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domingo, 20 de junho de 2010

Combatendo o Modernismo Teológico.

BATALHANDO PELOS PRINCÍPIOS QUE CRISTO ESTABELECEU

A LONGA E DEPLORÁVEL HISTÓRIA DO MODERNISMO TEOLÓGICO - Parte 1 de 2

Título original em inglês: The Modernistic Attack Upon The Bible In These Last Days
Por David Cloud


É impossível entender o que está acontecendo em nossos dias sem um conhecimento da história do modernismo teológico. O modernismo enfraquece a fé das pessoas na Bíblia e estabelece a plataforma para o sucesso da teoria da evolução.
O modernismo não enfraqueceria a Igreja da Inglaterra e outras denominações se não tivesse sido tão amplamente aceito.

Charles Darwin foi até mesmo honrado pela Igreja da Inglaterra com uma sepultura na Catedral de Westminster.

O modernismo pavimentou o caminho para ataques furiosos contra a Bíblia pela imprensa secular.

A nona edição da Enciclopédia Britânica, publicada em 1878, incluiu trabalhos de críticos da Bíblia, fazendo com que este criticismo se tornasse disponível para os povos de língua inglesa em geral pela primeira vez.

Desde então o assalto a Bíblia pela imprensa popular tem se tornado comum.

A Newsweek, Time, The New York Times, The London Times, National Geographic, CNN, BBC e outras incontáveis vozes influentes regularmente publicam reportagens criticando a Bíblia.

Tal fato se tornou plenamente aceitável. O modernismo pavimentou o caminho para a rápida propagação da filosofia da Nova Era. A Nova Era é baseada na premissa modernista de que o registro histórico da Bíblia não é exato e que o Cristo Bíblico não é verdadeiro. A Nova Era também emprega métodos engendrados de modernistas para interpretação não literal.

O modernismo pavimentou o caminho para os ataques violentos das versões modernas da Bíblia.

A maioria dos fundadores do moderno criticismo textual, que nos deram as Bíblias modernas, eram comprometidos com o modernismo teológico.

O modernismo pavimentou o caminho para a corrupção do cristianismo popular.

É o modernismo que pode explicar a reportagem da revista Newsweek de 31 de agosto de 2009, intitulado “We Are All Hindus Now.” [Somos Todos Hindus Agora].

O artigo diz: “De acordo com recentes dados de uma pesquisa conceitual, pelo menos, estamos aos poucos nos tornando mais semelhantes aos hindus e menos parecidos com cristãos tradicionais no modo em que pensamos sobre Deus, sobre nós mesmos, sobre os outros e sobre a eternidade. ... O Rig Veda, o mais antigo escrito hindu, diz assim: ‘A verdade é uma, mas a sabedoria que fala dela é através de muitos nomes’. Um hindu acredita que existam muitos caminhos para Deus. Jesus é um caminho, o Corão é outro, a prática da yoga é um terceiro. Nenhum é melhor do que outro, são todos iguais... De acordo com o Forum Pew 2008 avaliou que 65% acreditam que muitas religiões podem levar a vida eterna – incluindo 37% de evangélicos. Para Stephen Prothero, professor de religião na Universidade de Boston, os americanos tem como marca uma propensão para a religião do tipo cafeteria-delicatessen muito semelhante ao espírito do hinduísmo... sobre qualquer prática. Se for para a prática da yoga, está bem –se for para a prática da missa católica, está bem. E se for para uma missa católica e também para a yoga, o budista aceita obras, isto é bom também”.

Em nossa opinião, esta observação está correta... o cristianismo na América está a milhas de distância daquele mostrado nas Escrituras. Mas ainda existe uma pequena porção bíblica nele. Para descobrir a razão disto, deve-se entender o surgimento e a difusão do modernismo teológico sobre os dois últimos séculos.

O MODERNISMO FOI PROFETIZADO NA BÍBLIA

A ascensão do modernismo teológico não é surpresa alguma para um crente na Bíblia. As profecias do Novo Testamento sobre a trajetória da era da Igreja descrevem um grande abandono da fé verdadeira entre os aqueles que professam ser cristãos. Considere por exemplo estas duas passagens:

2 Timóteo 3:1 - 4:4 Esta profecia fala de uma apostasia indiscriminada (abandono da fé bíblica) no fim desta era. Esta não é uma descrição do mundo como um todo; é uma descrição de cristãos professos. Estas pessoas têm “aparência de piedade” (3:5) e rejeitaram a sã doutrina (4:3), ao passo que o mundo nunca teve nada em comum com a sã doutrina. É nos dito que esta apostasia iria aumentar por toda a era da igreja (3:13), mas outras passagens indicam que ela explodirá no fim desta era.

Se observarmos as características desta apostasia, veremos que o modernismo teológico é descrito em grandes detalhes.

