terça-feira, 6 de abril de 2010

Os Supostos Messias da Judéia

“Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor. Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade.” JESUS em Mt 7:22-23.

Uma febre messiânica havia contagiado toda a Judéia. Todos esperavam ansiosamente por um Messias que os livrasse do domínio romano. Uma das razões pelas quais os judeus rejeitaram a Jesus, é que Ele não tinha o perfil do messias idealizado pelas expectativas populares. Eles não queriam um pacifista como Jesus, mas um general que inspirasse o povo judeu a uma revolta sangrenta contra Roma. Jesus, num certo sentido, não correspondia aos anseios populares. Mesmo operando tantos milagres e sinais, Sua mensagem era por demais pacifista. Ele, porém, já havia advertido a Seus discípulos acerca do aparecimento de falsos cristos: “Acautelai-vos, que ninguém vos engane. Pois muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo, e enganarão a muitos (...) Surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos (...) Então, se alguém vos disser: Olhai, o Cristo está aqui, ou ali, não lhe deis crédito. Pois surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos. Prestai atenção, eu vo-lo tenho predito. Portanto, se vos disserem: Olhai, ele está no deserto! Não saiais; ou, Olhai, ele está no interior da casa! Não acrediteis” (Mt.24:4-5, 11, 23-26).

O judaísmo apóstata provia um solo fértil para o aparecimento desses pseudocristos. E muitos deles surgiram do seio da própria igreja. Disso João atesta em sua primeira epístola, quando afirma:“...já muitos anticristos têm surgido, pelo que conhecemos que é a última hora. Saíram do nosso meio, mas não eram dos nossos. Pois se tivessem sido dos nossos, teriam ficado conosco...” 1 JOÃO 2:18.

Um exemplo clássico disso foi o caso de Simão, o Mago (At.8:9-23). Eusébio, bispo de Cesaréia, conta que “Simão tornara-se tão célebre naquele tempo e exercia tamanha influência sobre aqueles que eram enganados por suas imposturas, que o consideravam o grande poder de Deus. Esse mesmo Simão, porém, admirado com os milagres extraordinários realizados por Filipe pelo poder de Deus, astutamente assumiu e até fingiu fé em Cristo, a ponto de ser batizado; e o surpreendente é que o mesmo é feito até hoje por aqueles que adotam sua mais torpe heresia.

Esses, à maneira de seu fundador, insinuando-se na igreja como uma doença pestilenta e leprosa, infectaram com a maior corrupção as pessoas em quem conseguiram infundir seu veneno secreto, irremediável e destrutivo. Muitos desses, aliás, já foram expulsos depois de apanhados em sua perversão; como o próprio Simão sofreu seu merecido castigo quando detectado por Pedro. Simão era um que preenchia todos os requisitos básicos para ser classificado, tanto como “falso cristo”, quanto como “falso profeta”.

João tinha toda razão em dizer que o espírito do anticristo já estava operando em seus dias (1 Jo.4:3).

Eusébio nos informa que “o inimigo da salvação engendrou um estratagema para conquistar para si a cidade imperial e levou até ali Simão (...) Com a ajuda de artifícios insidiosos, ele agregou a si muitos dos habitantes de Roma”.

Eusébio cita a apologia de Justino Mártir endereçada ao imperador Antonino, onde se lê:Após a ascensão de nosso Senhor ao céu, certos homens foram subornados por demônios como seus agentes e diziam serem deuses. Esses foram não somente tolerados, sem perseguição, como até considerados dignos de honra entre vós. Um deles foi Simão, certo samaritano da vila chamada Gitão. Este, no reinado de Cláudio César, ao realizar vários rituais mágicos pela operação de demônios, foi considerado deus em vossa cidade imperial de Roma e foi por vós honrado como um deus, com uma estátua entre as duas pontes no rio Tibre (numa ilha), tendo a subscrição em latim: Simoni Deo Sancto, ou seja, A Simão, o Santo Deus; e quase todos os samaritanos, também uns poucos de outras nações, o cultuam, confessando-o como o Deus Supremo.”

Quem diria? Um samaritano figurando no panteão romano! De todos os falsos messias, nenhum obteve o destaque de Simão. Embora samaritano, suas pretensões eram de envenenar todo o mundo com suas heresias. A prova disso é que, astutamente, Simão desenvolveu uma doutrina trinitariana, proclamando-se “Pai” para os samaritanos, “Filho” para os judeus, e “Espírito Santo” para os romanos e demais nacionalidades.

Jerônimo creditou a Simão a seguinte afirmação: “Sou a Palavra de Deus; eu sou o Consolador; sou o Todo-Poderoso, eu sou tudo quanto há de Deus”. Não é à toa que seu nome é freqüentemente mencionado em antigos escritos fora da Bíblia, sendo considerado o arquiinimigo da igreja primitiva, e um dos principais líderes da heresia gnóstica. Irineu o considerava como uma das fontes dessa heresia. Sua influência foi tamanha que os hereges em geral eram apelidados pelos crentes primitivos de “simonianos”.

De todos os sinais que supostamente eram realizados por Simão Mago, o que mais chama a atenção é o citado por Clemente, que diz que Simão declarara ser capaz de transmitir vida e movimento às estátuas. De acordo com o Apocalipse, era justamente isso que a segunda besta se propunha a fazer:"Foi-lhe concedido também que desse fôlego à imagem da besta, para que ela falasse, e fizesse que fossem mortos todos os que não adorassem a imagem da besta.”APOCALIPSE 13:15.

Os falsos profetas e os pseudocristos foram para a igreja primitiva o que Janes e Jambres foram para Moisés diante de Faraó. Bastava que Moisés fizesse um sinal, e logo os dois magos egípcios o copiavam. O primeiro sinal feito por Moisés foi a transformação de seu bordão em serpente. Aliás, foi Arão quem protagonizou esse sinal. Mas para surpresa deles, os magos conseguiram realizar o mesmo sinal. Porém, “a vara de Arão tragou as varas deles”(Êx.7:12). Assim como os sinais feitos por Filipe em Samaria desbancaram a impostura de Simão. A propósito, segundo relatos antigos, foi no Egito que Simão Mago aprendeu as artes mágicas.

Paulo advertiu a Timóteo acerca desses impostores: “E, como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé. Não irão, porém, avante; porque a todos será manifesta a sua insensatez, como aconteceu com a daqueles”(2 Tm..3:8-9).

De fato, nenhum deles foi avante. De acordo com Hipólito, a última e mais ousada exibição de poder de Simão foi justamente a que resultou em sua morte. Ele foi capaz de sepultar-se vivo, afirmando que em três dias reapareceria vivo. Entretanto, não o fez. Por fim, foi declarado: “Ele não era o Cristo”.

Pedro tinha inteira razão ao repudiar Simão em sua tentativa de adquirir o dom do Espírito Santo por dinheiro. “Tu não tens parte nem sorte neste ministério”, declarou o santo apóstolo. O ministério de Simão era outro; aquele que Paulo chamou de “mistério da injustiça”, que é “segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais e prodígios da mentira”(2 Ts.2:7a,9).

Eusébio cita vários deles. Fala, por exemplo, de um tal Menander, discípulo de Simão, o Mago, que, segundo ele, “manifestou-se em sua conduta um instrumento de perversão diabólica não inferior ao predecessor (...) revelou pretensão ainda mais arrogante a milagres; dizendo ser na verdade o Salvador”.

Citando Josefo, Eusébio fala sobre um impostor egípcio, citado também em Atos dos Apóstolos: “Depois de entrar no país e assumir autoridade de profeta, reuniu cerca de trinta mil que foram enganados por ele. Depois os levou do deserto para o monte das Oliveiras, determinado entrar em Jerusalém pela força e, após subjugar a guarnição romana, tomar o governo do povo, empregando seus seguidores como escolta. Mas Félix, antecipando-se ao ataque, saiu a seu encontro com o exército romano, e todo o povo participou da defesa, de modo que quando se travou a batalha, o egípcio fugiu com uns poucos e a maior parte dos que o acompanham foi destruída ou capturada.”

Josefo diz que Jerusalém estava infestada de ladrões e magos. “Enquanto os ladrões enchiam Jerusalém de crimes, os magos, por seu lado, enganavam o povo e o levavam ao deserto, prometendo-lhe mostrar milagres e prodígios. Mas Félix castigou-os imediatamente, por sua loucura; mandou prender e matar a vários. Por esse mesmo tempo veio um homem do Egito a Jerusalém, que se vangloriava de ser profeta. Persuadiu um grande número de pessoas que o seguisse ao monte das Oliveiras, que estava muito perto da cidade, apenas distante uns cinco estádios e garantiu-lhes que, depois de ter ele proferido algumas palavras, veriam cair os muros de Jerusalém, sem que mais fossem necessárias as portas para lá se entrar.”

Jerônimo fala acerca de um tal Barcocabe que fingia vomitar fogo da própria boca. Esse homem, além de ser aclamado por muitos como sendo o messias, teve sua reivindicação messiânica confirmada pelo famoso rabino Akiba. Inicialmente, fora chamado de Barcocabe, que quer dizer “filho da estrela”, mas quando seu engodo foi descoberto, passou a ser chamado de Barcoziba, “filho da mentira”.

Foi por ver o fim de muitos movimentos “messiânicos”, que Gamaliel emitiu o famoso veredicto acerca da uma nova “seita” que surgia no cenário judaico. Levantando-se no Sinédrio, o respeitado religioso disse:"Israelitas, acautelai-vos a respeito do que haveis de fazer a estes homens. Algum tempo atrás levantou-se Teudas, dizendo ser alguém, e a este se ajuntou cerca de quatrocentos homens. Ele foi morto, e todos os que lhe deram ouvidos, dispersos e reduzidos a nada. Depois deste levantou-se Judas, o galileu, nos dias do recenseamento, e levou muito povo após si. Mas também este pereceu, e todos os que lhe deram ouvidos foram dispersos. Por isso vos digo: Dai de mão a estes homens, deixai-os, pois se este conselho ou esta obra é de homens, se desfará, mas se é de Deus, não podereis desfazê-la, para que não aconteça serdes também achados combatendo contra Deus.”ATOS 5:35-39.

Foi aos pés desse mestre que Paulo foi educado. Parece, porém, que Paulo não deve ter ouvido tal conselho, pois ninguém combateu mais a nova “seita” naqueles dias do que ele. Porém, a sua conversão ao cristianismo demonstrou que Gamaliel tinha toda razão.

No fim o “cajado” da Igreja acabou engolindo as serpentes dos falsos profetas.

O fazer descer fogo do céu não deve ser entendido literalmente. Trata-se de uma hipérbole intencional, que visava enfatizar a malignidade e o poder com que tais profetas enganariam o povo e impressionaria a própria besta.

De acordo com Alford, “a aristocracia romana estava peculiarmente debaixo da influência dos astrólogos e dos mágicos, alguns dos quais eram judeus”.

Sabe-se que as autoridades romanas eram freqüentemente atraídas por tais manifestações prodigiosas. Lucas registra em Atos que Paulo e Barnabé “acharam certo judeu mágico, falso profeta, chamado Bar-Jesus, o qual estava com o procônsul Sérgio Paulo, homem prudente. Este, chamando Barnabé e Saulo, procurava muito ouvir a palavra de Deus. Mas resistia-lhes Elimas, o encantador ( que assim se interpreta o seu nome ), procurando apartar da fé o procônsul. Todavia Saulo, que também se chama Paulo, cheio do Espírito Santo, fitando os olhos nele, disse: Ó filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de perturbar os retos caminhos do Senhor? Agora a mão do Senhor está contra ti, e ficarás cego, sem ver o sol por algum tempo. No mesmo instante caiu sobre ele uma névoa e trevas, e, andando à roda, buscava quem o guiasse pela mão. Então o procônsul, vendo o que havia acontecido, creu, maravilhado da doutrina do Senhor”(At.13:6b-12).

