquinos que trazem cinco meninos já alfabetizados que escrevem uma carta cada um, com um texto que distancia a figura de Lilith que pretende roubar o futuro homem que acabou de nascer. Isso é semelhante aos judeus de origem sefaradita (Espanha), entre os quais o mohel (pessoa que realiza a circuncisão) traz um amuleto metálico e o coloca sob o travesseiro do recém nascido. Outro hábito comum em muitas comunidades judaicas medievais e que observamos em Ashkenaz é a mulher trocar de roupas com seu esposo durante a semana anterior a circuncisão, para que o Diabo e seus servidores se confundissem e pensassem que se trata de um homem e não da parturiente. Isso apesar do mandamento bíblico que proíbe mulheres de vestir roupas de homens e vice versa. Em Ashkenaz havia também a cerimônia de concessão do nome não judaico do recém nascido. O nome judaico era dado no oitavo dia, já o nome alemão era dado no trigésimo dia de vida. O nome da cerimônia era Hollekreisch. Os pesquisadores não entram em acordo sobre a explicação deste costume, mas concordam que deve estar relacionado com as questões dos perigos oriundos do Satã e seus aliados. Alguns dizem se tratar da Frau Holle ou senhora Holle, uma espécie de raptora de bebês que os leva para o interior da Terra.

Em alguns locais em Ashkenaz, se colocavam presentes para a “estrela da criança”, numa clara expressão de presentes para as almas e divindades. O mesmo hábito da achnacht aparece entre os judeus marroquinos, de forma semelhante, durante sete noites de vigília ao bebê e a parturiente para evitar “olho ruim” (semelhante ao popular olho gordo, usado no Brasil). O costume se denomina Tahdid. O uso de velas, muita luz, orações, metais, amuletos servem para espantar os demônios e almas, se assemelhando nos dois casos e mostrando que o hábito era comum em muitas comunidades. A convocação do profeta Elias (Eliahu Hanavi) era, e é, todavia comum a muitas comunidades judaicas. Ele seria um defensor da fé, dos oprimidos e também dos recém nascidos, visto a presença de uma cadeira especial para Elias nas cerimônias de circuncisão. A crença medieval era que Elias realmente se sentava nela, invisível aos mortais comuns. Conta-se que o rabi Iehudá Hachassid, renomado místico ashkenazi, cancelou uma cerimônia de circuncisão por não ter vislumbrado o profeta no seu local tradicional.

O casamento

Num célebre artigo, publicado pela primeira vez em 1925, Jacob Lauterbach levantou enorme polêmica ao afirmar que a quebra do copo no casamento tinha um significado original diferente, da “vestimenta racional” colocada nele pelos rabinos. Usa-se dizer que a quebra do copo, simboliza a destruição e as ruínas do Templo de Jerusalém e a esperança messiânica de reconstruí-lo. Há outras explicações racionais e cultas, tais como a necessidade de não se destruir, visto a impossibilidade de refazer as ruínas de um copo.

Lauterbach demonstra que o sentido medieval era outro, remontando a trechos talmúdicos e a hábitos medievais. Trata-se de mais uma arma anti-satânica. Os rabinos “vestiram” de forma culta, tal costume popular. As técnicas do combate seriam através de três caminhos: a) lutar contra os demônios; b) suborná-los com presentes; c) enganálos fazendo-os crer que as pessoas que aparentavam ser felizes, eram na verdade infelizes e não precisavam ser invejadas.

A quebra do copo durante a cerimônia do casamento não seria por recordação das ruínas do Templo de Jerusalém, mas sim um método de espantar ou até melhor desviar a atenção dos demônios. São frisados como métodos para afastar os demônios do casamento, o uso de tochas, ruídos, pitadas de sal, de pedaços de metal, alguns métodos semelhantes aos já citados no nascimento e muitos deles também usados pelos cristãos.

