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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

General Tito Vespasiano, o homem que levou Jesus às lágrimas( Lucas 21:23)

Tito Flávio Vespasiano Augusto (em latim Titus Flavius Vespasianus Augustus) (Roma, 30 de Dezembro de 39 — Aquae Cutiliae, Sabina, 13 de Setembro de 81) foi imperador romano entre os anos de 79 e 81. Foi o filho mais velho e sucessor de Vespasiano.

Antes de ser proclamado imperador alcançou renome como comandante militar ao servir sob as ordens do seu pai na Judeia, durante o conflito conhecido como a Primeira Rebelião Judaica (67 — 70). Esta campanha sofreu uma breve pausa após a morte do imperador Nero (9 de junho de 68), quando o seu pai foi proclamado imperador pelas suas tropas (21 de dezembro de 69). Neste ponto, Vespasiano iniciou a sua participação no conflito civil que assolou o Império durante o ano da sua nomeação como imperador, conhecido como o ano dos quatro imperadores. Após essa nomeação, recaiu sobre Tito a responsabilidade de acabar com os judeus sediciosos, tarefa realizada satisfatoriamente após sitiar e destruir Jerusalém (70), cujo templo foi demolido no incêndio. A sua vitória foi recompensada com um triunfo e comemorada com a construção do Arco de Tito. Seu pai o associou, a partir de 71, ao poder tribunício.

Sob o reinado do seu pai, Tito coletou receios entre os cidadãos de Roma devido ao seu serviço como prefeito do corpo de guarda-costas do imperador, conhecido como a Guarda Pretoriana, bem como devido à sua intolerável relação com a rainha Berenice de Cilícia. Apesar destas faltas à moral romana, Tito governou com grande popularidade após a morte de Vespasiano a 23 de junho de 79 d.C. e é considerado como um bom imperador por Suetônio e outros historiadores coetâneos.

O mais importante do seu reinado foi o seu programa de construção de edifícios públicos em Roma (Tito finalizou o anfiteatro Flávio, conhecido habitualmente como o Coliseu). A enorme popularidade de Tito também foi devida à sua grande generosidade com as vítimas dos desastres que sofreu o Império durante o seu breve reinado, a erupção do Vesúvio em 79 d.C. e o incêndio de Roma de 80 d.C. Após dois anos no cargo, Tito faleceu sofrendo de febre, a 13 de setembro de 81 d.C. A grande popularidade de Tito fez com que o Senado o deificasse.

Prometia ser um imperador à altura do seu pai, mas o seu breve reinado foi marcado por catástrofes. Em 24 de Agosto de 79, o vulcão Vesúvio destruiu as cidades de Pompeia e Herculano e, em 80, Roma foi de novo consumida por um incêndio.

Estabeleceu um governo indulgente, respeitando os privilégios do Senado e realizando grandes obras públicas. Umas das mais importantes que fez como imperador foi inaugurar, em 80 d.C., a obra que seu pai, Vespasiano, iniciara, o anfiteatro Coliseu, embora este ainda estivesse incompleto.

Tito foi sucedido pelo seu irmão menor, Domiciano.

Juventude

Tito nasceu em Roma, filho primogénito de Tito Flávio Vespasiano e Domitilla a Maior. Tito teve uma irmã chamada Domitila a Menor e um irmão, chamado Tito Flávio Domiciano, embora conhecido habitualmente com o nome de Domiciano.

As décadas de guerra civil durante o século I a.C. contribuíram enormemente para o decaimento da velha aristocracia de Roma, que fora gradualmente substituída no poder por uma nova nobreza provincial durante a primeira parte do século I. A família Flávia surgiu da obscuridade na Dinastia Júlio-Claudiana, adquirindo a riqueza e influência necessárias para chegar ao poder. O bisavô de Tito, Tito Flávio Petro, serviu como centurião sob Cneu Pompeu Magno durante a Segunda Guerra Civil da República de Roma. A sua carreira militar terminou quando Pompeu sofreu uma derrota esmagadora às mãos de Júlio César na Batalha de Farsália (48 a.C.).Contudo, Petro conseguiu melhorar a sua situação casando-se com uma tértula sumamente rica, cuja fortuna garantiu a ascensão do filho de ambos, Tito Flávio Sabino I, o avô de Tito. O mesmo Sabino amassou uma grande riqueza como arrecadador de impostos na Ásia e como banqueiro na Helvécia. Casando-se com Vespásia Polião aliou-se com uma das famílias patrícias de maior ascendência aristocrática. A riqueza e a linhagem de Vespásia Polião e Tito Flávio Sabino I garantiram a ascensão dos seus filhos, Vespasiano e Tito Flávio Sabino II, à classe senatorial.

A carreira política de Vespasiano incluiu os cargos de questor, edil, pretor, e culminou em um consulado em 51 d.C., o ano em que nasceu Domiciano. O pouco conhecido da juventude de Tito chegou através dos escritos de Suetônio. O historiador relata que o futuro imperador foi criado na corte imperial junto a Britânico, o filho do imperador Cláudio, que seria assassinado por Nero em 55 d.C. Poucos detalhes chegaram sobre a sua educação, mas aparentemente mostrou pronto uma grande inclinação pelas artes militares, era um poeta experto e um grande orador tanto em grego quanto em latim.

Carreira militar

Tito serviu como tribuno militar na Germânia entre 57 d.C. e o 59 d.C. e na Britânia (60 d.C.) chegando com os reforços necessários após a revolta de Boudica. Em 63 d.C. regressou para Roma e casou-se com Arrecina Tértula, filha de um antigo prefeito da Guarda Pretoriana. A mulher de Tito faleceria em 65 d.C. e este tomou uma nova mulher chamada Márcia Funila que pertencia a uma família aristocrática. Porém, esta família era disposta a unir-se à oposição ao Imperador Nero. O seu tio Quinto Márcio Barea Sorano e a sua filha Servília faleceram após a fracassada conspiração de Caio Calpúrnio Pisão em 65 d.C. Alguns historiadores modernos teorizam que Tito se divorciou da sua esposa devido à conexão da sua família com a conspiração. Não voltou a casar-se de novo. Tito parece ter tido muitas filhas, sendo ao menos uma delas de Márcia Furnila. A única que chegou à idade adulta foi Júlia Flávia, que pôde ser filha de Arrecina, pois a mãe desta também se chamava Júlia.[13] Durante este período Tito dedicou-se à justiça, sendo questor.

Campanha da Judéia

Em 66 d.C. os judeus da Província de Judeia rebelaram-se contra o Império Romano. Céstio Galo, o governador da Síria, foi derrotado na batalha de Beth-Horon e forçado a se retirar de Jerusalém. O rei pró-romano Herodes Agripa II e a sua irmã Berenice fugiram para a cidade de Galileia. Nero designou a Vespasiano para esmagar a rebelião, este marchou imediatamente à região com a V e X legiões. Vespasiano uniu-se a Tito e à XV legião em Acre. Com uma força de 60.000 soldados profissionais, os romanos dispuseram-se a varrer a rebelião através de Galileia e marchar sobre Jerusalém.

A Guerra foi coberta pelo historiador judeu-romano Flávio Josefo no seu trabalho A guerra dos judeus. Josefo serviu como comandante na defesa da cidade de Jotapata quando o exército romano invadiu Galileia em 67 d.C. Após um duro sítio de 47 dias, a cidade caiu, tomando uns 40.000 prisioneiros, que foram assassinados, enquanto o restante dos resistentes se suicidaram. O próprio Josefo rendeu-se a Vespasiano, que o liberou ao observar a sua inteligência. Durante 68 d.C. toda a costa e o norte da Judeia caiu sob o controle romano. Esta expedição serviu para que Tito se distinguisse como um general experto.

Ano dos quatro imperadores

A última e importante fortaleza que resistia era a cidade judaica de Jerusalém. Contudo, a campanha sofreu uma pausa quando chegaram notícias de Roma da morte do imperador Nero e da nomeação de Galba pelo Senado como sucessor. Vespasiano decidiu enviar Tito a apresentar os seus respeitos ao novo imperador. Contudo, quando Tito se aproximava à cidade, recebeu notícias da morte de Galba e da nomeação de Otão como sucessor, além da marcha para Roma desde a Germânia de Vitélio. Não querendo arriscar-se a ser capturado por nenhum dos dois bandos, Tito cancelou a viagem e voltou a unir-se ao seu pai na Judeia.Enquanto isso, Otão fora derrotado na batalha de Bedriacum e suicidara-se tão nobremente que emocionara Roma. Quando chegaram notícias aos exércitos de Judeia e Egito, estes decidiram nomear Vespasiano como imperador a a 1 de julho de 69 d.C. Vespasiano aceitou, e mediante intensas negociações levadas por Tito, uniu-se ao governador da Síria, Caio Licínio Muciano, formando uma força muito importante no Oriente . Esta força mudou-se para Roma liderada por Muciano, enquanto Vespasiano marchou para Alexandria, ficando Tito ao comando para que acabasse com a rebelião. No fim de 69 d.C. as tropas de Vitélio foram derrotadas e o Senado declarou Vespasiano como imperador a 21 de dezembro, finalizando deste jeito o Ano dos quatro imperadores.