O nome Barjesus significa literalmente “filho de Jesus’, ou “filho da salvação”; ironicamente, Paulo o chamou de “filho do diabo, o mesmo nome dado por Jesus aos religiosos judeus que se diziam filhos de Abraão (Jo.8:44). Assim como aconteceu com Moisés e os magos egípcios, o poder que havia em Paulo se mostrou superior à mágica daquele falso profeta.

domingo, 4 de abril de 2010

A Invenção do Ensino do Arrebatamento Pré-Tribulacionista


Sempre que o cristão encontra uma doutrina que não foi ensinada por alguém de qualquer ramo da igreja de Cristo durante os dezoito séculos passados, ele deveria ter muita suspeita de tal ensino. Esse fato em e por si mesmo não prova que o novo ensino é falso. Mas, deveria definitivamente levantar suspeitas, pois se algo é ensinado na Escritura, não é absurdo esperar que ao menos uns poucos teólogos e exegetas tenham descoberto isso antes.

O ensino de um arrebatamento secreto pré-tribulacional é uma doutrina que nunca existiu antes de 1830. O arrebatamento pré-tribulacional veio à existência mediante uma exegese cuidadosa da Escritura? Não!

A primeira pessoa a ensinar a doutrina foi uma jovem chamada Margaret Macdonald. Margaret não era teóloga nem expositora bíblica, mas uma profetiza da seita Irvingita (a Igreja Católica Apostólica).

O jornalista cristão Dave MacPherson escreveu um livro sobre o assunto da origem do arrebatamento secreto. Ele escreve: “Temos visto que uma jovem escocesa chamada Margaret Macdonald teve uma revelação particular em Port Glasgow, Escócia, no começo de 1830, de que um grupo seleto de cristãos seria capturado para encontrar Cristo nos ares, antes dos dias do Anticristo.

Uma testemunha ocular, Robert Norton M.D., preservou o relato escrito a mão por ela da sua revelação de um arrebatamento pré-tribulacional em dois de seus livros, e disse que foi a primeira vez que alguém dividiu a segunda vinda em duas partes ou estágios distintos. Seus escritos, juntamente com muitas outras literaturas da Igreja Católica Apostólica, ficaram escondidos por muitas décadas do pensamento evangélico dominante, e apenas recentemente reapareceram.

As visões de Margaret eram bem conhecidas por aqueles que visitavam sua casa, entre eles John Darby dos Irmãos. Dentro de poucos meses sua concepção profética distintiva foi refletida na edição de setembro de 1830 do The Morning Watch e na primeira assembléia dos Irmãos em Plymouth, Inglaterra.

Os primeiros discípulos da interpretação pré-tribulacionista freqüentemente a chamavam de
uma "nova doutrina”.

John Nelson Darby (1800-1882), que foi o líder do movimento Irmãos e “pai do Dispensacionalismo moderno”, tomou o novo ensino de Margaret Macdonald sobre o arrebatamento, fez algumas mudanças (ela ensinava um arrebatamento parcial de crentes, enquanto ele ensinava que todos os crentes seriam arrebatados) e incorporou-o em seu entendimento dispensacionalista da Escritura e profecia. Darby gastaria o resto de sua vida falando, escrevendo e viajando para espalhar a nova teoria do arrebatamento.

Os Irmãos de Plymouth admitiam abertamente e até mesmo se orgulhavam do fato que entre os seus ensinos estavam alguns totalmente novos, que nunca tinham sido ensinados pelos pais da igreja, escolásticos medievais, reformadores protestantes e muitos outros comentaristas.

Porém, o maior responsável pela ampla aceitação do pré-tribulacionismo e dispensacionalismo entre os evangélicos foi Cyrus Ingerson Scofield (1843-1921). C. I. Scofield publicou sua Bíblia de Referência Scofield em 1909. Essa Bíblia, que expunha as doutrinas de Darby em suas notas, se tornou muito popular em círculos fundamentalistas.

Na mente de muitos – professores da Bíblia, pastores fundamentalistas e multidões de cristãos professos – as notas de Scofield eram praticamente igualadas à própria palavra de Deus.

Se uma pessoa não aderia ao esquema dispensacionalista e pré-tribulacional, ele ou ela seria quase que automaticamente rotulado de modernista.

Hoje existe uma abundância de livros advogando a teoria do arrebatamento pré-tribulacional e o entendimento dispensacionalista dos fins dos tempos. Aliado ao fato que entre os cristãos professos o arrebatamento pré-tribulacional é freneticamente popular.

Porém, uma comparação dessa teoria com os argumentos oferecidos pela Bíblia demonstra a falácia dessa falsa doutrina.


sábado, 3 de abril de 2010

As Narrativas Sobre os Últimos dias de Jesus

As narrativas sobre os últimos dias da vida de Jesus são uma invenção, segundo pesquisadores.

Se existe uma parte da Bíblia sobre a qual a arqueologia tem bem pouco a dizer é quanto à reconstituição histórica da vida de Jesus, já que dificilmente uma pessoa pobre e sem importância política deixa vestígios. E, dizem os especialistas, era exatamente esse o caso do fundador do Cristianismo. "Quem é que deixa vestígios? É quem tem poder. Se existem ruínas de uma cidade, o que vai sobrar: a choupana do camponês ou um pedaço do palácio? No Novo Testamento temos o mesmo problema. Jesus e seus seguidores eram andarilhos que iam de uma cidade para outra mendigando, portanto, dificilmente deixariam vestígios", explica Pedro Vasconcellos, professor de Teologia da PUC de São Paulo.

Dentre os raros indícios arqueológicos relacionados a Jesus, as citações feitas por dois historiadores, o judeu Flávio Josefo (37-100 d.C) e o romano Tácito (56 - 120 d.C), e pelo Talmude da Babilônia (tratados jurídicos, religiosos e filosóficos que definem o modo de ser judeu) são os mais diretos (todos se referem à sua morte). No livro "Excavating Jesus" (Escavando Jesus), ainda sem tradução no Brasil, o irlandês John Dominic Crossan, professor de estudos bíblicos da Universidade De Paul, nos Estados Unidos, relaciona cinco descobertas arqueológicas que fornecem indícios sobre os relatos da vida de Jesus descritos nos Evangelhos (veja quadro acima). Nenhuma delas faz referência direta a Jesus, mas a pessoas e objetos relacionados a ele, de acordo com as narrativas bíblicas.

Mesmo diante da falta de provas extrabíblicas consistentes, poucos estudiosos sérios colocam sua existência em dúvida atualmente. "Sobre outros personagens históricos, como Pitágoras e Sócrates, tivemos mais dúvidas no passado do que sobre a existência de Jesus", diz o professor de filosofia e teologia Gabriele Cornelli, da Universidade Metodista de São Paulo. Ele explica que as únicas certezas com relação a Jesus são as de que ele existiu e teve uma morte violenta, por motivos religiosos. Provavelmente, os últimos dias de sua vida não ocorreram da maneira relatada nos Evangelhos. "Nem quem os escreveu sabia o que aconteceu. Fica muito claro pela narrativa bíblica que os evangelistas fogem, eles não estão lá. Jesus fica sozinho em seus últimos dias. Não tenho a menor dúvida em afirmar que os detalhes da narrativa são ficcionais, são uma invenção", diz Cornelli.

Paixão nem sempre foi narrada

Esse ponto de vista polêmico é defendido por John Dominic Crossan, em um dos principais livros de referência sobre o assunto, "O Jesus Histórico". Segundo Crossan, a narrativa dos evangelistas é uma releitura do Antigo Testamento. Eles contam a história da morte de Jesus de modo que ela confirme as profecias sobre o Messias - que seria enviado por Deus para morrer e salvar os homens de seus pecados. Mas nem sempre essa história foi contada. Segundo Cornelli, no manuscrito original do apóstolo Marcos, que é a base de todos os Evangelhos, não havia a narrativa da Paixão. Mas então o que motivou o início dessa narrativa? "No meu ponto de vista é porque os primeiros cristãos estavam sendo perseguidos na época em que os Evangelhos foram escritos. Jesus se confronta com os romanos, com a elite religiosa judaica (Sinédrio) e com o poder civil da Palestina (Herodes). Toda essa estrutura dramática reproduz a situação das primeiras comunidades cristãs e diz a essas pessoas como deviam agir", opina Cornelli. "Hoje não conhecemos tão bem o contexto histórico no qual a Bíblia hebraica foi escrita, por isso achamos que aquilo tudo aconteceu mesmo. Quem o conhecia sabia fazer essas referências." Colaboram para essa visão o relato seco e objetivo das fontes extrabíblicas sobre a morte de Jesus e as contradições nos Evangelhos, como mostra o historiador André Chevitarese, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

É o caso da passagem em que Pôncio Pilatos lembra aos judeus que eles poderiam libertar um prisioneiro durante as festas pascais. "Se havia quatro condenados, por que a escolha fica somente entre Barrabás e Jesus? Também não há registro do costume de libertar um prisioneiro para satisfazer os desejos das multidões em outras partes do Império Romano", explica.

Até a crucificação já foi questionada, já que não era costume enterrar os corpos dessas pessoas. As dúvidas acabaram em 1968, quando arqueólogos encontraram o corpo de um judeu crucificado. "Isso comprovou que, em casos raros, essas pessoas eram enterradas. Jesus também poderia ter sido exceção. A maioria dos cientistas dá crédito a esse fato", diz Chevitarese.

Relatos verdadeiros

Existem oito momentos nos relatos bíblicos sobre a vida de Jesus que podem ser considerados reais, segundo os pesquisadores André Chevitarese, da UFRJ, e Gabriele Cornelli, da Universidade Metodista de São Paulo. Esses episódios foram escolhidos com base em dois critérios, o do constrangimento e o da múltipla confirmação. No constrangimento, as informações prejudicam a imagem da figura central da narrativa. Na confirmação, a situação é narrada por fontes diferentes, que nunca tiveram contato. Portanto, nos dois casos, é pouco provável que as histórias tenham sido inventadas.

Jesus é batizado por João

Aplica-se aqui o critério do constrangimento, pois o batismo realizado por João era o de arrependimento para remissão de pecados. Portanto, a atitude de Jesus não condizia com a de messias.

Jesus escolhe discípulos

Aplica-se novamente o critério do constrangimento. Na medida em que Jesus escolhe pessoalmente os 12, é de se perguntar: como ele, sendo o filho de Deus, não previu a traição de um deles.

Jesus e seus discípulos iniciam o ministério na Galileia

Critério da múltipla confirmação. A localização de Jesus e do seu movimento na Galiléia não deixa dúvida quanto à região onde começou o Cristianismo. O fato é citado pelos quatro evangelistas.

A visão negativa que seus parentes têm da sua missão

Dois critérios podem ser aplicados: do constrangimento e da múltipla confirmação. É constrangedor saber que nem os parentes mais próximos de Jesus acreditam nele, conforme demonstram Marcos e João.

Jesus é acusado de ter um demônio

A passagem de João mostra como os oponentes de Jesus viam suas ações. O seu poder reside em Satanás. Esta visão deve ter perdurado até a época do autor do quarto evangelho. O critério é o do constrangimento.

