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quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Torá: o Plano de Deus e a Matriz do Universo


A Matriz do Universo

O Povo Judeu sempre soube que a Torá é o plano de D-us para o mundo, a matriz de tudo o que existe. Hoje, modernos computadores e avançadas ferramentas matemáticas corroboram essa verdade.

O que é a Torá? Um livro de histórias contendo lições eternas, um código de leis e éticas e um registro da História Judaica antiga, escrito por Moshé? Não. A Torá é o único trabalho escrito que não contém nenhuma palavra sequer escrita por um ser humano. Não se trata de um livro de história, tampouco é meramente um compêndio de leis e certamente não é um trabalho de literatura. Mais exatamente, os Cinco Livros da Torá, o Chamishá Chumshei Torá, é um trabalho de autoria Divina. Trata-se da matriz do Universo, da planta pré-existente da Criação. O Midrash nos ensina: “Quando o ser humano constrói um palácio, ele não o faz de acordo com sua sabedoria, mas seguindo a sabedoria de um artífice. E este tampouco constrói segundo sua sabedoria: ele recorre a plantas e projetos de modo a saber onde colocar os quartos e corredores.

O Santo, Bendito Seja, assim o fez. Ele buscou na Torá e criou o mundo”. Este ensinamento encontra eco no Talmud:
“D’us criou o mundo a partir de um plano e um propósito. Seu plano era a Torá, que precede o mundo” (Shabat, 88b).

O Zohar, obra fundamental da Cabalá, revela que D’us criou o universo todo através das letras da Torá. Esta obra nos ensina que todas as letras do alfabeto hebraico apresentaram-se diante d’Ele e Ele escolheu para o ponto de partida, a segunda letra, Bet (que é a primeira letra da primeira palavra da Torá –Bereshit – “No princípio”). Além disso, as várias combinações das letras em todas as suas permutações se apresentaram para participar na Criação do universo (Zohar II, 204a). Assim diz o Zohar: “Quando o Santo, Bendito Seja, criou o mundo, Ele o fez através do poder secreto das letras” (Zohar IV, 151b).

A Torá, portanto, não é apenas a essência do judaísmo. É também a essência de toda a Criação. O Talmud insinua este fato através do seguinte relato: Quando Rabi Meir (o Baal HaNes – “o Mestre dos Milagres”) era jovem, ele trabalhava como Sofer, um escriba, transcrevendo rolos da Torá e os trechos escritos em pergaminho e colocados nos Tefilin e nasMezuzot. Quando o Rabi Yishmael tomou conhecimento da profissão de Rabi Meir, ele o alertou: “Meu filho, seja cuidadoso em seu trabalho, pois ele é celestial. Se você subtrair ou agregar uma única letra, poderá destruir o mundo inteiro”.

De fato, a atitude de quem se aproxima da Torá como uma obra composta por D’us é inteiramente diferente daquele que acredita que a mesma foi obra de um ser humano. Maimônides, o Rambam, uma das maiores autoridades sobre a Lei Judaica e codificador dos Treze Princípios da Fé Judaica, estipula a visão de que cada palavra e cada letra da Torá foi escrita por D’us e entregue a Moshé, que as transcreveu. Se o Chumash é conhecido como os Cinco Livros de Moshé, isto é apenas porque ele, entre todos os homens, foi quem mereceu recebê-los de D’us para os ensinar ao Povo Judeu. O Oitavo Princípio de Fé de Maimônides ensina que Moshé apenas transcreveu a Torá como um secretário que anota um ditado. O Talmud alerta que questionar a origem Divina de sequer uma única letra da Torá equivale a negar a Torá em sua totalidade (Sanhedrin,99a).

As letras da Torá original adquiriram forma física ao serem ditadas por D’us e transcritas por Moshé, em uma sequência precisa, letra por letra. A Torá original era uma scripta continua – uma sequência contínua de letras sem quebras de pontuação ou espaços entre letras. A Torá original, que desceu dos Céus para a Terra, foi transcrita como uma chama negra sobre uma chama branca. Mais tarde, revestiu-se de tinta preta sobre pergaminho branco. A Vontade e Sabedoria Divinas, Seu projeto para criar o universo, foram embutidas nas letras da Torá.