Sítio de Jerusalém

Enquanto isso, os judeus encontravam-se num conflito civil entre eles, dividindo a resistência entre os sicários, liderados por Simão Bar Giora e os fanáticos conduzidos por João de Giscala. Tito aproveitou então a oportunidade de começar o assalto sobre Jerusalém. Ao exército romano uniu-se a XII Legião, que fora derrotada sob o comando de Céstio Galo. Desde Alexandria, Vespasiano enviou Tibério Júlio Alexandre para que agisse como segundo de Tito. Tito rodeou a cidade no comando de três legiões (V, XII e XV) sobre o lado oeste e enviou a (X) sobre o Monte das Oliveiras a leste. Tito cortou os alimentos e a água à cidade, depois permitiu a entrada de alguns judeus para celebrar a Páscoa negando depois a saída. O exército romano era acossado continuamente pelos judeus e numa ocasião estes quase capturaram Tito.

Após as tentativas de Josefo de negociar uma rendição, os romanos retomaram as hostilidades e destroçaram depressa as primeiras fases da muralha. Para intimidar a resistência, Tito crucificou os desertores judeus em torno das muralhas. Neste ponto os judeus estavam a ponto de se renderem por causa da fome e os romanos aproveitaram a debilidade para irrompir na cidade após quebrar a última fase da muralha. Os romanos penetraram na cidade, capturaram a fortificação Antônia e iniciaram um assalto frontal sobre o Templo. Segundo Josefo, Tito ordenara que o Templo não fosse destruído, porém, durante a batalha pela cidade, um soldado lançou uma antorcha para o interior do Templo e este ardeu depressa. O cronista Sulpício Severo, no entanto, afirma que Tito ordenou a destruição do Templo. Fosse o que for, o Templo foi totalmente destruído e a cidade saqueada, após o qual os soldados proclamaram-no Imperator no campo de batalha. Segundo Josefo 1.100.000 pessoas foram assassinadas durante o sítio, destes a maioria eram judeus. Fontes antigas informam de que 97.000 pessoas foram capturadas e escravizadas, incluindo Simon Bar Giora e João de Giscala. Muitos escaparam a locais próximos do Mediterrâneo. Aparentemente Tito recusou aceitar uma Coroa de erva (condecoração militar romana) alegando que "não há mérito em vencer umas gentes abandonadas pelo seu próprio Deus".

Herdeiro de Vespasiano

Incapaz de navegar para a Itália durante o Inverno, Tito celebrou uns esplendorosos jogos na Cesareia Marítima e Berytus, depois viajou para Zeugma do Eufrates, onde se apresentou com uma coroa a Vologases II de Partia. Visitando Antioquia confirmou os direitos tradicionais dos judeus naquela cidade. No seu caminho para Alexandria, deteve-se em Mênfis onde consagrou o touro sagrado de Ápis portando uma diadema. Esta diadema era para os romanos um símbolo de realeza. Segundo Suetônio estes fatos causaram uma grande consternação em Roma, onde se temia que se rebelasse contra Vespasiano. Segundo Suetônio Tito viajou imediatamente para Roma com o fim de dissipar os rumores sobre a sua conduta.

Após a sua chegada à cidade em 71 d.C. recompensou-o com um triunfo. Acompanhado por Vespasiano e o seu irmão Domiciano, desfilou a cavalo pela cidade sendo saudado de maneira entusiasta pela população e acompanhado pelos seus tesouros e prisioneiros de guerra. Josefo descreve-o como uma procissão com ingentes quantidades de ouro e prata. A procissão incluía os prisioneiros de guerra e os tesouros do Templo de Jerusalém. Simão Bar Giora foi executado no Fórum Romano, depois disso, a procissão ufanou-se em realizar os requeridos sacrifícios religiosos no Templo de Júpiter. O Arco do Triunfo de Tito, que fica na entrada do Fórum, comemora a vitória de Tito.

Com Vespasiano declarado imperador, Tito e o seu irmão Domiciano receberam o título de César em nome do Senado. Além de compartir o poder tribunício com o seu pai, Tito foi designado cônsul em sete ocasiões durante o reinado do seu pai e atuou como o seu secretário comparecendo em certas ocasiões no Senado no seu nome. Tito foi designado comandante da Guarda Pretoriana, fazendo mais sólida a posição de Vespasiano como monarca legítimo. Contudo Tito tornou-se infelizmente famoso entre a população devido às suas violentas ações ordenando a execução de pessoas suspeitosas de traição. Quando em 79 d.C., foi destapado um complô dirigido por Aulo Cecina Alieno e Éprio Marcelo para derrocar a Vespasiano. Alieno foi convidado a uma ceia, na que foi assassinado por punhaladas no coração.

Durante as revoltas judaicas, Tito iniciou uma relação com Berenice de Cilícia, irmã de Herodes Agripa II, que colaborara com os romanos durante a campanha e depois/(portanto)logo apoiara a Vespasiano no seu caminho para o trono. No 75 d.C., ela voltou junto a Tito e viveu abertamente com ele no palácio como a sua prometida. Os romanos eram cépticos sobre/(acerca_de:)em_relação) esta relação e a desaprovavam. A pressão do (gentes:)povo/(localidade:)povoação fez com que Tito separara-se dela, porém a sua reputação sofreu muito por causa desta relação.

Imperador

Vespasiano faleceu o 23 de Júnio do 79 d.C. por causa de uma infecção e foi sucedido pelo seu filho Tito. Os romanos, por causa dos seus supostos vícios, temiam que Tito tornara-se em outro Nero. Contra todos os prognósticos Tito demonstrou ao povo que era um imperador eficaz e foi muito querido por todos os romanos. Um dos seus primeiros atos como imperador foi ordenar publicamente suspender os juízos baseados em traição. A lei de traição, ou a lei de maestas, a princípio foi usada para processar os que corruptoramente tinham prejudicado as pessoas e a majestade de Roma por qualquer ação revolucionária. Contudo, sob o reinado de César Augusto, esta lei também fora aplicada para condenar os escritos difamatórios. Sob o reinado de Tibério, Calígula e Nero utilizou-se para justificar as execuções, criando uma rede de informadores que fez tremar a administração romana durante décadas. Tito acabou com esta prática, declarando:

É impossível que eu seja insultado ou ultrajado. Eu nada faço que mereça ser censurado, e não me importam as falsidades que sobre mim sejam escritas. E, quanto aos imperadores que já estão mortos e enterrados, já se vingarão por si mesmos caso alguém lhes fazer algum mal, se em verdade são semideuses e possuem algum poder."

Portanto, nenhum dos senadores foi assassinado durante o seu reinado; Tito manteve assim a sua promessa de que assumiria o cargo de Pontifex Maximus" com o objetivo de manter as mãos limpas". Os informadores públicos foram castigados e desterrados da cidade. Como imperador, Tito ficou conhecido pela sua generosidade, e Suetônio declara que para compreender que ele não tirara nenhuma benefício de ninguém durante um dia inteiro ele comentou, "Amigos, perdi um dia".

Desafios

Embora o seu reinado ficasse livre de conflitos militares ou políticos, Tito teve de afrontar um grande número de desastres. A 24 de agosto de 79 d.C., apenas dois meses depois da sua ascensão ao trono, o Monte Vesúvio entrou em erupção, causando a quase completa destruição das cidades da Baía de Nápoles. As cidades de Pompeia e Herculano foram sepultadas sob toneladas de pedra e lava causando a morte de um grande número de pessoas. Tito designou dois ex-cônsules para dirigir as tarefas de reconstrução e doou uma grande quantidade de dinheiro do Tesoro Imperial a fim de ajudar as vítimas do vulcão. O próprio Tito visitou Pompeia após a erupção e depois outra vez mais no ano seguinte.