1. Orgulho (3:2)

Modernismo é caracterizado por orgulho do intelecto e da erudição. Eles rejeitam a sabedoria do passado.

2. Blasfêmia (3:2)

Modernistas tem blasfemado de Deus e O rejeitado, negando a divina inspiração de Sua Palavra, chamando-O de “amedrontador”, renunciando Seus milagres e negando que Jesus é Deus.

3. Profanidade (3:2)

Modernismo na doutrina tem andado de mãos dadas com o modernismo na vida, com relativismo na moral. Muitos dos pais do modernismo teológico, incluindo Paul Tillich e Karl Barth, foram adúlteros. Alguma das denominações modernistas tem usado até mesmo pornografia em seu ensino. Por exemplo, em 1988, uma comunicação da Igreja Metodista Unida emitiu uma declaração sobre o erotismo, aprovando a sexualidade explícita na pornografia considerando-a como não “violenta ou coerciva”. Como vemos, os modernistas estão na vanguarda na aceitação da homossexualidade em suas igrejas.

4. Calunioso ( 3:3)

Modernistas são desonestos. Um pastor crente na Bíblia amigo de um estudante que tinha lido os escritos de modernistas concluiu: “modernistas mentem”. Eles fazem mau uso da Palavra de Deus e torcem a verdade. Eles também torcem aquilo que os crentes na Bíblia acreditam.

5. Desprezo pelos crentes na Bíblia (3:3)

Modernistas desprezam os pregadores que crêem na Bíblia. Eles os hostilizam, particularmente quando são desafiados pela verdade.

6. Sempre aprendendo e nunca chegando ao conhecimento da verdade (3:7)

O modernismo não tem um credo estabelecido exceto que a Bíblia não é infalivelmente inspirada. Isto tem sido constante por dois séculos.

7. Resiste a verdade (3:8)

O modernismo não se contenta em pregar suas próprias doutrinas; ele se opõe a verdade Bíblica, as vezes atrevidamente, as vezes ocultamente.

8. Réprobos em relação a fé (3:8)

O modernismo é fundado sobre este princípio. Começou pela rejeição da fé doutrinária do Novo Testamento.

9. Rejeição intencional da verdade (4:3-4)

O problema com os modernistas não é que eles sejam inocentemente ignorantes em relação a verdade, mas sim que eles a tem rejeitado conscientemente.

10. Retorno as fábulas (4:4)

O modernismo é impregnado de fábulas. Alegam por exemplo, que houve duas criações em Gênesis 1-2, o documentário da teoria do Pentateuco, os três Isaías, o mítico documento de Qunram sobre o qual os Evangelhos foram alegadamente baseados, etc.

2 Pedro 2:1 - 3:7

Esta profecia também vislumbra os “últimos dias” (3:3) e descreve os falsos mestres que iriam proliferar. Novamente, temos uma perfeita descrição do modernismo teológico.

1. Eles ensinarão terríveis heresias sobre Cristo (2:1).

Isto é precisamente o que o modernismo tem feito ao negar o nascimento virginal de Cristo, Sua vida sem pecado, Seus milagres, Sua morte em lugar do pecador e Sua ressurreição corpórea.

2. Muitos os seguirão (2:2).

Como podemos ver, o modernismo tem ganhado seguidores em massa.

3. Eles blasfemam do caminho da verdade (2:2).

Isto aconteceu por causa de suas heresias e suas vidas imorais. Os descrentes dizem: “Se isto é cristianismo, eu não quero ter nada com ele”. Cristianismo modernista tem produzido agnosticismo e ateísmo desenfreado onde quer que tenha entrado. Pessoas que tem crescido em volta deste tipo de cristianismo espiritualmente impotente acabam por rejeitá-lo. O catolicismo romano e a igreja ortodoxa grega tem produzido o mesmo efeito.

4. Eles são avarentos (2:3, 14, 15).

A cobiça é o que impulsiona o modernismo. O que motiva um modernista para que afirme que cristãos pensem como ele, do que crer nos fundamentos da verdade? Dinheiro! Prestígio! E satisfação de ver outros também cobiçarem.

5. Eles são rebeldes em relação a absoluta moralidade bíblica (2:6, 10, 14, 18-19). Isto é uma expansão do tema que começou na profecia de 2 Timóteo 3. Em 2 Pedro 3:3, temos uma indicação que esta é a maior motivação dos modernistas, a rejeição da verdade. Eles se recusam a obedecer aos mandatos da Escritura.

6. Eles estão sem vida espiritual (2:17).

Tendo rejeitado o Todo-Poderoso Deus Senhor Jesus Cristo e o Evangelho, eles não tem vida espiritual para oferecer a um mundo necessitado.

7. Eles são caracterizados pelo orgulho. (2:18).

Vemos isto na 2 Timóteo 3.