A transmissão letra-a-letra da Torá foi preservada até nossos dias. Quando um rolo da Torá é transcrito, deve ser copiado letra por letra, uma de cada vez, de um outro rolo sem imperfeições. O Sofer que transcreve um Sefer Torá tem que ser extremamente preciso em seu trabalho, pois se apenas uma única letra estiver faltando ou fora de lugar ou escrita de forma inadequada, todo o rolo será considerado “pasul”, ou seja, inválido.

Rashi ressalta a importância de cada uma das letras, fazendo eco à advertência feita por Rabi Yishmael. Rashi escreve: “(Está escrito) ‘O Senhor, Teu D’us é Emet (a Verdade)’. Se escreveres Emet sem a primeira letra, destruirás o mundo. (Está escrito) ‘E D’us disse (singular)’. Se escreveres, ‘E D’us disse (plural)’, destruirás o mundo”.

Seria esta declaração um exagero de linguagem – uma expressão de zelo religioso? Não, segundo a Cabalá. O misticismo judaico ensina que como a Torá é a matriz do universo, ela é a origem de tudo o que existe. As letras da Torá são a agência de D’us para a contínua criação e existência do mundo. Pois o Zohar ensina: D’us consultou a Torá e criou o mundo; o homem estuda a Torá e sustém o mundo.

O Código Supremo

Um dos maiores Sábios e estudiosos da Torá de todos os tempos foi o Rabi Eliyahu, o Gaon de Vilna, (século 18). Em toda a história judaica, muito poucos Sábios possuíram sua profundidade e amplitude de conhecimento sobre a Torá. Ele era também um gênio em matemática. É lembrado não apenas por seu conhecimento e compreensão quase sem paralelo da Torá, mas também por ter sido um racionalista: enfatizava o estudo da “Torá revelada” – isto é, o Talmud e a Lei judaica – em oposição ao misticismo judaico, e era hostil ao entusiasmo místico irrestrito e tudo que não fosse firmemente fundamentado na Lei e na tradição judaicas. Contudo, em um de seus trabalhos, o Gaon escreveu: “Tudo o que existiu, existe e existirá até o fim dos tempos está incluído na Torá, os Cinco Livros de Moshé”. E, para assegurar que suas palavras não fossem mal interpretadas, explicou: 
“…e não apenas no sentido geral, mas inclusive os detalhes de cada pessoa individualmente, e o mais mínimo detalhe de tudo o que aconteceu a essa pessoa desde o dia de seu nascimento até o dia de sua morte; da mesma forma, sobre todas as espécies de animais e seres vivos que existem, e de plantas, e de tudo o que cresce ou é inerte”.

O Gaon de Vilna, que estudou profundamente a Torá e conhecia de cor cada uma de suas palavras e letras, percebeu que os Cinco Livros de Moshé não são apenas o núcleo do judaísmo, mas um Código Mestre, que contém informações detalhadas sobre tudo o que existe e ocorre no mundo.

Outros Sábios que viveram antes dele também tinham aludido ao fato de que a Torá contém informação criptografada. Nachmânides, o Ramban,ensinava que a penúltima porção da Torá, Haazinu, contém alusões ao nome e destino de cada pessoa. Ele também afirmou que os Cinco Livros de Moshé consistem inteiramente de permutações dos Nomes de D’us, cujas letras, segundo nos ensina o Talmud, criaram os Céus e a Terra (Berachot, 55a).

Ainda mais reveladora foi uma declaração feita por Rabi Moshé Cordovero (o Ramak), pai do moderno estudo da Cabalá e professor do Arizal, o maior cabalista de todos os tempos. Escreveu o Ramak: “A quantidade de coisas que se pode descobrir na Torá através de certos métodos é ilimitada – infinita. Tais questões são enormemente poderosas e muito profundamente ocultas. Pela forma como são ocultas, não é possível entendê-las plenamente, mas apenas em parte…Os segredos da Torá são revelados… pulando-se letras”.

