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sábado, 13 de março de 2010

O Enigma do dia seguinte

No dia da prosperidade goza do bem,
mas no dia da adversidade considera:
Deus fez a este
em oposição àquele,
para que o homem nada
descubra
do que há de vir depois
dele.
Eclesiastes 7.14
E disse mais o sábio de sobrenome Qoelet:

“Tudo sucede igualmente a todos;
o mesmo sucede ao justo e ao ímpio,
ao bom e ao mau, ao puro e ao impuro.
Assim ao que sacrifica como ao que não sacrifica;
assim ao bom
como ao pecador,
ao que jura
como ao que teme o
juramento.
Este é o mal que há em tudo o
que se faz debaixo do sol; que a
todos sucede o mesmo...”
Eclesiastes 9.2:3

Dou Graças a Deus por Ele ter mudado o meu coração, pois em tempos atrás, essas palavras aliadas a outras passagens onde não existe distinção entre justos e ímpios, onde homens, mulheres e crianças, tementes a Deus ou não, tem suas vidas ceifadas pela praga, pela guerra, pela fome, pela sede, pela peste, representavam em minha vida um grande obstáculo para que pudesse contemplar a Bondade de Deus.

Lembro-me de alguns textos onde descarreguei toda a minha indignação e ódio contra Deus, pois não aceitava que nações inteiras pudessem estar fadadas ao "descaso de Deus", entregues a uma vida de dor e sofrimento permanente (Os profetas de Jó e O Senhor de todas as Vontades).

Foram muitos dias e noites "lutando contra Deus" tentando "ensinar" a Ele que, se eu sendo pecador, limitado e egoísta tenho compaixão pelo sofrimento humano. Por que Ele se mostra indiferente diante da agonia do mundo?

Senti na pele a frustração de Moisés, a aflição de Davi, a perturbação de Asafe, a amargura de Jó, o lamento de Jeremias, a vergonha de Oséias, a decepção de Habacuque, e a angústia de Paulo. Homens de Deus que por algum momento se sentiram "traídos ou abandonados por Deus".

Dias atrás, conversava com um amigo de infância, falávamos do nosso passado, das aventuras de nossa adolescência. E em determinado momento comentei que gostaria de voltar no tempo, porém, com a percepção que tenho hoje da vida. E meu amigo ponderou: Não seria a mesma coisa, pois sabendo diante mão do início, meio, e fim das coisas, não haveria a mesma alegria e o mistério que a vida nos oculta.

Fui para casa e meditei sem parar sobre o que meu amigo acabara de me dizer “o mistério que a vida nos oculta”.

Isso me fez lembrar um livro chamado O Doador. É a história de um menino chamado Jonas que vive num mundo onde não há pobreza, crime, doença, fome, divórcio, medo ou dor. Todos têm família, saúde, emprego, educação e lazer. As pessoas são treinadas para manter seus sentimentos sob controle. As regras de conduta são invioláveis. Ele também é escolhido para desempenhar um papel especial: o de recebedor de Memórias. Isso significa que será o único a guardar lembranças do passado e a ter conhecimento de sensações, experiências e sentimentos humanos que foram banidos daquele mundo. Porém, á medida que seu treinamento progride, ele começa a desvendar os sombrios segredos que se escondem sob aquela frágil perfeição.

Aos poucos ele passa a questionar o alto preço que sua sociedade paga para eliminar o sofrimento. E até que ponto evitar a dor pode nos tornar mais felizes? Ou, se vale à pena abrir mão das emoções para permanecer no caminho certo? Também, não são os sonhos, os desejos e as angústias que dão sentido a nossa vida?

Então, qual é a necessidade do sofrimento na vida do Homem?
Devemos encarar o sofrimento como algo inerente à vida?
Ter uma concepção filosófica de que o sofrimento é conseqüência do livre-arbítrio humano?
Ou tratá-lo apenas como uma falta de perfeição?

Ainda que seja possível optar por mais de uma resposta, resta apenas uma certeza, o sofrimento humano existe, e muitas vezes acontece, permanece ou desaparece sem dar explicação.

Algumas perguntas para sempre ficarão sem respostas, pois, a vida é cheia de mistérios e o mistério nos cerca. E ele faz parte do ciclo da vida de poder viver.

Entretanto, a maioria de nós deseja ver a vida esmiuçada em pequeninas partes, precisamos do significado e interpretação sobre o nosso passado, presente, e futuro. Para que não sejamos emboscados pela incerteza, pela dor, pelo luto, pela miséria, pela traição, pela perda. E, por isso, ficamos desapontados constantemente, pois a vida não é assim. Ela é oculta e misteriosa, enigmática e zombadora, sem sentimento e impiedosa.

Se quisermos viver uma vida sem angústias e medos precisamos estar conscientes para admitir esse grande mistério de saber que nada sabemos. Temos de aceitar o fato de que nunca saberemos tudo que gostaríamos de saber. E muitas situações estarão sempre fora do alcance da nossa compreensão, e algumas questões estarão eternamente além de nosso entendimento.

Não tenho certeza quanto ao fato de se compreender e aceitar essa verdade torna a vida muito mais simples, todavia, tornam as palavras de Jesus incontestáveis “... basta a cada dia o seu próprio mal”.

AMÉM!