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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

O Eterno Problema do Mal...“Era uma vez um homem chamado Jó, que vivia no país de Hus...

Em busca da solução para a dor e o sofrimento, os povos primitivos inventaram uma lenda com a qual pensavam justificá-los. Daí surgiu à lenda de Jó. Os argumentos provam está análise que farei desse livro bíblico.

O primeiro problema que nos surge é a questão das contradições existentes nesse livro, apontadas por Bart D. Ehrman:

Como já anunciei, o que se revela uma surpresa para muitos leitores da Bíblia é que algumas dessas respostas não são as que eles esperariam, e que algumas das respostas entram em choque com outras. Vou tentar mostrar, por exemplo, que o livro de Jó tem dois conjuntos de respostas para o problema do sofrimento:

Uma é a história de Jó no início e no final do livro, e a Outra está nos diálogos entre Jó e seus amigos que ocupam a maior parte dos capítulos.

Essas duas visões são contraditórias entre si. Mais ainda, as duas visões diferem das visões dos profetas. E a resposta profética - encontrada ao longo de boa parte da Bíblia hebraica - entra em contradição com as visões "apocalípticas" como Daniel, Paulo e mesmo Jesus. (EHRMAN, 2008, p. 24).

Não bastasse isso, ainda temos o que alguns tradutores bíblicos afirmam, colocando o livro de Jó não como inspirado, mas, sim, como lendário: A literatura sapiencial floresceu em todo o Antigo Oriente.

Ao longo de sua história, o Egito produziu escritos de sabedoria. Na Mesopotâmia, desde a época suméria, foram compostos provérbios, fábulas e poemas sobre o sofrimento que se assemelham ao livro de Jó.

(...) Não é de admirar que as primeiras obras sapienciais de Israel se pareçam muito com a de seus vizinhos: todas elas provêm do mesmo ambiente. (Bíblia de Jerusalém, p. 797).

(...) o autor usa uma antiga lenda sobre a retribuição (1,1-2,13; 42,7-17), omitindo o final (42,7-17) e substituindo-o por uma série de debates que mostram o absurdo da teologia em voga, incapaz de atender à nova situação (3,1-42,6). (Bíblia Sagrada – Edição Pastoral, p. 639).

O autor toma como ponto de partida uma lenda comum na época e, com leves retoques, a relata em 1,1-2,13. O final primitivo dessa lenda se encontra em 42,7-17. A intenção é substituir o final da lenda pelo debate que se encontra em 3,1-42,6. (Bíblia Sagrada – Edição Pastoral, p. 640).

Da natureza poética do livro se segue que não se deve insistir na veracidade histórica de cada passo da discussão. Além disso, a própria índole do diálogo supõe que o autor não tenha querido aprovar todas as idéias expressas pelos interlocutores. A chave da composição conexa está em 42,1-8: Jó, embora tendo um conceito elevado de Deus, pecou por presunção e violência; aos seus amigos, pelo contrário, faltou o conceito adequado de Deus e de sua Providência.

O prólogo e o epílogo são ficções literárias. Discute-se a historicidade da pessoa de Jó; a opinião mais plausível é a de que também seja uma personagem fictícia, pois o objetivo da obra não é contar a história de um sofredor, e sim, oferecer uma solução e um consolo a todos os que sofrem... (Bíblia Sagrada – Edições Paulinas, p. 579).

O livro de Jó, obra-prima entre os livros sapienciais, digna de figurar entre as melhores obras da literatura universal, é um poema dramático-religioso que discute, em profundidade e com veemente paixão retórica, o tema universal da transformação do homem. Em conexão com esse tema, trata do sentido do sofrimento na vida humana e da doutrina da retribuição.[…]

Origem e acréscimos: Diversidades no vocabulário, no estilo e no ambiente cultural e religioso dão a entender que o livro foi escrito por etapas. Resquícios de vocabulário do período persa e algumas circunstâncias históricas e culturais fazem supor que ele tenha surgido no século V ou IV a.C., após o exílio babilônico, e seus acréscimos, no mais tardar, no século III a.C.

O prólogo e o epílogo são reformulação literária de um conto didático da tradição oral dos sábios do antigo Oriente Médio não israelita. Não poucos detalhes sugerem que o autor (os autores) tenha vivido na Palestina. Certamente inspirado em Jeremias, no livro das Lamentações e nos Salmos de lamentação, o autor compôs seu drama com objetivo profético-pastoral, à semelhança das exortações de Ezequiel. (Bíblia Sagrada – Vozes, p. 631).

Embora não saibamos com certeza onde se encontra Hus, sabemos que não é território israelita. Ou seja, o autor escolheu um estrangeiro como herói da sua história ou drama. Por quê?

