Recebem esta denominação os pensadores cristãos dos séculos II e III d.C., que se dedicavam à tarefa de escrever apologias do cristianismo. Era preciso, nessa época, defender a nascente doutrina cristã de três correntes distintas que lhe faziam oposição: a religião judaica, o Estado romano e a filosofia pagã. Contra os judeus, era necessário afirmar argumentativamente o messianismo de Jesus Cristo. Contra os romanos, era preciso convencer o imperador do direito de legalização à prática do cristianismo dentro do Império. E contra os filósofos pagãos, a tarefa dos apologistas era a de apresentar a religião cristã como uma verdade total, à diferença dos erros ou verdades parciais presentes, segundo estes autores, na filosofia helenística.
ARGUMENTOS DOS PAGÃOS CONTRA O CRISTIANISMO
A doutrina da ressurreição é absurda
RESPOSTAS DOS APOLOGISTAS
Os Evangelhos mencionam testemunhas oculares
O efeito sobre os discípulos foi profundo
Existe analogia nos ciclos da natureza (ex: estações do ano).
ARGUMENTOS DOS PAGÃOS
Há contradições nas Escrituras
RESPOSTAS DOS APOLOGISTAS
Harmonias como o Diatessaron, de Ticiano, esclarecem contradições
ARGUMENTOS PAGÃOS
O ateísmo conta com ampla aceitação
RESPOSTAS DOS APOLOGISTAS
Mesmo Platão acreditava num deus invisível
ARGUMENTOS PAGÃOS
O cristianismo é a adoração de um criminoso crucificado
RESPOSTAS DOS APOLOGISTAS
A condenação de Jeus violou a lei
ARGUMENTOS PAGÃOS
O cristianismo é uma novidade
RESPOSTAS DOS APOLOGISTAS
O cristianismo vem sendo preparado desde a eternidade
Moisés antecedeu os filósofos pagãos
ARGUMENTOS PAGÃOS
O cristianismo evidencia uma falta de patriotismo
RESPOSTAS DOS APOLOGISTAS
Os cristãos obedecem a todas as leis, desde que não violem a consciência
ARGUMENTOS PAGÃOS
Os cristãos praticam incesto e canibalismo
RESPOSTAS DOS APOLOGISTAS
Observe o estilo de vida dos mártires
ARGUMENTOS PAGÃOS
O cristianismo leva à destruição da sociedade
RESPOSTAS DOS APOLOGISTAS
As calamidades naturais de fato representam o juízo divino contra a idolatria
ARGUMENTOS DOS APOLGISTAS CONTRA O PAGANISMO
Os filósofos pagãos cometeram plágio, roubando suas melhores idéias de Moisés e de outros profetasO politeísmo é um absurdo filosófico e uma decadência moralOs filósofos pagãos contradizem uns aos outros e até a si próprios.
REFUTAÇÃO DOS APOLOGISTAS CONTRA O JUDAÍSMO - SÉC II
Os judeus dos primeiros séculos diziam:
"O cristianismo é um desvio do judaísmo".
Resposta dos apologistas:
A lei judaica é temporária por definição e encaminha para a nova aliança.
Os judeus diziam:
"O humilde carpinteiro morto numa cruz não corresponde ao Messias profetizado no AT."
Resposta dos apologistas:
O AT predisse o sofrimento e também a glorificação do Messias.
Os judeus diziam:
"A divindade de Cristo vai de encontro à unidade de Deus."
Os apologistas diziam:
O AT deixa prever a pluralidade de pessoas dentro da unidade da deidade.
OS ARGUMENTOS DOS APOLOGISTAS CONTRA O JUDAÍSMO:
As profecias do AT foram cumpridas em Cristo
Os tipos (ritos e símbolos) do AT apontam para Cristo.
A destruição de Jerusalém confirma a visão de que Deus condenou o judaísmo e apoiou o cristianismo.
