terça-feira, 23 de abril de 2019

O Jesus Histórico: Um Manual - Gerd Theissen, Annette Merz

Pedro: Discípulo, Apostolo e Mártir - Oscar Cullmann

Programa Religare - Teologia e Literatura Infantil

Programa Ecclesia - O Santo Sudário

domingo, 21 de abril de 2019

Qual o Texto Original do Novo Testamento - Gilberto Pickering

Novo Dicionário Internacional de Teologia e Exegese do Antigo Testamento - Vol 1- Willem A. VanGemeren

Dicionario Enciclopédico da Bíblia - Johan Konings

Paulo - Apóstolo dos Gentios - Rinaldo Fabris

A Bíblia Não Tinha Razão - Israel Finkelstein, Neil Ascher Silberman

Comentário Bíblico São Jerônimo - Novo Testamento e Artigos Sistemáticos - Raymond E. Brown, Joseph A. Fitzmyer, Roland E. Murphy

As Formas literárias do Novo Testamento - Klaus Berger

A Palavra Inspirada, A Bíblia à Luz da Ciência da Linguagem - Alonso Schöel

O Endemoninhado Gadareno


Ao chegar ao outro lado, ao país dos gadarenos, vieram ao seu encontro dois endemoniados, saindo dos túmulos. Eram tão ferozes que ninguém podia passar por aquele caminho. E eis que puseram-se a gritar: 'Que queres de nós, Filho de Deus? Vieste aqui para nos atormentar antes do tempo?' Ora, a certa distância deles, havia uma manada de porcos que pastavam. Os demônios lhe imploravam, dizendo: 'Se nos expulsas, manda-nos para a manada de porcos' Jesus lhes disse: 'Ide'. Eles, saindo, foram para os porcos e logo toda a manada se precipitou no mar, do alto de um precipício, e pereceu nas águas."[Mateus 8:28-32]

"Navegaram em direção à região dos gerasenos, que está do lado contrário da Galileia. Ao pisarem terra firme, veio ao seu encontro um homem da cidade, possesso de demônios. Havia muito que andava sem roupas e não habitava em casa alguma, mas em sepulturas. Logo que viu a Jesus começou a gritar, caiu-lhe aos pés e disse em alta voz: 'Que queres de mim, Jesus filho do Deus altíssimo? Peço-te que não me atormentes' Jesus com efeito, ordenava ao espírito impuro que saísse do homem, pois se apossava dele com frequência. Para guardá-lo, prendiam-no com grilhões e algemas, mas ele arrebentava as correntes e era impelido pelo demônio para os lugares desertos. Jesus perguntou-lhe: 'Qual é o teu nome?' - 'Legião', respondeu, porque muitos demônios haviam entrado nele. E rogavam-lhe que não os mandasse ir para o abismo. Ora, havia ali, pastando na montanha, numerosa manada de porcos. Os demônios rogavam que Jesus lhes permitisse entrar nos porcos. E ele o permitiu. Os demônios então saíram do homem, entraram nos porcos e a manada se arrojou pelo precipício, dentro do lago, e se afogou."[Lucas 8:26-33]

"Chegaram do outro lado do mar, à região dos gerasenos. Logo que Jesus desceu do barco, caminhou ao seu encontro, vindo dos túmulos, um homem possuído por um espírito impuro: habitava no meio das tumbas e ninguém podia dominá-lo, nem mesmo com correntes. Muitas vezes já o tinham prendido com grilhões e algemas, mas ele arrebentava os grilhões e estraçalhava as correntes, e ninguém conseguia subjugá-lo. E, sem descanso, noite e dia, perambulava pelas tumbas e pelas montanhas, dando gritos e ferindo-se com pedras. Ao ver Jesus, de longe, correu e prostrou-se diante dele, clamando em alta voz: 'Que queres de mim, Jesus, filho do Deus altíssimo? Conjuro-te por Deus que não me atormentes!' Com efeito, Jesus lhe disse: 'Sai deste homem, espírito impuro!' E perguntou-lhe: 'Qual é o seu nome?' Respondeu: 'Legião é meu nome, porque somos muitos'. E rogava-lhe insistentemente que não os mandasse para fora daquela região. Ora, havia ali, pastando na montanha, uma grande manada de porcos. Rogavam-lhe, então, os espíritos impuros dizendo: 'Manda-nos para os porcos, para que entremos neles.' Ele o permitiu. E os espíritos saíram, entraram nos porcos e a manada - cerca de dois mil - se arrojou no precipício abaixo, e se afogavam no mar."[Marcos 5:1-13]