Durante a segunda visita, um incêndio que durou três dias estourou em Roma. Embora o grau de destruição não fosse tão desastroso quanto o do grande incêndio do 64 d.C., Dião Cássio registrou uma longa lista de edifícios públicos danificados parcialmente ou consumidos totalmente pelo fogo. Entre eles, estavam o Panteão de Agripa, o Templo de Júpiter, o Diribitorium, o Teatro de Pompeu e a Saepta Júlia, entre outros. De novo Tito pagou do seu bolso os danos ocasionados pelo fogo. Aparentemente houve uma praga durante o incêndio, embora se desconheça a natureza da doença e o número de falecidos.

Enquanto isso, a guerra continuara na Britânia, onde Cneu Júlio Agrícola se internou na Caledônia e dirigiu o estabelecimento de várias fortificações. Como consequência das suas ações, Tito foi aclamado Imperator por decimo-quinta vez.

O seu reinado também sofreu a rebelião de Terêncio Máximo, um de vários Neros falsos que continuaram aparecendo ao longo dos anos 70. Embora Nero seja conhecido nomeadamente como um tirano, chegaram escritos que informam que foi enormemente popular nas províncias orientais durante o seu reinado.

Segundo Dião Cássio, Terêncio Máximo seria parecido com Nero na voz e no aspecto e, como ele, tocava a lira. Terêncio estabeleceu-se na Ásia Menor, mas pronto foi forçado a escapar para além de Eufrates, tomando refúgio entre os Partos. Além disso, as fontes antigas declaram que Tito descobriu que o seu irmão Domiciano conspirava contra ele, mas recusou a opção de assassiná-lo ou desterrá-lo.

Obras Públicas

A construção de Anfiteatro Flávio, conhecido habitualmente como o Coliseu de Roma, começou na década de 70 sob o reinado de Vespasiano e finalizou sob o reinado de Tito nos anos 80. Além das espetaculosas dimensões do Coliseu, que ofereciam um grande entretenimento para a população romana, o Coliseu representava também os sucessos militares dos Flávios durante as guerras judaicas. Os jogos inaugurais duraram cem dias, e foram sumamente elaborados, incluindo combates de gladiadores, pelejas de animais selvagens, representações de batalhas navais (para as que foi inundado o teatro), corridas de cavalos e de carros. Durante os jogos, passaram entre o público umas bolas de madeira, inscritas com vários prêmios com os que os ganhadores eram obsequiados.

Junto ao anfiteatro, dentro do recinto da Domus Aurea de Nero, Tito ordenara a construção de uns novos banhos públicos públicos, que deviam levar o seu nome. A construção deste edifício terminou de pressa para que coincidisse com a finalização das obras do Anfiteatro Flávio.

A prática do culto imperial foi ressuscitada por Tito, embora aparentemente isto encontrou algumas dificuldades, pois Vespasiano não foi deificado senão seis meses depois da sua morte. Para honra e glória da dinastia dos Flávios, começaram as obras do Templo de Tito e Vespasiano que finalizaria durante o governo de Domiciano.

Morte

Ao finalizar os jogos, Tito dedicou oficialmente ao povo a construção do anfiteatro e os banhos, o que deveu ser o seu último ato como imperador. Tito partiu para os territórios dos sabinos mas caiu enfermo e faleceu por causa de umas febres, aparentemente no mesmo imóvel que o seu pai. Segundo parece, as últimas palavras que pronunciou Tito foram "somente cometi um erro". Tito governara o Império Romano durante dois anos, da morte do seu pai em 79 d.C. até a sua morte a 13 de setembro do 81 d.C. Tito foi sucedido por Domiciano cujo primeiro ato foi deificar o seu irmão.

Os historiadores especularam muito sobre a morte de Tito e do erro ao qual se refere nas suas últimas palavras, Filóstrato defende que foi envenenado por Domiciano e que a sua morte fora prognosticada por Apolônio de Tiana. Suetônio e Dião Cássio sustêm que faleceu de causas naturais, mas acusam Domiciano de abandonar o seu irmão enfermo e segundo Dião, o erro ao que Tito refere é o de não ter executado o seu irmão que descobriu a sua participação no complô contra ele.

Legado

Os relatos sobre Tito escritos por historiadores antigos são mais exemplares que sobre qualquer outro imperador. Os escritos que sobreviveram, a maioria de autores contemporâneos a Tito, oferecem uma visão estremadamente favorável para o imperador, sobretudo comparado com o tirânico governo do seu irmão Domiciano.

A obra de Josefo A guerra dos judeus oferece uma visão de primeira mão sobre ,o caráter de Tito durante a rebelião judaica. Contudo a neutralidade do escrito de Josefo foi questionado, pois Josefo estava em dívida com o imperador. Quando Tito chegou a Roma em 71 d.C. Josefo acompanhava-o como parte do seu séquito, e depois o historiador naturalizaria-se cidadão romano e tomaria o nome e o praenomen dos seus padroeiros. Josefo recebeu uma pensão anual e viveu em palácio. Sob o patrocínio do imperador, Josefo escreveu muitas das suas obras mais conhecidas. A obra conhecida como A Guerra dos Judeus inclina-se contra os líderes da rebelião, apresentando o levantamento como uma operação mal organizada e culpando aos judeus de causar a guerra.

Outro contemporâneo de Tito, Públio Cornélio Tácito, que começou a sua carreira pública em 80 d.C. ou 81 d.C. e que deve a sua ascensão à dinastia Flávia, oferece uma visão sobre o imperador Tito. As suas Histórias foram escritas neste período, e publicadas durante o reinado de Trajano. Porém, os cinco primeiros livros deste texto, que abrangem os reinados de Tito e Domiciano não foram preservados.

Suetônio oferece um relato curto mas muito favorável sobre o reinado de Tito na sua obra As vidas dos doze césares. Suetônio ressalta os seus sucessos militares e a sua generosidade; assim, a sua descrição de Tito diz:

"Tito, chamado do mesmo jeito que o seu pai, foi querido por todo o povo romano, coisa muito difícil. Era tão superior que era um prazer para a raça humana, foram estas características o que lhe fizeram ganhar o afeto da população."

Outro autor, Dião Cássio, escreveu a sua História de Roma uns cem anos depois da morte de Tito; Cássio tem uma visão muito similar à de Suetônio, e é muito provável que utilizara a este como a sua fonte principal:

"O fato de as fontes falarem muito bem de ele é devido a que esteve pouco tempo no trono, e apenas teve oportunidade de fazer o mal. Desde a data em que o nomearam imperador transcorreram somente dois anos, dois meses e vinte e nove dias -além dos vinte e nove anos, cinco meses e vinte e cinco dias que vivera até então. Certamente, por isso é acreditado que igualou o longo reinado de Augusto, pois Augusto nunca teria sido amado caso viver menos, nem Tito caso viver mais. Augusto, embora se mostrasse irascível pelas guerras e outros contratempos, foi muito capaz, com o tempo, de conseguir uma brilhante reputação pelos seus generosos atos; Tito, pelo contrário, governou com temperança e faleceu no apogeu da sua glória. De ter vivido muito mais, ficaria demonstrado que deve mais a sua fama atual à fortuna do que aos seus próprios méritos."

Plínio o Velho, que faleceu após a erupção do Vesúvio, dedicou a sua obra Naturalis Historiæ ao imperador.

sábado, 15 de janeiro de 2011

O ideal Messiânico e a religião judaíca

Introdução

Existem algumas vantagens em ser judeu quando tentamos entender os Evangelhos, especialmente se alguém já esteve colocado em contato próximo com a liturgia judia, com as cerimônias do ano religioso judeu, com a literatura rabínica e com a visão geral moral e cultural judia. Muitos aspectos dos evangelhos são tão familiares para os judeus como o ar que respiram.

Quando Jesus bebeu vinho e partiu o pão na Última Ceia, ele estava fazendo o que os judeus fazem todas as vezes que celebram a cerimônia do Kiddush antes de um Festival ou da refeição do Sabath. Quando Jesus começa sua oração com “Nosso Pai que estais no céu...” ele está seguindo o padrão das orações farisaicas que ainda fazem parte do Livro Diário de Orações dos Judeus. Quando ele falou em parábolas e usou frases chocantes (tais como “engolis o camelo” ou “a trava em seus próprios olhos”) ele estava usando métodos de expressão familiares a qualquer estudante dos escritos Talmúdicos.