UMA VISÃO GERAL DA HISTÓRIA DA IGREJA
Embora seja, em certa medida, artificial e errado quebrar a história da igreja Cristã em distintos períodos ou épocas, é, todavia, uma ferramenta útil para visualizar o desenvolvimento da vida da igreja nos dois milênios passados. A maioria dos historiadores da igreja reconhece três períodos gerais:
I. Cristianismo Patrístico - 95 d.C. a 590 d.C.(Assim chamado por causa da influência dominante, tanto sobre a vida como sobre o pensamento, dos Pais da Igreja)
II. Cristianismo Medieval – 590 d.C. a 1517 d.C.(Este período foi chamado primeiramente de Idade Média por Christopher Keller [1634-80])
III. Cristianismo Moderno - 1517 d.C. até o presente(O grande momento decisivo na história da igreja foi a Reforma Protestante, inaugurada por Martinho Lutero em 31 de outubro de 1517)
É útil subdividir cada um destes períodos gerais em fases mais descritivas:
I. Cristianismo Patrístico - 95 d.C. a 590 d.C.
a. A Idade das Apologéticas – este período data desde 95 d.C., geralmente considerado como o ano quando o último livro do cânon do Novo Testamento (Apocalipse) foi escrito, até 325 d.C. e o Concílio de Nicéia. Alguns preferem 312 d.C., o ano em que Constantino se converteu ao Cristianismo. O Edito de Milão, em 313 d.C., pôs fim efetivamente à perseguição da igreja como um movimento minoritário e concedeu-lhe um status legal pleno, para ser igualmente tolerada com todas as outras religiões. Durante este período, a igreja se esforçou para se defender contra as ameaças do paganismo, tanto politicamente como teologicamente.
b. A Idade das Polêmicas – de 325 d.C. até o aparecimento de Gregório (o último dos Pais da Igreja e o primeiro dos verdadeiros Papas), em 590 d.C. Seguindo a conversão de Constantino, a igreja “se moveu rapidamente da solidão das catacumbas ao prestígio dos palácios” ( Shelley ). Com o poder do Estado ao seu favor, a igreja começou a exercer sua influência moral sobre a sociedade como um todo. Com prestígio e influência política, contudo, veio também a corrupção interna. O Monasticismo emergiu em protesto desta secularização da fé. Em 392, o imperador Teodósio I estabeleceu o Cristianismo como a única religião legal do Império Romano. Foi durante este período também que as maiores controvérsias doutrinárias foram travas e resolvidas em concílios teológicos sancionados pelo Estado.
II. Cristianismo Medieval – 590 d.C. a 1517 d.C.
a. A Idade da Hierarquia Papal desde Gregório o Grande (590) até a divisão entre Oriente e Ocidente (1054), ou até Gregório VII (1073). A principal característica desta época, freqüentemente referida (talvez sem justificação) como Idade das Trevas , foi o estabelecimento e solidificação do poder da hierarquia papal Católica Romana.
b. A Idade do Escolasticismo ou Sistematização - de 1054/1073 até o começo da Reforma Protestante em 1517. Durante este período, a doutrina cristã foi totalmente sistematizada através da filosofia e teologia dos sacerdotes, tais como Anselmo(1033-1109), Peter Abelard (1142), Hugo de São Vítor, Peter Lombard, Alberto o Grande, Duns Scotus, alcançando seu zênite na obra monumental de São Tomás de Aquino (1225-74), cuja teologia (chamada Tomismo ) foi declarada eternamente válida para o Catolicismo em 1879.
[Foi também durante este período que a igreja Oriental se dividiu da Romana (1054)]
III. Cristianismo Moderno - 1517 d.C. até o presente
a. A Idade da Reforma Protestante e do Confissionalismo Polêmico – da postagem de Martinho Lutero das 95 teses (1517) até a Paz de Westphalia (1648-50). Este período testemunhou o triunfo da Reforma Protestante na Europa (com o florescimento das quatro maiores tradições do Protestantismo antigo: Luterana, Reformada, Anabatista e Anglicana), bem como a reação de Roma na Contra-Reforma Católica e a influência dos Jesuítas. O século XVII foi caracterizado pelo desenvolvimento do escolasticismo e da ortodoxia credal. Movimentos reacionários e reavivalistas emergiram nos últimos estágios deste período, parcialmente em oposição à aparente estagnação que se estabeleceu no meio de muito do Protestantismo.