Comentário da Bíblia de Jerusalém sobre o relato de Marcos: "A aldeia de Gerasa, a atual Djerash, está situada a mais de 50 km do lago de Tiberíades, o que torna impossível o episódio dos porcos. É possível que Mc misture dois episódios distintos. Conforme o primeiro, Jesus teria realizado simples exorcismo, na região de Gerasa (vv. 1-8.18-20). Conforme o segundo (cf. Mt 8,28-34), Jesus manda os demônios para os porcos que se precipitam no lago." [Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2008, p.1765]

A interpretação típica desta passagem é a literal. Jesus encontra um possesso na região da Decápolis e pratica ali um exorcismo. Aquilo, no entanto, que parece ser mais um dos vários exorcismos praticados por Jesus pode, na verdade, ser outra coisa bem diversa daquilo que aparenta.

Essa passagem está cheia de possíveis complicadores, dado que não era de se supor a presença de uma criação de suínos entre judeus. De qualquer forma, para que possamos compreender a questão dos porcos, deve-se pontuar que a região de Gerasa (vista em Marcos) ou Gadara (vista em Mateus) fica na região da Decápolis (atual Jordânia), fora da Judeia. Logo, a presença de uma criação de porcos nessa região não é improvável, dado que era habitada por uma cultura não-judaica em sua maioria. Um outro dado relevante é a distância destas cidades até o mar. Gerasa fica a 48 km do Lago [mar] da Galileia. Fica também a uma distância semelhante do Mar Morto.Já Gadara fica a 9,6 km. Conferira aqui o mapa da região. Seria realmente um evento grotesco a imagem de 2 mil porcos percorrendo uma verdadeira maratona para se suicidarem.

Mateus nos fala sobre dois endemoniados. Essa parece ser, na verdade, uma opção redacional peculiar do evangelista. Da mesma forma encontramos dois cegos em Jericó (Mt 20,30) e dois cegos em Betsaida (9,29). Tais "duplos" parecem ser um recuro estilístico mateano.

Por outro lado, tal episódio é apenas a imagem de algo bem diverso daquilo que uma interpretação literal possa transparecer. Ela se refere ao império romano. Podemos encontrar referências no Talmud e em outros textos judaicos nos quais os gentios são associados chamados de porcos, cães ou bestas. Em uma destas passagens, encontramos: "As almas de não-judeus vem de espíritos impuros e são chamadas porcos" Talmud (Jalkut Rubeni gadol 12b). 

Na verdade, o próprio Jesus se referiu a eles nestas palavras [caso da mulher cananeia]. O nome do demônio que possuía o corpo daquele indivíduo (Mateus fala de dois endemoniados) nos dá a pista central - trata-se de uma legião. Não é atoa que se contava na casa dos milhares o seu número. Provavelmente o autor original de tal passagem se referia à X legião Fretensis.

Este texto não trata da expulsão física de demônios, mas é, na verdade, mapa cifrado da expulsão do império e da instauração do Reino de Deus, por Jesus. A saída do demônio é a libertação da opressão imposta pelo domínio romano.

Mas como poderíamos demonstrar tal hipótese?