8. Eles são escarnecedores (3:3).

Eles não estão satisfeitos em rejeitar a Bíblia; eles querem zombar dos ensinos tradicionais. Isto faz lembrar das palavras do bispo Episcopal John Spong em seu livro Rescuing the Bible from Fundamentalism [Regatando a Bíblia do Fundamentalismo]: “É claro que essas narrativas [da Bíblia] não são literalmente verdade. Estrelas não passeiam pelo céu, anjos não cantam, virgens não dão a luz, magos não viajam a uma terra distante para presentear um bebê e pastores não vão procurar um recém nascido”. O nome de Spong não está na Bíblia, mas sua zombaria está! 9. Eles negam a segunda vinda de Cristo (3:4).

Este tem sido um princípio do modernismo desde seu começo. Eles negam as profecias bíblicas da segunda vinda totalmente ou as alegorizam.

10. Eles defendem uma doutrina uniformitarista [N.T.: Teoria segundo a qual as grandes modificações ocorridas na Terra, no passado, resultaram não de catástrofes em grande escala, mas de processos geológicos contínuos, como os que ocorrem no presente] e negam que houve um dilúvio que cobriu toda a terra (3:4-5). O modernismo teológico se amarrou a teoria da evolução desde seu começo no século 19.

11. Eles são conscientemente ignorantes (3:5). Novamente, os modernistas não são meramente ignorantes; eles são conscientemente ignorantes. A verdade pode ser encontrada na Bíblia e é bem substanciada por fatos, mas os modernistas se recusam a acreditar.

O COMEÇO E CRESCIMENTO DO MODERNISMO

A metade do século 18 trouxe a era da “iluminação”, em que o racionalismo foi positivamente encorajado por Frederico II, o “rei filósofo”, que reinou sobre a Prússia por 46 anos (1740-1786). A “era do iluminismo” deveria ser de fato chamada de “era da descrença”. Frederico II foi “um profundo racionalista e patrono no ‘livre pensamento’. O sinal de uma cruz, se dizia, era suficiente para ofendê-lo” (Iain Murray, Evangelicalism Divided, p. 5). O dicionário Oxford de 1934 definiu corretamente o termo “iluminismo” como sendo “superficial e pretensioso intelectualismo, excessivo desprezo pela autoridade e tradição”.

Seguem alguns dos nomes mais proeminentes no desenvolvimento do modernismo teológico:

Gotthold Ephraim Lessing (1729-81) poeta alemão, dramaturgo, teólogo e luterano deísta. Ele é conhecido como “o pai do criticismo alemão” (Minute History of the Drama, 1935). Quando jovem se engajou na tradução das obras de Voltaire, que viveu por algum tempo na Alemanha, mas abandonou tal empreitada e desenvolveu sua própria filosofia descrente. Lessing foi uma proeminente voz de uma nova proposta sobre a história do homem que levou ao conceito de “desenvolvimento orgânico”. Lessing considerava a história como um contínuo processo pelo qual um deus imanente vai de forma gradual educando a humanidade. A humanidade é vista como um indivíduo gigante que vai se desenvolvendo desde a infância passando pela juventude até a maturidade; sempre mudando, mas sempre o mesmo indivíduo e em cada estágio de desenvolvimento vai adquirindo avançados conceitos éticos. A palavra germânica aplicada a este processo é aufheben [N.T.: elevar]. A revelação foi meramente a instrução progressiva da raça e não foi negada para ser omitida, mas também não foi sempre intencionada para ser fixa, dada uma vez por todas. Requereu ser mudada de era em era. Este processo de educação religiosa das raças, em que necessariamente há avanço na doutrina, eventualmente tornou-se o conceito de desenvolvimento orgânico”. (James Sightler, Tabernacle Essays on Bible Translation, 1992, pp. 8, 9).

Johann Gottfried Eichhorn (1752-1827) desenvolveu e popularizou a teoria de Jean Astruc. Foi Eichhorn que fez a distinção entre “baixo criticismo” e “alto criticismo”. Baixo criticismo é o exame de manuscritos para “recuperar” o melhor possível do texto original de um documento, enquanto que alto criticismo é a investigação de questões tais como autorias, datas e historicidade da Bíblia. (Ambos, baixo e alto criticismo vieram do mesmo caldeirão de ceticismo e ambos tem minado grandemente a fé nas Sagradas Escrituras porque são baseadas erradamente à fé). Eichhorn audaciosamente se engajou no criticismo bíblico, afirmando que o Pentateuco não foi escrito por Moisés como ensinou Jesus Cristo e os apóstolos e como tradicionalmente o povo de Deus acreditava, mas que foi editado como uma composição de diversos documentos e tradições. “Esta teoria foi depois estendida e desenvolvida na tese Graf-Wellhausen, o qual via todo o Pentateuco como o produto de vários extratos de tradições orais, desenvolvidas com o passar do tempo e os escritos registrados muito tempo depois que os eventos ocorreram”


