Especialistas da crítica bíblica, e os arqueólogos e outros cujo trabalho complementa o daqueles, têm libertado os cristãos e judeus modernos das correntes do dogma fundamentalista, têm acentuado a dignidade da Bíblia enquanto demonstram que ela é uma obra ricamente composta que deve sua inspiração a Deus, e têm mostrado a historicidade de muitos de seus textos em grau inigualável.
Muitos desses pensamentos não estão disponibilizados ao cristianismo brasileiro hoje em dia. Portanto , decidi postar alguns aforismos que retratam essas pesquisas , em prol da informação e reflexão. Não da crítica ou imposição. Visto que, para muitos cristãos fundamentalistas todas essas teorias são anátemas, e um insulto à autoria e autoridade divinas; retire essas (a autoria e autoridade divinas), e você retira qualquer razão para se seguir a Bíblia, e até mesmo para se viver uma vida cristã.
“A primeira compreensão proporcionada pelo ponto de vista do formgeschichte é que [os evangelhos] nunca foi um testemunho “puramente” histórico de Jesus. Seja qual forem os ditos, palavras e os atos de Jesus, eles sempre foram um testemunho de fé, formulados pela pregação e exortação a fim de converter os incrédulos e confirmar os fiéis”. – Martin Dibelius, teólogo alemão e professor de Novo Testamento na Universidade de Heidelberg.
“[...] a análise cuidadosa das narrativas da infância [de Jesus apresentadas nos evangelhos] torna improvável que qualquer um dos relatos seja histórico. [...] “Por causa da discordância entre as duas narrativas da infância, da falta de confirmação de seu material em qualquer outra passagem do Novo Testamento, da ausência de confirmação extrabíblica de acontecimentos altamente públicos nas narrativas, de aparentes incorreções (o recenseamento que afetou os galileus durante o governo de Quirino, no tempo de Herodes) e da total incerteza sobre as fontes dos evangelistas para o que é narrado, fiz um julgamento cuidadoso negando que os dois relatos possam ser completamente históricos e achando improvável que qualquer um deles seja completamente históricos”. - Raymond Brown, conhecido como “o decano dos especialistas do NT”, é atualmente internacionalmente reconhecido como um dos maiores estudiosos bíblicos que já existiu, foi o único americano a ser escolhido duas vezes por dois papas para integrar a Pontíficia Comissão Bíblia.
“A palavra “verdadeiro” tem muitos significados. Pode-se distinguir entre “verdadeiro” segundo a fé e “verdadeiro” segundo a história. Podem-se distinguir diversos níveis de verdade histórica. Que Jesus historicamente tenha existido, é difícil afirmar, porque sua vida e sobretudo sua morte chegaram até nós envolvidas e obscurecidas pela vontade de demonstrar que ele de fato fora o messias anunciado pelos profetas”. Carlo Gizburg, um dos maiores historiadores da atualidade.
“Não há confirmação irrefutável de que o homem Jesus tenha vivido. Existem argumentos propondo que Jesus é a somatória de várias personagens, ou que sua pessoa possa ter sido inflada até chegar à condição de mito. De fato é preciso se entregar a uma formidável devoção ao fundamentalismo para se acreditar piamente no que a Bíblia contém sobre o assunto. As Escrituras são contraditórias e incompletas. Na verdade, mais simbólicas do que documentais”. - Robert Funk, teólogo da Universidade de Montana e um dos bravos acadêmicos do Seminário de Jesus.
“As narrativas da Paixão não são história relembrada, mas profecia historicizada. [...]A verossimilitude sugere que os escritores que viveram no primeiro século A.D. não descreveriam um cenário totalmente implausível sem uma razão teológica. [...] as profundezas da teologia quase sempre sobrepujam a superfície da história. [...] em termos dos seus próprios interesses, algo como a plausibilidade histórica relativa, ou verossimilitude, era tudo o que os sinóticos exigiam. E essa exigência foi frequentemente deixada de lado por preocupações de ordem teológica, apologética, polêmica ou quanto à pura narrativa. [...] todos os escritores dos evangelhos, precisamente como tal, permitiram que forças teológicas, apologéticas, polêmicas ou referentes à narrativa pura prevalecessem sobre a plausibilidade histórica superficial, em graus variados. ”. – John Dominic Crossan, teólogo e figura importante no campo da arqueologia bíblica, antropologia, Novo Testamento e Alta Crítica.