Para tal, vamos observar alguns dados sobre a marcha das tropas romanas quando da guerra contra os judeus entre 66-73 d.C. Percebam como foi a política de destruição e terra arrasada imposta pelos Romanos à Gerasa e Gadara [segundo Flávio Josefo em seu Guerras Judaicas]:

Gerasa

"Ânio [o oficial comandante] tomou a cidade de assalto, matou mil jovens — todos aqueles que não tinham escapado —, aprisionou mulheres e crianças e permitiu que seus soldados saqueassem os bens. Finalmente incendiou as casas e marchou contra as aldeias circunvizinhas. Os que podiam, fugiram, os inválidos pereceram e tudo o que restou foi destruído pelas chamas" (G.J. 4.488-89) citado por HORSLEY, Richard & HANSON, John. Bandidos, profetas e messias: movimentos populares no tempo de Jesus. São Paulo: Paulus, 1995, p.190.

Gadara

A cidade de Gadara foi tomada pelos romanos sem muito esforço, dado que a elite da cidade secretamente fez um acordo com os romanos para protegerem seus bens. Porém... Os rebeldes fugiram da cidade... O que lhes foi feito?

"Vespasiano mandou Plácido com 500 homens de cavalaria e 3000 de infantaria perseguir aqueles que haviam fugido de Gadara... Quando os fugitivos subitamente viram a cavalaria em sua perseguição, invadiram uma aldeia chamada Betenabris antes de iniciar qualquer batalha. Plácido ordenou um ataque e após uma renhida batalha, que se estendeu até a noite, capturou as muralhas e toda a aldeia. Os não-combatentes foram mortos em massa, enquanto os fisicamente mais capazes fugiram. Os soldados saquearam as casas e depois incendiaram a aldeia. Entrementes, aqueles que tinham fugido agitaram a zona rural."

Acabaram pois se refugiando em Jericó:

"Plácido, baseando-se na sua cavalaria e animado por seus sucessos anteriores, perseguiu-os até o Jordão, matando a todos os que podiam capturar... Seu caminho até a região era um longo rastro de carnificina, e o Jordão... e o mar Morto ficaram cheios de cadáveres..." [G J, citado por HORSLEY, p.190-1]
Moeda romana - X Legião Fretensis

Sentiram alguma semelhança com uma grande trajetória percorrida pela legião perseguidora romana e pelos rebeldes perseguidos israelitas [De Gadara até ................................ os corpos serem jogados no mar] - boiando?

Nunca houve um tal milagre de Jesus expulsando um demônio chamado Legião de um possuído na região da Decápolis. E nem muito menos tais demônios entraram dentro de porcos que saíram percorrendo distâncias de 50 km até se jogarem ao mar. Nada disso aconteceu. Seria de fato a coisa mais maluca ver a enorme maratona dos milhares de porcos se jogando ao mar, praticamente enfartados de tanto correrem.


O relato dos evangelistas em nada tem a ver com um exorcismo praticado por Jesus pessoalmente. O que está contido nessa passagem é uma mensagem sutil de combate ao império romano. A região da Palestina está possuída. E este demônio é Roma. Gerasa e Gadara simbolizam o mal perpetrado pelo domínio.

O evento histórico da chacina e destruição em massa perpetrada pelas tropas e legiões de Vespasiano estão bem nítidos na pele do evangelista que está escrevendo pouco após tais chacinas. A perseguição e morte dos rebeldes israelitas por vários e vários Km até chegarem ao mar morto e ao Jordão são invertidos pela narrativa do evangelista.

A implantação do Reino de Deus significa a expulsão do demônio [Roma] - a Legião expulsa [os porcos gentios] se precipita ao mar. O evento histórico é revertido na ótica do evangelista. Na implantação do Reino de Deus, são os romanos [a legião de demônios] que serão expulsos e destruídos.