O que quis dizer o Ramak com “pular letras”? Rabeinu Bachya ben Asher (século 13) descreveu um método de se pular um intervalo igual de letras na Torá para desvendar uma informação codificada. Ele indicou uma observação pouco conhecida, feita pelo Rabeinu Tam, de que, codificado dentro do trecho inicial do primeiro livro da Torá, há um Nome de D’us composto por 42 letras.

A ideia de que há informação codificada na Torá ajuda a explicar por que uma única letra faltante invalida todo um Sefer Torá. As próprias letras são de importância capital; senão, por que uma única letra que faltasse ou estivesse fora de lugar seria tão grave preocupação se o significado da palavra não mudasse? Uma letra que falte no Talmud ou mesmo nos outros 19 livros do Tanach (a Bíblia judaica) não os invalidam. Além do mais, oTalmud, ao comentar sobre a importância das letras da Torá, faz a seguinte pergunta: “Por que os Sábios da antiguidade eram chamados de Sofrim?” E responde: “Porque eles contavam (sofer, do infinitivo lispor, em hebraico) todas as letras da Torá” (Kidushin, 30a). Sabemos que Rabi Akiva, o maior Sábio em toda a nossa história, passava muito tempo contando e estudando as letras da Torá. Por que ele e outros de seus contemporâneos passariam seu precioso tempo contando e estudando as letras da Torá ao invés de apenas se concentrar em seu conteúdo e suas leis? Seria porque sabiam que, embutidas em código, dentro das letras da Torá, estão os segredos do universo, que lá foram colocados pelo Infinito Criador?

Mas talvez nós, judeus, não possamos ser objetivos acerca da Torá, por ser esta a essência do judaísmo. Portanto, cabe-nos perguntar: seriam os Cinco Livros de Moshé considerados o projeto da Criação, ou ao menos um Código Mestre, por homens de visão, não judeus? A resposta é sim.

Blaise Vigenere (1523-1596), autor e criptólogo de renome, era cristão e se aprofundou no estudo do misticismo judaico. Em um de seus tratados, ele cita o Zohar: “O mundo é criado de acordo com a semelhança de seu arquétipo, sendo o arquétipo a configuração das letras que são derivadas dos próprios Nomes de D’us, Ele mesmo – que dá a cada elemento do mundo sua natureza essencial”.

Blaise Pascal (1623-1662), matemático francês, físico, inventor, e filósofo católico, que assentou as bases para o método científico, deixou uma nota antes de falecer: “O Velho Testamento é um código”.

Sir Isaac Newton, físico, uma das mentes mais brilhantes de todos os tempos, era um cristão que passou grande parte de sua vida estudando a Bíblia hebraica. Ele, também, acreditava que a Torá era um Código Mestre e, assim sendo, buscou decifrar os códigos nela criptografados.

Judeus e cristãos creem que a Torá é a Palavra de D’us – que foi transmitida pelo Infinito Criador a Moshé no Monte Sinai. Mas será a Torá verdadeiramente a matriz do universo, o Código de todos os códigos?

Sequências Equidistantes de Letras

O conceito de pular letras para decifrar um código é um método bem conhecido e amplamente usado na ciência da criptografia. Oferecemos aqui um simples exemplo de como, ao pular um intervalo igual de letras na Torá, pode-se encobrir informações que podem ter sido propositalmente codificadas nesse intervalo.

Abram seu livro de orações no Kidush recitado nas noites de Shabat. O primeiro parágrafo é retirado de um trecho da Torá: Gênese, 2:1-3. Observem que este trecho contém uma palavra que é repetida três vezes: HaShevii (O Sétimo). A palavra é central para o Kidush porque o Shabat é o sétimo dia da semana. É importante também ter em mente que o mandamento da guarda desse dia foi imposto unicamente aos Filhos de Israel. Como ensina o Midrash, quando D’us criou o tempo, dividindo-o em sete dias, Ele prometeu ao recém-criado Shabat que “Israel será para sempre seu novo par”.