Jesus é traído por Judas

O episódio é constrangedor e citado pelos 4 evangelistas.

Jesus ameaça destruir o templo de Jerusalém

O critério aplicado aqui é o da múltipla confirmação.

Jesus é crucificado

Há dois critérios aplicados aqui: o da múltipla confirmação e o do constrangimento. Uma leitura de Paulo (Filipenses 2:6-8), um texto anterior às narrativas evangélicas, já deixa claro o quanto era difícil para o indivíduo grego ou judeu reconhecer como Messias alguém que morreu na cruz, já que se tratava de uma sentença reservada a escravos, criminosos perigosos e agitadores políticos. O episódio também é citado por todos os evangelistas.

Pistas arqueológicas sobre Cristo

1. Ossário que comprova a existência do sumo sacerdote Caifás, um dos articuladores da morte de Jesus.
2. Inscrição que confirma o alto cargo de Pôncio Pilatos como governador. É a primeira prova física da existência dessa figura-chave na narrativa evangélica.
3. Casa do apóstolo Pedro.
4. Barco de pesca usado no mar da Galiléia no tempo de Jesus e no qual cabiam 13 pessoas. É semelhante ao descrito como "Barco de Jesus" na Bíblia.
5. Esqueleto de Yehochanan, um judeu morto por crucificação, o que mostra que, em raras situações, um crucificado podia ser enterrado.















segunda-feira, 29 de março de 2010

Profecia Historicizada

“O PAPA DO JESUS HISTÓRICO” é o título de um artigo, escrito por Vitor Gagliardo, publicado pela Revista SUPER Interessante, edição 280, Dezembro/2009, p. 17-18. sobre o Jesus histórico, com o renomado escritor e ex-padre católico John Dominic Crossan, rotulado apropriadamente por Vitor Gagliardo de o “O PAPA DO JESUS HISTÓRICO”.

Vitor Gagliardo esclarece em seu artigo que John Dominic Crossan foi o idealizador do Seminário de Jesus (Jesus Seminar), às vezes traduzido por Seminário Jesus, instituição de pesquisadores, iniciada nos Estados Unidos, em 1985, que vem dando plena continuidade à pesquisa em busca do Jesus histórico.

Informa-nos ainda Vitor Gagliardo que John Dominic Crossan é Professor emérito da Universidade DePaul, Chicago (EUA), e é autor de 24 livros sobre o Jesus histórico.

Mas o que significa a expressão “Jesus histórico”? Resposta dada por Crossan:
Nosso esforço é o de separar o que, nos textos bíblicos, é fato histórico e o que é parábola religiosa. [...] Se as parábolas sobre Jesus fossem tomadas literalmente, nós teríamos sérios erros. [...] As histórias que contam a infância de Jesus não devem ser entendidas ao pé da letra. Dizer que Herodes matou as crianças em Belém para matar Jesus, como está em Mateus, é uma parábola. É afirmar que ele é o novo Moisés e Herodes é o novo faraó do Antigo Testamento.

Com relação à distinção, feita desde o século 19, entre o Jesus histórico e o Cristo da fé, Crossan esclarece que o Jesus histórico e o Cristo da fé são a mesma pessoa. É como a polêmica em torno do presidente Bush. Há aqueles que o acham o melhor presidente da história americana; e há os que o consideram uma tragédia. São crenças diferentes sobre a mesma pessoa.

HISTÓRIA RELEMBRADA X PROFECIA HISTORICIZADA

Em sua obra Quem Matou Jesus? As Raízes do Anti-Semitismo na História Evangélica da Morte de Jesus (Rio de Janeiro: Imago, 1995), John Dominic Crossan também esclarece que é preciso distinguir, no Novo Testamento, História Relembrada de Profecia Historicizada. Crossan esclarece que “História Relembrada” refere-se a fatos, enquanto “Profecia Historicizada” refere-se a narrativas inventadas pelos primeiros cristãos para fazer cumprir determinadas escrituras do Antigo Testamento.

Com base nessa distinção, Crossan afirma que os relatos da paixão-ressurreição de Jesus são apenas (aproximadamente) 20% “História Relembrada” e 80% “Profecia Historicizada”.

O primeiro exemplo que ele dá de “Profecia Historicizada” é o das Trevas ao Meio-Dia, no dia da morte de Jesus, narradas em todos os quatro evangelhos canônicos (Mateus, Marcos, Lucas e João), para fazer-se cumprir a profecia do profeta Amós (Amós 8, 9-10): “Nesse dia, diz o Senhor Deus, farei o sol desaparecer ao meio-dia, e farei surgirem trevas na terra em plena luz”.

Crossan (no livro Quem Matou Jesus?, p. 16) argumenta que a expressão “Trevas ao Meio-Dia”, da profecia de Amós, refere-se à catástrofe terrível pela qual iria passar Israel, quando o seu reino do norte foi devastado pelo brutal militarismo do império assírio. “Autores do século I, como Josefo, Plutarco e Plínio, o Velho, afirmam que o mesmo fenômeno acompanhou o assassinato de Júlio César, em 15 de março de 44 d.C.” (ibid,).

Crossan prossegue em sua argumentação, afirmando que “os cristãos, lendo suas Escrituras, encontraram esta antiga descrição da futura punição divina..., e assim criaram aquela narrativa ficcional sobre as trevas ao meio-dia para afirmar que Jesus morreu em cumprimento à profecia” (ibid.).

Crossan assegura que, na linha desse exemplo, 80% das narrativas da Paixão-Ressurreição de Cristo são profecia historicizada e não história relembrada.

Mas qual o grande mal de interpretar as narrativas da paixão-ressurreição de Cristo como fatos históricos reais e não como profecias historicizadas?

Segundo Crossan, em seu livro acima referido, a resposta, dada antes no prefácio, envolve as narrativas da Paixão-Ressurreição como matriz para o antijudaísmo cristão e, por fim, para o anti-semitismo europeu. [...] E, sem aquele antijudaísmo cristão, o anti-semitismo europeu letal e genocida teria sido impossível ou, pelo menos, não teria atingido tamanha proporção. O que estava em jogo nessas narrativas da Paixão-Ressurreição, no longo curso da história, era o holocausto judeu (p. 47; 51).

Concluindo:

Concordo plenamente com John Dominic Crossan – “O PAPA DO JESUS HISTÓRICO” – ao fazer, em seus numerosos livros, a fundamental distinção entre fato histórico e parábola religiosa, bem como a crucial distinção entre história relembrada e profecia historicizada, alertando-nos para o perigo de se interpretar “parábolas” como “fatos históricos” e “profecias historicizadas” como “histórias relembradas” (ou seja, como fatos históricos reais), como tem feito a grande maioria dos cristãos ao longo de dois mil anos.

Mais alguns exemplos de “profecias historicizadas”, em narrativas do Novo Testamento, com base na distinção feita por John Dominic Crossan (“O PAPA DO JESUS HISTÓRICO”), entre “História Relembrada” e “Profecia Historicizada”.

“História Relembrada” refere-se a fatos, enquanto “Profecia Historicizada” refere-se a narrativas criadas pelos autores cristãos para fazer cumprir determinadas escrituras do Antigo Testamento. O Novo Testamento (particularmente o Evangelho de Mateus) contém muitas “profecias historicizadas”. Como vimos, de acordo com os estudos do renomado teólogo e historiador John Dominic Crossan, os relatos da paixão-ressurreição de Jesus são apenas 20% “história relembrada” e 80% “profecia historicizada” (ver John Dominic Crossan, em sua obra Quem Matou Jesus? As Raízes do Anti-Semitismo na História Evangélica da Morte de Jesus).

PASSAGENS DE ISAÍAS INTERPRETADAS COMO SE REFERINDO A JESUS

Várias passagens de Isaías, particularmente as referentes ao “servo sofredor” (Isaías 53), são interpretadas pelos escritores cristãos como se referindo ao sofrimento redentor de Jesus. Isso, porém, não é “história relembrada” (verdade histórica), mas “profecia historicizada”. Leiamos, a seguir, algumas passagens do chamado Segundo Isaías que parecem referir-se ao sofrimento redentor de Jesus:

“Ofereci o dorso aos que me feriam e as faces aos que me arrancavam os fios da barba; não ocultei o rosto às injúrias e aos escarros” (Isaías 50,6). [...] “E no entanto, eram as nossas enfermidades que ele levava sobre si, as nossas dores que ele carregava” (Isaías 53,4). “Mas ele foi trespassado por causa de nossas transgressões, esmagado em virtude das nossas iniqüidades. O castigo que havia de trazer-nos a paz caiu sobre ele, sim, por suas feridas fomos curados. Todos nós como ovelhas, andávamos errantes, seguindo cada um o seu próprio caminho, mas Iahweh fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós. Foi maltratado, mas livremente humilhou-se e não abriu a boca, como um cordeiro conduzido ao matadouro” (Isaías 53,5-7). [...] “Deram-lhe sepultura com os ímpios, o seu túmulo está com os ricos” (Isaías 53,9).

Passagens como essas, do “servo sofredor” do chamado Segundo Isaías, que descrevem alguém que sofre, marcaram o modo como os cristãos contaram suas histórias da paixão de Jesus. Mateus, por exemplo, escreveu:

“E cuspiram-lhe no rosto e o esbofetearam. Outros lhe davam bordoadas” (Mateus 26,67); [...] “E cuspindo nele, tomaram o caniço e batiam-lhe na cabeça. Depois de caçoarem dele, despiram-lhe a capa escarlate e tornaram a vesti-lo com as suas próprias vestes, e levaram-no para o crucificar” (Mateus 27,30-31). [...] “Chegada a tarde, veio um homem rico de Arimatéia, chamado José, o qual também se tornara discípulo de Jesus. E dirigindo-se a Pilatos, pediu-lhe o corpo de Jesus. Então Pilatos mandou que lhe fosse entregue. José, tomando o corpo, envolveu num lençol limpo e o pôs em seu túmulo novo, que talhara na rocha” (Mateus 27,57-60).

Não é por acaso que os relatos da crucificação e morte de Jesus sejam tão parecidos com Isaías 53: Mateus, baseado em Marcos, estava pensando no “servo sofredor” de Isaías 53, enquanto escrevia sobre o sofrimento de Jesus, embora saibamos que as referidas passagens de Isaías 53 não se referem a Jesus, mas a Israel, que tinha sido levado para o exílio de Babilônia, cerca de seis séculos antes do nascimento de Jesus. O próprio Isaías afirma claramente que o “servo” de Iahweh é Israel: “Tu és meu servo, Israel” (Isaías 49,3); “E tu, Israel, meu servo” (Isaías 41,8).

A afirmação de Mateus de que José de Arimatéia depositou Jesus “em seu túmulo novo, que talhara na rocha”, é um acréscimo, pois não se encontra em nenhum outro evangelista. Além disso, tudo indica mesmo que Mateus quis simplesmente fazer cumprir-se aqui, como em muitas outras passagens de seu evangelho, mais uma “profecia historicizada”, para provar que Jesus era a figura do “servo sofredor” de Isaías 53: “Deram-lhe sepultura com os ímpios, o seu túmulo está com os ricos” (Isaías 53,9).

Outro importante exemplo de “profecia historicizada” em Mateus (ver Mateus 1,23), é a famosa profecia de Isaías (Isaías 7,14): “A virgem ficará grávida e dará à luz um filho, e chamará Emanuel [= Deus conosco]”.