H.E.G. Paulus (1761-1851) de Heidelberg, Alemanha, fez uma divisão naturalista para explicar os milagres de Cristo. Ele afirmou, por exemplo, que Jesus não caminhou de fato sobre a água, mas que Ele estava caminhando sobre a terra e por causa da neblina e da névoa parecia que Ele estava caminhando sobre a água. Ele afirmou que Jesus não morreu na cruz, mas somente desmaiou, e com a umidade de baixa temperatura da tumba reviveu; e depois de um terremoto ter movido a pedra, Ele saiu do sepulcro e apareceu aos discípulos. É claro que isso tudo teria sido quase como um grande milagre como foi a ressurreição!

Frederick Schleiermacher (1768-1834) de Halle, Alemanha, exaltou a experiência e sentimentos acima da doutrina bíblica. Ele usou linguagem cristã tradicional, mas lhe deu um novo e herético significado. Enfatizou a necessidade de conhecer Cristo através da fé, mas isto não significava crer na Bíblia como a verdadeira Palavra de Deus tanto historicamente quanto infalivelmente; ele se referia meramente a própria intuição humana ou subconsciente. Não era pela fé na Palavra de Deus, mas “fé na fé”. Ele não considerava as verdades bíblicas históricas como necessárias para a fé. Assim Schleiermacher podia dizer: “Com meu intelecto eu sou um filósofo, e com meus sentimentos sou um devoto; mais do que um cristão” (citado por Daniel Edward: “Schleiermacher Interpreted by Himself and the Men of His School”, [Schleiermacher interpretado por si próprio e o Homem e sua Escola] British and Foreign Evangelical Review, Vol. 25, 1876, p. 609). Schleiermacher impediu a pregação doutrinária do púlpito (Iain Murray, Evangelicalism Divided, 2000, p. 11). “Schleiermacher é corretamente visto como a fonte principal da massiva mudança que ocorreu nas denominações protestantes históricas durante os dois últimos séculos ... em sua separação do conteúdo intelectual do cristianismo (a revelação bíblica objetiva) do “sentimento” cristão. Schleiermacher pareceu prover um meios por onde a essência do cristianismo pode restar não afetada, não importando o quanto da Bíblia foi rejeitado. A hostilidade do criticismo pela Escritura por esta razão não necessariamente é vista como uma ameaça a “fé”... o cristianismo, conclui-se, pode ter êxito independente se a Bíblia foi preservada como a Palavra de Deus e este pensamento foi o mais apelativo dos estudos teológicos do século 19 e tornaram-se cada vez mais destrutivos” (Murray, p. 11). Schleiermacher pavimentou o caminho para a visão neo evangélica que o homem pode ser um genuíno cristão e “amar o Senhor” mesmo que rejeite a doutrina bíblica. Por esta razão Billy Graham pode ter doce comunhão com modernistas céticos e papas e bispos católicos romanos.

Ferdinand Christian Baur (1792-1860), fundador da escola de criticismo do Novo Testamento de Tuebingen (Alemanha), afirmou que o Evangelho de João não foi escrito até 170 d.C. e que somente quatro das epístolas de Paulo foram de fato escritas por ele. Argumentou que o Novo Testamento foi meramente o registro natural das igrejas primitivas. Ele ensinava que Paulo pregou uma ressurreição espiritual ao invés de uma ressurreição corpórea e que somente depois da morte do apóstolo, durante a controvérsia com os docetistas é que a pregação da ressurreição corpórea teve início. Baur também promoveu a doutrina do “desenvolvimento orgânico” que “a igreja como o corpo literal de Cristo na terra empreendeu progressivamente elevadas verdades, mas sempre infalível e autoritativa em qualquer ponto ao longo da história” (James Sightler, Tabernacle Essays on Bible Translation, 1992, p. 9). A escola de Tuebingen foi muito influente em espalhar o modernismo teológico.

David F. Strauss (1808-74), um pupilo de Baur, “disseminou a ideia de que os elementos sobrenaturais e messiânicos presentes nos Evangelhos eram mitos”. Negou a divindade corpórea de Cristo. Seu livro Das Leben Jesu (A Vida de Jesus -1835) foi muito influente. A tese de Strauss é que todos os quatro Evangelhos são uma grande parábola; uma grande massa de lendas trazidas de muitas fontes, algumas até mesmo de origem pagã, aplicadas com motivos de esperança e benevolência em seus seguidores, por um obscuro profeta galileu que se promoveu inconscientemente, não apontando para o Deus de Moisés e Elias, cruel e vingativo e mesmo imoral como Strauss e os transcendentalistas o sentiam ser, mas um elevado, sintético, platônico, que foi beneficiário de avançados conceitos éticos no século 19” (Sightler, Tabernacle Essays on Bible Translation, p. 9). Strauss espiritualizou a ressurreição. A sua “Vida de Jesus” foi traduzida para o inglês em 1846 por Mary Ann Evans (que foi pelo ensinada por George Eliott), autor de Silas Marner, “que no processo se rendeu a fé evangélica no qual ela tinha sido criada” (Sightler, p. 9).