Agora, sigam até a última letra da segunda palavra do Kidush - HaShishi. A letra é um Yud. Ignorem os espaços entre as letras, pois, como vimos acima, a Torá original transmitida a Moshé não continha espaços entre as palavras. Agora contem sete letras. A sétima letra é um Shin (ou Sin). Contem outras sete letras. A sétima letra é um Reish. Contem novamente. A sétima letra é um Alef. Contem mais uma vez. A sétima letra é um Lamed. O que constatamos? Que as letras Yud, Sin, Reish, Alef e Lamed, que formam a palavra “Israel”, são separadas por espaços em intervalos iguais de letras. E é especialmente significativo que essas letras sejam espaçadas em intervalos de sete letras, pois o número 7 simboliza o Shabat. Teremos nós decifrado um código ou será esta apenas uma curiosa coincidência? Teriam sido essas palavras da Torá, que falam do sétimo dia da Criação, e que são recitadas como parte do Kidush, escritas precisamente como estão, de modo a codificar a palavra Israel em intervalos de sete letras? Esta é o tipo de pergunta que os cripto-analistas tentam responder: se uma sequência equidistante de letras é um código ou uma mera coincidência.

A codificação feita pulando-se letras é uma forma de encriptação que deve ser preservada da maneira mais precisa possível – não apenas sua estrutura de palavra por palavra, mas também a sequência de suas letras. Se uma única letra for adicionada, subtraída ou colocada fora de lugar, um código lá embutido não poderá ser decifrado. Voltemos ao texto do Kidushpara ver o que acontece se removermos uma única letra de uma de suas palavras.

A terceira palavra do Kidush é Vayechulu. Suponhamos que a primeira letra dessa palavra, o Vav, foi acidentalmente apagada. Esse Vav não muda, de fato, o significado do versículo, pois funciona como a conjunção “e”. Voltemos, agora, à primeira letra do “código Israel” que encontramos em um intervalo de sete letras. A letra é um Yud, que é a última letra da palavra HaShishi. Contem sete letras. Como o Vav da palavra Vayechulu foi eliminado, a sétima letra agora é um Mem. Contem outras sete letras. A sétima letra é um Tzadi (sofit, de final de palavra). Contem outras sete letras.

A sétima letra é um Mem. Por fim, contem mais sete letras. A sétima letra é um Lamed. Tendo eliminado o Vav, o que temos? A palavra que se formou agora nos intervalos de sete letras é: Yud, Mem, Tzadi, Mem e Lamed – uma palavra sem significado algum. Eliminando uma única letra de apenas uma palavra pode não ter mudado drasticamente o significado do versículo, mas o “código Israel” desapareceu completamente. A mesma coisa ocorreria se uma única letra fosse trocada de lugar ou agregada ao texto. Numa passagem que contém sequências equidistantes de letras, nenhuma delas pode ser alterada.

Mas como podemos saber se palavras ou padrões encobertos em sequências equidistantes de letras foram propositalmente embutidos em um texto por seu autor ou se foram meras coincidências ocasionais? Talvez se o leitor procurar com afinco, poderá encontrar padrões interessantes de palavras embutidos neste artigo em sequências equidistantes de letras. Mas, se encontrar algum, tenha certeza de que foi totalmente não intencional, uma grande coincidência! Por outro lado, se o autor de um texto revelasse ter propositalmente criptografado um código no mesmo, saberíamos não ser uma simples coincidência.

Mas, o que ocorre quando desconhecemos o autor ou não o podemos alcançar? Ter descoberto a palavra “Israel” codificada em um intervalo de sete letras num trecho curto da Torá, que fala do Sétimo Dia da Criação e é parte do Kidush, é, de fato, notável! Mas, talvez este código seja apenas uma coincidência que pode ser encontrada em outros trechos da Torá e mesmo em um texto hebraico não religioso. Quando um criptólogo ou matemático questiona se uma estrutura oculta é real, o que realmente está questionando é se foi colocada deliberadamente ou se é mera ocorrência do acaso, por mais sistemática que seja. Esta é a questão crucial em toda a criptologia.