Como já vimos, Mateus quis ver essa profecia cumprida no suposto nascimento virginal de Jesus, embora essa profecia não se refira a Jesus, nem à sua mãe, mas ao próprio Isaías, que se casou com uma jovem (“almah” na versão original hebraica de Isaías), e não com uma virgem (“parthénos”, como na tradução errada da versão grega dos Setenta de Isaías), da qual teve um filho, cujo nome, Maer-Salal-Has-Baz (que significa “Pronto-saque-próxima-pilhagem”), foi dado pelo próprio Javé (cf. Isaías 8,3), também chamado pelo profeta Isaías de Emanuel (= Deus conosco (cf. Isaías 8,8 e 8,10). Além disso, a tradução de Mateus, “... e o chamarão com o nome de Emanuel” (Mateus 1,23), está totalmente errada, pois, no texto grego mais antigo de Isaías, como se encontra no Códice Sinaítico, a frase correta é esta: “kai kalesei to onoma Immanuel”, que siginifica: “E Emanuel [=Javé] por-lhe-á o nome”, com a forma verbal (kalesei) na 3ª pessoa do singular, e não na 3ª pessoa do plural (kalesousin), como erroneamente alterado e traduzido por Mateus, para provar que a referida profecia se referia a Jesus, nascido de um parto virginal e, por isso, chamado de Emanuel (= Deus conosco), invertendo assim completamente o sentido do texto grego original de Isaías. Esse é, portanto, para concluir, não apenas mais um exemplo de “profecia historicizada”, no Evangelho de Mateus, mas um exemplo clássico de um texto bíblico mal-traduzido e alterado para satisfazer interesses cristãos.




O Período Negro da História do Cristianismo

Sem querer agredir a fé cristã dogmática (a qual merece todo o nosso respeito), nem diminuir o valor histórico do cristianismo e da Igreja Católica, mas apenas contribuir para o diálogo inter-religioso, a fim de buscarmos o conhecimento da verdade que nos liberta (“Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”), resumo nesta semana alguns dos principais dados da história negra do cristianismo dos cristãos, dados esses que comprovam minha tese de que essa modalidade de cristianismo não pode ter sido fundada pelo verdadeiro Jesus de Nazaré, o qual resumiu toda a sua doutrina religiosa na prática do amor: “Nisto reconhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns pelos outros” (João 13,35). “Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros” (João 13,34). “Amarás ao Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu sentimento e com toda a tua força.

Este é o primeiro e mais sublime preceito, porém é igual a este: amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Lucas 10,27; Mateus 22,37). Essa foi a verdadeira religião ensinada e vivida por Jesus. Uma religião essencialmente moral, moral religiosa, a qual foi destruída ao longo de dois mil anos pelos cristãos paulinistas. Os dados bárbaros da história negra do cristianismo, que apresentarei abaixo (apoiado em Riboni), contradizem abertamente a religião do amor ensinada e vivida por Jesus. Que o leitor reflita e, ao término da leitura, responda a essa pergunta: É possível conciliar as barbaridades cristãs com a religião do amor autenticamente ensinada e vivida por Jesus?

1) Desde o início da nossa era, os cristãos paulinistas (assim como os judeus) sempre foram superexclusivistas e intolerantes para com os seguidores de outras religiões, uma vez que, para os cristãos paulinistas, Jesus era (e é) o único Deus encarnado, o único salvador e o único Senhor. Logo, o cristianismo paulinista já era considerado, naquela época, a única religião verdadeira. Por causa desse exclusivismo religioso, os cristãos começaram a querer proibir os cultos de deuses que não o seu, o qual eles insistiam ser o “único Deus”. Essa intolerância começou a contrariar a justiça romana, que defendia, nos três primeiros séculos, a liberdade de culto de qualquer religião. Mas, por causa da intolerância de muitos cristãos, a justiça romana começou a puni-los. A propaganda cristã inverte habilmente a situação, declarando “mártires” os condenados pela justiça romana, inventando o mito ou a lenda de que eles foram executados por terem “recusado a renegar a fé”. (Ver RIBONI, “A Página Negra do Cristianismo”, p. 2).

2) No começo do século IV, no ano 312, estourou uma luta enfurecida, entre dois grupos de cristãos, em torno da crença na divindade de Cristo. Ário (padre alexandrino) e seu grupo defendiam a tese de que Cristo não era filho natural de Deus, mas apenas filho adotivo de Deus. Os teólogos romanos se opuseram a esta doutrina, defendendo a tese paulina de que Jesus era uma divindade, o que fez o imperador romano Constantino convocar um Concílio Ecumênico, no ano 325, para dogmatizar a divindade de Cristo. Mas essa luta em torno da divindade de Cristo perdura até hoje, tendo custado muito sangue e provocado um ódio terrível entre os próprios cristãos e, mais ainda, entre cristãos e não-cristãos (ver meu livro Entrevistas com Jesus: reflexões ecumênicas).

3) Indubitavelmente, os maiores conflitos ideológicos entre os cristãos dos primeiros três séculos foram quase todos relacionados com a definição da verdadeira identidade (ou natureza) de Jesus. Houve muita briga entre padres, bispos e papas, o que resultou, finalmente, através de formulações dogmáticas, na excomunhão e condenação de todos aqueles que se opuseram a crer na pessoa mítica de Cristo, como definida pelos que detinham o poder político-religioso da época.

4) No fim do século IV, surgiu a questão em torno da divindade do Espírito Santo, negada por Macedônio, bispo de Constantinopla, fazendo com que o imperador Teodósio convocasse um novo Concílio Ecumênico, no ano 381, para declarar o dogma da divindade do Espírito Santo. Esse novo dogma gerou (e continua gerando) novos ódios e novas perseguições, incluindo muitas mortes em nome da verdadeira fé cristã. Em lugar da caridade, não se viu mais que uma disputa bárbara entre as distintas igrejas cristãs, condenando-se mutuamente.

5) Depois que o cristianismo paulinista se tornou a religião oficial do Império Romano, no final do século IV, todas as outras religiões passaram a ser desprezadas, seus templos destruídos. Somente a religião cristã era a verdadeira religião. Esse exclusivismo da religião cristã deu origem a inúmeros massacres e mortes de não-cristãos, “pagãos”, “infiéis”, “hereges”, “bruxas”, “feiticeiras” etc.

6) No final do século IV (ano 389), Teófilo, hoje Santo Teófilo, apoiado pelo imperador Teodósio, foi nomeado patriarca de Alexandria e inicia uma violenta campanha de destruição de todos os templos e santuários não-cristãos. Deve-se a ele a destruição do templo de Serapis e da famosa Biblioteca de Alexandria, no ano 391 (cf. RIBONI, p. 3).

7) No início do século V (ano 412), “Cirilo, hoje Santo Cirilo, doutor da Igreja, é nomeado bispo de Alexandria e sucede a seu tio Teófilo. Excita os sentimentos anti-semitas difundidos entre os cristãos da cidade e, à frente de uma multidão de cristãos, incendeia as sinagogas da cidade e faz fugir os judeus. Em seguida, encoraja os cristãos a tomar os bens dos fugitivos, deixados para trás” (RIBONI, p. 3).

8) A Igreja Católica tem uma longa história de perseguição aos seus dissidentes, tachados de “hereges”, sobretudo através da chamada “Santa Inquisição” (também denominada de “Tribunal do Santo Ofício), instituição católica responsável pelo extermínio de muita gente ao longo de 600 anos (1226-1826).
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9) “As inquisições católicas, em seu todo, mataram centenas de milhares de católicos dissidentes, hereges e supostos bruxos (alguns estudiosos falam em mais de um milhão). Começando na França, no século XIII, as inquisições eram uma rede de tribunais autorizados pelos papas para investigar os acusados de heresia. [...] Os inquisidores eram padres que não tinham escrúpulos de usar tortura para arrancar confissões. A violência e as execuções só chegaram ao fim quando a última vítima foi enforcada em Valência, em 1826” (CORNWELL, John. Quebra da Fé: O Papa, o Povo e o Destino do Catolicismo. Rio de Janeiro: Imago, 2002, p. 213).

10) Durante toda a Idade Média (séculos V a XV), a Igreja impõe o seu domínio sobre a sociedade. No dizer de Riboni, “é também nessa época que se desenvolve o que se tornará uma das mais ricas tradições cristãs: queimar pessoas vivas. Cerca de um milhão de “bruxos” são torrados durante a Idade Média. As cidades concorrerão para tentar bater recordes de quantidade de bruxos queimados por ano. O recorde foi estabelecido pela cidade de Bamberg, sede do episcopado, que conseguiu assar 600 feiticeiros num só ano” (RIBONI, p. 4).

11) A partir do século XII (precisamente em 1184) foi instituída a chamada “Santa Inquisição”, tribunal eclesiástico para preservação e defesa da religião católica, órgão permanente de investigação e combate às heresias, com a pena de morte para quem ousasse discordar de alguma verdade da Igreja Católica. Foi, sem dúvida alguma, a época mais terrível na história do cristianismo mítico. A fé havia que ser mantida pela coerção. As discordâncias religiosas eram abafadas por ameaças de excomunhão, tortura ou até de morte. Quem fosse declarado culpado, além de ter seus bens confiscados, era executado no garrote ou na fogueira em praça pública.

12) O emprego da tortura foi oficialmente sancionado pelo papa Inocêncio IV em 1252. No ano de 1480, a Inquisição se instalou na Espanha e em 1540 em Portugal. Calcula-se que mais de quarenta mil “hereges” foram queimados nestas duas inquisições.

13) No início do século IX (ano 804), “o imperador cristão Carlos Magno converte grande número de cristãos, propondo-lhes a seguinte escolha: converter-se ao catolicismo ou serem decapitados. Vários milhares de cabeças caem, com a bênção da Igreja: os sacerdotes presentes participam da jogada do imperador” (RIBONI, p. 4).

14) Durante seus 46 anos de reinado, o imperador cristão Carlos Magno promove mais de 50 guerras para expandir o cristianismo e impor sua hegemonia ao Ocidente. Conquista a Saxônia, apodera-se da Catalunha, da Baviera, da Lombardia e da Frísia e luta contra árabes na região dos pirineus.

15) No século XI (ano 1054), ocorre, sobretudo por causa de uma pequena divergência teológica com relação à Trindade, a primeira grande divisão do cristianismo, ou seja, o cisma entre o Oriente (com sede em Constantinopla) e o Ocidente (com sede em Roma). As duas sedes se excomungam mutuamente. O cisma provocou mortes por quase mil anos, até aos anos 1990, com as guerras nos Balcãs, ex-Iugoslávia, de católicos contra ortodoxos (cf. RIBONI, p. 4).

16) No final do século XI (1095), a Igreja lança as Cruzadas, guerras santas contra os muçulmanos na Idade Média, que resultaram em milhares de mortes, entre os anos 1095 a 1270, com a finalidade de reconquistar Jerusalém e o túmulo de Cristo sob o poder dos muçulmanos. Segundo Riboni, “estima-se em 70.000 o número de civis massacrados. A última fase do massacre passa-se nas sinagogas e mesquitas da cidade, onde os habitantes aterrorizados se refugiaram: pensam que o caráter religioso dos locais possa inspirar os piedosos cruzados à clemência. Nada disso acontece; os cruzados entram e transformam os locais de culto em vastas carnificinas” (RIBONI, p. 4).