Ps. O recém-publicado texto: "Gadara, Gerasa, os porcos e a Legio Frentesis" por Jones F. Mendonça nos trouxe este novo insight sobre o símbolo da heráldica da X Legião Fretensis. Trata-se exatamente de um Javali ou Porco Selvagem.

sexta-feira, 19 de abril de 2019

Leitura Do Evangelho Segundo João I (capítulos 1-4) - Léon-Dufour

Curso Fundamental Da Fé - Karl Rahner

Os Evangelhos I - Giuseppe Barbaglio, Rinaldo Fabris e Bruno Maggioni

Quando os Cristãos Eram Judeus: A Primeira Geração - Paula Fredriksen


Quando os cristãos eram judeus": Paula Fredriksen sobre "A Primeira Geração"

O último livro de Paula Fredriksen é uma narrativa legível e bem ritmada das primeiras décadas do que se tornou o cristianismo, com muitos pontos positivos feitos: Quando os cristãos eram judeus: a primeira geração (Yale University Press, 2018). Destinado a uma ampla gama de leitores, as principais ênfases do livro se baseiam em seus estudos anteriores e mais detalhados: Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus: Uma Vida Judaica (1999), e Paulo: Apóstolo dos pagãos (2017). 

Objetivos neste livro em suas próprias palavras:

“Eu tentei reimaginar os estágios pelos quais a primeira comunidade de Jesus teria se reunido novamente depois da crucificação. Para entender como e por que, apesar das dificuldades, esses primeiros seguidores de Jesus teriam se reinstalado em Jerusalém. Para reconstruir os passos pelos quais eles se tornaram, em certo sentido, o centro de um movimento que já estava se rompendo amargamente dentro de duas décadas da morte de seu fundador. Para ver como as ondas seriadas de expectativa, desapontamento e novas interpretações teriam sustentado essa montagem surpreendente nas longas décadas emolduradas pelas tropas de Pilatos em 30 e em Titus em 70. 

Fredriksen se abstém de referir-se a esse estágio inicial da "comunidade de Jesus" como "cristianismo" primitivo e composta de "igrejas", já que os termos trazem bagagem de desenvolvimentos posteriores de "instituições organizadas e de uma religião separada, diferente de" e hostil ao judaísmo. Então, ao invés disso, ela torna a ekkl assia uma “assembléia” (muito apropriadamente, refletindo a conotação quase oficial do termo, freqüentemente tanto na LXX quanto no uso mais amplo).

Fredriksen enfatiza efetivamente o judaísmo daquela primeira geração de seguidores de Jesus, sua orientação em Jerusalém, sua atitude positiva em relação ao templo de Jerusalém e, particularmente, suas convicções e excitações escatológicas. Ao longo do caminho, ela levanta e persegue uma série de perguntas, oferecendo respostas ponderadas e ponderadas. Por exemplo, ela julga que “Nenhuma brecha ideológica aconteceu” entre Paulo e Tiago. Ela desafia a noção de que a ação do templo de Jesus foi o que levou à sua prisão, e ela afirma que Jesus não condenou tanto o templo quanto profetizou um novo.

Ela argumenta que os seguidores de Jesus não incluíam um partido revolucionário, e que as "espadas" dos discípulos na cena do Getsêmani eram na verdade facas (o significado mais comum do termo grego machaira), provavelmente usado para o sacrifício da Páscoa. Isso, ela afirma, ajuda-nos a entender por que somente Jesus foi preso e executado, e seus seguidores permitiram fugir do Getsêmani. Eles não compunham uma célula revolucionária. Caso contrário, a autoridade romana teria seguido a prática mais típica em relação a grupos revolucionários que envolviam a captura de todos os líderes do anel e sua morte.

Fredriksen toma a representação joanina de Jesus fazendo múltiplas visitas a Jerusalém como mais convincente do que a narrativa dos Evangelhos Sinópticos de apenas uma dessas visitas. Assim, ela argumenta, nessas visitas anteriores, não havia nada suficientemente ameaçador sobre Jesus ou seu ensinamento que parecesse exigir sua prisão. Mas, ela insta, no que se tornou sua última visita a Jerusalém, a prisão de Jesus foi provocada por "atualizar" sua profecia do vindouro reino de Deus, declarando que isso seria manifestado durante esta visita. Isso levou a um “crescente entusiasmo pelas multidões de turistas”, e isso, por sua vez, levou as autoridades a tomarem medidas contra Jesus: “Era para desiludi- las que Jesus morreu na cruz. A crucificação de Jesus, na sua opinião, aponta “longe do próprio Jesus, para aqueles que o vêem morrer”, e “Pilatos não teve nenhum problema com Jesus. . . [mas] com as multidões que o seguiram. Da mesma forma, ela insiste que Antipas executou João, o Batizador, por causa dos números e do comprometimento dos seguidores de João, mas não sobre o que João estava dizendo a eles. 