A menos que o autor de um texto revele ter criptografado informações em sua obra, é impossível ter-se 100% de certeza de que uma sequência equidistante de letras ou outro tipo de código é genuíno ou não. A criptologia apenas pode determinar a probabilidade de que um código tenha sido propositalmente embutido em um texto. Isto é feito através da Estatística. Se a pessoa pode determinar, através de instrumentos matemáticos, a improbabilidade de um determinado padrão ser encontrado ao acaso, essa pessoa terá a resposta da probabilidade dessa estrutura ser deliberada – isto é, proposital.

Um exemplo: imaginem que ao ler um livro, vocês percebam que em uma das páginas a letra “e” nunca aparece. Isso seria um fenômeno pouco provável, pois é difícil escrever uma frase, que dizer de uma página, sem usar a letra “e”. Vocês acreditariam tratar-se apenas de uma coincidência? Ou que o autor propositalmente evitou usar tal letra naquela página? Bem, e se um livro inteiro não tivesse uma única letra “e”? Ainda acreditariam ser uma coincidência? Na verdade, tal livro existe. Mas sabemos que o autor evitou propositalmente o uso dessa letra, pois deu o título à sua obra de, “Uma História de Mais de 50 Mil Palavras Sem Usar a Letra E”. Esse livro foi publicado em 1939 por Ernest Vincent Wright. Mas, e se o autor tivesse dado um nome diferente a seu trabalho sem nunca mencionar que tinha evitado usar a letra “e”? Ninguém teria 100% de certeza de que ele tinha intencionalmente escrito o livro inteirinho sem um único “e”. Talvez fosse apenas uma extraordinária coincidência, uma aberração estatística, que nenhuma de suas 50.000 palavras tivessem um único “e”. Mas as chances de um fenômeno desses não ser deliberado são extraordinariamente pequenas.

Imaginemos, agora, um cenário ligeiramente diferente. E se o livro de 50.000 palavras contivesse apenas 100 letras “e”? Teríamos a mesma certeza de que o autor tinha evitado intencionalmente o uso dessa letra? São essas as perguntas que devem ser feitas ao se examinar um texto que contém padrões estatísticos estranhos, cujo autor não está disponível para informar se seus códigos são genuínos ou simples coincidência.

É importante enfatizar que em Estatística não há prova absoluta – apenas probabilidade. A probabilidade de um fenômeno seruma coincidência pode ser mínima – uma em um trilhão – mas sempre há a possibilidade de que seja apenas uma coincidência. É possível que uma roleta não viciada gire mil vezes, um milhão, talvez, e que a bolinha branca sempre pare no mesmo número. A probabilidade disto ser uma coincidência – a dizer, que a roleta não seja viciada – é infinitesimal. Mas não é de todo impossível.

Como na ciência da Probabilidade não há certezas, a pergunta que cada pessoa, cientista ou leiga, deve fazer a si mesma é: em que momento eu acredito que um padrão é proposital e não simples coincidência? Será quando a probabilidade de ser acidental é, digamos, uma em mil? Uma em um milhão? Ou ainda menos?

Sequências Equidistantes de Letras no Livro de Gênese

Em agosto de 1994, um artigo polêmico foi publicado na prestigiosa publicação matemática americana, Statistical Science. Intitulava-se “Sequências Equidistantes de Letras no Livro de Gênese”. Escrito por três proeminentes cientistas israelenses, o artigo fazia uma alegação chocante – de que, criptografado em Gênese, o primeiro livro da Torá, há detalhes da vida de indivíduos contemporâneos. Os três cientistas, usando métodos rigorosamente científicos, não apenas tinham encontrados padrões interessantes na Torá, que poderiam ter sido criptografados por um “Codificador Mestre”, mas informações detalhadas sobre a vida de homens que somente viveriam milhares de anos após o Livro Sagrado ter sido recebido pelo Povo Judeu.

Se o artigo estivesse correto – se os códigos fossem genuínos – essa pesquisa indiscutivelmente seria a descoberta científica mais surpreendente de todos os tempos. Pois corroboraria o que o Gaon de Vilna alegara – de que “tudo o que existiu, existe e existirá até o fim dos tempos está incluído na Torá… e não apenas no sentido geral, mas inclusive os detalhes de cada pessoa individualmente”. Se os resultados dos três cientistas israelenses fossem impecáveis, a afirmação de que a Torá é de autoria Divina e que é a matriz e o projeto do universo precisaria ser levada muito a sério. Isto seria equivalente a provar que há um D’us e que Ele é o autor da Torá.

