A chamada do mais novo filme com tonalidade cristã nos Estados Unidos segue mais ou menos esta forma: “Dois homens ouviram o chamado de Deus. O primeiro se tornou ateu. O outro se tornou Billy Graham”. O longa “Billy Graham, the early years” (ainda sem título em português), que não foi lá tão bem recebido pela crítica especializada, conta a história dos primeiros anos do ministério do evangelista mais respeitado do mundo.
Desperta a atenção na publicidade do filme, a saga de dois homens que sentiam-se vocacionados a pregar o evangelho e tiveram destinos absolutamente diversos. O ateu é Charles Templeton, então o melhor amigo de Graham, que, no decorrer da caminhada, desertou da fé cristã.
O que leva um evangelista a converter-se ao ateísmo, isto é, a render-se a um sistema que consiste na exata negação dos fatos que ele pregava? A revista Time publicou, em 1993, em sua reportagem de capa, uma matéria sobre Billy Graham em que relata o episódio da influência de Templeton sobre a vida do evangelista.
Segundo o relato da Time, tanto Graham quanto o seu amigo pregavam o evangelho, até o momento em que Templeton se deparou com os questionamentos da teologia liberal à verdade bíblica e com as conclusões avassaladoras que o método de investigação materialista faziam contra as Escrituras. Billy Graham não possuía muitas respostas para os questionamentos do seu melhor amigo. Sem dispor de adequados conhecimentos científicos para argumentar em favor de sua fé, ele se viu num daqueles momentos de definição que todo cristão enfrenta, quando reflete honestamente sobre sua fé diante dos desafios do secularismo.
Graham, então, optou por uma saída pragmática: “Eu percebo que quando eu digo ‘Deus diz’ ou ‘a Bíblia diz’ eu consigo resultados. Por conta disso, decidi não lutar mais com esse tipo de questão”.
Essa história ensina que a apostasia tem um caminho. E esse caminho não está relacionado com o encontro que se pode ter com o grande conhecimento científico que o homem acumulou na sua história. A ciência pode levantar algumas questões que transitoriamente angustiam o coração do crente, mas não são suficientes para minar sua fé. Não é isso que leva à deserção.
Na verdade, a derrocada tem início quando o crente começa a duvidar das Escrituras. O liberalismo teológico é a ante-sala da apostasia. O crente que duvida da confiabilidade da Palavra de Deus serra o galho de árvore sobre o qual a sua fé está sentada. É por isso que Dinesh d’Souza acerta quando chama o teólogo liberal de evangelista ao avesso. Segundo o autor indiano, os missionários eram enviados ao mundo para pregar o evangelho, enquanto que o teólogo liberal é um emissário do mundo para pregar à igreja.
É certo que a cantiga do secularismo exerce fascínio sobre todos nós, especialmente sobre aqueles que amam a cultura e a arte. Em tempo de mediocridade na produção cultural no meio cristão, é difícil não se encantar com a superioridade estética da cultura secular, em todas as suas manifestações - literatura, música, teatro, etc. Mas devemos cuidar para que esse encanto não chegue ao ponto de nos levar a aceitar, no coração, a questão que é a pedra fundamental da teologia liberal: “Foi assim que Deus disse?”.
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