Para respeitar a tradição ou a lenda - comentam alguns. Ezequiel 14 menciona Noé, Daniel e Jó como protótipos de santidade. Conhecemos Daniel pela literatura Cananéia. Talvez a lenda contasse a vida paciente e heróica de um Jó de tempos patriarcais, antes que Israel existisse. O autor teria tomado a figura para protagonista de sua obra, respeitando o perfil ou vários elementos da tradição. (Bíblia do Peregrino, p. 1062).

Observem que todos os tradutores e exegetas envolvidos nas Bíblias citadas nos dão conta de que o livro de Jó foi tomado de uma antiga lenda da Mesopotâmia; por isso, julgo importante a origem da informação, porquanto, vindo depor contra a presumida inspiração divina dos textos bíblicos, certamente, não seria colocada, caso isso não tivesse sido comprovado.

Como se vê, desde tempos imemoriais, os “donos” das religiões sempre fizeram suas interpolações (usando até lendas, como aqui) e que, para fortalecerem-nas, atribuíam-nas à divindade a que eles prestavam culto.

Orígenes, considerado um dos pais da Igreja, afirmou que o livro de Jó é mais antigo do que Moisés (ORÍGENES, 2004, p. 495); isso, em outras palavras, quer dizer que esse livro já existia muito antes do início da História do povo hebreu; portanto, anteriormente à existência da Bíblia, pois, segundo dizem, Moisés foi o autor de seus cinco primeiros livros, apesar de no último deles estar narrada a sua morte.

Não posso também deixar de trazer opiniões de historiadores e estudiosos da Bíblia, visando corroborar o que vimos, um pouco atrás, em relação aos tradutores. Leiamos:

Job não entende, mas resigna-se ao destino. Não discute. Aceita. Mas quando se encontra com três de seus velhos amigos, ocorre àquele memorável diálogo que faz o Livro de Job tão caro a todos os amantes da literatura de ficção. (VAN LOON, 1981, p. 118)

[…] Os livros de Jó ou Jonas ou Rute ou Ester foram, desde o início, fábulas ou ficções: foram criados por seus autores. […] (FOX, 1993, p. 336).

Muitas das histórias contadas no Antigo Testamento são compilações melhoradas, adaptadas ou aumentadas de outros saberes e culturas, principalmente do Egito e da Mesopotâmia. Como é o caso de Jó, o babilônico, que se aproxima das idéias, angústias e questionamentos sobre a vida e a morte de Jó bíblico, sendo o primeiro muito mais antigo. (MARQUES, 2005, p. 101.

É interessante ressaltar a coincidência de alguns pontos entre as crenças dos povos mesopotâmicos e as dos hebreus que, sendo seus vizinhos, naturalmente foram influenciados pela tradição regional. Destacamos, entre outros pontos de contato, a analogia de Utnapishtim e Noé, do pobre inominado e Jó, a gula de Enkil e o episódio da Serpente, e entre o Éden e o Dilum. (KRAMER, 1983, p. 114).

[…] Entre os mitos da Suméria figura a história do homem de nome desconhecido, rico, judicioso e afortunado com a família e os amigos, que um dia se encontrou sozinho e enfermo por motivos que ele não era capaz de compreender. […] O homem lastima a sua sorte, exclamando:

“Minha palavra honrada transformou-se em mentira... Uma doença maligna cobre meu corpo... Deus meu... por quanto tempo me abandonarás, me deixarás sem proteção?”. A história desse Jó sumeriano tem um desfecho feliz, porque o deus lhe ouviu as preces e fez que as provações terminassem tão abruptamente como haviam começado. Mas as questões fundamentais do sofrimento humano e da justiça divina – formulada pelo povo sumério e ainda com maior pungência pelo seu descendente bíblico – ainda nos desafiam. (KRAMER, 1983, p. 123).

Um desses heróis distantes, venerado na Babilônia como exemplo de paciência e sofrimento, foi Jó. Após o exílio, um dos sobreviventes usou essa lenda antiga para formular perguntas fundamentais sobre a natureza de Deus e sua responsabilidade pelos sofrimentos humanos. Nessa lenda, Jó é testado por Deus e, como suporta com paciência suas imerecidas tribulações, recupera a antiga prosperidade. Na nova versão, o autor divide ao meio a velha lenda e faz Jó vociferar contra Deus. Junto com seus três consoladores, Jó ousa questionar os decretos divinos e trava um feroz debate intelectual. [...] (ARMSTRONG, 2008, p. 89).

Temos, portanto, a confirmação de que a história de Jó não passa mesmo de uma lenda, que o autor bíblico tomou emprestada de outros povos, adaptando-a, obviamente, à mensagem que queria passar.

Encontramos até o Jó babilônico, vejam: Além do mais, havia também as inevitáveis decepções daquelas almas devotas que, como Jó, tinham cumprido até em demasia todas as obrigações religiosas, apenas para serem abatidas horrivelmente, como foi o caso de um velho rei devoto, Tabi-utul-Enlil, de cerca de 1750 a.C., conhecido como o Jó da Babilônia. Seu lamento e testemunho merecem ser citados:

Meus globos oculares ele obscureceu, trancando-os sob cadeado;

Meus ouvidos ele bloqueou, como os de um surdo.