“[Entre os] documentos cristãos mais antigos, os evangelhos [...] não podem ser usados para focalizar dados históricos objetivos do período (da vida de Jesus). Os evangelistas já estão impregnados pela reflexão teológico-cristológica da comunidade cristã tardia, de maneira que passam uma versão já metamorfoseada da comunidade primeva [...] [Por isso] não se deve perder de vista que a redação final dos evangelhos não foi feita sem antes ter passado por um complexo período oral, havendo, portanto, uma seleção natural dos relatos que estavam sendo redigidos. Esse processo, longo e gradual, influenciou o rumo teológico que estava em formação nas comunidades cristãs”. - Donizete Scardelai, teológico e estudioso do Novo Testamento.
“Os quatro evangelhos são realmente fontes difíceis; o fato de serem os primeiros escolhidos da rede não significa a garantia de que eles reproduzem as palavras e os atos históricos de Jesus. Impregnados da fé pascal da Igreja Primitiva, altamente seletivos e ordenados segundo diversos programas teológicos, os Evangelhos canônicos exigem uma seleção minuciosa para deles se retirar informações confiáveis à pesquisa. [...] Décadas de adaptação litúrgica, expansão homilética e atividade criativa por parte dos profetas cristãos deixaram sua influencia nas palavras de Jesus nos Quatro Evangelhos”. – John P. Meier, especialista em Novo Testamento, e padre católico. Editor da The Catholic Biblical Quarterly e presidente do Catholic Biblical Association. É autor da série “Um Judeu Marginal”.
“[...] hoje não sabemos quase nada com relação à vida e à personalidade de Jesus, já que as primeiras fontes cristãs não revelam interesse em qualquer dos dois aspectos, além de serem fragmentárias e, no mais das vezes, baseadas em lendas….” – Rudolf Bultmann, foi docente na área de Bíblia e Novo Testamento em Marburg. Ocupou-se com muitos temas da teologia, filologia e arqueologia.
“[...] a natureza da tradição sinóptica é tal que o ônus da prova recairá sobre a alegação de autenticidade”. - Norman Perrin, Norman Perrin foi Professor de Novo Testamento na Divinity School, da Universidade de Chicago.
“Jamais li algo tão tendencioso quanto os Evangelhos”.– Harold Bloom, professor e crítico literário estadunidense, considerado o maior crítico literário do mundo. Autor de “Jesus e Javé” e “O Livro de J”.
“Considero a maior parte dos Evangelhos leitura sumamente desagradável. [...] Pergunto-me por quanto tempo, e até onde, é possível se esquivar ou resistir à sugestão de que a estruturação editorial das Escrituras é, fundamentalmente, um processo desonesto”. Northrop Frye, um dos mais célebres críticos literários do século XX. Autor de “Anatomia da crítica” e de “O código dos códigos”.
“O consenso arqueológico, pelo menos até o ano de 1990, era de que a Bíblia poderia ser lida basicamente como um documento histórico confiável. [...] Agora, é evidente que muitos eventos da história bíblica não aconteceram numa determinada era ou da maneira como foram escritos. Alguns eventos famosos da Bíblia jamais aconteceram inteiramente”. - Israel Finkelstein, ex-Diretor do Instituto de Arqueologia Sonia e Marco Nadler da Universidade de Tel Aviv, Israel, de 1996 a 2002. Em 2005 tornou-se o titular da Cátedra Jacob M. Alkow de Arqueologia de Israel nas Idades do Bronze e do Ferro da mesma Universidade, e ganhou, com Graeme Barker, o prêmio Dan David, de 1 milhão de dólares.