John Stuart Mill (1806-73) publicou seu sistema de lógica em 1843, em que afirmava que a única fonte válida de informação é o sentido físico e a investigação cientifica, renunciando assim a fé. Mill teve uma grande influência na Universidade de Cambridge e por toda a Inglaterra no campo acadêmico.

A teoria Graf-Wellhausen foi assim batizada pelos seus criadores Julius Wellhausen (1844-1918) e Karl Heinrich Graf (1815-69). (Wellhausen publicou a Prolegomena, a história do Antigo Israel em 1878). De acordo com esta teoria, o Antigo Testamento não é a divina revelação de Deus, mas meramente o registro da evolução da religião judaica. Wellhausen tinha a opinião que “a religião judaica tinha evoluído a partir do desenvolvimento de primitivas histórias dos tempos dos nômades para o elaborado e institucionalizado ritualismo do período dos séculos antes de Cristo” (The History of Christianity, Lion Publishing, 1977, p. 554). Wellhausen negou a historicidade de Abraão, Noé e outros personagens bíblicos. Afirmou que Israel não conhecia o Deus Jeová até Moisés lhes ensinar sobre Ele no monte Sinai. Afirmou que as leis e o sistema sacerdotal não foram dados através de Moisés, mas foram desenvolvidos depois que Israel já estava estabelecido em Canaã e em alguns casos, depois do exílio babilônico; que a maior parte do Pentateuco foi escrito durante a época dos reis de Israel como uma “piedosa fraude”. Esta teoria teve, em suas diversas mutações várias formas e detém uma vasta influência na educação da maior parte das denominações e tem afetado dramaticamente o ensino “evangélico”.

Considere algumas descrições gerais dos efeitos do modernismo teológico na Europa e na Inglaterra durante o século 19:

O testemunho do historiador James Good:

“O racionalismo foi uma terrível onda que varreu a Alemanha como uma inundação” (James Good, History of the Reformed Church of Germany 1620-1890).

O testemunho de R.L. Dabney em 1881:

“Enquanto os eruditos e instituições de ensino alemãs têm estado demasiado ocupados com seus trabalhos, a nação como um todo tem sofrido um lapso em direção a um estado de semi-paganismo” (“The Influence of the German University System on Theological Education,” Discussions: Evangelical and Theological).

O testemunho de L.W. Munhall:

“A condição de declínio espiritual das igrejas… o ceticismo, infidelidade e ateísmo prevalecendo de forma alarmante entre o povo da Alemanha, Suíça e Holanda, é sem dúvida, quase totalmente tributado aos que defendem a tese do criticismo, presente em uma grande maioria de proeminentes pastores e teólogos professores nestas terras. A mesma condição pode ser medida na Inglaterra, Escócia, Nova Inglaterra e em cada comunidade onde este criticismo é crido por qualquer número considerável de pessoas e abertamente defendido (L.W. Munhall, The Highest Critics vs. the Higher Critics, 1896).

O testemunho de Matthew Arnold sobre as condições encontradas na Grã-Bretanha no século 19:

“Clérigos e ministros estão cheios de lamentações sobre o que eles chamam de difusão do ceticismo... as especulações do dia estão operando entre o povo...” (Literature and Dogma, 1873, p. vi).

O testemunho do historiador S.M. Houghton:

“O fato é que a Alemanha, por volta da metade do século 19 foi inundada pela descrença. Os seminários e faculdades, bem como as igrejas, contribuíram para isto. O seu próprio livro de hinos foi revisado para privá-los de muito do conteúdo evangélico. A filosofia foi colocada no lugar da teologia e a Bíblia assaltada com selvageria. Milagres pararam de ser contados como milagres; eles são agora explicados de outra forma. As profecias bíblicas são desacreditadas. A deidade de Cristo foi roubada. Sua ressurreição é dita que nunca aconteceu. Tampouco Ele morreu de fato, mas sofreu um desmaio, ou se retirou depois de Sua suposta morte para algum lugar conhecido somente por seus discípulos. D.F. Strauss chocou com seu livro “A Vida de Jesus” (publicado entre 1835-36) o qual admitia uma estrutura de fato, mas afirmava que muito do conteúdo dos quatro Evangelhos foi pura mitologia. Julius Wellhausen (1844-1910) alcançou notoriedade por atacar o ensino ortodoxo no tocante a autoridade, unidade e inspiração das Escrituras e muitos infelizmente seguiram os seus passos. Ele foi o pioneiro da visão da alta crítica e sob sua influência muitos teólogos por todo o oeste europeu e Estados Unidos questionaram ou abandonaram a autoridade de Cristo” (Sketches from Church History, p. 239).