De rei eu fui transformado em escravo,

E como um louco sou maltratado pelos que estão à minha volta.

tempo de vida designado eu tinha atingido e ultrapassado;

Para onde quer que eu me virasse via maldade sobre maldade.

A miséria crescia, a justiça perecia,

Eu supliquei a meu deus, mas ele não mostrou sua face;

Implorei à minha deusa, mas ela não levantou sua cabeça.

O sacerdote-adivinho não conseguiu prever o futuro através de uma visão,

O necromante com uma oferenda não conseguiu justificar meu caso.

Apelei para o sacerdote oracular: ele não revelou nada.

O mestre exorcista com seus ritos não conseguiu libertar-me da maldição.

Algo igual jamais tinha sido visto:

Para onde quer que eu me virasse, havia sofrimentos pela frente.

Como se eu nunca tivesse reservado a porção do deus

E não tivesse invocado a deusa na refeição,

Não tivesse inclinado minha cabeça e pago meu tributo:

Como se eu fosse um cuja boca não expressa constantemente súplicas e orações;

Não tivesse reservado o dia do deus; tivesse negligenciado a festa da lua nova;

Sido negligente, ou desprezado suas imagens,

Não tivesse ensinado a seu povo reverência e temor,

Não tivesse invocado sua divindade, ou tivesse comido alimentos do deus,

Negligenciado sua deusa e deixado de fazer a libação:

Sou comparado com o opressor que esqueceu seu senhor

E profanou o sagrado nome de seu deus.

No entanto eu pensava apenas em súplicas e orações;

A oração era minha prática, o sacrifício minha lei,

O dia de adoração dos deuses, o júbilo de meu coração,

O dia de devoção à deusa, mais [valia] para mim do que as riquezas;

Prece real - essa era minha alegria;

Sua celebração - meu deleite.

Ensinei meu país a guardar o nome de deus,

Acostumei meu povo a honrar o nome da deusa.

A glorificação do rei, eu tomei igual à de um deus,

E por temor ao palácio, eu instruí o povo.

Achava que tais coisas fossem agradáveis a um deus. ...

Aqui temos o problema deste pobre velho. E agora vem a resposta usual, já conhecida da Babilônia por volta de 1750 a.C.

O que, entretanto, parece bom a si mesmo, a um deus desagrada,

E o que é rejeitado encontra as boas graças junto a um deus.

Quem é que pode saber a vontade dos deuses no céu?

O plano de um deus, pleno de mistério - quem pode entendê-lo?

Como podem os mortais descobrir a vontade de um deus?

Pois o homem não passa de uma coisa insignificante,

enquanto os deuses são importantes.

O homem que ontem estava vivo hoje está morto;

Em um instante ele pode enlutar, de repente, ser aniquilado.

Pois, enquanto um dia ele canta e se diverte,

No outro chora como as carpideiras.

O estado de espírito do homem muda como o dia e a noite;

Quando tem fome, é como um cadáver;

Satisfeito, julga-se igual a seu deus;

Quando as coisas vão bem, gaba-se de subir ao céu,

Quando em dificuldades, queixa-se de descer ao inferno.

Como Jó, entretanto, que enfrentaria esse mesmo problema cerca de 1.500 anos mais tarde, o velho rei Tabi-utul-Enlil, embora submetido a severa provação, não foi abandonado por seu deus, mas viu aumentada sua fortuna.

Primeiramente, entretanto, para tornar clara a extensão do milagre de seu deus, temos que ouvir toda a litania de seus males:

Um demônio perverso saiu de sua toca,

E, de amarelado, minha enfermidade deixou-me lívido.

Ele golpeou meu pescoço, quebrou minha espinha,

Dobrou minha altura como um álamo;

De maneira que fui arrancado como uma planta do brejo e atirado de costas.

A comida tomou-se amarga - pútrida.

E a doença prolongou seu curso. ...

Recolhi-me a minha cama, incapaz de deixá-la,

E minha casa tomou-se minha prisão.

Como algemas do meu corpo, minhas mãos ficaram impotentes.

Como cotos de asa, meus pés esmoreceram,

Meu desconcerto era grande, minha dor intensa.

Uma correia de muitas voltas afligia-me,

Uma lança pontuda trespassava-me.

E o perseguidor atormentou-me o dia inteiro;

E por toda a noite não me deu sossego:

Como que deslocadas, minhas juntas estavam e dilaceradas,

Meus membros, despedaçados, ficaram impotentes.

Em meu estábulo passei a noite como um boi,

Imerso como uma ovelha em meus próprios excrementos.