Havia também presentes ou subornos aos demônios e almas na forma de grãos de trigo, amêndoas, peixe e carne secos. O terceiro e último caso seria enganar ou iludir os demônios e almas. Além da quebra do copo, havia a troca de roupas entre o noivo e noiva, o uso do véu pela noiva com métodos de iludir. Havia é claro o uso do círculo mágico, através do qual se isolava o casal de influências maléficas. Entre outras comunidades, podemos citar a tradição que persiste até hoje entre os judeus de origem marroquina e algumas comunidades orientais de usar o tingimento de cabelos e/ou dedos com hena e o uso de amuletos em forma de uma mão com trechos cabalísticos (a denominada hamsa).

É comum usar a hamsa em outras ocasiões, mas o seu uso é sempre no sentido de proteger seus portadores do mau olhado e de espíritos malignos.

A morte e o sepultamento

É bastante conhecida dos estudiosos da Idade Média a dança macabra (França) ou a dança dos mortos (Inglaterra). O tema foi vastamente descrito através de textos, pinturas e músicas, em especial nos séculos que seguiram a Peste Negra (1348). Em todas as formas de expressão artística a ênfase era na luta do homem para viver diante das doenças, espíritos malignos, o demônio e a morte.

É evidente que o temor dos demônios e almas cresce quando se aproxima o tema da morte. As mesmas armas que vimos nos casos anteriores eram utilizadas para cuidar do corpo do falecido: profusão de velas e luzes, vigílias e orações sem cessar, pedaços de metal com ou sem inscrições, abundância de sal sobre o cadáver.

Quando a pessoa aparentava estar agonizando, ocorria uma reunião de todos os parentes próximos junto ao seu leito, muitos de seus melhores amigos e conhecidos, e ocorria uma cerimônia repleta de etiqueta e regras. Isso foi mais acentuado nos séculos XIV e XV. Entre estes se instituiu a extrema unção (Vidui), bastante assemelhado a mesma cerimônia existente no Cristianismo. O objetivo era salvar a alma do moribundo antes que este perdesse sua consciência e blasfemasse ou fizesse alguma afirmativa contrária à salvação de sua alma, que talvez pudesse ser colocada no seu ouvido por algum demônio ou alma penada.

O uso de orações tais como o Ana Becoach na qual existe um acróstico com os nomes de Deus era considerado muito útil para a salvação do moribundo.

Acostumava-se jogar fora toda a água armazenada na casa do falecido. Havia muitas explicações. Numa diziam que o Anjo da Morte limpara sua espada na água. Outras explicações salientam a utilização da água por demônios e espíritos e a possível permanência de alguns deles nesta água. As rezas se prolongavam até o sepultamento. O féretro era feito sob um ritual minucioso de estações e orações com o objetivo de defender o defunto dos demônios e almas. A crença dizia que o caixão deveria sair antes do que qualquer ser vivo de dentro da casa do defunto ou do local aonde se encontrava para evitar que por engano, os demônios se precipitassem sobre alguém vivo e o vitimassem.

Algumas comunidades do Norte da África costumavam atirar moedas de ouro para todas as direções a fim de afastar o Satã do caixão e do morto, pois o maligno é profundamente ambicioso e deseja riquezas e materialismo. Na Europa Ocidental (Ashkenaz) imitaram os cristãos, ao tomar de porções de terra e grama e atirá-los por detrás dos ombros, proferindo dizeres para espantar e confundir os demônios.

O tradicional costume judaico de lavar as mãos depois de um enterro ao sair do cemitério e/ou ao entrar na sua casa novamente é explicado como sendo um ato de purificação ritual ou como um símbolo de sermos inocentes diante desta morte. Há contudo, quem relacione com demônios e almas.

Conclusões

A imagem do judeu no período medieval era bastante manipulada pela Igreja que construiu uma “mídia” bastante ostensiva contra os “assassinos” de Cristo e aliados do Demônio. A relação Diabo-Judeu é um tema de muita reflexão. Por seu lado, o judaísmo era rigidamente monoteísta e não poderia permitir em seu seio a presença de entidades satânicas que existissem à revelia da vontade divina. Trata-se de uma contradição que acreditamos seja fruto do meio circundante: tanto a Cristandade, quanto o Islã aceitavam e apontavam para existência de hostes do mal e dos riscos de ser seduzido pelos seus representantes. O Judaísmo não era imune a estas idéias e foi fortemente influenciado por elas ainda no período do segundo Templo (entre 530 a.C. e 70 d.C.), quando se escreveram alguns dos livros canônicos, que tratam da existência do Mal. O mais marcante é o livro de Jó, no qual Satã é um servo da corte de Deus. Uma espécie de promotor do reino celeste, que fustiga a humanidade com acusações e reprimendas.