O testemunho de Charles Haddon Spurgeon, que passou os últimos anos de sua vida lutando contra a “degradação” na teologia que havia minado a União Batista Inglesa. Em 1887, Spurgeon escreveu as seguintes palavras:

“UMA BRECHA ESTÁ SE ABRINDO ENTRE OS HOMENS QUE ACREDITAM EM SUAS BÍBLIAS E OS HOMENS QUE FORAM PREPARADOS PARA INVESTIR CONTRA A ESCRITURA... aqueles que estão do lado doutrina evangélica estão em aberta aliança com os que chamam a queda do homem de fábula, que negam a personalidade do Espírito Santo, que chamam a justificação pela fé de algo imoral e que não existe um período de provação depois da morte... participar de adoração pública está diminuindo cada vez mais e reverência pelas coisas santas é considerado como algo vão. Acreditamos solenemente que isto é grandemente atribuível AO CETICISMO QUE TEM SE MOSTRADO NOS PÚLPITOS E SE ESPALHADO ENTRE O POVO” (Sword and Trowel, November 1887).

Spurgeon assim nos descreve a baixa condição espiritual que existia na Grã-Bretanha em sua época como o resultado da difusão do modernismo. A apostasia do fim dos tempos estava florescendo. Enquanto Spurgeon lutava contra o modernismo na União Batista, a mesma batalha sendo travada (e perdida) em outras denominações, incluindo Anglicana, Congregacional, Presbiteriana, Luterana e Metodista. (Uma excelente perspectiva sobre a batalha de Spurgeon pode ser encontrada na obra de Iain Murray: The Forgotten Spurgeon [O Spurgeon Esquecido], Edinburgh: The Banner of Truth Trust).

O testemunho da Liga Bíblica, que foi formada na Grã-Bretanha em 1892:

“Spurgeon em seus dias via a apostasia como uma goteira; no tempo da fundação da Liga Bíblica (1892) tornou-se um córrego, pouco tempo depois expandiu para um rio, e hoje se tornou um autêntico oceano de descrença. A maior parte dos homens que estavam nos marcos antigos desapareceu de vista.

A vida em terra se tornou uma viagem em um oceano desconhecido em um barco de erva daninhas 'lançado para lá e para cá, e levado por todo vento de doutrina.'

Nunca antes na história da humanidade os “homens que com astúcia enganam fraudulosamente”(Ef 4:14) estiveram em tão grande evidência. “Mas os homens maus e enganadores irão de mal para pior, enganando e sendo enganados. (2 Tim. 3:13)”. (“The Bible League: Its Origin and Its Aims,” Truth Unchanged, Unchanging, Abingdon: The Bible League, 1984).

A VITÓRIA DO MODERNISMO

No século 20 o modernismo teológico já estava impregnado na maior parte das denominações na Europa e América e por todo o mundo.

Na primeira parte deste século, as denominações americanas testemunharam a controvérsia entre fundamentalistas e modernistas. Homens que zelavam pela verdade resistiram a maré do modernismo, mas a batalha foi perdida e as denominações não se voltaram mais para a Bíblia. Considere alguns exemplos de quanto o modernismo teológico tem se tornado a corrente em voga nas denominações.

Em 1976, Harold Lindsell afirmou:

“Não é injustiça alegar que entre denominações como a Episcopal, Metodista Unida, Presbiteriana Unida, Igreja Unida de Cristo, a Igreja Luterana na América e a Igreja Presbiteriana Americana NÃO EXISTA UM ÚNICO SEMINÁRIO TEOLÓGICO QUE TENHA UMA FIRME POSIÇÃO EM FAVOR DA INFALIBILIDADE BÍBLICA” (Harold Lindsell, Battle for the Bible, Zondervan, 1976, p. 145).

O seminário Jesus ilustra o ataque do modernismo. Consistindo de alguns “experts em religião e estudiosos do Novo Testamento”, o seminário teve início em um encontro em março de 1985 com o objetivo de descobrir quais palavras dos Evangelhos eram autenticas.

Ao longo dos anos 80, os participantes do seminário Jesus fizeram votações sobre a autenticidade das palavras ditas por Cristo encontradas nos quatro Evangelhos usando esferas ou bolas. Depois de discutir uma passagem, os “eruditos” modernistas faziam a votação. Vermelho indicava uma forte possibilidade de autenticidade; rosa, uma boa possibilidade; cinza, uma fraca possibilidade; e preto, branco ou sem cor, nenhuma possibilidade. As cores, portanto, indicavam vários graus de dúvida sobre a Palavra de Deus.