17) No início do século XIII (ano 1209), ocorre, por iniciativa do papa Inocêncio III, a terrível cruzada contra os cátaros e albigenses, membros de uma seita cristã, conhecida por “catarismo”, que discordava de alguns dogmas da Igreja. Toda a população dos cátaros e albigenses (cerca de 30 mil pessoas, incluindo homens, mulheres, crianças e idosos) foi cruelmente exterminada por ordem da Igreja.

18) Em meados do século XIV (anos 1347-1354), reina em toda a Europa os chamados “pogroms” (Movimentos populares de violência contra os judeus). Assim, por exemplo, os judeus foram acusados pelos prelados católicos de envenenar os poços de água que teriam causado uma grande epidemia de peste no continente. Esse boato espalha-se por toda a Europa. Na Alemanha contam-se 350 comunidades judias totalmente destruídas pelos “pogroms” nesse período (cf. RIBONI, p. 5).

19) No final do século XV (ano 1483), o monge dominicano Tomás de Torquemada é nomeado pela Igreja para ser o Grande Inquisidor de Castela. “Esse monge dominicano faz uma ampla uitilização da tortura e da confiscação dos bens das vítimas. Estima-se em 20.000 o número de pessoas queimadas durante o seu mandato” (RIBONI, p. 5).

20) Ainda no final do século XV, com a descoberta da América por Cristóvão Colombo, começa a triste história da trágica cristianização dos índios americanos, “onde os episódios do Paraguai e as perseguições aos índios Pueblo serão alguns dos mais trágicos” (RIBONI, p. 6).

21) No finalzinho desse mesmo século XV (ano 1499), acontece “o maior auto de fé que a História registra. Em um só auto de fé, o inquisidor Diego Rodrigues Lucero queima vivos nada menos que 107 judeus convertidos ao cristianismo, em Córdova” (RIBONI, p. 6).

22) Na primeira metade do século XVI, ocorreu a segunda maior divisão do cristianismo paulinista, com a Reforma Protestante ou Protestantismo na sua tríplice divisão: luteranismo (1517), calvinismo (1536) e anglicanismo (1534), com as múltiplas ramificações que se originaram dessas três alas principais do protestantismo.

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23) Martinho Lutero “inaugura o maior cisma da cristandade: durante os séculos seguintes, os cristãos vão se massacrar mutuamente ainda com mais entusiasmo do que quando eles matavam e queimavam os não-cristãos, os hereges, as bruxas, os judeus e muçulmanos convertidos etc. Lutero escreverá e dirá diversas vezes que era necessário queimar as sinagogas e escorraçar os judeus das cidades” (RIBONI, p. 7).

24) Os pontos doutrinários divergentes entre católicos e protestantes (não-liberais) não se restringem, quase que exclusivamente, à interpretação da verdadeira identidade (ou natureza) de Jesus, como ocorreu nos primeiros sete séculos do cristianismo. Católicos e protestantes estão, de modo geral, unidos quanto à natureza essencial do “Cristo da fé”, exceção feita aos protestantes liberais e a vários teólogos cristãos pluralistas, os quais questionam e rejeitam os dogmas essenciais do cristianismo paulinista, como a suposta natureza divina de Jesus e, conseqüentemente, a trindade, o pecado original, o batismo, a redenção pelo sangue de Cristo e outros dogmas menores. As divergências comuns a todos os protestantes, em relação aos católicos, referem-se, sobretudo, à autoridade e ao magistério da Igreja Católica, aos sacramentos, ao culto dos santos, à crença no purgatório etc.

25) Os reformadores protestantes argumentavam que o cristianismo tinha se corrompido e que era necessário que ele voltasse à sua pureza primitiva. Defendiam a tese de que a Bíblia é a única fonte de fé e, por isso, não necessitam da Tradição nem do Magistério da Igreja Católica.

26) A partir da Reforma Protestante, inúmeras foram as brigas e guerras violentas entre católicos e protestantes.

27) Em 1527, ocorreu o saque de Roma, no qual “os soldados protestantes massacraram a totalidade da população de Roma, umas 40.000 almas, e pilham a cidade. O papa é salvo pelos guardas suíços. Ele se fecha com eles no Castelo de Santo Ângelo, enquanto a população é massacrada” (RIBONI, p. 7).

28) Recordemos também a pavorosa matança da Noite de São Bartolomeu, ocorrida em 24 de agosto de 1572, em que, numa única noite, foram mortos por católicos cerca de cinco mil protestantes.

29) O calvinismo também criou um tribunal semelhante ao da Inquisição católica para julgar e condenar os culpados que persistissem no erro doutrinário. De 1541 a 1546, 58 sentenças de morte foram proferidas por esse tribunal. A tortura era aplicada com frequência. Em 1553, o humanista e médico espanhol Miguel Servet foi queimado vivo, por ter negado o dogma da Santíssima Trindade. “Esse é somente um dos 15 hereges que o reformador [Calvino] fez executar durante a sua ditadura sobre Genebra” (RIBONI, p. 7).

30) A Reforma Protestante dividiu quase metade do mundo cristão: Separaram-se: Alemanha, Inglaterra, Suíça, Dinamarca, Noruega, Suécia, grande parte da Holanda e Polônia. Ademais, a maior parte da América do Norte aderiu ao protestantismo.

31) A partir da Reforma Protestante, o único progresso da Igreja Católica foi na América do Sul, onde os pregadores da Cruz impuseram aos índios a religião católica com a espada à mão.

32) A falta de amor se mostrou também no seio de cada um dos povos cristãos, tendo a Igreja ficado do lado dos ricos, contra os pobres, fomentando assim a luta social que caracteriza a história de cada povo, e que hoje constitui o problema mais sério do mundo.

33) A grande falta de amor entre cristãos é exemplificada também nas duas guerras mundiais do século XX, entre povos cristãos, que mataram cerca de 70 milhões de pessoas. Os que lançaram a bomba atômica sobre Hiroshima e Nagasaki também acreditavam em Deus e se diziam “cristãos”. Os que exterminaram seis milhões de judeus (e um milhão e meio de ciganos) durante a Segunda Guerra Mundial também tinham “uma religião” (Hitler era católico) e os que atualmente exploram os países do Terceiro Mundo são quase todos “cristãos”, no sentido paulinista do termo. Os que escravizaram e exterminaram milhares de africanos e de índios durante o período da escravatura no Brasil e nas Américas também acreditavam em Deus e diziam-se “cristãos”. De que adianta crer em Deus e vivenciar o desamor, o ódio, as guerras, os preconceitos e a discriminação?

34) Tudo isso ocorreu (e continua ocorrendo) neste planeta porque as pessoas que se dizem “religiosas” ou “cristãs” ainda não entenderam que a “verdadeira religião” não consiste essencialmente em “crenças”, mas na “vivência do amor”.

35) Em 1571, a Igreja criou a lista de livros proibidos para católicos, o chamado Índex (Index Additus Librorum Prohibitorum), cuja última edição foi publicada em 1961. Inúmeros livros fizeram parte dessa lista. O católico que lesse livros dessa lista estaria cometendo pecado grave.

36) Em 1572, o papa Pio V, santo da Igreja Católica, “vangloria-se publicamente diversas vezes de ter, durante a sua carreira de inquisidor, colocado fogo com suas próprias mãos em mais de 100 fogueiras de hereges que ele mesmo acusara, confundira e condenara” (RIBONI, p. 8).

37) Desde o fim do século XVI até o início do século XVIII,“os exploradores espanhóis, sempre acompanhados de monges e padres, entram em contato com a tribo dos Pueblo, no território que hoje pertence ao estado americano do Novo México. [...] Estes pacíficos agricultores logo se tornam objeto de atenção dos padres espanhóis, impacientes por substituir o culto do Pai Céu e da Mãe Terra por aquele de cujo deus se bebe o sangue durante as cerimônias: os pajés índios são acusados de bruxaria e executados. [...] Os padres diziam que a religião dos índios era a das trevas, pois era sempre à noite, enquanto que o cristianismo era a religião da luz, pois se come a carne e se bebe o sangue do deus cristão em pleno dia. Diversas revoltas sangrentas pontuam a cristianização dos Pueblo” (RIBONI, p. 8).
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38) No século XVI, Galileu Galilei (1564-1642), um dos fundadores da Ciência Moderna, confirmou, de maneira irrefutável, a tese de Nicolau Copérnico (1473-1543), segundo a qual a Terra não era o centro do Universo, como sustentavam Ptolomeu e as igrejas cristãs. Católicos e protestantes não podiam aceitar a tese revolucionária de Copérnico, comprovada cientificamente por Galileu, porque essa teoria contradizia o que ensinava a Bíblia. Condenado pela Inquisição da Igreja Católica – o maior poder monárquico e absoluto da época – Galileu foi obrigado a negar a verdade do heliocentrismo em favor do erro do geocentrismo, defendido pelas igrejas cristãs. A Igreja Católica levou mais de 300 anos para reconhecer oficialmente seu erro, quando o papa João Paulo II, somente em 1997, decidiu tardiamente perdoar Galileu.

39) Por concordar com a visão copernicana (e também por ser reencarnacionista), o frade Giordano Bruno foi arrastado à Inquisição e, ao não concordar em retratar-se, foi queimado na fogueira em 1600. Também o filósofo natural italiano Lucilio Vanini, que diziam ter ensinado a identidade entre Deus e a natureza, foi queimado em Toulouse, em 1619. Em 1415, Jan Huss também fora condenado à pena de morte pela Igreja e queimado vivo na fogueira, como herege pertinaz.

40) No século XVII, ocorreu, na Alemanha, a guerra religiosa dos 30 anos, que reduziu à metade a população da Alemanha.

41) No século XVIII, no Paraguai, os católicos se massacram e se excomungam entre eles.

42) No século XIX (ano de 1847), a Suíça é dilacerada por uma guerra religiosa entre protestantes e católicos. “Os jesuítas, considerados responsáveis pela guerra, são expulsos da Suíça, e essa expulsão valerá até 1970” (RIBONI, p. 10).

43) No século XX, Hitler declara-se católico em seu livro “Mein Kampf, o livro onde ele anuncia o seu programa político. Também afirma nessa obra que está convencido de ser ele um “instrumento de Deus”. A Igreja Católica nunca colocou no seu Índex o livro “Mein Kampf”, mesmo antes da ascensão de Hitler ao poder. Podemos acreditar que o programa anti-semita do futuro chanceler não desagradava à Igreja. Hitler mostrará o seu reconhecimento tornando obrigatória uma prece a Jesus nas escolas públicas alemãs e reintroduzindo a frase “Gott mit uns” (Deus está conosco) nos uniformes do exército alemão (cf. RIBONI, p. 11).

44) No mesmo século XX, ocorre, na Espanha cristã, uma terrível guerra civil, liderada pelo general Franco. “A guerra faz mais de um milhão de mortos, e Franco fuzila todos os prisioneiros. Franco se mostrará reconhecido por seus aliados, nomeando diversos membros da Opus Dei para o seu governo. A influência da Opus Dei crescerá ao longo da ditadura franquista, ao ponto de se chegar a mais de metade dos ministros serem membros dessa venerável instituição católica” (RIBONI, p. 11).

45) “Durante a 2ª Guerra Mundial, o Vaticano [sob o pontificado do papa Pio XII] estava ciente do extermínio dos judeus pelos nazistas” (RIBONI, p. 11).

46) O catolicismo moderno (séc. XVII-XX) sofreu várias divisões: o Jansenismo, o cisma dos Velhos Católicos, divisões causadas pela Revolução Francesa, conflitos causados pelo Movimento Modernista, a Igreja Católica Apostólica Brasileira (ICAB), a Fraternidade São Pio X, os conflitos e divisões entre “católicos conservadores” e “católicos progressistas” etc.