Ao mesmo tempo, um Judeu lendo os Evangelhos fica imediatamente alertado para aspectos que não parecem autênticos; por exemplo, a narrativa dos fariseus aguardando para matar Jesus em razão de ele curar no Sabath. Os Fariseus nunca incluíram a cura na sua lista de atividades proibidas no Sabath; e os métodos de cura de Jesus não envolviam nenhuma das atividades que eram proibidas. É improvável que eles tivessem desaprovado mesmo moderadamente as curas sabáticas de Jesus. Além disso, a figura de Fariseus assassinos, sedentos de sangue apresentada nos Evangelhos contradiz tudo que é conhecido sobre eles desde Josefo, seus próprios escritos e do judaísmo que eles criaram e que ainda vive hoje.

Desta maneira temos aqui uma contradição nos Evangelhos entre aquelas passagens que parecem autênticas e aquelas que não. Para um judeu estudando os Evangelhos a contradição é manifesta e a questão se expande quando ele considera a religião baseada sobre os Evangelhos, o cristianismo propriamente, que é uma mistura de elementos judeus, não-judeus e anti-judeus.

Como conceber que uma religião que se vale tão intensamente do judaísmo tenha, na maior parte de sua história, encarado os judeus como parias e excluídos? Que em uma civilização baseada nas escrituras hebraicas, uma civilização cuja linguagem está permeada com o idioma Hebreu, os judeus sejam tratados com um extraordinário ódio, culminando com o Holocausto de 6.000.000 de judeus europeus durante a Segunda Guerra Mundial.

O Messias

Se a persistente vontade pelo Messias tivesse sido nada mais do que um desejo por independência política não teria o poder de inspirar tão extraordinária resistência. Em outros países o patriotismo produziu grande heroísmo contra Roma, mas nada tão prolongado e determinado do que os esforços judeus os quais pela sua obstinação e coragem levantou a admiração, medo e ódio dos historiadores romanos. O ideal Messiânico surgiu da inteira "weltanschauung" 1 do povo judeu o qual foi única no mundo antigo. O ideal Messiânico surgiu do monoteísmo.

O monoteísmo unificou a história humana em um único processo tendendo a um objetivo final, o preenchimento dos propósitos de deus na criação do mundo. A idéia de uma era Messiânica provendo o desenlace do drama cósmico é inerente no monoteísmo. O politeísmo, por outro lado, não provê tal drama cósmico. Cada nação tem seus próprios deuses e não existe um propósito prioritário para a humanidade. A história nas culturas politeístas é considerada como cíclica. As nações como os indivíduos têm seus ciclos-de-vida; e acima dos homens e deuses estava um inexorável, indiferente Destino. Somente os judeus alegavam estar em contato com o supremo e imortal Destino, alegando também que ele não era indiferente à humanidade, mas um Pai amoroso que moldava o processo da história. Este conceito de progresso da história na direção de uma Utopia final tem sido a inspiração da tradição utópica da cultura Ocidental – de tal forma que é difícil visualizar a unicidade desta idéia na antiguidade.

Assim como tem sido a fonte de um otimismo insaciável, o monoteísmo era incapaz de reconhecer derrota. As nações politeístas podiam admitir que seus deuses tivesse se mostrado mais fracos do que os de Roma; ou podiam sucumbir ao sincretismo romano pelo qual os deuses imbatíveis eram identificados com os deuses de Roma (Júpiter/Zeus/Amon). O Deus judeu, o criador do Céu e da Terra, não podia se submeter a tal anexação. Quando os judeus eram de fato derrotados não significava que Deus tivesse sido derrotado pelo deus daquelas pessoas, mas que o povo de Deus havia falhado na sua missão e deviam se dedicar novamente pelo arrependimento. Este é o significado das campanhas de arrependimento que acompanhavam o movimento messiânico. O Monoteísmo iniciou como a religião de um bando de escravos fugitivos; e expressa sua determinação a não se submeter novamente a nenhuma indivíduo ou classe opressivos.

O Rei dos Judeus

Os evangelhos mostram Jesus, repetidamente, profetizando sua própria morte em Jerusalém e a sua subseqüente ressurreição. Os discípulos são apresentados como tendo dificuldades para entender estas profecias ao ponto de que em uma ocasião ocorreu até mesmo uma séria discussão entre Jesus e Pedro sobre esta questão. Enquanto podemos rejeitar a idéia de que Jesus esperava sua própria morte em Jerusalém, é perfeitamente possível que houvesse naquele tempo alguma dissensão entre Jesus e seus principais seguidores, os Doze. O objeto da dissensão, muito provavelmente, era o plano de resitência a ser seguido contra os romanos. Os discípulos de Jesus, com sua tendência Zelota, podem ter desejado organizar uma resistência de grande envergadura. O entusiasmo nacional pelo advento de Jesus como Rei-Profeta deve ter significado uma oportunidade ideal para a mobilização de um grande exército para engajar os romanos numa batalha. Por outro lado, Jesus era um convincente apocalíptico, o qual considerava que uma batalha contra Roma seria amplamente vencida por meios miraculosos e, portanto, não fez nenhum preparativo militar sério. Jesus não era um oportunista político ou militar. Ele estava preparado para sacrificar sua vida na crença de que sua missão tinha proporções cósmicas. Expulsar os romanos pela força das armas, como Judas Macabeu havia expulsado os Gregos, não era seu propósito; tal sucesso iria apenas conduzir à fundação de mais uma dinastia como a dos Hasmoneus. Jesus iria inaugurar o Reino de Deus, uma nova era na história do mundo, ou nada.........

A Entrada Triunfal foi o ponto alto da carreira política de Jesus. As esperanças apocalípticas que o cercavam, primeiro como Profeta depois como Rei-Profeta explodiram em boas-vindas extáticas quando a multidão em Jerusalém o clamava com os gritos, "Hosana! Salve-nos".

Qual foi a data da Entrada Triunfal de Jesus? De acordo com os evangelhos foi na época da Festa da Páscoa, i.e, na primavera. Entretanto, existem muitas indicações que não foi assim, e a Entrada Triunfal teria ocorrido no outono, na época do festival judeu conhecido como Festa dos Tabernáculos.

A série completa de eventos desde a Entrada Triunfal até a crucificação (incluindo o interrogatório com o Sumo Sacerdote, o julgamento diante do Sanedrim, julgamento diante de Herodes Antipas e julgamento diante de Pilatos, sem mencionar várias atividades prévias tais como A limpeza do Templo, a oração no Templo e a Última Ceia) é suposta ter acontecido em seis dias. Isto é uma impossível aceleração de procedimentos humanos políticos e judiciais. A história a ser discutida aqui é que a Entrada Triunfal de Jesus teve lugar imediatamente antes da Festa dos Tabernáculos e sua execução aconteceu na Festa da Páscoa, cerca de seis meses depois.

A característica mais óbvia que aponta para o outono como a data da Entrada Triunfal são os ramos de palmeira que ficam em evidência no Domingo de Ramos. Na Páscoa, não existem ramos de palmeira na região e é improvável que os admiradores de Jesus o tivessem homenageado com ramos secos de palmeira guardados desde o último outono. Além disso, os ramos de palmeira desempenhavam (e ainda desempenham hoje) um papel essencial dos ritos do Festival dos Tabernáculos. Os "ramos de árvores" mencionados nas narrativas da Entrada Triunfal são também importantes nestes ritos, sendo usado em profusão para cobrir os "tabernáculos" ou tendas que davam o nome ao festival, e para acompanhar o uso de ramos de palmeiras (Ver Levítico 23:40)

Uma curiosa confirmação como sendo outono o tempo da Entrada Triunfal pode ser encontrada na história de Jesus amaldiçoando a árvore da figueira, que aconteceu imediatamente após sua Entrada. Jesus, aparentemente deparou-se com uma figueira sem frutos, e disse "Que nenhum fruto cresça nesta árvore jamais". Isto tem que ter acontecido no outono, pois ninguém esperaria encontrar uma figueira carregada de frutos na primavera. A razão da reação irada de Jesus é, provavelmente, o seguinte: Os profetas hebreus haviam predito de que o tempo do Messias seria de uma fertilidade nunca vista de plantas e animais (Joel 2:22 "... a figueira e a vinha dão a sua riqueza"). Jesus com seus Galileus acreditavam em espíritos maus, e podem ter acreditado que a figueira continha um mau espírito que estaria lutando contra o Reino de Deus.