Em 1993 o seminário Jesus publicou “Os Cinco Evangelhos: Uma Pesquisa Sobre as Autênticas Palavras de Jesus”, que incluiu uma nova tradução chamada: “A Tradução dos Eruditos”. O código de cores foi incorporado ao texto para descrever o grau em que as várias porções dos Evangelhos são consideradas autênticas.

O seminário concluiu que Jesus disse somente 18% das palavras que Lhe são atribuídas na Bíblia. De acordo com este grupo de eruditos modernistas, Cristo não falou as bem-aventuranças no sermão da montanha; não disse nada sobre dar a outra face; não falou a parábola do semeador, a parábola das dez virgens, a parábola das dez peças de dinheiro, ou a parábola dos talentos; Ele não disse: “edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela;”. Ele não orou no jardim do Getsêmane; Ele não disse: “Tomai, comei, isto é o meu corpo” e outras passagens associadas com a Ceia do Senhor, Ele não disse: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”ou “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” quando Ele estava na cruz. O seminário Jesus chegou a conclusão que Cristo não caminhou sobre as águas, ele não alimentou milhares de pessoas com alguns poucos peixes e pães, não profetizou a Sua morte e ressurreição ou segunda vinda, não conduziu a última ceia como registrado nas Escrituras, não apareceu diante do sumo sacerdote ou diante de Pilatos, não ressuscitou corporalmente ao terceiro dia e não ascendeu aos céus.

De acordo com o seminário Jesus: “A HISTÓRIA DO JESUS HISTÓRICO TERMINOU COM SUA MORTE NA CRUZ E A DECOMPOSIÇÃO DE SEU CORPO” (Religious News Service, March 6, 1995).

Um dos integrantes do seminário Jesus, Marcus Borg, fez a seguinte declaração a imprensa religiosa em 1992:

“EU NÃO VEJO A TRADIÇÃO CRISTÃ COMO VERDADE EXCLUSIVA, OU A BÍBLIA COMO A ÚNICA E INFALIVEL REVELAÇÃO DE DEUS... eu sou um dos cristãos que não acreditam no nascimento virginal, nem na estrela de Belém, nem na jornada dos magos do oriente, nem em pastores que vieram a um estábulo como fatos da história” (Bible Review, December 1992).

A TRAJETÓRIA DO MODERNISMO DESDE A VIRADA DO SÉCULO 20

A descrença que tinha começado como um córrego no século 18 e tornou-se um rio no século 19, transformou-se em um verdadeiro oceano de descrença no século 20. Como o modernismo que estava adormecido no século 18 e se arrastou no século 19, saltou no século 20.

1906 -- Albert Schweitzer publicou The Quest for the Historical Jesus [A Busca pelo Jesus Histórico] afirmando que Jesus não foi o Messias sobrenatural, o eterno Filho de Deus, mas um simples homem que pensando que a destruição do mundo era iminente tentou chamar a atenção das pessoas através de sua própria morte.

1907 -- Walter Rauschenbusch publicou Christianity and the Social Crisis [Cristianismo e as Crises Sociais], popularizando o não bíblico “evangelho social”. Outros influentes nomes do movimento “evangelho social” foram Washington Gladden e Charles Sheldon, autor da obra In His Footsteps [Em Seus Passos].

1910 -- Adolf Harnack que no meio cristão apareceu em uma versão traduzida para o inglês, pregando sobre a paternidade de Deus. As leituras foram primeiro entregues na Alemanha, na Universidade de Berlim durante o inverno de 1899-1900.

1913 -- Ferdinand de Saussure e seu curso de linguística geral foi publicado postumamente, marcando o nascimento da moderna linguística, negando Deus e a natureza absoluta da linguagem. De acordo com Saussure, o significado da linguagem não é algo para ser recuperado em um sentido absoluto, mas algo que cada pessoa cria por si mesma. Cinquenta anos depois, em seu livro Toward a Science of Translating, Eugene Nida reconheceu a influência de Saussure em sua própria teoria de equivalência dinâmica.

1918 -- Harry Emerson Fosdick (1868-1969), pastor da influente igreja Riverside de Nova Iorque, publicou The Manhood of the Master [A Maturidade do Mestre], negando que Jesus Cristo é Deus.

1919 -- Walter Rauschenbusch publicou A Theology for the Social Gospel [Uma Teologia do Evangelho Social] que troca a Grande Comissão de pregar o Evangelho a toda a criatura pelo objetivo de transformar a sociedade, buscando construir assim o reino de Deus na terra.

Karl Barth (1886-1968) publicou a primeira parte de seu comentário sobre a epístola aos Romanos.