O mal de minhas juntas aturdiu o principal esconjurador,

Para o vaticinador meus presságios eram obscuros;

O exorcista não conseguiu encontrar o caráter da minha doença,

Tampouco o adivinho determinar o limite de meus males.

Mesmo assim nenhum deus veio em meu socorro, tomando-me pela mão,

Nenhuma deusa teve compaixão de mim, ficando a meu lado.

A cova foi aberta, meu sepultamento, ordenado,

embora não morto, já estava sendo pranteado.

O povo de meu país já tinha pronunciado "ais!"

sobre meu corpo.

A face de meu inimigo resplandeceu quando ele soube.

Quando as notícias foram anunciadas, seu fígado se regozijou,

E eu sabia que tinha chegado o dia em que toda minha família,

Dependente da proteção de nossa divindade estaria em apuros.

Mas então, quando tudo estava perdido e o velho rei, acamado, paralisado, cego, surdo, incapaz de comer e atormentado por dores incessantes chegou à beira do desespero, então veja! O virtuoso sofredor não foi abandonado, mas em sua hora mais sombria, veio até ele em um sonho o mensageiro de sua divindade - "um forte herói ornado com uma coroa" - e tudo o que lhe tinha sido tomado lhe foi devolvido.

O deus enviou uma forte tempestade até a base da montanha celeste,

Para as profundezas da terra ele dirigiu-a

E obrigou aquele demônio perverso a voltar para o abismo. ...

Com a maré ele me livrou do calafrio.

Ele arrancou a raiz de meu mal como uma planta.

O mau sono, que tinha impedido meu repouso,

encheu e escureceu os céus como fumaça. ...

E meus olhos, que tinham sido cobertos pelo véu da noite,

Com um forte vento que levou o véu ele fez brilhar.

De meus ouvidos, que tinham estado fechados e bloqueados,

como os de uma pessoa surda,

Ele removeu a surdez, abrindo sua audição.

A boca que tinha estado tapada, com dificuldade de exprimir sons,

Ele purificou, e como o cobre a fez brilhar.

Os dentes que tinham estado presos, apertados uns contra os outros,

Ele soltou, fortalecendo suas raízes.

Da língua inchada que não podia mover-se,

Ele removeu a intumescência e a fala retomou.

Minha garganta, que tinha estado comprimida como a de um cadáver,

Ele curou e meu peito ressoou como uma flauta. ...

Meu pescoço tinha sido torcido e pendia:

Ele tornou-o ereto como um cedro erguido.

Minha estatura ele tornou perfeita;

E liberto do demônio, ele poliu minhas unhas.

Ele curou meu escorbuto, livrou-me da coceira. ...

Todo meu corpo ele restabeleceu.

Pois o velho rei, agarrado à sua fé, tinha sido levado, à maneira de um devoto que vai a Lourdes ou ao Ganges, a uma água sagrada, onde o poder do deus o curou imediatamente:

Ele limpou as manchas, tomando o corpo inteiro radiante. A carcaça estropiada

recuperou seu esplendor.

Às margens do rio onde os homens são julgados

A marca da escravidão foi apagada e os grilhões retirados.

Daí a seguinte lição:

Deixa aquele que peca contra o templo aprender comigo:

Na mandíbula do leão prestes a devorar-me, Enlil inseriu um bocado.

Enlil capturou o laço do meu perseguidor:

Enlil sitiou a cova do demônio.

Apenas um detalhe para que não passe despercebido: o Jó babilônico é bem mais antigo do que o Jó judeu.

Lembramo-nos muito bem, quando, nos primeiros contatos com as letras, nossa professora primária, para entreter a turma e desenvolver-lhes a imaginação, contava as famosas histórias infantis. Invariavelmente iniciava assim: “Era uma vez...” buscando atrair a atenção dos alunos e criando, desde o início, um clima de expectativa.

Bem, você poderá me perguntar: mas o que tem isso a ver com o assunto que você se propõe a falar? O que estamos propondo, é uma relação direta entre essas histórias e a história de Jó; veja como se inicia o relato bíblico, na versão da Bíblia Sagrada Pastoral: Jó 1,1: “Era uma vez um homem chamado Jó, que vivia no país de Hus. Era um homem íntegro e reto, que temia a Deus e evitava o mal”.

É estonteante a correlação entre as histórias infantis e a que este sendo citado. Aliás, sobre esse país de Hus instala-se desacordo geral sobre onde se localiza:

Ø Hus, não identificada, mas por certo, situada ao oriente da Palestina. Há quem a coloque no Hauran, sul de Damasco (cf. Gen. 36,28; Lam 4,21),... (Bíblia Sagrada – Edições Paulinas, p. 580).

Ø embora não saibamos com certeza onde se encontra Hus, sabemos que não é território israelita. (Bíblia do Peregrino, p. 1062).

Ø Terra de Hus é o território de Edom, fora de Israel... (Bíblia Sagrada – Vozes, p. 634).