Nos livros externos (apócrifos), não incorporados ao cânone judaico, tampouco ao cristão, se configura a figura do Mal. E há uma interpretação de diversos textos canônicos sob uma ótica mais dualista, que acaba formatando a malignidade através de seres diversos encabeçados pelo Diabo ou Lúcifer, o anjo decaído.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Judeus e Hebreus ou Hebreus e Judeus?

Os judeus, os hebreus e os israelitas

Introdução:

De acordo com a enciclopédia Judaica 96% de todos os judeus atualmente conhecidos no mundo são descendentes das tribos dos Khazars da Russia, Leste Europeu e Mongolia; esses são os judeus asquenazis, a outra maior sequencia de judeus são os sefardins e eles são uma mistura de canaanitas, Hititas, Amoritas, Peresitas, Hivitas, Jebusitas, Girgasitas, kenitas, Edomitas e de alguns verdadeiros israelitas. Esses judeus nunca foram, não são atualmente israelitas e nunca serão israelitas..
Encyclopedia Americana (1985):

“Asquenazis; Asquenazis são os judeus os quais os seus antepassados viveram na Alemanha… E entre os judeus asquenazis que surgiu a idéia do sionismo politico, levando ultimamente ao estabelecimento do Estado de Israel… Mais tardar pelo final de 1960 os judeus asquenazis numeravam alguns 11 milhões… por volta de 84 percento da população judaica mundial.” The Jewish Encyclopedia: ( A Enciclopédia Judaica)

“Khazars, uma organização não-semita, asiática, uma nação mongol tribal que emigrou para a Europa Oriental por volta do primeiro século, e que por volta do século VII, converteu-se por inteira ao judaísmo. A população Khazar foi absorvida por inteiro através da expansão Russa, e contou com a presença no leste europeu de um grande número de judeus de língua iídiche (Rússia, Polónia, Lituânia, Galácia, Besserabia e Romênia)Khazar: Ashkenazi Modern Jew (Khazar. Os modernos judeus asquenazis)

The Encyclopedia Judaica (1972): The Universal Jewish Encyclopedia: The Universal Jewish Encyclopedia: (A encyclopedia judaica universal)

“Khazars, … um grupo nacional de turcos em geral, independente e soberano na Europa Oriental entre os séculos VII e X dC Durante parte deste tempo a liderança Khazars eram professos do judaísmo ... Apesar de a informação insignificante de carácter arqueológico, a presença de grupos judeus e o impacto das idéias judaicas na Europa Oriental eram consideráveis durante a Idade Média. Grupos têm sido apontados como migrantes do Leste para a Europa Central e têm sido freqüentemente referido como Khazars, tornando assim impossível ignorar a possibilidade de que se originaram a partir do antigo império Khazar …”The Universal Jewish Encyclopedia: (A encyclopedia judaica universal)”

O significado primário de.. Asquenaz e Asquenazim em hebraico é .. Alemanha e alemães...Isto pode ser devido ao fato de que o lar de seus ancestrais alemães é Media, que é a Asquenaz citada na biblia ... Krauss é de opinião que, na idade medieval os khazares eram as vezes referido como Asquenazis ... Cerca de 92 por cento dos todos os judeus, ou aproximadamente 14,5 milhões são de origem asquenazis

"A biblia relata que os judeus Khazares (Asquenazis) eram… são os filhos de Jafé e não de Sem.(Shem):
“Estas são as gerações dos filhos de Noé, Shem e Jafé:….. Os filhos de Jafé… Os filhos de Gomer, Asquenaz …” (Genesis 10:1-3)
New Standard Jewish Encyclopedia, pagina 179,[GCP pg 68]

“ASQUENAZ, ASQUENAZIS… constituíam antes de 1963 cerca de nove? décimos do povo judeu (cerca de 15 milhões de um total de 16,5000,000) [a partir de 1968 é considerado por algumas autoridades judaicas estar próximo dos 100%]The Outline of History: H. G. Wells,

“É altamente provável que a maior parte dos ancestrais dos judeus "nunca" viveu na Palestina "de uma modo geral".