“As recentes descobertas da arqueologia têm revolucionado o estudo do antigo Israel e jogaram sérias dúvidas sobre as bases históricas de muitas narrativas bíblicas, como as peregrinações dos patriarcas, o êxodo do Egito e a conquista de Canaã, e o glorioso império de Davi e Salomão”. – Israel Finkelstein, atualmente considerado o maior arqueológico bíblico que existe.
“São inúmeras as contradições entre os achados arqueológicos e as narrativas bíblicas para propor que a Bíblia ofereça uma descrição precisa do que ocorrera de fato”. – Israel Finkelstein, historiador e arqueólogo.
“As escrituras não são infalíveis; não são a ‘palavra de Deus’; o que lemos hoje é às vezes apenas uma versão textual entre alternativas anteriores; seu relato pode ser demonstravelmente falso (como as conquistas de Josué ou a Natividade de Jesus); pode atribuir a determinadas pessoas palavras que nunca pronunciaram. [...] Os acontecimentos e os relatos são muitas vezes inverídicos por serem contraditórios ou por não corresponderem a fatos que conhecemos de outras fontes”.– Robin Lane Fox, acadêmico inglês historiador, professor em Oxford, e especialista em História Antiga.
“O mundo dos relatos das Sagradas Escrituras não se contenta com a pretensão de ser uma realidade histórica verdadeira – pretende ser o único verdadeiro, destinado ao domínio exclusivo. Qualquer outro cenário, quaisquer outros desfechos ou ordens não tem direito algum a se apresentar independentemente dele, e está escrito que todos eles, a história de toda a humanidade, se integrarão e se subordinarão aos seus quadros. Os relatos das Sagradas Escrituras não procuram o nosso favor [...], não nos lisonjeiam para nos agradar e encantar – o que querem é nos domina, e se nos negarmos a isso, então somos rebeldes”. – Erich Auerbach, filólogo alemão e estudioso de literatura comparada assim como crítico de literatura.
“Na década de 1960 havia um grande debate acerca da veracidade do relato bíblico a respeito dos patriarcas Abraão, Isaac e Jacó. O famoso arqueólogo William Allbright defendeu a historicidade dos patriarcas. Hoje, este debate está superado. Nenhum arqueólogo ou historiador atualmente considera o Gênesis como uma descrição de eventos históricos daquela época. Neste ponto, é impossível retroceder. Estamos vivendo um processo de liberação da arqueologia de uma leitura muito conservadora e ingênua do texto bíblico. Isto não poderá ser interrompido ou dramaticamente revertido”. – Israel Finkelstein, atualmente considerado o maior arqueológico bíblico que existe.
“Os últimos dias da vida de Jesus não ocorreram da maneira relatada nos Evangelhos. Nem quem os escreveu sabia o que aconteceu. Fica muito claro pela narrativa bíblica que os evangelistas fogem, eles não estão lá. Jesus fica sozinho em seus últimos dias. Não tenho a menor dúvida em afirmar que os detalhes da narrativa são ficcionais, são uma invenção”. – Gabriele Cornelli, professor de filosofia e teologia, da Universidade Metodista de São Paulo.
“Os Evangelhos são propaganda religiosa projetada para converter o leitor. Sejamos honestos e admitamos que os Evangelhos são parciais a favor de Jesus”. – Joel Stephen Williams. Este autor é um cristão fundamentalista que, não conseguindo mais se segurar, enfim confessou a tendenciosidade dos evangelhos.
“[...] seria difícil tirar outra conclusão senão esta: que a credibilidade dessas narrativas é nula. [...] Os evangelistas, cada um de seu modo, cuidam de harmonizar esses prelúdios a sua concepção teológica. São narrativas com teor querigmático, não relatos históricos”. – Rochus Zuurmond, professor de teologia bíblica da Universidade Livre de Amsterdã, na Holanda.
“O processo de falsificação e modelagem sobre o homem Jesus, suas palavras e ações, começaram bem mais cedo no cristianismo e já estava numa fase bastante avançada quando aparece no Novo Testamento”. - Gerd Ludemann, professor de História do Cristianismo Primitivo, na Alemanha.