Ø ... Jó, que viveu em Hus, provavelmente a sudoeste do Mar Morto,... (Bíblia Sagrada - Santuário, p. 733).

Ø ficava a sudeste da Palestina, na Idumeia ou Edom (cf. Lm, 4,21). (Bíblia Barsa, p. 389).

Ø certamente ao sul de Edom (cf. Gn 36,28; Lm 4,21). (Bíblia de Jerusalém, p. 803).

No fundo, ninguém tem certeza de onde é, mas, para escapar dessa dúvida, alguns querem situá-la num lugar conhecido, esperando que os néscios acreditem neles. E, consultados vários mapas bíblicos e em nenhum deles encontra-se a localização de Hus, obviamente por não saberem mesmo onde era, ou, conforme acredito, não passa de uma ficção literária.

Mas, continuando:

Jó 1,2-5: “Tinha sete filhos e três filhas. Possuía também sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois, quinhentas mulas e grande número de empregados. Jó era o mais rico dos homens do Oriente. Os filhos de Jó costumavam fazer banquetes, um dia na casa de cada um, e convidavam as três irmãs para comer e beber com eles. Quando terminavam esses dias de festa, Jó os mandava chamar, para purificá-los. Ele madrugava e oferecia um holocausto para cada um deles, pensando: ‘Talvez meus filhos tenham pecado, ofendendo Deus em seu coração’. E Jó fazia assim todas as vezes”.

Tal quais as estórias infantis, aqui também é realçada a riqueza de Jó e um pouco de sua vivência diária. Interessante, nesse relato, é que não são citados os nomes de seus filhos, como seria de se esperar, caso o relato fosse verdadeiro; nem mesmo o de sua mulher.

Observe as quantidades citadas nos vv. 2 e 3, pois na análise da última passagem (Jó 42,12- 15) desse livro, citarei numa comparação.

Embora não seja o que pretendo abordar, vale uma digressão para outro assunto, não menos curioso. É a questão de satanás, como sendo o deus do mal; leiamos:

Jó 1,6-12: “Certa vez, foram os filhos de Deus apresentar-se ao Senhor; entre eles veio também Satanás. O Senhor, então, disse a Satanás: “Donde vens?” - “Dei uma voltas pela terra, andando a esmo”, respondeu ele. O Senhor lhe disse: “Reparaste no meu servo Jó? Na terra não há outro igual: é um homem íntegro e reto, teme a Deus e se afasta do mal”. Satanás respondeu ao Senhor: “Mas será por nada que Jó teme a Deus? Porventura não levantaste um muro de proteção ao redor dele, de sua casa e de todos os seus bens? Abençoaste seus empreendimentos e seus rebanhos cobrem toda a região. Mas estende a mão e toca em todos os seus bens; eu te garanto que te lançará maldições em rosto!” Então o Senhor disse a Satanás: “Pois bem, tudo o que ele possui, eu o deixo em teu poder, mas não estendas a mão contra ele!” E Satanás saiu da presença do Senhor.

A expressão satanás (ou satã, segundo algumas traduções), conforme nos informam vários tradutores bíblicos, quer dizer “acusador”, não sendo, portanto, um ser, mas apenas uma função. Imaginemos num Tribunal de Júri, o promotor de justiça que age na linha de acusação do réu, exatamente o que, no texto, se atribui a esse anjo. Confirmando o que digo pela nota a seguir, relativa a essa passagem:

“A corte celeste, que decide os rumos da história, se reúne no estilo de uma corte oriental. Satã, que significa adversário no tribunal, não é aqui a personificação do mal, e sim uma espécie de investigador...” (Bíblia Sagrada – Edição Pastoral, p. 640).

Observemos que, se na narrativa está se afirmando que entre os anjos, que se apresentaram a Javé, estava também satanás, é porque ele, evidentemente, era um deles. E se estava junto com os outros não era anjo mau. Seria o mesmo que se dizer que o Promotor Público, que é o outro pólo de que necessita a sociedade para o equilíbrio da Justiça, é um advogado mau, pelo simples fato de exercer a função de acusador.

Entretanto, não sabemos de onde a teologia retira que ele, Satanás, é um anjo mau. Só por pura extrapolação, pois, pelo que se vê do relato bíblico, a única coisa que fez foi ferir um pouco o orgulho de Javé. Isso porque, quando Javé disse que Jó era um homem íntegro, o anjo respondeu que ele era assim só porque “os braços” de Javé se estendiam sobre ele, protegendo-o e proporcionando-lhe as regalias terrenas, mas que, se não tivesse isso, talvez Jó não se comportasse daquele modo. Aí Javé deixa que o anjo retire de Jó tudo quanto tinha para ver se assim ele ainda se manteria firme na sua integralidade, como se em algum momento Deus pudesse ter dúvida sobre qualquer coisa ou sentisse a necessidade de alguém lhe provar algo que pensava ser verdadeiro.