Emil Brunner Barth (1889-1965) e Reinhold Niebuhr (1893-1971) foram os pais da neo-ortodoxia, que esconde sua descrença sob os termos usados pela teologia ortodoxa, dando um significado herético através de linguagem obscura (como por exemplo, falar sobre a “ressurreição corpórea” de Cristo ou da “segunda vinda” ou da “inspiração da Escritura”, mas não acreditando nessas doutrinas em um sentido tradicional). De acordo com a neo-ortodoxia, a Bíblia em si não é a objetiva e infalível Palavra de Deus, mas simplesmente se tornou a palavra de Deus por causa da experiência de existir através dos tempos.

1921 -- Rudolf Bultmann (1884-1976) publicou The History of the Synoptic Tradition [A História da Tradição Sinótica], um primeiro passo em direção a sua tentativa de "desmistificar" o Novo Testamento. Em outro livro, Jesus and the Word [Jesus e a Palavra], Bultmann afirmou: “Podemos agora saber que não conhecemos quase nada sobre a vida e personalidade de Jesus”.
1924 – A Igreja Metodista Episcopal aprovou a ordenação de pastoras.

1925 – A tentativa de ligar os macacos ao homem foi defendida em Dayton, Tennesse, e crentes na Bíblia deram seu apoio mostrando pela mídia secular sua alegria pela suposta linhagem.

Alfred Whitehead (1861-1947) publicou Science and the Modern World [Ciência e o Mundo Moderno]; Whitehead foi uma proeminente voz do “processo teológico”, que ensina que o Deus da Bíblia não é onipotente, mas é sujeito ao processo de mudança “levado pelos agentes do livre-arbítrio; Deus não pode forçar alguma coisa a acontecer, mas somente influenciar o exercício deste livre-arbítrio universal através da oferta de possibilidades; porque Deus contém um universo de mudança, Deus é mutável (isto quer dizer, Deus é afetado pelas ações que ocorrem no universo) sobre o curso do tempo”. Outros proponentes deste “processo teológico” são Charles Hartshorne (1897-2000), John B. Cobb e David Ray Griffin.

1926 – Depois de um debate de quase cinco horas, a Convenção Batista do Norte votou por uma margem de três votos a um pela não expulsão da igreja Riverside de Nova Iorque por causa da militância modernista do pastor Harry Emerson Fosdick.

1927 – O bispo metodista Francis McConnell de Nova Iorque, negou a divindade de Jesus Cristo. Ele disse: “Esta tendência de deificar a Jesus não é mais pagã do que cristã?”. 1928 – O missionário metodista E. Stanley Jones escreveu: “se a infalibilidade verbal é insistentemente defendida, então certamente é muito precária” (p. 257).

1930 – A Igreja presbiteriana na América aprovou a ordenação de mulheres como anciãs.

1931 -- Henry Sloane Coffin, presidente emérito da Union Seminary e antigo moderador da Igreja Presbiteriana escreveu: “Certamente... hinos ainda perpetuam a teoria que Deus perdoa pecadores porque Cristo comprou este perdão pela Sua obediência e sofrimento... Não há sangue que possa limpar o registro do que já foi feito... A cruz de Cristo não tem o significado de buscar o perdão” (Coffin, The Meaning of the Cross, pp. 118-121).

1932 – A Convenção Batista do Norte foi tão infiltrada pelo modernismo teológico que um pequeno grupo de homens saiu dela e formou a Associação Geral de Igrejas Batistas Regulares - GARBC (General Association of Regular Baptist Churches).

1934 -- William Temple, que se tornou arcebispo de Canterbury, disse: “... um ateísta que vive em amor é salvo pela sua fé em Deus cuja existência (sob este nome) ele nega” (Nature, Man and God, p. 416).

1935 -- George A. Buttrick, pastor presbiteriano que se tornou presidente do Concílio Federal em 1940, escreveu: “Infalibilidade literal na Bíblia é um forte impossível de ser defendido... Provavelmente poucas pessoas que afirmam “crer em cada palavra da Bíblia” de fato crêem. Esta declaração em manter tal linha de lógica é arriscar uma viagem para um asilo de loucos” (Christian Fact and Modern Doubt, p. 162).

Emil Brunner publicou Unser Glaube (em alemão: Nossa Fé), no qual comparou a voz de Deus na Bíblia com a voz de um orador em uma gravação antiga. Como pode ser reconhecida igualmente a voz do orador da gravação seja tosca e por outro lado imperfeita, a voz de Deus pode ser reconhecida, entretanto a Bíblia é (supostamente) cheia de erros e mitos.

1936 – A Igreja Presbiteriana na América estava tão impregnada com o modernismo teológico que um pequeno grupo de conservadores saiu dela e fundou a Igreja Presbiteriana Ortodoxa.