47) A respeito dos conflitos ideológicos e/ou divisões entre “católicos conservadores” e “católicos progressistas”, convém lembrar que o papa progressista João XXIII, com a finalidade de reformar a Igreja Católica, convocou o Concílio Vaticano II (1962-1965), que propôs, de fato, uma série de reformas, as quais escandalizaram (e continuam escandalizando) a ala conservadora da Igreja (os chamados “católicos conservadores”). Por causa da forte reação dos conservadores, a maioria das reformas propostas pelo Vaticano II ficou só no papel, pois, na prática, a Igreja Católica, com os papas Paulo VI e João Paulo II, voltou a ser superconservadora, gerando dolorosos conflitos com os chamados “católicos progressistas”.

48) Em oposição aos católicos conservadores, que rejeitam os princípios básicos da modernidade, como liberalismo, relativismo, pluralismo e ecumenismo, formou-se a ala dos católicos progressitas, que defende esses mesmos valores da sociedade dos tempos modernos e que vive, por conseguinte, a fazer duras críticas ao conservadorismo da Igreja Católica, particularmente ao conservadorismo do papa João Paulo II e do cardeal Joseph Ratzinger (hoje o papa Bento XVI), alegando que eles fizeram retroceder a Instituição em vez de modernizá-la. Os católicos progressistas chegam mesmo a falar de um “colapso” da Igreja Católica.

49) Quase todos os teólogos ou intelectuais progressistas fizeram (ou continuam fazendo) duras críticas à ala conservadora da Igreja. Por isso, alguns dentre eles, como Hans Küng e Leonardo Boff, foram proibidos de ensinar como católicos. Enquanto Hans Küng continua na Igreja como padre, Leonardo Boff, um dos principais líderes da Teologia da Libertação, corrente teológica duramente reprimida (para não dizer extinta) por João Paulo II e Joseph Ratzinger (Bento XVI), deixou o sacerdócio.

50) Para concluir, eu pergunto ao leitor: Diante de tantos crimes, de tanto ódio, de tanto exclusivismo, de tantos preconceitos, de tantos genocídios hediondos cometidos pelos cristãos, e de tantas divisões entre os próprios cristãos, ao longo de dois mil anos de cristianismo, é possível ainda acreditar que o cristianismo dogmático tenha sido, de fato, fundado por Jesus? Essa modalidade de cristianismo é a Religião de Deus, mesmo sabendo, pela História, que ela é a instituição religiosa mais sangrenta do mundo?

quinta-feira, 18 de março de 2010

NVI ou NIV - NOVA INVENÇÃO INTERNACIONAL ?

EXPONDO OS ERROS DA NVI
(Nova Versão Internacional)


A Bíblia é a Palavra de Deus, inspirada, inerrante e infalível. Base de toda a nossa fé e prática (II Tm 3:16). Por isso o diabo tem investido na tentativa de danificá-la. Todo esforço tem sido feito para corroer a fé na sua inspiração, infalibilidade e autoridade, e na divindade de Cristo.
Se olharmos a História, veremos tentativas até de extirpar a Palavra de Deus. Não podendo destruí-la, o diabo tem investido na tentativa de enfraquecer as doutrinas cardeais dela, através das diversas versões, tendo como base fontes não fidedignas. Cabem algumas perguntas: "Por que tantas versões? Qual a origem das novas versões? Por que a Almeida Revista e Atualizada traz textos em colchetes? Por que a NIV suprime versículos inteiros?”

Quando se procura a respeito da origem das novas traduções, descobre-se que são grandemente baseadas na edição de um texto grego feita em 1881 por Westcott e Hort. Estes tomaram como base um grupo de manuscritos que representam uma pequena percentagem dos cerca de 4255 manuscritos existentes. Tal pequeno grupo de manuscritos havia sido rejeitado pela maioria dos crentes através dos séculos, porque não os consideravam dignos de confiança. A edição de Westcott e Hort tornou-se predominante nos modernos meios teológicos, trazendo grande prejuízo para as igrejas fieis. Essa edição geralmente é chamada de "Texto Crítico" (T.C.) ou (W.H.).

Antes do surgimento do T.C., as traduções tinham como base o "Textus Receptus" (T.R.). Em inglês a versão Rei Tiago e em português a Almeida Corrigida. (Sendo que, em 1994, foi lançada a Corrigida Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana, que é mais fiel aos originais). O T.R. foi organizado por Erasmo em 1516, representando a maioria esmagadora dos manuscritos, sendo usado pelas igrejas Batistas, evangélicas fiéis a Deus.
Meu propósito neste estudo é mostrar que as versões que têm por base o T.C. procuram enfraquecer diversas doutrinas como: divindade de Cristo, expiação por Cristo, Sua morte vicária, etc. Temos como exemplo os diversos textos em colchetes na versão Atualizada, querendo insinuar que podem ou não ser inspirados por Deus, Jo 7:53-8:11. Isto é um deboche à doutrina da preservação, Sl 119:89,152,160; Is 40:8; Mt 24:35; I Pe 1:23-25; Ap 22:18.19.

No ano 2000, foi lançada no Brasil a NVI (Nova Versão Internacional). Veja o que está no prefácio da New International Version, na sua 5ª impressão (Setembro/ 86):
"O texto em grego usado na tradução do NT foi um texto eclético... Onde os manuscritos existentes diferem. Os tradutores escolheram uma entre as leituras, de acordo com os consagrados princípios da crítica textual do Novo Testamento. Outro detalhe: As notas de rodapé chamam atenção para aqueles locais onde havia incerteza sobre em que consistia o texto original".

Isto é um ataque frontal à doutrina da preservação. Não podemos aceitar versões e/ou traduções que seguem a filosofia de equivalência dinâmica (que violenta o sentido original do texto).

Reparem, agora, o que está escrito na contra capa do Novo Testamento da NVI, em português, que foi lançado em nosso país em 1994. "Em 1991 deparei-me a primeira vez com a NVI. Logo verifiquei tratar-se de uma versão altamente precisa, tendo por princípio na sua tradução, a equivalência dinâmica. Considero-a a mais fiel”.

Vejamos os ataques dessas versões:
Ataques à DIVINDADE DE CRISTO:


Compare a NVI ante a Fiel também em Mc 9:24; Lc 23:42; At 8:37; 1 Co 15:47; Ap 1:11. Ademais, T.C. e NVI extirpam centenas dos títulos divinos: Senhor, Jesus, Cristo, Jesus Cristo, Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, etc.!):
João 3:13 Fiel = "Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, QUE ESTÁ NO CÉU." T.C. e NVI sacam do texto que Cristo "está no céu." Assim, anulam aqui (mesmo que não em toda a Bíblia), que Cristo é onipresente, é Deus! NVI: "Ninguém jamais subiu ao céu, a não ser aquele que veio do céu: o Filho do homem”.
At 9:5,6 "E ele disse: Quem és, Senhor? E disse O SENHOR: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. DURO É PARA TI RECALCITRAR CONTRA OS AGUILHÕES. E ELE, TREMENDO E ATÔNITO, DISSE: SENHOR, QUE QUERES QUE EU FAÇA? E DISSE-LHE O SENHOR: Levanta-te, e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém fazer." T.C. e NVI omitem aqui que Cristo é "o Senhor", é Deus, devemos-lhe imediata e total obediência! NVI ="Saulo perguntou: 'Quem és tu, Senhor?' Ele respondeu: 'Eu sou Jesus, a quem você persegue. Levante-se, entre na cidade; alguém lhe dirá o que deve fazer”.

Rm 14:10, 12 "Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de CRISTO. De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus" T.C. e NVI, no v. 10, adulteram "Cristo" para "Deus". Ora, como o juiz de v. 10 é o de v.12, T.C. e NVI aqui anulam uma fortíssima prova da divindade de Cristo, e que é a Ele que os crentes darão conta (para fins de galardão)! NVI = “Portanto, você, por que julga seu irmão? Ou por que despreza seu irmão? Pois todos compareceremos diante do tribunal de DEUS. Assim, cada um de nós prestará contas de si mesmo a Deus".
1Tm 3:16 "E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: DEUS se manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido acima na glória." T.C. e NVI (em nota de rodapé) põem em dúvida "Deus", trocando-o por "Aquele que", portanto destruindo aqui2 uma das maiores provas da divindade de Cristo! "Note que a NIV americana já trocou "Deus" por "aquele que", no corpo do texto!... NVI = "Não há dúvida de que é grande o mistério da piedade: aquele que foi manifestado em corpo, justificado no Espírito, visto pelos anjos, pregado entre as nações, crido no mundo, recebido na glória."
1 João 4:3 "E todo o espírito que não confessa que Jesus CRISTO VEIO EM CARNE não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que já está no mundo." T.C. e NVI aqui agradam as falsas religiões, pois anulam que Cristo veio em carne, extirpam que Jesus Cristo (mesmo sempre sendo 100% Deus) encarnou literalmente, teve e sempre terá corpo literal e será 100% homem! NVI: "mas todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus. Este é o espírito do anticristo, a cerca do qual vocês ouviram que está vindo, e agora já está no mundo."

ATAQUES À EXPIAÇÃO POR CRISTO ( E SÓ PELO SEU SANGUE):

Cl 1:14 "Em quem temos a redenção PELO SEU SANGUE, a saber, a remissão dos pecados;" T.C. e NVI tiram aqui que foi pelo derramamento do sangue de Cristo que nossos pecados foram expiados, Deus foi propiciado, nossa salvação foi comprada! NVI: "em quem temos a redenção, a saber, o perdão dos pecados." Nunca esqueçamos: Hb 9:22 "E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem derramamento de sangue não há remissão."!

Ataques à MORTE VICÁRIA DE CRISTO (em nosso lugar!):

1 Co 5:7 "Limpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado POR NÓS." T.C. e NVI tiram aqui que Cristo morreu "por nós", recebendo em nosso lugar o castigo que merecemos Is 53:5! NVI: "Livrem-se do fermento velho, para que sejam massa nova sem fermento, como realmente são. Pois Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi sacrificado."
1Pd 4:1 "Ora, pois, já que Cristo padeceu POR NÓS na carne, armai-vos também vós com este pensamento, que aquele que padeceu na carne já cessou do pecado;" Novamente, é pisado e tirado aqui que Cristo morreu "por nós", recebendo em nosso lugar o castigo que merecemos Is 53:5! NVI: "Portanto, uma vez que Cristo sofreu corporalmente, armem-se também do mesmo pensamento, pois aquele que sofreu em seu corpo rompeu com o pecado."

Ataques à doutrina da TRINDADE:

1 João 5:7-8 "Porque três são os que testificam NO CÉU: O PAI, A PALAVRA, E O ESPÍRITO SANTO; E ESTES TRÊS SÃO UM. E TRÊS SÃO OS QUE TESTIFICAM NA TERRA: o Espírito, e a água e o sangue; e estes três concordam num." T.C. e NVI arrancam aqui a mais explícita e uma das mais fortes provas da doutrina da Trindade! "Há três que dão testemunho: o Espírito, a água e o sangue; e os três são unânimes." Será que isto não equivale à Bíblia dos Testemunhas de Jeová? "Porque são três os...”

Ataques à inspiração da BÍBLIA:

Lc 4:4 "E Jesus lhe respondeu, dizendo: Está escrito que nem só de pão viverá o homem, MAS DE TODA A PALAVRA DE DEUS." T.C. e NVI extirpam aqui que viveremos de cada uma de todas as palavras da Bíblia, e que todas e cada uma delas são inspiradas por Deus! NVI: "Jesus respondeu: Está escrito: 'Nem só de pão viverá o homem".