Sob o título " Termos para judeu" no Almanaque judaico de 1980 lemos o seguinte: "A rigor, é incorreto chamar um ancestral israelita de judeu 'ou chamar um judeu contemporâneo de israelita ou hebreu. "(1980 Almanaque judaica, p. 3)

Africa, Africa....continente africano, representada por 53 países, culturas diversificadas, por lá passaram e viveram grandes personagens da história biblica assim como... Moisés, Abraham, e mesmo Yahoshua o nosso Messiyah...

Africa era conhecida pelos seus ancestrais como Akebu-lan (berço da humanidade) terra-mãe ou jardim do Edén.

Mas o que realmente sabemos sobre este Continente?
A maioria dos “chamados escritores sobre a Africa” não nos relatam boas noticias sobre este continente, talvez pelo fato desses amadores, não terem um contacto direto com a população, grande maioria deles já chegam ao continente, “ temerosos de doenças”, ‘escoltados, ‘tirando fotos de jatinhos, sem nenhum ou muito pouco contacto com os seus habitantes, e depois os livros , as matérias que eles escrevem são quase todas baseeadas em teses, “o que eles ouviram dizer”, mas a maioria não tem sequer noção do que realmente acontece por lá, são livros de .. eu ouvir falar, me contaram... etc...

eu mesma desde a minha infancia só ouvia falar de mazelas, fomes, destruição, doenças, epidemias, são poucos os que realmente nos trouxeram algum tipo de informação positiva sobre este continente, mas será que não existe nenhuma boa noticia originária deste solo?

Isto é o que vamos aprender com alguém que viveu lado a lado com os habitantes deste Continente, esse escritor de abençoada memoria, penetrou no profundo deste solo e foi sensivel ao perceber que africa não é o que costumamos ouvir de alguns malfeitores que os costumam taxar de animistas, canibais, desalmados, politeistas, sim eu também fiquei surpresa ao perceber as palavras de Joseph Williams ao relatar em seu livro Hebrewism of west africa, que os africanos ao contrário do que a maioria pensa não são politeistas, e sim monoteistas.]

Segundo estudos desse mesmo autor que viveu lado a lado com diversas camadas da sociedade africana ele percebeu que os africanos de uma maneira geral creem em um único Ser Surpremo e este ser vive rodeados de entidades subalternas que estão a seu dispor no que diz aos cuidados da natureza e que eles geralmente costumam prestar algum tipo de honra a essas entidades, mas eles só reconhecem um unico ser Supremo o Criador, que segundo a descrição deles é o próprio YAH.

Para mim também foi uma surpresa ao ler o relato de que foram os cristãos missionários que forçaram a eles a a doutrina da trindade (Deus pai, deus filho e deus espirito), até então desconhecida entre eles e até hoje muitos dos africanos tem dificuldade de entender já que nem mesmo os cristãos conseguem entender e explicar essa doutrina tão confusa. Eles forçam aos africanos entenderem algo que nem eles mesmos conseguem entendem.

Um bom livro para melhor entendimento sobre o que realmente o cristianismo é baseado, a origem de suas raízes e tradições é o livro: Fossilized Customs escrito por Lee white... http://www.fossilizedcustoms.com/
e também o livro As duas babilonias de A.Hislop.

