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quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A Antiga Babel e seus atuais descendentes

“... agora não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer...”
A Bíblia não expõe quais eram as intenções dos construtores da torre de Babel, apenas faz um relato ambíguo “Então disseram: Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo cume toque no céu, e façamo-nos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face da terra.

“Disse o Senhor: O povo é um e todos têm uma só língua. Isto é o que começam a fazer; agora não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer. Vinde, desçamos, e confundamos ali a sua linguagem, para que não entendam um a linguagem do outro. Assim o Senhor os espalhou dali sobre a face de toda a terra, e cessaram de edificar a cidade.

Uma cidade; uma torre tocando no céu; um nome sobre a face da terra. Estas são algumas evidências deixadas pelo relato bíblico sobre o intento dos construtores da torre de Babel:

A intenção de se estabelecer.
A intenção de chamar a atenção.
A intenção de se fortalecer.

As características dos descendentes de Babel descritas no livro do Gênesis se observadas atentamente demonstram um paralelo entre os primeiros indivíduos amotinados, bárbaros, insurgentes, rebeldes, e os homens perversos dos dias hodiernos. Convivemos há algumas décadas com o medo, a insegurança, o desrespeito, a corrupção, o descaso, a maldade, a impunidade, e estas características elucidam o caos em que o mundo se encontra.

Alguns se perguntam “Onde está Deus que não intervém? Então, responde o Cristão: Deus está no controle; o Agnóstico: Deus existe, mas não posso encontrá-lo; o Panteísta: Deus está em tudo; o Ateu: Deus nunca existiu; o Espírita: Deus é uma condição final; o Racionalista: Deus é uma postura de espírito; o Miserável: Deus, Ou está morto ou está com medo!

Respeitando o direito de resposta e o livre pensamento, o único consenso sobre esses infortúnios é que nos sentimos atemorizados. Alguns, diante das tragédias da vida perdem a fé, outros negam a fé que um dia professaram, outros rejeitam a fé, alguns tentam ter fé na fé, e existem os que escarnecem da fé.

Certa vez, declarou um ex-pastor protestante e agora agnóstico, professor de um dos seminários mais prestigiados e fundamentalistas dos EUA: “Não creio mais em Deus, pois, onde está aquele Deus do Antigo Testamento que exercia juízo, era implacável, justiceiro e vingativo? Onde está aquele Deus? Se Ele existiu de verdade, hoje não existe mais. Porque então, não opera em favor dos pobres, dos necessitados, dos enfermos, dos desempregados, dos aflitos? Não posso crer”.

Certamente são árduas palavras de um ex-defensor de Deus e da sua justiça. Quantos livros, artigos, estudos, debates, fóruns, palestras, orações, clamores, confissões, fizeram parte da vida desse homem de fé, mas que hoje perdeu o fio condutor entre Deus e o Homem.

Qual de nós que conhecendo as Escrituras nunca desejou a antiga justiça do poderoso YHWH? Seria por analogia como sentir a falta da ditadura militar que apesar de todo o seu autoritarismo oferecia alguma segurança. O grande problema é que vivemos na vontade permissiva de Deus e não na vontade exigida por Ele.

Seria, então, a graça de Deus a raiz de todos os males? Seria o livre-arbítrio das ações de matar, roubar, adulterar, prostituir, destruir, estuprar, violentar, um consentimento para o caos?

Semelhantemente aos habitantes da antiga Babel que se estabeleceram, chamaram a atenção e se fortaleceram, atualmente, os descendentes da atual Babel, os homens de belial de nossos dias, também edificam cidades nos morros e favelas; chamam atenção por suas atrocidades; e se fortalecem com armas, drogas e alma de homens.

Quem sabe a resposta para as nossas indagações sobre “A Antiga Babel e seus atuais descendentes” não estejam nas palavras do filósofo Epicuro:

"Deus quer impedir o mal, mas não consegue? Então ele é impotente.
Ele é capaz, mas não quer? Então ele é malévolo.
Ele é capaz e quer? Donde, então, provém o mal?”