O uso do clamor "Hosana" pela multidão (Hebreu, "hoshi'anna", significando "salve-nos já") também confirma a data do outono para a Entrada de Jesus. Este louvor tem um uso litúrgico especial nos ritos dos Tabernáculos e em nenhum outro festival. O "clamor era endereçado a Deus, não a Jesus e siginificava algo como "Salve-nos", Deus através de seu Messias". A palavra "salvar" é especialmente associada ao longo das escrituras hebraicas, com a misericórdia de Deus através de governantes e guerreiros que protegiam Israel contra seus inimigos. Uma oração por esta salvação era oferecida na Festa dos Tabernáculos e estaria perfeitamente adaptada como acompanhamento na Entrada de Jesus em missão de salvação.

Isto conduz a um ponto ainda mais importante: o fato de que a Festa dos Tabernáculos era em um sentido especial um festival Real. Em geral, a família real judia tinha um pequeno papel a cumprir nos cerimoniais da religião judaica, mas a exceção era a Festa dos Tabernáculos. No festival o Rei realmente entrava no Átrio do Templo e lia em voz clara "o parágrafo do Rei", i.e, a parte da Lei Mosaica relativa a seus deveres (Dt 17:14-20).

A leitura da Lei pelo Rei era realizada a cada sete anos. Não há dúvidas de que Jesus programou sua Entrada de modo a coincidir com o fim do Ano da Remissão, no fim do qual a leitura do rei se realizava. Ele planejou cuidadosamente a época de sua Coroação e seu progresso real de maneira que chegou a Jerusalém exatamente a tempo para o festival. Ele então entraria no Átrio do Templo como Rei e renovaria o rito realizado por seus grandes predecessores no trono judeu. O ato mais do que qualquer outro sinalizaria sua ascensão ao trono e sua intenção de assumir os deveres de rei e salvador.

Uma figura em particular deve ter estado na mente de Jesus, nominalmente, seu grande antecessor rei Salomão. Foi na Festa dos Tabernáculos que Salomão realizou a Dedicação do Primeiro Templo, oferecendo uma longa oração a Deus de uma plataforma, especialmente, construída no Átrio do Templo.

Podemos enxergar agora porque a primeira ação de Jesus entrando em Jerusalém foi a Limpeza do Templo. Esta ação tem sido muito trivializada pelos redatores dos Evangelhos, os quais a apresentaram como uma demonstração individual onde qual Jesus ameaçou os cambistas com um chicote. A ação foi muito mais do que isto; Jesus, como Rei virtuoso, estava levando a efeito uma reforma no Templo, limpando-o da corrupção do alto clero Saduceu venal. Jesus estava no topo de seu poder. Embora ele não dispusesse de um exército organizado, a populaça judaica o aplaudia cada vez mais. A polícia do Templo, o qual agiria rapidamente contra mera violência individual, estava impotente para cessar as reformas de Jesus. Ele poderia até mesmo ter anunciado um novo Sumo Sacerdote, como Rei ele estava autorizado a fazê-lo (Isto foi a primeira coisa que os insurgentes fizeram na Guerra dos Judeus em 66 A.D.)

Tendo limpado a administração do Templo Jesus deveria ter ido adiante com seu plano de re-dedicação do Templo para a era Messiânica aparecendo no Átrio do Templo como Salomão na Dedicação do Primeiro Templo, para ler "o parágrafo do Rei". Sem dúvidas, como Salomão, ele também aproveitou a oportunidade para endereçar uma oração a Deus pelo seu novo regime e talvez para dar uma mensagem profética para o povo. É o pouco que podemos depreender de uma confusa e distorcida narrativa, encontrada apenas em João, de uma visita de Jesus ao Templo na Festa dos Tabernáculos, embora João represente esta visita como tendo acontecido em uma ocasião distinta da Entrada Triunfal.

O paralelo entre Jesus e Salomão joga luz em uma acusação que foi mais tarde imputada a Jesus: que ele ameaçara destruir o Templo e reconstruí-lo. É perfeitamente possível que Jesus tenha declarado a intenção de destruir e reconstruir o Templo, uma vez que seu Reino estivesse completamente estabelecido. O Templo no qual Jesus reinava tinha sido construído por Herodes o Grande, conhecido pelos fariseus como Herodes o Iníquo. Os fariseus haviam dado seu relutante consentimento para a reconstrução do Templo por Herodes, mas a despeito de sua suntuosa beleza, eles nunca esperaram que este Templo persistisse até o reino do Messias. Se Jesus tivesse realmente provado ser o Rei-Messias expulsando os Romanos, os fariseus não teriam criado objeções para que a sua destruição do Templo de Herodes e a construção de outro, ele teriam esperado que ele fizesse isto. Por que deveria o purificado e re-dedicado povo judeu, restaurado para a liberdade, adorar a Deus em um templo construído pelo corrupto Herodes? Não existe nada aqui que os fariseus teriam considerado como blasfematório, ou que amedrontaria alguém exceto o Sumo Sacerdote Caifás e sua claque. A acusação de planejar a destruição e reconstrução do Templo foi parte do indiciamento contra Jesus, não como um blafesmador ou rebeldia contra o judaísmo, mas como um rebelde contra o regime fantoche do Sumo Sacerdote.

Assim a datação da Entrada Triunfal no outono, ao invés de na primavera, traz muito mais sentido à série de eventos, este é a exata época que alguém se colocando à frente como Messias teria escolhido para entrar em Jerusalém. Um argumento mais importante não foi ainda mencionado. A profecia de Zacarias diz que a grande batalha dos últimos Dias terá lugar no outono, na ocasião da Festa dos Tabernáculos. No aniversário deste grande evento todas as nações do mundo serão requisitadas a vir a Jerusalém para celebrar a Festa dos Tabernáculos nos tempos messiânicos. (Zc 14:16). Quando Jesus entrou em Jerusalém montando no lombo de um jumentinho ele estava se comprometendo com o conceito de Zacarias sobre os últimos dias. Aqueles que conheciam suas escrituras (e muitos conheciam) saberiam pela maneira da entrada de Jesus quais eram suas intenções; engajar os romanos na batalha antes da Festa dos Tabernáculos chegar ao fim.

Por que os redatores dos evangelhos (provavelmente seguindo uma tradição da igreja-Gentia já estabelecida) colocaram a Entrada Triunfal na primavera? A razão mais provável é que para os cristão-gentios o evento importante na vida de Jesus era sua morte pela crucificação, o qual eles encararam como o ponto principal da história. Parece mais dramático, portanto, condensar os eventos, subordinando-os todos à Crucificação e amontoando todos eles na última cena da peça. A Crucificação teve lugar na primavera, este, portanto, se tornou o período de todos os eventos culminantes da vida de Jesus.

No culto de ressurreição de Adônis, Attis e Osíris, a morte e ressurreição do jovem Deus se dão na primavera. A Entrada Triunfal, portanto, concordaria com o festival do Jovem Deus antes do sacrifício nestes cultos; e seria, portanto, correto mover a Entrada Triunfal para mais perto do sacrifício para o qual ela era apenas os preliminares. O apelo do cristianismo ao mundo antigo dependeu bastante destas afinidades.

Para Jesus, entretanto, que esperava sucesso e não fracasso, e que não teria entendido a apoteose romântica do fracasso a época natural para sua chegada era o outono, o tempo do jubilo com a colheita. Muitas das parábolas de Jesus comparam a chegada do Reino de Deus com a época das colheitas. Este era o período mais feliz do ano judeu, quando o período de purificação do novo ano estava encerrado, a colheita estava garantida e o tempo do agradecimento a Deus havia chegado. A Festa dos Tabernáculos é a única do qual as escrituras dizem. "E você será completamente feliz". A Páscoa, o festival da primavera, era o período do começo da salvação, o aniversário do Êxodo do Egito, o começo da história judaica. Mas o final triunfante da história seria esperado de ocorrer no outono; exatamente como o Rei Salomão celebrou no outono o fim de um longo período de tribulações e a inauguração do Reino Messiânico.

O dia do senhor

O reino de Jesus como o rei dos judeus em Jerusalém durou menos do que uma semana. Que aconteceu durante essa semana? De acordo com os evangelhos, a única ação positiva executada por Jesus foi sua limpeza do templo. Depois disso, aparentemente, ele se confinou ao ensino e a pregação no templo até a época de sua prisão. Da análise do último capítulo, nós vemos que Jesus fez muito mais do que isto. A limpeza do templo não foi um incidente isolado, mas uma reforma completa, envolvendo a ocupação da área de templo por Jesus e seus seguidores. Como em muitas outras revoltas deste tipo descritas por Josefo, Jesus far-se-ia mestre de apenas uma parte de Jerusalém. A maioria de Jerusalém estaria ainda tomada pelas tropas romanas de Pilatos e pelas tropas judaicas do Sumo Sacerdote. Do ponto de vista de Pilatos e de Caifás, a revolta não era um grande problema. Por alguns dias (como descreveram) um fanático falacioso com apoio da multidão podia capturar uma área limitada de Jerusalém, incluindo as terras do templo, interrompendo desse modo a temporariamente jurisdição do Sumo Sacerdote. Os serviços do templo não foram interrompidos, porque Jesus permitiu que a vasta maioria dos sacerdotes permanecesse em seus postos, expurgando somente aqueles, proximamente, associados com o fantoche Caifás.