Ataques à DOUTRINA DA SALVAÇÃO:

Compare a NVI ante a Fiel também em: Mt 9:13; 18:11):Mt 20:16 "Assim os derradeiros serão primeiros, e os primeiros derradeiros; PORQUE MUITOS SÃO CHAMADOS, MAS POUCOS ESCOLHIDOS." T.C. e NVI aqui tiram palavras de modo a gravemente enfraquecer a doutrina da salvação (mais especificamente, do chamamento e da eleição). NVI: "Assim, os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos”.

Mc 2:17 "E Jesus, tendo ouvido isto, disse-lhes: Os sãos não necessitam de médico, mas, sim, os que estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores AO ARREPENDIMENTO." T.C. e NVI extirpam aqui a indispensabilidade de verdadeiro arrependimento, para salvação! NVI:"Ouvindo isso, Jesus lhes disse: 'Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Eu não vim para chamar justos, mas pecadores”.

João 3:15 "Para que todo aquele que nele crê NÃO PEREÇA, mas tenha a vida eterna." T.C. e NVI extirpam aqui que quem não crer perecerá (sofrerá eternamente no lago de fogo, esta é a morte eterna)! NVI: "Para que todo o que nele crê tenha vida eterna".
João 6:47 "Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê EM MIM tem a vida eterna." T.C. e NVI suprimem aqui2 "em mim", favorecendo o universalismo, que basta crer em algo ou alguém, seja o que ou quem for, não indispensavelmente em Cristo! NVI: "Asseguro-lhes que aquele que crê tem a vida eterna.”
At 8:37 "E DISSE FILIPE: É LÍCITO, SE CRÊS DE TODO O CORAÇÃO. E, RESPONDENDO ELE, DISSE: CREIO QUE JESUS CRISTO É O FILHO DE DEUS." T.C. e NVI tiram aqui todo o verso do texto principal, anulando que batismo vem depois da salvação, e esta decorre de crer em Cristo e em tudo que Ele disse de Si, inclusive Sua divindade!

At 9:5-6 "E ele disse: Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. DURO É PARA TI RECALCITRAR CONTRA OS AGUILHÕES. E ELE, TREMENDO E ATÔNITO, DISSE: SENHOR, QUE QUERES QUE EU FAÇA? E DISSE-LHE O SENHOR: Levanta-te, e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém fazer." T.C. e NVI extirpam aqui, anulando que salvação vem da aceitação de Cristo como Senhor (a quem aceitamos como controlador absoluto) e como Deus!
NVI: "Saulo perguntou: 'Quem és tu, Senhor? ' Ele respondeu: 'Eu sou Jesus, a quem você persegue. Levante-se, entre na cidade; alguém lhe dirá o que deve fazer'."

Rm 8:1 "Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, QUE NÃO ANDAM SEGUNDO A CARNE, MAS SEGUNDO O ESPÍRITO." T.C. e NVI extirpam, aqui, que há, sim, condenação (não quanto à salvação, mas sim quanto à comunhão, correção, galardão, o ser usado por Deus) para o salvo que andar segundo a carne: At 5:1-10; 1Co 3:12,15; 5:9-10; Gl 5:16-18; 1Jo 3:20-21; 5:16!1 NVI:"Portanto, agora já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus”.

2Pd 2:17 "Estes são fontes sem água, nuvens levadas pela força do vento, para os quais a escuridão das trevas ETERNAMENTE se reserva." T.C. e NVI extirpam aqui que a condenação é eterna! (sem cessar de existir e sofrer)! NVI:"Estes homens são fonte sem água e névoas impelidas pela tempestade. a escuridão das trevas lhes está reservada."

Ataques à importância do JEJUM BÍBLICO:

Compare a NVI ante a Fiel também em: At 10:30-31; 1 Co 7:5):Mt 17:21 "mas esta casta de DEMÔNIOS não se expulsa senão pela oração e pelo jejum." T.C. e NVI (em nota de rodapé) põem séria dúvida sobre todo o verso, enfraquecendo aqui a necessidade da arma oração + jejum. Quem teria interesse nisto, senão o nosso inimigo?! (ver Ef. 6.12).

Mc 9:29 "E disse-lhes: Esta casta não pode sair com coisa alguma, a não ser com oração E JEJUM." T.C. e NVI (em nota de rodapé) põem em dúvida "e jejum", enfraquecendo que jejuar é indispensável contra certos demônios.

GRAVÍSSIMAS CONTRADIÇÕES:

(T.C. se contradiz a si próprio! Bíblias – T.C., idem):
Mt 27:34 "Deram-lhe a beber VINAGRE misturado com fel; mas ele, provando-o, não quis beber." T.C. e NVI adulteram "vinagre" para "vinho", contradizendo frontalmente Sl 69:21! NVI: "Ali lhe deram para beber VINHO misturado com fel; mas, depois de prová-lo, recusou-se a beber".

Mc 1:2-3 "Como está escrito NOS PROFETAS: Eis que eu envio o meu anjo ante atua face, o qual preparará o teu caminho diante de ti. Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, Endireitai as suas veredas.." T.C. e NVI adulteram "nos profetas" para "no profeta Isaías", criando grave contradição ao citarem de Ml 3:1 (além de Is 40:3)! NVI: "Conforme está escrito no profeta ISAÍAS: 'Enviarei à tua frente o meu mensageiro; ele preparará o teu caminho' “voz do que clama no deserto: preparem o caminho para o Senhor, endireitem as veredas para ele”.
2Ts 2:8 "E então será revelado o iníquo, a quem o Senhor DESFARÁ pelo assopro da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda;" T.C. e NVI adulteram "desfará" para "matará", contradizendo frontalmente Ap 19:20 ("lançados vivos...")!

Do mesmo modo que os crentes vivos por ocasião do Arrebatamento terão seus corpos transformados em imortais e para a glória eterna, sem experimentarem antes a morte física, o anticristo e o falso profeta terão seus corpos transformados em imortais e para o sofrimento eterno, sem experimentarem antes a morte física. Mas a NVI diz: “Então será revelado o iníquo, a quem o Senhor Jesus MATARÁ com o sopro de sua boca, e destruirá, pela manifestação de sua vinda”.

Contraste a NVI ante a Fiel também em: Mt 5:22 (Jesus irou-se em Mc 3:5, mas com motivo). Lc 4:44 contra Mt 4:23 + Mc 1:39. Mt 19:17 contra Mc 10:18 + Lc 18:9. Mt 10:10 contra Mc 6:8.

OUTROS ERROS:

Mt 1:25 "E não a conheceu até que deu à luz seu filho, O PRIMOGÊNITO; e pôs-lhe por nome Jesus." T.C. e NVI agradam o romanismo, extirpando aqui que Jesus foi o primeiro entre os vários filhos de Maria. NVI: "Mas não teve relações com ela enquanto ela não deu à luz um filho. E ele lhe pôs o nome de Jesus."

1 Co 6:20 "Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, E NO VOSSO ESPÍRITO, OS QUAIS PERTENCEM A DEUS." T.C. e NVI extirpam aqui algumas das revelações de Deus mais preciosas e confortadoras às nossas almas! NVI: "Vocês foram comprados por alto preço. Portanto, glorifiquem a Deus com o corpo de vocês”.

1Tm 6:5 "Contendas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade seja causa de ganho; APARTA-TE DOS TAIS." T.C. e NVI extirpam aqui que temos ordem de nos SEPARAR de todos "crentes" e "igrejas" que ensinam qualquer coisa que conflite com a Palavra de Deus. Qual texto favorece o Diabo e o erro?! NVI: "e atritos constantes entre homens de mente corrompida, privados da verdade, os quais pensam que a piedade é fonte de lucro.”
Ap. 11:17 "Dizendo: Graças te damos, Senhor Deus Todo-Poderoso, que és, e que eras, E QUE HÁS DE VIR, que tomaste o teu grande poder, e reinaste." T.C. e NVI extirpam aqui a segunda vinda de Cristo! NVI: "dizendo: Graças te damos, Senhor Deus Todo-Poderoso, que és e que eras, porque assumiste o teu grande poder e começaste a reinar."

OUTRAS AMPUTAÇÕES:

Somente quanto a outros versos inteiros: T.C. e NVI, em notas de rodapé, põem sérias dúvidas (o que, em termos práticos, é idêntico a erradicar da Bíblia!) sobre Mc 16:9-20 e Jo 7:53-8:11 (24 versos!); Mt 12:47; 16:3; 17:21; 18:11; 21:44; 23:14; Mc 7:16; Lc 22:43-44; 23:34. Põem tão mais sérias dúvidas que já chegaram a realmente extirpar do texto principal e difamar dentro de rodapés: Mc 9:44,46 (repetições de Is 66:24); 11:26; Lc 17:36; 23:17; Jo 5:4; At 8:37; 15:34; 24:7; 28:29; Rm 16:24.
Ao todo, T.C. e NVI omitem (ou gravemente questionam, o que dá no mesmo) 55 versos completos, mais 147 versos quase completos.
Lembremos que o T.C., base preponderante da NVI, tem mais de 6000 palavras omitidas, 2000 adicionadas e 2000 adulteradas, totalizando mais de 10.000 (7% !) perversões das cercas de 140.000 santas palavras do Novo Testamento em grego!

CONCLUSÃO:


Tremamos ante Ap 22:18-19 + Pv 30:6 + Dt 4:2 (não adicionar/ subtrair). 2Co 2:17 (não corromper), e Rm 1:25 (não transformar a Bíblia em mentira)!
Minha intenção não é causar brigas e divisões no meio do povo de Deus. O alvo é despertar seminaristas e membros das igrejas, para se aprofundarem mais no assunto da crítica textual, assunto este, que por sinal tem sido ensinado com pouca profundidade em nossos seminários.

Deveríamos admitir que versões baseadas no T.C. não deviam ter entrado no meio “Fundamentalista”. Podemos afirmar que divisores, polarizadores e causadores de contenda são aqueles que, no passado, sutilmente infiltraram essas novas versões. E o nosso povo foi se acostumando gradativamente. Há pessoas sinceras que no passado repudiaram essas versões, mas com o passar do tempo foram aceitando. Não podemos ficar inertes diante de tamanho vilipêndio contra a Santa Palavra de Deus.

O Trabalho da Crítica Textual

A Crítica Textual

Introdução

Existe uma matéria bíblica que se encarrega da tarefa de dar ao leitor e exegeta o texto original da Bíblia. Ela se chama crítica textual. É uma matéria bíblica muito importante e ao mesmo tempo pouco conhecida pelo grande público. Essa é a razão pela qual escrevo esse artigo. Trataremos, neste momento, apenas aspectos teóricos e introdutórios e mencionaremos exemplos somente com o objetivo de mostrar a problemática, sem pretender dar soluções.

Hoje, em nossas casas, temos a Bíblia e poucas vezes nos interrogamos sobre o processo pelo qual passou o texto que lemos. A Bíblia foi escrita não como um único livro, mas é composta por diversos livros, que nasceram independentes um do outro e só mais tarde foram unidos e formaram um único volume. Cada livro tem uma história particular. Além disso, naquele tempo não existiam as editoras que faziam milhares de cópias idênticas do mesmo volume. Existia um original e este era copiado manualmente. Da primeira cópia nasciam outras e dessa forma se multiplicavam e acabaram chegando até nós. Ou seja, nós recebemos o texto graças às cópias transcritas do original, que hoje não existe mais.