Abaixo algumas narrativas retiradas do próprio livro HEBREWISM OF WEST AFRICA do escritor Joseph Williams *Hebrewismo da africa Ocidental*

Eu estou convecido de que o conceito na mente dos ashantis, de um único Ser Supremo, não tem nada a ver com a influencia dos missionãrios, e nem pode ser concebida pelo contacto com os cristaos nem com os muçulmanos” ... E mais uma vez: “O conceito desse Ser Supremo que foi imbutido na mente dos ashantis de uma maneira geral é descrito ao YHWH dos israelitas.. Pag. 72....
“Conversei com diversos negros de diversos niveis e em diversas situações, sobre o conceito da fé deles, e posso dizer sem a menor sombra de dúvida, que a crença em um único Ser Supremo, e um estágio futuro de recompensas e punições é universal entre eles. Pág.345

Westerman em seu livro..Os conceitos de Deus encontrados na africa ocidental diz: Os negros creem que há um unico Ser Supremo e que este Ser vive rodeado de entidades subalternas que zelam pela natureza e pelo bem estar da humanidae , cada um tem a sua respectiva função.

“...R.E. Dennett, rejeita também por completo a idéia de que os negros se desenvolveram gradualmente de um estado de fetichismo ou qualquer outro conceito do Criador somente nos dias atuais. Muito pelo contrário, ele é da opinião de que “ os negros de uma forma geral não perderam o conhecimento de um único Ser Supremo o qual ao longo dos tempos herdaram de seus antepassados”. E ele acrescenta” Pelos estudos que tenho feito aos longos dos tempos... essa superstição chamada fetichismo f de certa forma, cresceu imposta sobre o puro conhecimento que eles certamente possuiam. Pág.349

J.Williams diz....“Portanto, nós concluimos que , o Ser Supremo não só dos Ashantis e de suas tribos aliadas, mas sim o mais provavelmente de toda a terra dos negros de uma forma em geral, não é o mesmo Deus dos cristãos, o qual comparado a dados recentes, foi sobreposta à várias crenças tribais pelos ministros do evangelho: Mas, sim o YAHweh dos hebreus e também dos hebreus do periodo pré- exilio, que suplantou o conceito anterior de divindade na mente da Africa (Um unico Ser Supremo) ou então clarificou e definou a idéia monoteistica original que pode ter estado adormecida durante muitos séculos, ou mesmo talvez tenha sido enterrada por um tempo em uma confusão inexplicavél do politeismo e da superstição . Pág.355

Há várias pessoas que nunca ouviram falar nos hebreus africanos, não tem sequer conhecimento de que foi na Africa que toda a história dos hebreus teve inicio, as escrituras nos relatam várias vezes que os filhos de Israel desciam ao Egito, e novamente subiam para Israel, era um sobe e desce sem fim, Yahoshua também esteve no Egito quando ainda criança com a sua mãe e José, quantos dias será que dura essa jornada de Israel ao Egito?Segundo alguns escritores uma jornada de Israel ao Egito durava em torno de 10 a 14 dias a pés, Israel é o vizinho do Egito, raramente lemos que eles atravessavam de Israel para o Egito de animais ou carros, a maior parte da jornada era feita a pé, será que agora vc conseguiu acordar que Egito é no norte da Africa e que israel era tão pertinho do Egito que dava pra ir a pé?ou seja nos tempos biblicos Egito era uma extensão de Israel, Gen, 15.13 nos diz que Egito é parte da terra de Israel, e agora? Será que nossos antepassados hebreus estiveram o tempo todo na Africa? Tirando os exilios é claro? Sem a construção do Canal de Suez em 1867 podemos afirmar que Israel e Egito era uma massa continua de terra.

Abaixo algumas poucas refencias de alguns hebreus da Africa, a maioria deles ainda é taxado de judeus negros pelos escritores, pois os nossos oprossores se recusam a reconhecer a verdade e porisso tive que fazer algumas adaptações dos textos retirados da Wikipedia

Os hebreus da Africa ...Wikipedia (parcial)....