Entretanto, durante aqueles poucos dias, Jesus reinou supremo na área do templo. Os evangelhos tornam claro que o Sumo Sacerdote não estava disposto a tentar a prisão de Jesus por causa do forte apoio popular dado pela multidão do festival. Caifás calculou que, provavelmente, seria melhor esperar até que a primeira onda de entusiasmo se acabasse e então colocar Jesus sob guarda. Não pediu ajuda às tropas romanas nesta fase porque pensou que poderia ele mesmo ser capaz de controlar a situação.

As aparições de Jesus no templo durante aqueles poucos dias foram como um Profeta-Rei, não como o pregador retratado nos evangelhos. Seu desempenho dos ritos do Tabernáculo era um ato político de grande importância, consolidando sua reivindicação ao Messianato. Sua pregação era sem dúvidas de caráter apocalíptico, como os evangelhos certamente mostram, mas não profetizava sua própria morte e a desgraça que viriam para os judeus e para o templo; estas profecias foram introduzidas nos evangelho após a derrota dos judeus e a destruição do templo pelos romanos em 70 A.D.

Jesus não passou todo o tempo na área de templo durante seus poucos dias de reinado. Nas noites ia ao Monte das Oliveiras, a leste de Jerusalém, aproximadamente, uma milha fora da cidade. A profecia de Zacarias na qual Jesus, particularmente, se baseava estabelecia que a localização do milagre seria no Monte das Oliveiras. Esta montanha era de grande significado religioso, especialmente, para um Messias, porque era não somente ela a posição do esperado milagre, como era igualmente o lugar onde Davi usou para orar. Além disso, era lá que o profeta Ezequiel tinha visto a aparição da "glória de Deus" pela qual Jesus estava esperando.

Chegamos ao episódio conhecido como a última ceia. Segue da argumentação do último capítulo que isto ocorreu não no tempo da Páscoa, mas durante a festa dos Tabernáculos. Nos evangelho a última ceia tem sido traduzida por um mito que serve a três finalidades: mostrar que Jesus previu e pretendeu sua própria morte na cruz; mostrar como Judas Iscariote se tornou determinado a trair Jesus; e mostrar que Jesus instituiu o rito da comunhão, com seu simbolismo pagão de comer a carne e de beber o sangue do Deus.

Nenhum traço é revelado de alguns dos ritos especiais da Páscoa, "Sêder," como comer do pão sem fermento, comer do cordeiro Pascal, as ervas amargas, e o relacionamento com o êxodo do Egito. O único rito especial dos Tabernáculos com respeito a comer, é a tomada das refeições no Succah, ou nas tendas (de onde o festival retira a seu nome). Sobre isto há algum traço na referência impar "a um andar superior," descrito em Marcos como "arrumado". As tendas ou os rituais dos "Tabernáculos" eram construídos freqüentemente nos telhados planos das casas, de maneira que "o quarto superior" possa ter sido de fato um "tabernáculo" que fora "arrumado" com os ramos de árvores na maneira prescrita.

A característica da Santificação ("Kiddush") com vinho e pão é comum a todos os festivais judaicos, e se aplica tanto aos Tabernáculos quanto à respeito da Páscoa. Não há, na cerimônia de Kiddush, nenhum simbolismo místico da "carne" e do "sangue" no uso judaico do pão e do vinho. O vinho é usado, primeiramente, para pronunciar uma bênção no festival. O pão é então usado como um cerimonial inicial do festival. Jesus ficaria chocado de saber da interpretação pagã aplicada mais tarde sobre o simples Kiddush com que começou a última ceia.

Jesus não teve nenhum pré-conhecimento de sua queda e crucificação. A última ceia era uma celebração com seus discípulos mais próximos de sua aparição como o rei e da derrota iminente do poder romano. Após ter-se preparado em diversas noites de oração no Monte das Oliveiras, Jesus foi convencido que "o dia do senhor" estava próximo e à mão e chamou seus discípulos para juntos tornarem mais forte a ligação entre eles antes dos tempos cruciais a serem enfrentados. A atmosfera deve ter sido extremamente tensa. Estavam a ponto de correrem um grande risco do qual dependeria o destino de seu país e do mundo inteiro. Mas a pungência especial e o drama das narrativas dos evangelhos são o produto de interpretações posteriores dos eventos e dos mitos que foram gerados mais tarde para explicar a queda de Jesus.

A última ceia seria considerada igualmente como um aperitivo da grande ceia e festival que ocorreria se Jesus fosse bem sucedido. A lenda judaica, profetizando épocas messiânicas, continha muitos detalhes da grande festa messiânica em que o Leviatan seria devorado e todos os grandes heróis da história judaica estariam presentes. Não há nenhuma dúvida do que Jesus procurou transmitir quando disse na última ceia, "Em verdade vos digo que jamais beberei do fruto da videira, até àquele dia em que o hei de beber, novo, no reino de Deus." Sua refeição seguinte seria, propriamente, a festa messiânica na celebração da vitória sobre os inimigos do Deus, os romanos.

Após a última ceia, Jesus conduziu seus discípulos, como de costume, ao Monte das Oliveiras. Mas desta vez havia uma diferença. Jesus estava convencido que esta era a noite em que Deus apareceria na glória e derrotaria os invasores estrangeiros de sua Terra Santa. Desta forma, exigiu que seus discípulos equipassem-se com espadas. Duas espadas foram apresentadas, e Jesus disse, "é o bastante." Ao Messias e seus seguidores, como Gideão e seu grupo minúsculo, seria exigido luta, porque a profecia de Zacarias tinha dito, entre suas predições impressionantes sobre a intervenção de Deus, "e Judá igualmente lutará em Jerusalém." Mas duas espadas seriam bastante: o milagre seria até mesmo maior do que no caso de Gideão.

Somente Lucas reteve o incidente das espadas. Ele não teria nenhum possível motivo de inventá-lo, porque vai contra o cerne de sua narrativa. A única explanação possível de sua inclusão é que é uma reminiscência da história original que somente Lucas não foi piedoso o bastante para extirpar. Os redatores do evangelho seguiam o esboço de um evangelho mais antigo. Para torcer este evangelho para um significado novo exigia bastante coragem; às vezes os nervos podem falhar. Isto explicaria porque pedaços da narrativa velha podem às vezes ser encontrados projetados de forma incômoda no corpo do novo.

Jesus estava agora determinado a colocar em teste sua interpretação da profecia de Zacarias. Pode ser útil, conseqüentemente, colocar diante de nós esta profecia, que era de importância decisiva para Jesus:

E o Senhor sairá, e pelejará contra estas nações, como no dia em que pelejou no dia da batalha. E naquele dia estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o oriente; e o monte das Oliveiras será fendido pelo meio, para o oriente e para o ocidente, e haverá um vale muito grande; e metade do monte se apartará para o norte, e a outra metade dele para o sul. E fugireis pelo vale dos meus montes (porque o vale dos montes chegará até Asel), e fugireis assim como fugistes do terremoto nos dias de Uzias, rei de Judá: então virá o Senhor meu Deus, e todos os santos contigo, ó Senhor. E acontecerá naquele dia, que não haverá preciosa luz nem espessa escuridão. Mas será um dia conhecido do Senhor; nem dia nem noite será; e acontecerá que no tempo da tarde haverá luz. ... E o Senhor será rei sobre toda a terra: naquele dia um será o Senhor, e um será o seu nome. E esta será a praga com que o Senhor ferirá a todos os povos que guerrearam contra Jerusalém: a sua carne será consumida, estando eles de pé,e lhes apodrecerão os olhos nas suas órbitas, e lhes apodrecerá a língua na sua boca. Naquele dia também acontecerá que haverá uma grande perturbação do Senhor entre eles; porque pegará cada um na mão do seu companheiro, e alçar-se-á a mão de cada um contra a mão do seu companheiro. E também Judá pelejará em Jerusalém,... E acontecerá que, todos os que restarem de todas as nações que vieram contra Jerusalém, subirão de ano em ano para adorarem o Rei, o Senhor dos Exércitos, e celebrarem a festa das cabanas... e não haverá mais cananita na casa do Senhor dos Exércitos naquele dia.