Muitos têm a Jó como o “paciente sofredor”; mas será mesmo? Veja:

Jó 3,1-4: “Então Jó abriu a boca e amaldiçoou o dia do seu nascimento, dizendo: ‘Morra o dia em que nasci e a noite em que se disse: 'Um menino foi concebido'. Que esse dia se transforme em trevas; que Deus, do alto, não cuide dele e sobre ele não brilhe a luz”.

A pergunta é: uma pessoa paciente amaldiçoa o dia em que nasceu? Ou isso é típico dos impacientes? Como se diz; perguntar não ofende... Mas, não bastasse isso, continua o impaciente e já revoltado Jó:

Jó 3,11-16: “Por que não morri ao sair do ventre de minha mãe, ou não pereci ao sair de suas entranhas? Por que dois joelhos me receberam, e dois peitos me amamentaram? Agora eu repousaria tranqüilo e dormiria em paz, junto com os reis e governantes da terra, que construíram túmulos suntuosos para si, ou com os nobres que possuíram ouro e encheram de prata seus mausoléus. Agora eu seria um aborto enterrado, uma criatura que não chegou a ver a luz”.

Jó não suportou tamanho opróbrio, pois disse ter sido preferível que tivesse sido abortado. Atitude compreensível para os que, advogando a vida única, não encontra explicação para a dor e o sofrimento, cujo entendimento só poderá ser justificado se aceitarmos a reencarnação como única situação em que a justiça de Deus se manifesta em plenitude.

Mas, apesar disso tudo, encontra-se em Jó verdades que bem se aplicam aos que acreditam na reencarnação:

Jó 4,8: “Pelo que eu sei, os que cultivam injustiça e semeiam miséria, são esses que as colhem”.

Jó 5,7: “E o homem gera seu próprio sofrimento, como as faíscas voam para cima”.

Dessa fala de Jó refere-se à Lei de Causa e Efeito, comumente denominada de carma, cuja relação com a reencarnação é direta; quem acredita em uma delas acredita também na outra.

Há em Jó uma afirmação que os teólogos fazem de tudo para mudar-lhe o sentido. Leia-se:

Jó 4,15-16: “Então um espírito passou por diante de mim; fez-me arrepiar os cabelos do meu corpo; parou ele, mas não lhe discerni a aparência; um vulto estava diante de meus olhos; houve silêncio, e ouvi uma voz:...”.

Aqui fica evidente, por demais, o fato de Jó ter percebido um espírito; entretanto, os não comprometidos com a verdade, mas com seus próprios dogmas, mudam a palavra “um espírito” por “um sopro” (Bíblias: Vozes, Ave Maria, Paulus) ou por “um vento” (Bíblia Pastoral). Lamentável!

Um bom conselho de Jó:

Jó 8,8-10: “Consulte as gerações passadas e observe a experiência de nossos antepassados. Nós nascemos ontem e não sabemos nada. Nossos dias são como sombra no chão. Os nossos antepassados, no entanto, vão instruí-lo e falar a você com palavras tiradas da experiência deles”.

Mesmo não sendo o sentido que iremos dar, é, por sinal, um sábio conselho, pois os nossos antepassados podem nos orientar com suas experiências pessoais, de modo que não venhamos a errar em coisas que poderemos ter conhecimento para fazer da forma certa.

Considerando que àquela época havia muito pouca coisa escrita, como consultar as gerações passadas se seus componentes já morreram e levaram para o sepulcro seus conhecimentos?

Simples: Evocando-os para lhes consultar o espírito, e, evidentemente, estamos falando aos que acreditam na possibilidade da comunicação com os mortos. Aos que não acreditam, perguntaremos: Teria algum sentido Moisés proibir de se comunicar com os mortos se isso não existisse ou não fosse possível?

Muitos acreditam que o homem ainda vem pagando pelo pecado de Adão e Eva; e disso tiram que os filhos pagam pelos erros dos pais; mas Jó parece não concordar com isso:

Jó 21,19-21: “Dizem que Deus castiga os filhos do injusto! Ora, faça que o injusto mesmo pague e aprenda: que veja com seus próprios olhos a desgraça, e beba a ira do Todo-poderoso. Pois, o que lhe importa a sua família depois de morto, quando o tempo de sua vida tiver chegado ao fim?”

Pena que, em sua justificativa, Jó demonstra não acreditar na vida após a morte, evidenciando uma posição incontestavelmente materialista: “morreu acabou”. Um ponto fundamental levantado por Jó, mas, infelizmente, ainda não assimilado pela grande maioria das pessoas:

Jó 34,11-12: “Deus paga ao homem conforme as suas obras e retribui a cada um conforme a sua conduta. Deus, na verdade, não age de modo injusto. O Todo-poderoso nunca viola o direito”.