Muitos desses pensamentos não estão disponibilizados ao cristianismo brasileiro hoje em dia. Portanto , decidi postar alguns aforismos que retratam essas pesquisas , em prol da informação e reflexão. Não da crítica ou imposição. Visto que, para muitos cristãos fundamentalistas todas essas teorias são anátemas, e um insulto à autoria e autoridade divinas; retire essas (a autoria e autoridade divinas), e você retira qualquer razão para se seguir a Bíblia, e até mesmo para se viver uma vida cristã.
Mas, quem tiver interesse, aí estão :
“Quase tudo que pode ser sabido a respeito de Yeshuá procede do Novo Testamento, e de escritos afins ou heréticos. Tais escritos são tendenciosos: seu intento em relação a nós, leitores ou ouvintes, é evidente e catequizador. [...] O Novo Testamento é mito e fé; não se trata de relato factual. [...] Jesus carece tanto de história quanto de biografia, e não temos como saber quais dos seus ditos são autênticos”. – Harold Bloom, professor e crítico literário estadunidense, considerado o maior crítico literário do mundo.
“A primeira compreensão proporcionada pelo ponto de vista do formgeschichte é que [os evangelhos] nunca foi um testemunho “puramente” histórico de Jesus. Seja qual forem os ditos, palavras e os atos de Jesus, eles sempre foram um testemunho de fé, formulados pela pregação e exortação a fim de converter os incrédulos e confirmar os fiéis”. – Martin Dibelius, teólogo alemão e professor de Novo Testamento na Universidade de Heidelberg.
“[...] a análise cuidadosa das narrativas da infância [de Jesus apresentadas nos evangelhos] torna improvável que qualquer um dos relatos seja histórico. [...] “Por causa da discordância entre as duas narrativas da infância, da falta de confirmação de seu material em qualquer outra passagem do Novo Testamento, da ausência de confirmação extrabíblica de acontecimentos altamente públicos nas narrativas, de aparentes incorreções (o recenseamento que afetou os galileus durante o governo de Quirino, no tempo de Herodes) e da total incerteza sobre as fontes dos evangelistas para o que é narrado, fiz um julgamento cuidadoso negando que os dois relatos possam ser completamente históricos e achando improvável que qualquer um deles seja completamente históricos”. - Raymond Brown, conhecido como “o decano dos especialistas do NT”, é atualmente internacionalmente reconhecido como um dos maiores estudiosos bíblicos que já existiu, foi o único americano a ser escolhido duas vezes por dois papas para integrar a Pontíficia Comissão Bíblia.
“Todo leitor é alguém que seleciona. Ao ler um livro, escolhe as partes com as quais mais se identifica. Os evangelistas também são assim, tanto que escreveram três evangelhos chamados sinóticos, ou seja, com a mesma perspectiva, mas completamente distintos. Ainda que semelhantes e que dêem a impressão de veicularem a mesma história, se observarmos com um olhar mais apurado, veremos que cada um dos textos [dos três evangelhos chamados sinóticos] propõe uma interpretação de Jesus diferente. Ou seja, os evangelistas deformaram Jesus”. – Paulo Nogueira, teólogo da Universidade Metodista de São Paulo – Umesp:
“A palavra “verdadeiro” tem muitos significados. Pode-se distinguir entre “verdadeiro” segundo a fé e “verdadeiro” segundo a história. Podem-se distinguir diversos níveis de verdade histórica. Que Jesus historicamente tenha existido, é difícil afirmar, porque sua vida e sobretudo sua morte chegaram até nós envolvidas e obscurecidas pela vontade de demonstrar que ele de fato fora o messias anunciado pelos profetas”. Carlo Gizburg, um dos maiores historiadores da atualidade.