Devido à natureza extremamente controvertida das conclusões do artigo, de suas implicações e ramificações, a Statistical Science testou e replicou seus resultados durante seis anos antes de decidir por sua publicação. Nas palavras de Robert Kass, PhD, Editor da publicação e Chefe do Departamento de Estatística da Universidade Carnegie-Mellon, instituição de renome por seus departamentos de Matemática e Ciências: “Nossos peritos ficaram desconcertados: suas crenças anteriores os levaram a pensar que o Livro de Gênese não pudesse conter referências significativas a indivíduos contemporâneos, porém, quando os autores fizeram análises e verificações adicionais, os efeitos persistiam. O trabalho é, portanto, apresentado aos leitores da Statistical Science como um intrigante quebra-cabeças”.

Um quebra-cabeças, de fato, para aqueles que questionam a autoria Divina da Torá, pois as probabilidades de que os códigos encontrados no Livro de Gênese fossem coincidências foram inferiores a um em 50.000! No artigo, essas probabilidades foram relatadas mais precisamente como sendo inferiores a um em 62.500. Além do mais, o método estatístico conservador para mensurar essas probabilidades foi desenvolvido pelos próprios peritos, que estavam extremamente céticos quanto à descoberta dos cientistas israelenses.

É importante mencionar que a grande maioria das revistas científicas aceitam publicar trabalhos cujas hipóteses têm uma chance em 20 de ser coincidência. Mas como o fenômeno dos códigos encontrado no Livro de Gênese era tão singular, e suas implicações tão abrangentes, o editor da Statistical Science e seus peritos, recusaram-se a publicar o artigo a menos que a probabilidade de seus resultados serem uma coincidência fossem iguais ou inferiores a uma em 1.000. Os resultados ultrapassaram essa exigência em mais de 60 vezes.

Os resultados relatados no artigo da Statistical Science foram apenas um entre os vários padrões de códigos que os cientistas israelenses encontraram nos Cinco Livros de Moshé. As probabilidades de que cada um desses outros códigos seja apenas coincidente são extremamente pequenas – em alguns casos, inferiores a um em um milhão. E a probabilidade de que todos os códigos que eles encontraram na Torá fossem uma grande coincidência é infinitesimal.

A maioria dos cientistas e matemáticos que se aprofundaram no fenômeno dos códigos da Torá eram ateus fervorosos. Sua descoberta não lhes trouxe nem fama nem fortuna; nenhum deles escreveu um best-seller ou um filme de sucesso. A mudança que a descoberta causou em suas vidas foi o fato de se terem tornado seguidores fervorosos e cumpridores da Lei Judaica. Ninguém pode questionar suas credenciais e sua capacidade profissional e, até agora, sua motivação para a pesquisa e disseminação do fenômeno dos códigos da Torá parece ser impecável.

Nós, o Povo Judeu, vimos preservando a integridade da Torá há mais de 3.000 anos. Nosso povo viveu e morreu pela Torá. Incontáveis judeus, desde os menos cultos e não-religiosos aos mais Sábios, voluntariamente entregaram sua vida – enfrentaram prisões, tortura e morte – para preservar a Sagrada Torá. Por que tamanha lealdade ao que parece ser um livro de histórias incomuns e leis complicadas? Porque nosso Povo, tendo recebido a Torá no Monte Sinai 50 dias após ter deixado o Egito, recebeu-a do próprio D’us.

O Povo Judeu como um todo sempre soube que a Torá não é apenas um livro de religião, mas é o plano e propósito de D’us para o mundo – o projeto da Criação, a matriz de tudo o que existe. Hoje, modernos computadores e avançadas ferramentas matemáticas o corroboram.

No artigo desta edição, “Os Códigos da Torá”, descrevemos em maior detalhe a história que explica este fenômeno. Trata-se de um assunto que diz respeito não apenas aos judeus, mas a todos aqueles que, independentemente de sua religião, buscam fortalecer sua fé em D’us.