E mesmo assim, alguns ainda acham que, por pertencerem a determinada corrente religiosa ou por aceitarem Jesus como seu Senhor e salvador, já estejam salvos. Doce ilusão!

A justiça é clara: “a cada um segundo suas obras” (Mt 16,27).

Diante da afirmação acima de que Deus “retribui a cada um conforme sua conduta”, como explicar que alguém tenha nascido aleijado se “Deus corrige o homem também com o sofrimento na cama” (Jó 33,19)?

Explicação lógica somente se acreditarmos na pré-existência do espírito e na reencarnação; aliás, para nós, é o grande problema insolúvel de Jó: mesmo justo ainda sofre. Como não podiam atribuir esse sofrimento a Deus, por ser injusto, inventaram esse “teste de paciência”.

A falta de conhecimento das leis da natureza fazia com que o povo hebreu atribuísse a uma atitude de Deus determinados fenômenos naturais como, por exemplo:

Jó 36,32-33: “Enche as mãos com raios e atira-os no alvo certo. O trovão anuncia a chegada dele, e a sua ira se acende com a injustiça”.

E ainda há quem diga que a Bíblia é totalmente de inspiração divina. Mas a coisa fica bem pior, quando atribuem solidez ao céu (firmamento):

Jó 37,18: “Por acaso você já estendeu com ele o firmamento, sólido como espelho de metal fundido?”

A palavra firmamento vem de firme, já que acreditavam que o céu, esse azul que vemos acima de nossas cabeças, era totalmente sólido. Para o povo hebreu havia de ser assim, pois era a única maneira de explicar a existência das águas que caíam por ocasião das chuvas, já que não conheciam o fenômeno da evaporação da água.

É interessante observarmos que em Gêneses já encontramos essa ideia: Gn 1,6-8: “Deus disse: ‘Que exista um firmamento no meio das águas para separar águas de águas!’ Deus fez o firmamento para separar as águas que estão acima do firmamento das águas que estão abaixo do firmamento. E assim se fez. E Deus chamou ao firmamento ‘céu’".

Essa é também mais uma das inúmeras passagens que não podemos atribuir como sendo de inspiração divina, já que são evidentemente frutos da cultura daquela época.

Muito curioso é que algumas passagens sugerem a noção da pré-existência da alma, bem como, a reencarnação, como essa, por exemplo:

Jó 38,21: “Certamente você sabe disso tudo, pois já então havia nascido e já viveu muitíssimos anos”.

Como alguém poderia ter vivido muitíssimos anos senão reencarnando várias vezes?

É uma boa pergunta para quem defende vida única. Se alguém nos descrevesse um animal dessa forma: Suas costas são fileiras de escudos, ligados com lacre de pedra; são tão unidos uns com os outros, que nem ar passa entre eles; cada um é tão ligado com o outro, que ficam travados e não se podem separar. Seus espirros lançam faíscas, e seus olhos são como a cor rosa da aurora. De sua boca irrompem tochas acesas e saltam centelhas de fogo. De suas narinas jorra fumaça, como de caldeira acesa e fervente. Seu bafo queima como brasa, e sua boca lança chamas. Em seu pescoço reside a força, e diante dele dança o terror.

Que ideia nós iríamos ter desse animal? Exato: um dragão! Pois é, caro leitor, na Bíblia há a descrição de um animal assim... Veja: Jó 40,25-41,26: “Por acaso você é capaz de pescar o Leviatã com anzol e amarrar-lhe a língua com uma corda? Você é capaz de furar as narinas dele com junco e perfurar sua mandíbula com gancho? Será que ele viria até você com muitas súplicas ou lhe falaria com ternura? Será que faria uma aliança com você, para você fazer dele o seu criado perpétuo? Você brincará com ele como se fosse um pássaro, ou você o amarrará para suas filhas? Será que os pescadores o negociarão, ou os negociantes o dividirão entre si? Poderá você crivar a pele dele com dardos ou a cabeça com arpão de pesca? Experimente colocar a mão em cima dele: você se lembrará da luta, e nunca mais repetirá isso! Veja! Diante dele, toda segurança é apenas ilusão, pois basta alguém velo para ficar com medo. Ninguém é tão corajoso para provocá-lo. Quem poderia enfrentá-lo cara a cara? Quem jamais se atreveu a desafiá-lo, e saiu ileso? Ninguém debaixo de todo o céu. Não deixarei de descrever os membros dele, nem sua força incomparável. Quem abriu sua couraça e penetrou por sua dupla armadura? Quem abriu as duas portas de sua boca, rodeadas de dentes terríveis? Suas costas são fileiras de escudos, ligados com lacre de pedra; são tão unidos uns com os outros, que nem ar passa entre eles; cada um é tão ligado com o outro, que ficam travados e não se podem separar. Seus espirros lançam faíscas, e seus olhos são como a cor rosa da aurora. De sua boca irrompem tochas acesas e saltam centelhas de fogo. De suas narinas jorra fumaça, como de caldeira acesa e fervente. Seu bafo queima como brasa, e sua boca lança chamas. Em seu pescoço reside a força, e diante dele dança o terror. Os músculos do seu corpo são compactos, são sólidos e imóveis. Seu coração é duro como rocha e sólido como pedra de moinho. Quando ele se ergue, os heróis tremem e fogem apavorados. A espada que o atinge não penetra, nem a lança, nem o dardo, nem o arpão. Para ele o ferro é como palha, e o bronze como madeira podre. A flecha não o afugenta, e as pedras da funda se transformam em palha para ele. A maça é para ele como estopa, e ele zomba dos dardos que assobiam. Seu ventre, coberto de escamas pontudas, é uma grade de ferro que se arrasta sobre o lodo. Ele faz ferver o fundo do mar como caldeira, e a água fumegar como vasilha quente cheia de ungüentos. Atrás de si deixa uma esteira brilhante, e a água parece cabeleira branca. Na terra ninguém se iguala a ele, pois foi criado para não ter medo. Ele se confronta com os seres mais altivos, e é o rei das feras soberbas".