b. A Idade do Racionalismo e do Reavivamento – de 1650 à Revolução Francesa (1789). Também conhecida como a Idade da Razão, visto que a ciência substituiu a crença no sobrenatural, à medida que a igreja ficou debaixo da influência poderosa do Iluminismo (no qual a razão era estimada acima da revelação). Os grandes movimentos de reavivamento na Inglaterra (os Wesleys) e na América (Edwards e Whitefield) foram a melhor defesa da igreja contra a invasão do humanismo.
c. A Idade do Progresso – de 1789 até a Primeira Guerra Mundial (1914). Os primeiros anos deste período foram caracterizados pela reviravolta política (as Revoluções Americana [1776] e Francesa [1789]) e pela transformação social (a Revolução Industrial). A emersão da alta crítica Alemã e a publicação da Origem das Espécies de Darwin ativaram uma filosofia que ameaçava minar os fundamentos da ortodoxia. Foi durante os últimos estágios deste período que vemos a emersão do que é conhecido como um liberalismo teológico moderno.
d. A Idade das Ideologias – de 1914 (Primeira Guerra Mundial) até os dias de hoje. Durante este período a pletora de novos deuses se levantou para competir pela fidelidade da mente secular. Comunismo, Nazismo, Facismo, liberalismo teológico (que foi desafiado pela reação da neo-ortodoxia Bartiniana), socialismo, ecumenismo, individualismo, humanismo estão entre as ideologias mais competitivas. A igreja respondeu a este assim chamado modernismo com os seus próprios ismos , Fundamentalismo, e finalmente o mais intelectualmente sofisticado e culturalmente engajado Evangelicalismo. Outros desenvolvimentos dignos de nota foram o Denominacionalismo e o movimento Pentecostal/Carismático.
ENTENDA UM POUCO MAIS SOBRE O PERÍODO DOS PAIS DA IGREJA
COMO DIVIDIR O PERÍODO?
Podemos dividir os Pais da Igreja em três grandes grupos a saber: Pais apostólicos, Apologistas e Polemistas. Todavia devemos levar em conta que muitos deles pode se enquadrar em mais de um desses grupos devido a vasta literatura que produziram para a edificação e defesa do Cristianismo, e também de acordo com o que as circunstancias exigiam, como é o caso de Tertuliano, considerado o pai da teologia latina. Sendo assim então temos:
Pais apostólicos: Foram aqueles que tiveram relação mais ou menos direta com os apóstolos e escreveram para a edificação da Igreja, geralmente entre o primeiro e segundo século. Os mais importantes destes foram, Clemente de Roma, Inácio de Antioquia, Papias e Policarpo.
Apologistas: Foram aqueles que empregaram todas suas habilidades literárias em defesa do Cristianismo perante a perseguição do Estado. Geralmente este grupo se situa no segundo século e os mais proeminentes entre eles foram: Tertuliano, Justino, o mártir, Teófilo, Aristides e outros.
Polemistas: Os pais desse grupo não mediram esforços para defender a fé cristã das falsas doutrinas surgidas fora e dentro da Igreja. Geralmente estão situados no terceiro século. Os mais destacados entre eles foram: Irineu, Tertuliano, Cipriano e Origenes.
OS APOLOGISTAS DO SÉC II
Apologia significa “DEFESA”. Os apologistas foram homens que procuraram defender a fé cristã diante de algumas acusações. As acusações eram afirmações de que o cristianismo era composto de pessoas ignorantes, que era copiado dos grandes sábios, como Platão (ao ensinar a imortalidade da alma) e assim mesmo deturpado como no caso da “absurda” doutrina da ressurreição. Diante de tais acusações, levantaram-se os Apologistas para defender a Fé Cristã, especialmente contra o judaísmo, a filosofia pagã e as religiões pagãs.
Segue a lista mais comum dos apologistas do segundo século:
QUADRATO (início do séc. II)
LUGAR DE MINISTÉRIO: Atenas.
ESCRITOS: Apologia (documento-texto perdido, apenas citado por Eusébio).
FATOS NOTÁVEIS:
Foi bispo de Atenas.