Provavelmente você já experimentou copiar textos, com a mão ou digitando. Pode você imaginar quantos erros estamos sujeitos? Transcrevendo podemos confundir um “o” com um “a”, “e” com “l” ou até mesmo pular de uma linha diretamente para outra, deixando para trás algum pedaço do texto. Tudo isso acontecia também com quem copiava os textos bíblicos. E esses erros cresciam na medida em que as cópias aumentavam. Se o primeiro que copiou do original cometeu um erro, esse erro foi reproduzido na cópia seguinte onde provavelmente se acrescentaram outros erros.

Outra coisa que pode acontecer é que quem copia um texto eventualmente não concorda com aquilo que está escrito e resolve fazer uma “correção”. Façamos um exemplo, inventado, para deixar mais claro.

Em João 1 lemos: “O Verbo se fez carne”. Imaginemos que o copista que transcreveu o texto original pensasse: “Essa frase é muito vaga. Vamos acrescentar ‘em Belém’”. Neste caso poderíamos ter em nossas bíblias a seguinte frase: “O Verbo se fez carne em Belém”. Esse texto, contudo, não teria sido aquele escrito por João, mas se trataria de um acréscimo.

É aqui que entra em campo a crítica textual. Temos certeza que o texto que temos nas cópias que chegaram até nós é o texto original? A crítica textual procura desvelar todos os eventuais erros e nos entregar o texto original, aquele escrito pelo autor inspirado.

Algumas dificuldades com o texto bíblico.

Continuamos com exemplos mais concretos. O texto em hebraico do Antigo Testamento inteiro mais antigo que existe foi transcrito por volta do ano 1000 depois de Cristo (Código de Leningrado). Invés a Vulgata, tradução em latim da Bíblia feita por Jerônimo a partir dum texto hebraico do seu tempo, é do IV século. Quando você encontra uma discordância – e existem diversas – entre o texto em hebraico, do ano 1000, e a Vulgata, escrita 600 anos antes, o que fazer?

Outra dificuldade.

O livro do Sirácida (Eclesiástico) – presente somente nas bíblias católicas – chegou até nós através de manuscritos em grego. Todavia, em 1896 foi encontrado um manuscrito hebraico deste livro. Se confrontarmos o Sirácida grego com o Sirácida hebraico a diferença é expressiva. Como comportar-se? Qual texto terá que tomar como verdadeiro o biblista que decide fazer uma tradução para o português, que quer publicar uma Bíblia?

Outro exemplo, sem querer provocar polêmica, está na oração do pai nosso. Uso esse texto por que é bem conhecido e usado muitas vezes nas nossas orações.

Nas Bíblia católica é normal encontrar o seguinte texto em Mateus 6:
Eis como deveis rezar: Pai nosso, que estais no céu, santificado seja o vosso nome; venha a nós o vosso Reino; seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos ofenderam; e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. (Bíblia Ave Maria)

Entre nós evangélicos,lemos:

Portanto, orem assim: "Pai nosso, que estás no céu, que todos reconheçam que o teu nome é santo. Venha o teu Reino. Que a tua vontade seja feita aqui na terra como é feita no céu! Dá-nos hoje o alimento que precisamos. Perdoa as nossas ofensas como também nós perdoamos as pessoas que nos ofenderam. E não deixes que sejamos tentados, mas livra-nos do mal.

[POIS TEU É O REINO, O PODER E A GLÓRIA, PARA SEMPRE. AMÉM!]" (Bíblia Sagrada – (Nova Tradução na Linguagem de Hoje)

Há algumas frases que são diferentes, por questões de escolha do tradutor, e não nos interessam. Quero chamar a atenção para o último versículo da versão da NTLH, que coloquei em letras maiúsculas. Por que esse texto não aparece na versão católica e de onde ele vem?

Os textos mais antigos da Bíblia – Os textos de referência.

As testemunhas do texto bíblico podem ser divididas por material (pergaminho, papiro), formato (rótulo ou código), tipo de escritura (até o século X se usava a escritura em maiúsculo, em seguida se usou a letra minúscula), antigüidade (papiros até o século IV), conteúdo (alguns manuscritos trazem somente o Antigo Testamento, outros só os Evangelhos, outros apenas as cartas dos apóstolos...), língua (hebraico e hebraico ou traduções em latim, siríaco, copta, georgiano, armeno, etc.) e outros critérios.

Durante os séculos, os estudiosos da crítica textual descobriram, reuniram e catalogaram um número enorme de manuscritos bíblicos dos dois testamentos. Para o Novo Testamento, em 2005, existiam 5.745 manuscritos. Destes 118 são papiros, 317 Maiúsculos, 2877 minúsculos e 2433 lecionários. Esses manuscritos podem ser livros com toto o texto da Bíblia ou apenas fragmentos de papiros com poucas palavras de um versículo. Apenas poucos pedaços de textos são próximos ao período em que os textos originais foram escritos. Um dos textos mais antigos que temos do Novo Testamento é o papiro P45 (Chester Beatty Library, Irlanda), do fim do segundo século depois de Cristo, e contém pedaços de textos dos evangelhos.

Em relação ao Antigo Testamento o texto fundamental para nós hoje é o assim chamado Texto Massorético (TM), que é o fruto do trabalho de um grupo de escribas, os massoretas, que colocaram os sinais vocálicos para o texto hebraico. A língua hebraica não tem vogais e como na idade média não era mais falada, escrupulosos escribas se dedicaram a definir como deveria exatamente ser pronunciadas certas as palavras sagradas. Para tanto acrescentaram ao texto original sinais que ajudam na pronúncia das palavras e ajudam na correta interpretação do texto inspirado. Tais sinais são chamados “massoras”. Esse trabalho foi realizado entre os séculos VI e X depois de Cristo.

Na crítica textual é importante estabelecer qual é a relação entre o Texto Massorético e os textos originais, sobre os quais se basearam os massoretas para realizar seu trabalho. Tal objetivo se alcança através do estudo da história do texto do Antigo Testamento. A este propósito, poderíamos dizer, de forma breve, que existem 4 ramos que mostram formas diferentes deste texto: um texto que serviu de base para o trabalho dos massoretas, o “proto-massoretico”; a tradução grega, “Setenta”, realizada no século II antes de Cristo; os documentos encontrados em Qumran, próximo ao Mar Morto; o Pentateuco Samaritano, ou seja a Bíblia da comunidade samaritana, que conservou somente os 5 primeiros livros da Bíblia como escritura inspirada por Deus. De cada uma destas etapas existem manuscritos que ajudam o crítico textual a resolver os problemas que o texto põe.

Cada manuscrito encontrado ganhou um código particular. No início se começou nomeando os manuscritos mais antigos, os Maiúsculos, com letras, primeiro do alfabeto árabe e depois do alfabeto grego. Assim o Código Alexandrino recebeu como identificativo a letra “A” e o Sinaítico a letra alfa. Coma as letras não bastavam, foi decidido identificá-los com números, com um zero na frente. Os manuscritos mais recentes, os minúsculos, invés, foram identificados com números, sem o zero na frente. Os papiros são catalogados com a letra “P” seguida por um número. Para os textos antigos de versões em outras línguas usa-se outros códigos. Por exemplo, o “d” indica a Vetus Latina, enquanto que a Vulgata é indicada com “Vg”.

Edições críticas dos manuscritos – Stuttgartensia e Nestle-Aland
Quando alguém decide traduzir um trecho bíblico a partir do original precisa necessariamente entrar nesse mundo. Esses manuscritos estão espalhados pelo mundo, nos museus e bibliotecas. Obviamente o tradutor não pode visitar cada museu para ver as variantes e comparar um manuscrito com o outro e escolher qual texto tomar para a sua tradução. Esse trabalho já foi feito e é disponível em diversas compilações. Existem duas clássicas, uma para o Antigo e outra para o Novo Testamento. A Bíblia Hebraica Stuttgartensia é a obra de referência para as variantes do Antigo Testamento. Invés, para o Novo Testamento, é o assim chamado Nestle-Aland Novum Testamentum Graece. As duas edições reúnem todas as variantes de textos existentes. O editor escolheu um texto base (Codex Lenigradensis (L) para a Biblia Hebraica), mas na nota de rodapé e nas margens coloca todas as outras opções que existem, usando os códigos típicos dos manuscritos. Os tradutores das bíblias, invés de visitarem museus e bibliotecas atrás de manuscritos, usam essas edições a partir das quais realizam suas traduções.

O método da Crítica Textual

Como descobrir qual é o texto original, aquele escrito pelo autor inspirado? Para alcançar tal meta, a critíca textual realiza um trabalho crítico que segue critérios determinados, usando sobretudo uma metodologia baseada em comparações. As comparações são feitas entre os diferentes manuscritos que trazem a mesma citação. No processo de comparação existe um critério elementar e simples, mas ele é fundamental: o texto que explica melhor a origem das outras variantes tem boas chances de ser considerado o texto original.

Voltando ao exemplo fictício dado acima, se tivéssemos duas variações:

A - O Verbo se fez carne

B - O Verbo se fez carne em Belém

Como explicar “em Belém” na variante B e a ausência dessa indicação geográfica na variante A. Qual explica melhor a outra? Dificilmente a B consegue explicar a A, pois por que motivo teria o escriba deixado fora “em Belém”? Normalmente se acrescenta algo e não se tira. Todavia a variante A pode muito bem explicar a B. Um copista pode ter ficado insatisfeito com a frase e ter querido precisar o lugar onde o Verbo se encarnou. Por isso ele acrescentou “em Belém”. Portanto, neste caso, a variante A seria original, pois graças a ela se pode explicar por que surgiu a variante B.

Obviamente esse julgamento é auxiliado por outros critérios científicos. O exegeta precisa, em primeiro lugar, analisar o valor de cada testemunha, de cada manuscrito. Por exemplo, um texto presente em um manuscrito do III século tem muito mais valor do que um do X século.
Feito este passo, é necessário utilizar os critérios “internos”, ou seja, aquilo que tem a ver com a transcrição do texto, ou seja, aquilo que é provável que o copista tenha feito quando transcreveu. Nesse sentido existem diversos erros clássicos que foram cometidos: aplografia (uma palavra ou sílaba que ocorre duas vezes é escrita uma única), ditografia (uma palavra ou sílaba que ocorre uma única vez é repetida), parablepsis (quando uma palavra ou frase é repetida na mesma folha e o olho salta de um lugar para o outro, deixando para trás um pedaço do texto) e outros erros inconscientes. Existem ainda os erros deliberados, tais como o acréscimo, como no caso “em Belém”, a explicação de um texto teologicamente difícil onde o copista, com palavras suas, tenta elucidar o conteúdo.

Existem 4 regras clássicas para julgar o valor de uma variante:
1. Lectio difficilior – A variante mais improvável é aquela que pode ser original;
2. Lectio brevior – A frase mais breve tende a ser a original;
3. Lectio difformis – Dentro de um mesmo contexto, se uma frase é diferente e inovador, pode ser a original;
4. Ceterarum originem explicat – O princípio explicado acima: a variante que consegue explicar a gênesis das outras é a original.

Essa é a estrada pela qual passaram muitas das traduções que temos em nossas mãos, sem que seja percebida pelo leitor final. Conhecer esse processo certamente nos ajuda a valorizar o empenho dos tradutores e nos dá parâmetros para a escolha de uma versão para a nossa leitura pessoal. Além, obviamente, de permitir que interpretemos o texto de forma coerente com a intenção do autor.