Vejamos como nos explicam a palavra Leviatã:

Leviatã (ou também o Dragão, a Serpente Fugitiva – cf. 26,13; 40,25+; Is 27,1; 51,9; Am 9,3; Sl 74,14; 104,26) era, na mitologia fenícia, monstro do caos primitivo (cf. 7,12+); a imaginação popular podia sempre recear que despertasse, atraído por uma eficaz maldição contra a ordem existente... (Bíblia de Jerusalém, p. 805).

Assim, vemos aqui que a cultura de outros povos, no caso em questão os fenícios, está influenciando um autor bíblico no seu relato. Daí concluirmos que, realmente, não dá para aceitarmos que tudo isso seja mesmo de inspiração divina, deixamos isso para os fanáticos.

Vamos agora analisar a última passagem do livro de Jó:

Jó 42,12-15: “E Javé abençoou a Jó, mais ainda do que antes. Ele possuía agora catorze mil ovelhas, seis mil camelos, mil juntas de bois e mil jumentas. Teve sete filhos e três filhas: a primeira chamava-se Jemima, a segunda Quézia e a terceira Quéren - Hapuque. Em toda a terra não havia mulheres mais belas do que as filhas de Jó. E o seu pai repartiu a herança entre elas e os irmãos delas”.

Esse final glorioso do livro de Jó é deveras muito intrigante, pois, enquanto os seus filhos continuaram na mesma quantidade, os seus bens duplicaram em relação à sua situação anterior, veremos isso comparando Jó 1,2 com 42,13 e Jó 1,3 com 42,12, respectivamente.

Será que ter bens terrenos é muito mais importante que ter filhos, uma vez que a quantidade de filhos permaneceu a mesma, enquanto que seus bens – ovelhas, camelos, bois e jumentas -, foram todos eles duplicados? Essa é a comparação que falamos, quando, anteriormente, analisamos a passagem Jó 1,2-5.

Outra coisa: para o povo judeu a mulher não tinha nenhum valor; por isso é estranha a citação dos nomes das filhas de Jó, quando o esperado, se fosse para citar algum nome, seriam os dos seus filhos. Por outro lado, elas só receberiam a herança na falta daqueles, conforme está determinado em Nm 27,8.

Por essa passagem fica confirmado que a idéia de uma vida após a morte ainda não era pensamento comum; daí suporem que as bênçãos de Deus deveriam ser dadas em bens terrenos e não em bens espirituais, ou seja, para uma vida no plano espiritual.

A conclusão que se chega é desnecessária colocar, pois de certa forma a opinião já foi dada no desenrolar deste estudo; Mas, por ter achado fantástica a opinião de Ivo Storniolo e Euclides Martins Balancin, tradutores da Bíblia Sagrada – Edição Pastoral, publicação da Paulus: Acompanhe:

[...] percebemos que o livro de Jó é uma crítica de toda teologia que se pretenda definitiva e universal. Essa teologia pode se tornar um verdadeiro obstáculo para a própria experiência de Deus. E aqui o autor dá o seu recado: É preciso pensar a religião a partir da experiência de Deus e não de uma teoria a respeito dele. Ivo Storniolo

[...] O livro é um convite para nos libertar da prisão das idéias feitas e continuadamente repetidas, a fim de entrar na trama da vida e da história, onde Deus se manifesta ao pobre e se dispõe a caminhar com ele para construir um mundo novo. Tal solidariedade de Deus se transforma em desafio: Estamos dispostos a abandonar nossas tradições teológicas para nos solidarizar com o pobre e fazer com ele a experiência de Deus? (Bíblia Pastoral, p. 639). Como se diz popularmente: falou pouco e disse tudo. Euclides Martins Balancin