Pessoalmente, devo dizer que acho que esse argumento compreende um conjunto duvidoso de alternativas. É verdade que tanto João como Jesus geraram um número de seguidores dedicados, e a execução de ambos os homens certamente pretendia acabar com seus respectivos movimentos. Mas não haveria tais seguidores ou movimentos sem o poderoso impacto de ambos os homens. Então, eu diria que uma declaração mais adequada é que Antipas executou João, e Pilatos executou Jesus não apenas por causa de seus ensinamentos e ações, mas também por causa de seus efeitos sobre seus seguidores.

Da mesma forma, em sua discussão da convicção inicial de que Deus ressuscitou Jesus dos mortos, acho que ela apresenta outro conjunto de falsas alternativas: “O ponto de sua ressurreição particular não foi para expressar o status especial de Jesus como tal, [mas sim] era reivindicar sua profecia [da aparição imediata do reino de Deus]. Para ter certeza, a ressurreição de Jesus sinalizou para os primeiros crentes que os dias de realização escatológica estavam à mão. Mas, certamente, textos que vão de Romanos 1: 3-4 a 1 Tessalonicenses 1: 9-10 a Filipenses 2: 9-11 e outros também postulam a ressurreição de Jesus como também a ação na qual Deus designou Jesus como o único divino Filho, Senhor e monarca que deve presidir a submissão de todas as coisas ao reino de Deus. Então, não seria mais adequado dizer que para os primeiros crentes a ressurreição de Jesus tanto o vindicou como a sua mensagem e também sinalizou que ele era o Filho divinamente exaltado e Kyrios, que formou a base de suas reivindicações cristológicas subsequentes?

Um dos pontos fortes no livro anterior de Fredriksen sobre Paulo, ecoado neste livro também, é que a oposição de Paulo a exigir a circuncisão masculina de seus antigos convertidos pagãos era uma posição baseada em princípios, baseada nas previsões do AT de que nos últimos dias as nações gentias viriam ao Deus de Israel, como gentios (por exemplo, Zacarias 8: 20-23), não como prosélitos para Israel. Assim, Paulo insistiu que seus antigos pagãos não devem passar por conversão prosélitos, pois isso iria contra a intenção divina. Ela também está correta em insistir que Tiago e a liderança de Jerusalém estavam basicamente envolvidos nisso. E, bastante plausível, sustentar que a demanda dos opositores a Paulo que os pagãos convertidos deveriam passar pela circuncisão era uma inovação um pouco posterior, e não a posição da liderança de Jerusalém. 

A afirmação de Fredriksen de que Jesus “atualizou” sua profecia do vindouro reino de Deus, coincidindo com sua última visita a Jerusalém, lembra-me a memorável e dramática articulação de Albert Schweitzer sobre o que parece uma proposta semelhante. Nesse ponto de vista, a primeira das várias esperanças escatológicas decepcionadas que o movimento de Jesus teve de superar estava contida na crucificação de Jesus e no fracasso de uma aparição imediata do reino de Deus. 