“Inúmeras lendas também foram inseridas na tradição sinótica. “lenda” é uma história que narra um evento particular com detalhes admiráveis ou prodigiosos. A tradição sinótica encerra uma única lenda cultural, a da instituição da Ceia do Senhor. Todas as outras são lendas biográficas (as narrativas do nascimento e da infância, as histórias sobre João Batista, a tentação de Jesus, a entrada em Jerusalém). A maioria dessas lendas segue o modelo das narrativas da bíblia de Israel. Isso está especialmente evidente no relato da paixão, todo ele baseado nos motivos bíblicos da história do justo sofredor do Dêutero-Isaias e de vários Salmos. Típico dessas lendas é adotarem floreios descritivos com moderação e realçarem um único evento”. - Helmut Koester, estudioso do Novo Testamento, é um dos mais renomados pesquisadores da História do cristianismo primitivo”.
“Os evangelhos não fornecem informações facilmente para a compreensão histórica [...]. Eles normalmente projetam sobre a vida de Jesus controvérsias posteriores entre as comunidades cristãs e judaicas e podem simplesmente refletir uma falta de entendimento de um autor tardio das tradições à sua disposição e da sociedade palestina”. - A. J Saldarini, estudioso da história e do Novo Testamento.
“Não há confirmação irrefutável de que o homem Jesus tenha vivido. Existem argumentos propondo que Jesus é a somatória de várias personagens, ou que sua pessoa possa ter sido inflada até chegar à condição de mito. De fato é preciso se entregar a uma formidável devoção ao fundamentalismo para se acreditar piamente no que a Bíblia contém sobre o assunto. As Escrituras são contraditórias e incompletas. Na verdade, mais simbólicas do que documentais”. - Robert Funk, teólogo da Universidade de Montana e um dos bravos acadêmicos do Seminário de Jesus.
“As narrativas da Paixão não são história relembrada, mas profecia historicizada. [...]A verossimilitude sugere que os escritores que viveram no primeiro século A.D. não descreveriam um cenário totalmente implausível sem uma razão teológica. [...] as profundezas da teologia quase sempre sobrepujam a superfície da história. [...] em termos dos seus próprios interesses, algo como a plausibilidade histórica relativa, ou verossimilitude, era tudo o que os sinóticos exigiam. E essa exigência foi frequentemente deixada de lado por preocupações de ordem teológica, apologética, polêmica ou quanto à pura narrativa. [...] todos os escritores dos evangelhos, precisamente como tal, permitiram que forças teológicas, apologéticas, polêmicas ou referentes à narrativa pura prevalecessem sobre a plausibilidade histórica superficial, em graus variados. ”. – John Dominic Crossan, teólogo e figura importante no campo da arqueologia bíblica, antropologia, Novo Testamento e Alta Crítica.
“[Entre os] documentos cristãos mais antigos, os evangelhos [...] não podem ser usados para focalizar dados históricos objetivos do período (da vida de Jesus). Os evangelistas já estão impregnados pela reflexão teológico-cristológica da comunidade cristã tardia, de maneira que passam uma versão já metamorfoseada da comunidade primeva [...] [Por isso] não se deve perder de vista que a redação final dos evangelhos não foi feita sem antes ter passado por um complexo período oral, havendo, portanto, uma seleção natural dos relatos que estavam sendo redigidos. Esse processo, longo e gradual, influenciou o rumo teológico que estava em formação nas comunidades cristãs”. - Donizete Scardelai, teológico e estudioso do Novo Testamento.
“Os quatro evangelhos são realmente fontes difíceis; o fato de serem os primeiros escolhidos da rede não significa a garantia de que eles reproduzem as palavras e os atos históricos de Jesus. Impregnados da fé pascal da Igreja Primitiva, altamente seletivos e ordenados segundo diversos programas teológicos, os Evangelhos canônicos exigem uma seleção minuciosa para deles se retirar informações confiáveis à pesquisa. [...] Décadas de adaptação litúrgica, expansão homilética e atividade criativa por parte dos profetas cristãos deixaram sua influencia nas palavras de Jesus nos Quatro Evangelhos”. – John P. Meier, especialista em Novo Testamento, e padre católico. Editor da The Catholic Biblical Quarterly e presidente do Catholic Biblical Association. É autor da série “Um Judeu Marginal”.