A forte influência da profecia de Zacarias em Jesus é mostrada na maneira com que entrou em Jerusalém montado em um jumentinho. Esta deliberada confirmação de Zacarias 9:9 sugere que Jesus igualmente tenha o final da profecia de Zacarias em mente.

"Os povos que lutaram contra a Jerusalém" não eram em nada diferentes dos romanos, ímpios bárbaros que tinham unido "as nações" em um grande império e tinham colocado suas faces contra Deus. Ele mesmo, Jesus de Nazaré, era a pessoa a quem o profeta endereçava suas instruções; O Messias que chegaria em Jerusalém no potro de um jumento, e se apresentaria "no vale das montanhas" junto com uma companhia de "santos" para testemunhar o surgimento da glória do deus no Monte das Oliveiras. Ele veria os romanos golpeados por uma praga, e lideraria Judá na luta contra eles. Então, após uma grande vitória, reinaria como Rei-Messias em Jerusalém, onde a cada ano no aniversário de sua vitória daria boas-vindas a representantes de cada nação na terra, que viessem prestar ao Senhor dos Exércitos a homenagem ao senhor dos anfitriões em seu templo.

Pode-se objetar que este narrativa faz Jesus parecer insano. Poderia ele realmente ter esperado que a profecia de Zacarias se cumprisse tão literalmente naquela noite no Monte das Oliveiras? Como ele poderia estar tão seguro para saber a exata hora da profecia e que seria através dele que ela se cumpriria? Como uma pessoa, Jesus era o que seria descrito hoje como um caráter "maníaco", isto é, alguém capaz de permanecer por longos períodos em um ritmo elevado de entusiasmo e de euforia. Isto lhe permitiu impressionar seus associados até ao ponto em que estes não poderiam deixar sua memória morrer. Ele não era Judas da Galiléia, ou a Bar Kochba, que eram Messias de temperamento, essencialmente, ordinário ou normal, homens que fizeram suas apostas por poder, falharem, e aquilo era aquilo. Não foi por acidente que Jesus deu crescimento a uma religião nova do mundo. A cristandade era uma falsificação de tudo pelo qual Jesus representou, contudo cada detalhe desta falsificação foi construído sobre algo que existia em seu temperamento e perfil. Era apenas uma etapa para que os Gentios Helenistas transformassem a elevada convicção de Jesus em sua missão universal em um dogma de sua divindade; ou para transformar sua confiança da vitória pela mão do Deus, ao invés de métodos de guerrilha, em uma doutrina pacifista do outro mundo a qual transferisse o conceito da vitória para um plano "espiritual". O temperamento "maníaco" de Jesus foi a corrente principal da igreja cristã primitiva, com seu modo extático, sua ambição universal, e sua confiança na vitória final.

Para mentes modernas, pareceria insano esperar derrotar Roma sem um exército apropriado e com as somente duas espadas, por causa de algumas obscuras sentenças obscuras em um livro escrito quinhentos anos antes. Contudo, a narrativa cristã de Jesus o faz parecer ainda mais insano. De acordo com esta narrativa, Jesus considerou-se como uma das três pessoas da Santíssima Trindade, que tinha descido das imensidades do mundo da luz a fim de se imolar em nome da humanidade. Tal combinação de megalomania e de fantasia suicida era estranha à sociedade de Judéia e de Galiléia nos dias de Jesus. Eles tinham suas próprias extravagâncias apocalípticas, mas este tipo da esquizofrenia Helenística era completamente estranho à sua experiência ou compreensão. Jesus nunca se considerou desta maneira. Sua natureza "maníaca" profundamente impressionante seguiu o padrão estabelecido para tais temperamentos na tradição profética judaica. Suas reivindicações pareceriam, a seus contemporâneos, surpreendentes, ousadas, mas inteiramente razoáveis.

A resistência judaica contra Roma consistiu de vários grupos, todos de caráter religioso. Diferiam, entretanto, na questão sobre quanto poderia ser deixado para a intervenção de Deus. Os Zelotas estavam preparados para uma luta longa, dura por métodos militares realísticos. Bar Kochba, sucessor dos fanáticos, teria dito em oração a Deus, "mestre do universo, eu não peço para você lutar do meu lado; somente que você não lute pelos romanos, e isto será o suficiente." Alguns Messias em potencial, tais como Teudas, estavam no outro extremo, e confiavam em Deus ainda mais do que Jesus. Os Fariseus eram cautelosos "esperar-e-ver" pessoas, que como Gamaliel, pensavam, "se este plano ou este trabalho forem dos homens, ele resultará em nada; mas se for do Deus, não poderemos derrotá-lo." Mesmo sendo levados às vezes pelo fervor apocalíptico, como era o caso do rabino Akiva, nos dias de Bar Kochba, Jesus pode ser colocado, no espectro da resistência judaica, como um fariseu apocalíptico cujas esperanças seriam similares àquelas de Teudas, e o profeta do Egito, mencionado por Josefo, que igualmente centrou seu movimento em torno de um esperado milagre no Monte das Oliveiras.

Tendo chegado ao Monte das Oliveiras, Jesus postou-se com seus discípulos no "Jardim de Getsêmani." Este é localizado, tradicionalmente, em um ponto no pé do Monte das Oliveiras, mas possivelmente está afastado de Jerusalém em um vale entre dois platôs da montanha. A profecia de Zacarias diz que os pés de Deus estariam sobre o Monte das Oliveiras, que se racharia em um terremoto para o leste e o oeste, removendo a massa da montanha de Norte a Sul. A profecia continua, "Fugireis do vale das montanhas." Jesus levou então seus discípulos ao ponto indicado pelo profeta, onde poderia observar o milagre e não ser atingido por ele. Foi ainda garantido pelo profeta, "E Iahweh, meu Senhor, virá, todos os santos com ele." O próprio Deus juntar-se-ia ao Messias no vale e na luta contra o inimigo derrubando seus comandados como uma praga. Outros maravilhosos milagres aconteceriam: sairá água viva de Jerusalém em dois rios; e "e à tarde haverá luz."

Uma vez no "vale da decisão," Jesus se aplicou na oração e na vigília. Disse a seus discípulos, o "Vigiai e orai, para não entrar em tentação." Jesus então experimentou uma agonia da tristeza sobre sua próxima crucificação. Esta, pelo menos, é a versão de Marcos e Mateus. (João omite todo o incidente) Somente Lucas usa a palavra "agonia," e o que parece descrever não é uma agonia da tristeza, mas uma forte oração. "E cheio de angústia, orava com mais insistência ainda, e o suor se lhe tornou semelhante a espessas gotas de sangue que caíam por terra." Com que propósito Jesus estava orando tão zelosamente naquele momento? Por que instruiu seus discípulos "para prestar atenção e orar," uma injunção que ele tinha usado anteriormente para aqueles que esperavam a chegada do reino de deus? Por que os advertiu de não cair em tentação? Caso estivesse resignado quanto à crucificação e passava a noite em Getsêmani esperando Judas chegar com as tropas para prendê-lo, não havia nenhuma razão particular para orar ou mesmo permanecer acordado. E não havia nenhuma tentação particular a ameaçar os discípulos enquanto estavam esperando.

Entretanto, na teoria esboçada aqui havia uma grande razão para orar e permanecer acordado, e havia uma grande razão para evitar a tentação. Jesus não estava esperando passivamente no vale de Getsêmani por sua prisão. Esperava um milagre impressionante e a aparição da glória de Deus: mas deve ter sentido que esta manifestação dependeria, em certa medida, de seu próprio mérito e do de seus discípulos.

Jesus não profetizava meramente a vinda do Reino de Deus; tinha igualmente se preparado para ele. Tinha feito campanha entre "as ovelhas perdidas de Israel," chamando-os ao arrependimento, porque sentiu que a vinda do Reino de Deus estava sendo retardada por pecados de Israel. Os escritos dos fariseus, freqüentemente, enfatizam que as promessas de Deus a Israel não são cumpridas automaticamente; são subordinadas ao mérito e à cooperação de Israel. Conseqüentemente, mesmo que Jesus sentisse que o tempo era propício para a vinda "do dia do Senhor," ele não poderia estar completamente seguro. O que era necessário agora era um último grande esforço de oração. A crença na eficácia da oração era muito forte entre os fariseus, especialmente quando a oração vem de um profeta. O que não pôde ser realizado pelas orações poderosas de um dedicado Messias-Profeta, suportadas por um grupo de homens sagrados, todos concentrando seus pensamentos para Deus, em uma hora e local apropriados para a salvação?