É verdade que Jesus falou de preocupações escatológicas de seu tempo e excitou as esperanças messiânicas por uma redenção iminente de seu povo (por exemplo, Lc 24:21; Atos 1: 6). Então, a crucificação de Jesus foi provavelmente um enorme choque e decepção de esperanças para seus seguidores. Mas também, como nota Fredriksen, “'A ressurreição' nos dá uma medida do grau em que Jesus de Nazaré forjou com sucesso seus seguidores em um grupo intensamente, de fato singularmente, comprometido consigo mesmo e com sua profecia do Reino vindouro. Isto é, a pessoa e a validade de Jesus se tornaram a questão polarizadora, já durante seu próprio ministério. Ela se concentra mais (quase exclusivamente), no entanto, na validação do que ela propõe era o conteúdo da profecia de Jesus sobre o reino escatológico de Deus, mas ela me parece negligenciar (ou deixar de ver?) que a experiência do Jesus ressuscitado também validou sua pessoa poderosamente para seus seguidores. De fato, a ressurreição de Jesus marcou a exaltação de Jesus a um status totalmente novo e distintivo à "mão direita" de Deus, como único plenipotenciário de propósitos divinos e legítimo recipiente da devoção. Em outras palavras, na fé dos primeiros crentes, a ressurreição de Jesus não apenas teve um efeito retroativo, retroativamente validando sua mensagem, mas também compreendeu um efeito novo e adicional no qual o Jesus ressuscitado foi instalado como este plenipotenciário e também como co ... -recipiente de devoção (por exemplo, Filipenses 2: 9-11). 

Além disso, essa devoção é freqüentemente expressa verbalmente em termos que transmitem uma intensidade, sentimentos profundos de um relacionamento com Deus e com o exaltado Jesus. Mas Fredriksen diz pouco sobre isso. É verdade que, como observou Alan Segal, essa falta de atenção à experiência religiosa de Paulo é muito típica dos estudiosos paulinos, sejam judeus, cristãos ou não-comprometidos. Obviamente, como Fredriksen enfatiza, Paulo e que “primeira geração”, realizada a convicção escatológica que o retorno de Jesus em glória e a consumação do reino de Deus teria lugar dentro de sua vida (como refletido na referência de Paulo a “nós, os vivos, que são até a vinda do Senhor ”(1 Tessalonicenses 4:15). Mas foi apenas um sentimento de urgência escatológica que levou os primeiros crentes, como Paulo, por exemplo? O que devemos fazer das declarações de que “o amor de Cristo nos constrange” (2 Coríntios 5:14), ou que “a vida que agora vivo na carne eu vivo pela fé no Filho de Deus que me amou e se deu a si mesmo? para mim ”(Gálatas 2:20), ou que Paulo considera tudo o mais como nada em comparação com“ o conhecimento de Cristo Jesus, meu senhor ”, procurando ser“ encontrado nele ”(Filipenses 3: 8-11).

Em um ensaio sobre elementos distintivos da “cristologia messiânica” de Paulo, discuti brevemente de “ênfase afetiva”, mas isso não é comentado com muita frequência na erudição de Paulo. A que me refiro são as numerosas declarações nas cartas de Paulo, como as citadas no parágrafo anterior, sobre o amor de Cristo por ele (e os crentes em geral) e o profundo senso de Paulo de um relacionamento com Jesus ressuscitado. Se eu tenho uma grande crítica ao novo livro de Fredriksen, é que esse intenso elemento devocional em Paulo e nos primeiros círculos de Jesus não recebe a devida atenção, ao passo que eu acho que foi um fator importante para explicar o entusiasmo e permanência. poder do movimento de Jesus.

Permaneço impenitente em discordar de sua visão de que Paulo, o fariseu, “perseguiu” os crentes judeus, porque eles estavam recrutando os gentios que temiam a Deus (ela repetidamente se refere aos “apóstolos”), exigindo que eles abandonassem seus deuses pagãos. Isso, ela argumenta, causou ansiedade aos pagãos e judeus, “uma situação altamente carregada, e isso gerou os esforços disciplinares do jovem fariseu Saulo/Paulo. Ao fazer o seu caso, no entanto, acho que ela lê uma razão plausível para Paulo estar na ponta receptora das repetidas torções da sinagoga (2 Coríntios 11:24) inapropriadamente de volta à cena em assembleias em Damasco. Como já argumentei anteriormente, a referência de Paulo à sua experiência de “estrada de Damasco” como uma revelação do Filho de Deus (Gálatas 1: 15-16) mostra que o conteúdo era profundamente cristológico.

Yehováh - A Pronúncia Original do Nome de Deus? - Nehemia Gordon

Shattering the Conspiracy of Silence - Nehemia Gordon

Programa Evidências - Qual Seria o Verdadeiro Nome de Deus?