“[...] hoje não sabemos quase nada com relação à vida e à personalidade de Jesus, já que as primeiras fontes cristãs não revelam interesse em qualquer dos dois aspectos, além de serem fragmentárias e, no mais das vezes, baseadas em lendas….” – Rudolf Bultmann, foi docente na área de Bíblia e Novo Testamento em Marburg. Ocupou-se com muitos temas da teologia, filologia e arqueologia.
“[...] a natureza da tradição sinóptica é tal que o ônus da prova recairá sobre a alegação de autenticidade”. - Norman Perrin, Norman Perrin foi Professor de Novo Testamento na Divinity School, da Universidade de Chicago.
“Jamais li algo tão tendencioso quanto os Evangelhos”.– Harold Bloom, professor e crítico literário estadunidense, considerado o maior crítico literário do mundo. Autor de “Jesus e Javé” e “O Livro de J”.
“Considero a maior parte dos Evangelhos leitura sumamente desagradável. [...] Pergunto-me por quanto tempo, e até onde, é possível se esquivar ou resistir à sugestão de que a estruturação editorial das Escrituras é, fundamentalmente, um processo desonesto”. Northrop Frye, um dos mais célebres críticos literários do século XX. Autor de “Anatomia da crítica” e de “O código dos códigos”.
“O consenso arqueológico, pelo menos até o ano de 1990, era de que a Bíblia poderia ser lida basicamente como um documento histórico confiável. [...] Agora, é evidente que muitos eventos da história bíblica não aconteceram numa determinada era ou da maneira como foram escritos. Alguns eventos famosos da Bíblia jamais aconteceram inteiramente”. - Israel Finkelstein, ex-Diretor do Instituto de Arqueologia Sonia e Marco Nadler da Universidade de Tel Aviv, Israel, de 1996 a 2002. Em 2005 tornou-se o titular da Cátedra Jacob M. Alkow de Arqueologia de Israel nas Idades do Bronze e do Ferro da mesma Universidade, e ganhou, com Graeme Barker, o prêmio Dan David, de 1 milhão de dólares.
“As recentes descobertas da arqueologia têm revolucionado o estudo do antigo Israel e jogaram sérias dúvidas sobre as bases históricas de muitas narrativas bíblicas, como as peregrinações dos patriarcas, o êxodo do Egito e a conquista de Canaã, e o glorioso império de Davi e Salomão”. – Israel Finkelstein, atualmente considerado o maior arqueológico bíblico que existe.
“[A Bíblia é] uma saga épica, composta por uma surpreendente coleção de escritos históricos, memórias e lendas, contos folclóricos e historietas, propaganda real, profecia e poesia antiga. [...] É uma coleção de lendas, leis, poesia, profecias, filosofia e história”. - Israel Finkelstein, autor do livro “E a Bíblia não tinha razão”.
“São inúmeras as contradições entre os achados arqueológicos e as narrativas bíblicas para propor que a Bíblia ofereça uma descrição precisa do que ocorrera de fato”. – Israel Finkelstein, historiador e arqueólogo.
“As escrituras não são infalíveis; não são a ‘palavra de Deus’; o que lemos hoje é às vezes apenas uma versão textual entre alternativas anteriores; seu relato pode ser demonstravelmente falso (como as conquistas de Josué ou a Natividade de Jesus); pode atribuir a determinadas pessoas palavras que nunca pronunciaram. [...] Os acontecimentos e os relatos são muitas vezes inverídicos por serem contraditórios ou por não corresponderem a fatos que conhecemos de outras fontes”.– Robin Lane Fox, acadêmico inglês historiador, professor em Oxford, e especialista em História Antiga.
“O mundo dos relatos das Sagradas Escrituras não se contenta com a pretensão de ser uma realidade histórica verdadeira – pretende ser o único verdadeiro, destinado ao domínio exclusivo. Qualquer outro cenário, quaisquer outros desfechos ou ordens não tem direito algum a se apresentar independentemente dele, e está escrito que todos eles, a história de toda a humanidade, se integrarão e se subordinarão aos seus quadros. Os relatos das Sagradas Escrituras não procuram o nosso favor [...], não nos lisonjeiam para nos agradar e encantar – o que querem é nos domina, e se nos negarmos a isso, então somos rebeldes”. – Erich Auerbach, filólogo alemão e estudioso de literatura comparada assim como crítico de literatura.