Sua apologia se dirigia ao imperador Adriano.
Contrapõe o cristianismo ao judaísmo e ao culto pagão.
Sua apologia se dirigia ao imperador Adriano.
Contrapõe o cristianismo ao judaísmo e ao culto pagão.
ARISTIDES (início do séc. II).
LUGAR DE MINISTÉRIO: Atenas.
ESCRITOS: Apologia (perdido).
FATOS NOTÁVEIS:
Sua apologia se dirigia ao imperador Adriano.
Mostra forte influência paulina.
Posto que a apologia de Quadrato, de que nos fala o historiador Eusébio, parece ter se perdido, a mais antiga apologia que temos é a de Aristides.
JUSTINO, MÁRTIR (100-165).
LUGARES DE MINISTÉRIO: Palestina, Éfeso e Roma.
ESCRITOS:
Primeira Apologia;
Segunda Apologia;
Diálogo com o Judeu Trifon;
Contra Heresias (perdido);
Contra Marcião (perdido).
Primeira Apologia;
Segunda Apologia;
Diálogo com o Judeu Trifon;
Contra Heresias (perdido);
Contra Marcião (perdido).
FATOS NOTÁVEIS:
Estudou filosofia;
Era professor leigo intinerante;
Resistiu pessoalmente a Marcião;
Desenvolveu o conceito teológico do LOGOS
SPERMATICO, ou seja: "Jesus dá ao homem a
capacidade de aprender a verdade".
O encontro com o cristianismo não o fez
O encontro com o cristianismo não o fez
abandonar sua bagagem de filosofo. Ele
considerou que no cristianismo tinha encontrado
a “Verdadeira Filosofia”. Esta é a tese de suas
apologias;
Defendeu o cristianismo com base na profecia,
Defendeu o cristianismo com base na profecia,
nos milagres e na ética.
Foi decapitado em Roma.
Foi decapitado em Roma.
TACIANO (110-172).
LUGARES DE MINISTÉRIO: Assíria, Síria e Roma.
ESCRITOS:
Diatessaron;
Discurso aos Helenos.
Discurso aos Helenos.
FATOS NOTÁVEIS:
Discípulo de Justino;
Defendeu a prioridade temporal do cristianismo,
Defendeu a prioridade temporal do cristianismo,
sobre as outras religiões;
Produziu a primeira harmonia dos evangelhos;
Caiu posteriormente no gnosticismo;
Seus seguidores foram chamados de chamados
de "encratitas".
ATENÁGORAS (séc.II).
LUGAR DE MINISTÉRIO: Atenas.
ESCRITOS: Apologia da Ressurreição dos Mortos.
FATOS NOTÁVEIS:
Era platonista;
Escreveu em estilo clássico.
TEÓFILO (181).
LUGAR DE MINISTÉRIO: Antioquia.
ESCRITOS: A Autólico.
FATOS NOTÁVEIS:
Foi um severo polemista com os filósofos
Foi um severo polemista com os filósofos
pagãos;
Foi bispo de Antioquia.
Foi bispo de Antioquia.
MELITO (190).
LUGAR DE MINISTÉRIO: Sardes.
ESCRITOS: Cerca de 20 obras (todas perdidas).
FATOS NOTÁVEIS:
Foi bispo de Sardes;
Apoiou os da teoria dos quartodecimanos.
Produziu a primeira lista cristã dos livros
Apoiou os da teoria dos quartodecimanos.
Produziu a primeira lista cristã dos livros
do Antigo Testamento.
HEGESIPO (séc. II).
LUGARES DE MINISTÉRIO: Síria, Grécia e Roma.
ESCRITOS: Memoriais (perdido).
FATOS NOTÁVEIS:
Era judeu convertido;
Coletou informações sobre a história da Igreja
Era judeu convertido;
Coletou informações sobre a história da Igreja
Primitiva para comprovar a pureza e a
apostoloicidade dessa igreja;
Culpava o judaísmo por todas as heresias.
Culpava o judaísmo por todas as heresias.
NOTA: Todos os documentos-textos que estão citados
como "perdidos" devem a comprovação de sua
existência através de escritos encontrados que citam
tais textos perdidos.
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