Somente o mais poderoso combinado feixe de concentração sagrada, dirigido de Getsêmani para Deus, podia neutralizar os traços dos pecados de Israel, e trazer a hora da redenção. Jesus sozinho não era suficiente, porque Zacarias havia dito, "e meu senhor virá, e todos os santos com ele." Isto explica porque Jesus limitou sua companhia aos doze naquela noite. Quis a companhia daqueles em quem poderia mais confiar, porque o poder da oração sem pecado seria bem mais importante do que a força de meros números.

Não é de se admirar que Jesus criou o slogan messiânico, "Vigiai e Orai" para seus discípulos, que ele mesmo entrou em uma agonia da oração, e que admoestou seus discípulos quando sentiu uma falta da concentração e de sinceridade em suas orações.

A história da falha dos discípulos em Getsêmani deve ter se desenvolvido muito cedo na história da igreja Judaico-Cristã. Era impossível acreditar que o próprio Jesus havia falhado. Seus próprios discípulos preferiram acreditar que haviam falhado, uma vez que se responsabilizando poderiam continuar a acreditar nele. Ele tinha, temporariamente, se afastado do mundo, como Elias quando ascendeu aos céus, mas quando eles se mostrassem dignos ele retornaria e os conduziria à vitória.

Mais tarde, na Igreja Gentia-Cristã, quando Jesus tinha sido transformado em um Deus, a idéia de que era necessário ele se sustentar em seus discípulos para realizar sua missão se tornou imprópria. A injunção de Jesus aos seus discípulos em Getsêmani para prestar atenção e orar, e sua própria agonia na oração, tornaram-se injustificadas e incompreensíveis.

Não era difícil para os discípulos, depois da prisão e execução de Jesus sentirem sentimentos de culpa e conferir toda a culpa a eles próprios. Jesus deve ter feito, em muitas ocasiões, eles se sentirem culpados por sua fé ardente e altruísta. Isto pode explicar, em certa medida, muitas histórias nos evangelhos sobre lapsos dos discípulos.

Jesus, então, se posta no vale do Getsêmani, com o Monte das Oliveiras flutuando sobre o horizonte acima dele. Isto, ele acredita fervorosamente, é o vale da decisão, o vale do julgamento do Senhor. Caso tivesse escolhido o momento certo, se os corações de seus companheiros são puros, e se sua campanha e recuperação entre "as ovelhas carneiros perdidas de Israel" fosse bem sucedida, a última batalha seria travada. Mas, enquanto ora, sente uma sensação de luta. Ele luta na oração até seu suor cair como grandes gotas de sangue na terra. A dificuldade de sua oração é imprópria, e ele pode ver que os poderes de seus companheiros escolhidos estão enfraquecendo. Com uma grande tristeza compreende que a longa penúria de Israel não chegou ainda ao fim.

A Prisão e o Julgamento

A aparição miraculosa do senhor Deus no Monte das Oliveiras não ocorreu. Como Tedas e "o profeta de Egito" e muitas outras figuras de messias do período, Jesus, apesar de seu enorme carisma, acabou desiludido em suas esperanças apocalípticas. Quando as tropas romanas chegaram ao Getsêmani elas encontraram um punhado de rebeldes equipados com apenas duas espadas. Alguns socos foram trocados, mas Jesus foi logo capturado. Os discípulos fugiram consternados e as tropas, que tinham ordens de levar somente o líder do grupo criminoso, prosseguiram seu caminho com o prisioneiro.


quinta-feira, 1 de julho de 2010

O Tributo do Templo

Os judeus no Tanach pagavam uma taxa de meio shekel (moeda que em nossas traduções é chamada siclo) para ajudar na manutenção do templo.

Uma moeda tal como aquela usada para pagar essa contribuição foi encontrada recentemente nas escavações que estão sendo realizadas próximas à área da explanada do templo, na Cidade de Davi. Essas escavações são dirigidas por Eli Shukron, representante das Autoridades Israelense para as Antigüidades, e pelo professor Ronny Reich, da Universidade de Haifa.

O arqueólogo Eli diz que “como hoje, quando às vezes caem moedas dos nossos bolsos e entram nas caixas dos canais de água para a chuva abertas nas estradas de nossas cidades, assim também aconteceu há cerca de 2000 mil anos atrás: alguém estava indo para o Templo e a moeda com a qual pretendia saldar a sua dívida com o Templo acabou caindo dentro do canal da drenagem”

A origem da obrigação de pagar essa taxa se encontra em Exodus 30,11-16: Disse mais o Senhor a Moisés: Quando fizeres o alistamento dos filhos de Israel para sua enumeração, cada um deles dará ao Senhor o resgate da sua alma, quando os alistares; para que não haja entre eles praga alguma por ocasião do alistamento. Dará cada um, ao ser alistado, meio siclo, segundo o siclo do santuário (este siclo é de vinte jeiras); meio siclo é a oferta ao Senhor. Todo aquele que for alistado, de vinte anos para cima, dará a oferta do Senhor. O rico não dará mais, nem o pobre dará menos do que o meio siclo, quando derem a oferta do Senhor, para fazerdes expiação por vossas almas. E tomarás o dinheiro da expiação dos filhos de Israel, e o designarás para o serviço da tenda da revelação, para que sirva de memorial a favor dos filhos de Israel diante do Senhor, para fazerdes expiação por vossas almas.

Durante a construção do templo, todo judeu a partir de certa idade, devia dar sua doação de meio shekel para contribuir com a obra. Essa soma permitiu que todo judeu pudesse contribuir com a construção do templo. Depois da construção, o povo continuou a dar a sua contribuição com o propósito de comprar os sacrifícios públicos e suprir as necessidades do templo. A coleta acontecia todo ano a partir do primeiro dia do mês de Adar e terminava no primeiro dia do mês de Nissan. A moeda encontrada pesa 13 gramas e tem de uma parte a rosto de Melqart, o deus pagão da cidade de Tiro, e de outra parte temos uma imagem de uma águia. A moeda provavelmente foi cunhada no ano 22 d.C.

Apesar da importância da taxa pagada ao templo, até hoje foram encontradas apenas outras 7 moedas como esta nas escavações em Jerusalém.

Todo judeu era obrigado a pagar esse imposto de meio siclo (equivalente a duas dracmas romanos), uma vez por ano.

Na qualidade de Filho do Pai real, a quem pertencia o templo, Yeshua não tinha obrigação de pagar o imposto relativo ao Templo. A breve parábola de Yeshua indica que as autoridades religiosas faziam de estrangeiros ao povo de Israel. A lei judaica exigia que a moeda fosse trocada pelo dinheiro judaico, mais naquela época os Romanos proibiam que os judeus cunhassem moedas; e ao processo de câmbio, as autoridades religiosas exigiam uma certa comissão. Com essa taxa de comissão ganhavam muito dinheiro.

A data de pagamento era o mês de Adar (março) e assim , Jesus e Pedro estavam realmente atrasados em seis meses. Durante este tempo estiveram viajando pela Galiléia. O imposto se destinava ao Templo de Jerusalém. Não era exigido de todos os homens judeus, só os de mais de vinte anos de idade.

Uma dracma naquela época comprava-se uma ovelha.

Mateus 17:24-27 diz: E, chegando eles a Cafarnaum, aproximaram-se de Pedro os que cobravam as dracmas, e disseram: O vosso mestre não paga as dracmas? Disse ele: Sim. E, entrando em casa, Jesus se lhe antecipou, dizendo: Que te parece, Simão? De quem cobram os reis da terra os tributos, ou o censo? Dos seus filhos, ou dos alheios? Disse-lhe Pedro: Dos alheios. Disse-lhe Jesus: Logo, estão livres os filhos. Mas, para que os não escandalizemos, vai ao mar, lança o anzol, tira o primeiro peixe que subir, e abrindo-lhe a boca, encontrarás um estáter; toma-o, e dá-o por mim e por ti.

Estáter=moeda que valia quatro dracmas, o bastante para pagar o imposto d'Ele e de Pedro....
Amparados por Lv. 6:23, também os sacerdotes reivindicavam a isenção da contribuição do meio siclo, segundo consta no tratado rabínico Mishná Segalim 1:3-5. Para ver mais detalhes faça um download do texto em PDF, clique aqui.