Desde os tempos bíblicos, o povo hebreu tinha laços estreitos com a África, começando com a jornada de Abraão no Egito, e depois do cativeiro israelita sob os Faraós. Algumas comunidades israelitas na África estão entre as mais antigas do mundo, datando de mais de 2700 anos. Os hebrus africanos têm a diversidade étnica e religiosa e riqueza. As comunidades hebraicas africanas incluem:

* Grupos de africanos dispersos que não têm mantido contato com a comunidade judaica desde os tempos antigos, mas que afirmam serem descendentes do antigo Israel ou mantém outras conexões com o judaísmo. Estes incluem:

Grupos como o dos Lemba, muitos dos quais praticam o cristianismo, mas tem preservado alguns rituais e costumes acredita-se ser de origem hebraica. Neste grupo também foi encontrado traços genéticos relacionados aos hebreus biblicos, reforçando assim, suas reivindicações de ascendência hebraica.Embora nem todos os hebreus Africanos são praticantes do hebrewismo, a maioria das práticas encontradas nas comunidades hebraicas africanas são de origem judaicas ortodoxas.

* Comunidades hebraicas antigas

As comunidades mais antigas de hebreus Africano conhecido no mundo ocidental são a dos hebreus etíopes,.

Desconhecidos no Ocidente até bem pouco tempo as comunidades dos hebreus africanos como, Lemba (Malawi, Zimbabwe, África do Sul e do Norte). Alguns entre os ibo da Nigéria, o Annang / Efik / Ibibio de Akwa Ibom e Cross River Estado da Nigéria, Camarões e Guiné Equatorial)

Na Etiopia:

Há os hebreus etiopes e também a comunidade Beit Avraham

Na Etiópia, a comunidade conhecida como Beit Avraham tem cerca de 50.000 membros. Esta comunidade também reivindica a herança hebraica. Diversos estudiosos acreditam que eles se separaram da comunidade Beta Israel há vários séculos, aonde quase extinguiu ou ficou oculto os seus costumes hebraicos, e exteriormente adoptaram o cristianismo Ortodoxo Etiope.

Além disso, alguns migraram para a área longe do domínio muçulmano no norte da África.

Lemba

Os Lemba são um povo hebreu no sul da África. Embora eles falam línguas Bantu similar aos seus vizinhos, eles têm práticas religiosas específicas semelhantes aos do judaísmo e de outras tradições semitas. Eles também têm uma tradição de ser um povo migrante, com pistas que apontam para uma origem de hebreus iemenitas.

Eles têm restrições sobre o casamento com os não-Lemba. É difícil para os homens não-Lemba se tornar parte da comunidade. Um número significativo de indivíduos carregam uma assinatura genética do cromossomo Y conhecido como o haplótipo Cohen modal, indicativo de uma ancestralidade semítica patrilinear. Esta característica do cromossoma Y é particularmente associada com os Cohanim ou sacerdotes, um subgrupo distinto dos israelitas.

Os hebreus ibo da Nigéria é um dos componentes do grupo étnico ibo. Dizem que migraram da Síria, da Líbia e os israelitas Português na África Ocidental. Os registros históricos mostram que essa migração começou cerca de 740 dC.

De acordo com Nair (1975), no início da história da Nigéria, o povo Efik (pessoas de idade Calabar Unido foram muitas vezes referida como Efik Eburutu. Eburutu sendo um termo que surgiu como resultado da currupção da palavra hebraica " e Ututu. Ututu sendo um dos primeiros povoados do povo Efik no litoral sudeste da Nigéria. Portanto, o Efik / Ibibio / Annang eram grupos de pessoas conhecidas na pré-história como sendo de origem hebraica que se estabeleceram em Ututu.

Missionários europeus que chegaram em suas terras no início de 1400 AD chamaram suas práticas religiosas de "tradicionais". No entanto, eles identificam as suas práticas religiosas e patrimônio com os hebreus. Acredita-se que sejam membros do Reino do Norte de Israel, que saiu antes do cativeiro da Babilônia e migrou para o Efik / Ibibio terra Annang / da Nigéria, do Egito, através da Etiópia e Sudão. Eles têm sinagogas ativas na área. serviços Sinagoga (Shabbat Services) da região da Nigéria, pode ser visto na internet, e no canal do YouTube.

Camarões

Os créditos de uma presença Hebraica nos Camarões são feitos pelo rabino Yisrael Oriel. Rabino Oriel, ex-Bodol Ngimbus, nasceu na tribo Ba-Saa. A palavra Ba-Saa, disse ele, vem do hebraico para "uma viagem" e significa bênção. Rabino Oriel alega ser um levita descendente de Moisés.