“Na década de 1960 havia um grande debate acerca da veracidade do relato bíblico a respeito dos patriarcas Abraão, Isaac e Jacó. O famoso arqueólogo William Allbright defendeu a historicidade dos patriarcas. Hoje, este debate está superado. Nenhum arqueólogo ou historiador atualmente considera o Gênesis como uma descrição de eventos históricos daquela época. Neste ponto, é impossível retroceder. Estamos vivendo um processo de liberação da arqueologia de uma leitura muito conservadora e ingênua do texto bíblico. Isto não poderá ser interrompido ou dramaticamente revertido”. – Israel Finkelstein, atualmente considerado o maior arqueológico bíblico que existe.
“Infelizmente, o conhecimento que dele [do movimento de Jesus no início] temos é limitado e distorcido pela inabilidade da parte inicial dos Atos dos Apóstolos. Lucas, imaginando-se que ele tenha escrito esse documento, não se encontrava em Jerusalém na época. Não era uma testemunha ocular. Era membro da missão aos gentios e produto do movimento da diáspora. Não nutria simpatia cultural nem, na verdade, doutrinal para com os apóstolos pentecostais; nesse contexto, não só era um forasteiro como estava mal-informado”. – Paul Johnson, historiador e autor de “História do Cristianismo”.
“Os últimos dias da vida de Jesus não ocorreram da maneira relatada nos Evangelhos. Nem quem os escreveu sabia o que aconteceu. Fica muito claro pela narrativa bíblica que os evangelistas fogem, eles não estão lá. Jesus fica sozinho em seus últimos dias. Não tenho a menor dúvida em afirmar que os detalhes da narrativa são ficcionais, são uma invenção”. – Gabriele Cornelli, professor de filosofia e teologia, da Universidade Metodista de São Paulo.
“[...] os quatro Evangelhos Canônicos certamente apresentam semelhanças com as biografias greco-romanas (juntamente com outros tipos de literatura da época, como o “romance”, ou novela). [...] o que consideramos o principal indicio de um romance histórico – a criação do diálogo ou a utilização de personagens não-históricos – era admissível nos antigos textos históricos. Assim, as linhas divisórias entre o que se poderia considerar história e romance histórico já não eram muito nítidas na literatura antiga”. – J. P. Meier, em “Um Judeu Marginal.
“Os esforços de se reconstituir a tradição literária [dos Evangelhos bíblicos] por meio de uma análise das formas literárias (Crítica da Forma) levou muitos eruditos à conclusão de que a formulação e preservação da tradição acerca de Jesus foi estimulada não por interesses históricos, mas por interesses intrinsecamente relacionados á fé”. — W. G. Kürnmel, especialista alemão em Novo Testamento.
“Os Evangelhos são propaganda religiosa projetada para converter o leitor. Sejamos honestos e admitamos que os Evangelhos são parciais a favor de Jesus”. – Joel Stephen Williams. Este autor é um cristão fundamentalista que, não conseguindo mais se segurar, enfim confessou a tendenciosidade dos evangelhos.
“[...] seria difícil tirar outra conclusão senão esta: que a credibilidade dessas narrativas é nula. [...] Os evangelistas, cada um de seu modo, cuidam de harmonizar esses prelúdios a sua concepção teológica. São narrativas com teor querigmático, não relatos históricos”. – Rochus Zuurmond, professor de teologia bíblica da Universidade Livre de Amsterdã, na Holanda.
“O processo de falsificação e modelagem sobre o homem Jesus, suas palavras e ações, começaram bem mais cedo no cristianismo e já estava numa fase bastante avançada quando aparece no Novo Testamento”. - Gerd Ludemann, professor de História do Cristianismo Primitivo, na Alemanha.