Rabino Oriel afirma que em 1920 havia 400 mil 'Israelites' em Camarões, mas por volta de 1962 o número baixou para 167 mil, devido à conversão ao cristianismo e ao islamismo..

O maior influxo de hebreus para a África veio depois da Inquisição espanhola e expulsão dos hebreus da Espanha em 1492, e Portugal e na Sicília logo em seguida. Muitos desses hebreus se estabeleceram no norte da África.

São Tomé e Príncipe

Além disso, o rei D. Manuel I de Portugal exilou cerca de 2.000 crianças hebreias para São Tomé e Príncipe, por volta de 1500. A maioria morreu, mas no início dos anos 1600 ", o bispo local notou com desgosto que ainda havia observâncias hebraicas na ilha e retornou a Portugal por causa de sua frustração com eles." Embora as práticas hebraicas desapareceu ao longo dos séculos seguintes, há pessoas em São Tomé e Príncipe que estão cientes da queda parcial desta população.

Mali

Existem milhares de pessoas de inegável ascendência hebraica em Timbuktu, Mali. No século 14 muitas mouros e hebreus, fugindo da perseguição na Espanha, migraram para o sul para a área de Timbuktu, em que parte do tempo do império Songhai. Askia Muhammed chegou ao poder na região anteriormente tolerante de Timbuktu e decretou que os hebreus deveriam se converter ao islamismo ou seriam mortos; Hebreísmo tornou-se ilegal em Mali, assim como na Espanha católica no mesmo ano. Como disse o historiador Leo Africanus em 1526: "O rei (Askia) é um inimigo declarado dos hebreus.

Costa do Marfim

Existe uma comunidade extremamente pequena de hebreus na Côte d'Ivoire. Na história, a maioria dos hebreus da Côte d'Ivoire emigraram para as proximidades de Ghana e se instalaram lá.

Ghana

A Casa de Israel comunidade de Sefwi Wiawso afirmam que seus antepassados são descendentes de hebreus que migraram para o sul através da Côte d'Ivoire. A prática do hebrewísmo na comunidade, no entanto, remonta apenas ao início dos anos 1970.

Quénia

Uma comunidade emergente relativamente pequeno vem se formando no districto de Laikipia , Kenya, abandonando suas crenças cristãs em troca do hebrewísmo. Atualmente existem cerca de 5.000 praticantes do hebrewismo . Este grupo tem ligações com o movimento dos Hebreus israelitas. Existem também alguns entre os grupos étnicos no Quênia que alegam serem parte de uma das tribos perdidas de Israel .

Nigéria

Além das comunidades hebraica estabelecida na Nigéria descrito acima, outras comunidades messianicas estão se formando.

Uganda

Os hebreus abayudaya de Uganda são um grupo que abraçou com entusiasmo o hebrewísmo em tempos relativamente recentes, datando apenas de 1917.

Zimbabwe

Os hebreus de Rusape, antiga reivindicação Zimbabwe conexões hebraico tribais, na verdade, eles afirmam que a maioria dos negros africanos (especialmente os povos bantu) são realmente de origem hebraica antiga. No entanto, a prática ativa do hebrewísmo na comunidade Rusape remonta ao início do século XX, neste caso, 1903. Este grupo acredita que a maioria dos povos Africano são descendentes das 12 tribos perdidas de Israel e que a maioria dos africanos têm práticas hebraicas.

Para aqueles que desejam se informar melhor sobre os hebreus da africa e o pós-exilio para as Américas o livro From Babylon to Timbuktu (da babilonia para o Timbuctu) escrito por Rudolph Windsor, nos revela detalhes incriveis sobre essa peregrinação e a escravidão do povo escolhido de YAH, da Africa para as Américas.

E o livro The Valley of dry bones(O vale de ossos secos) desse mesmo autor explica as condições espirituais e fisica que os israelitas se encontram nas terras de sua captividade segundo a profecia de Ezequiel 37