JESUS: HOMEM, FILHO DE DEUS, MESSIAS, SEMIDEUS, DEUS, LUNÁTICO, OU IMPOSTOR?
Algumas ciências são classificadas como exatas, ou seja, não podem estabelecer novos paradigmas, pois são imutáveis. Por sua vez alguns postulados científicos são quase diariamente revistos e, o que foi estabelecido como inalterável, num próximo momento torna-se obsoleto. Quanto ao Cristianismo como devemos classificá-lo? Uma religião com pouco mais de 2000 anos dissidente da fé judaica que, outrora também, teve em seus primórdios diferentes fases: animista, politeísta, henoteísta, e monoteísta. Com toda a certeza este questionamento transpõe uma simples fixação da nomenclatura.
Se tratarmos o Cristianismo como uma questão de fé, suas bases históricas, quase sempre obscuras, se perderão para sempre e todo o conhecimento será baseado na experiência. Se quisermos dar caráter científico ao Cristianismo então, suas fontes históricas escassas, suas lendas insustentáveis, seus censos improváveis, seus holocaustos descomunais, seus exércitos imaginários, suas batalhas forjadas, sua geografia irreal, inevitavelmente desaparecerão.
Uma vez que o Antigo Testamento é incapaz de esclarecer os fundamentos principais de sua crença: A origem de Deus, A origem dos elementos da Criação, A raiz do Mal, deve-se avançar até o Novo Testamento onde um homem chamado Jesus se fez “o porta-voz de YHVH”.
Jesus foi e continua sendo o personagem “histórico” mais popular e mais enigmático de todos os tempos. Seu nascimento e vida pública constituem um complexo enigma. Todos os acontecimentos biográficos do Rabi de Israel convergem numa tentativa desesperada de alinhar suas ações às profecias messiânicas do Antigo Testamento.
Este Cristo anunciado é também paradoxalmente um personagem enredado em mistérios, oráculos, profecias, adágios escatológicos, sepultando de uma vez por todas a expectativa do Jesus histórico.
Em que momento Jesus de Nazaré foi elevado à condição de Deus? O que Jesus dizia a seu próprio respeito? O que pensavam os discípulos? O que achavam os inimigos de Jesus? É bem provável que jamais tenhamos uma resposta universal sobre a sua divindade.
As escrituras do Antigo Testamento muito pouco apresentam analogia com o Jesus de Nazaré. O Messias judeu deveria ser um rei poderoso, capaz de destruir os grandes impérios que oprimiam aquele povo. O messias cristão, por sua vez, foi um herói executado transformado em Deus. Seus discípulos conseguiram convencer o mundo de que esse homem, chamado de filho de Deus, ou Deus filho, era o ungido previsto pelos profetas judeus, e, ainda, que ele retornará (ia) para estabelecer o reino eterno.
O Judaísmo é o resultado da incorporação pelos hebreus de princípios e crenças de vários povos entre os quais eles viveram. O Cristianismo, por sua vez, embora de origem cada vez mais duvidosa, tornou-se muito mais forte do que todos os outros credos por duas razões: em primeiro lugar, passou ao mundo a idéia de que o único Deus verdadeiro enviou seu filho a Terra e este morreu pela salvação do mundo e ressuscitou dentre os mortos. Em segundo, prometendo a ressurreição dos mortos e um reino eterno, tornou-se mais atraente do que todas as demais crenças. Assim, não foi difícil conquistar o Império Romano e torna-se uma das maiores religiões do mundo.
Os judeus sempre viveram oprimidos por impérios poderosos, mas sempre acreditaram que seu Deus lhes daria o domínio do mundo.
Quando a Assíria era o império dominante da região onde os judeus viviam, e Israel vivia no exílio sob esse império, eles acreditaram ter uma promessa divina que fatalmente se cumpriria dando-lhes o domínio de todos os povos da Terra. A Assíria seria derrotada e o povo escolhido de YHVH dominaria para sempre.
Os profetas judeus nunca disseram que o messias seria morto pelo inimigo, mas os discípulos de Jesus usaram textos descontextualizados das escrituras hebraicas para passar essa idéia ao mundo. Nunca houve previsão profética ou promessa na lei de Moisés de que o sacrifício de animais fosse um dia ser abolido e substituído por outro tipo de sacrifico. Todavia, os discípulos de Jesus conseguiram persuadir o mundo a crer que a morte de Jesus era um sacrifício divino (leia-se aberração) a substituir os sacrifícios de cordeiros. E mais textos foram utilizados para convencer o mundo de que Jesus fosse o prometido libertador:
A Virgem.
“Ora, tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que fora dito da parte do Senhor pelo profeta: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, o qual será chamado Emanuel que traduzido é: Deus Conosco (Mateus 1:22-23).
O verdadeiro contexto:
“Portanto o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel. Manteiga e mel comerá, quando ele souber rejeitar o mal e escolher o bem. Pois antes que o menino saiba rejeitar o mal e escolher o bem, será desolada a terra dos dois reis perante os quais tu tremes de medo. Mas o Senhor fará vir sobre ti, e sobre o teu povo e sobre a casa de teu pai, dias tais, quais nunca vieram, desde o dia em que Efraim se separou de Judá, isto é, fará vir o rei da Assíria.” (Isaías 7: 14-17).
Prossegue um pouco adiante:
“E fui ter com a profetisa; e ela concebeu, e deu à luz um filho; e o Senhor me disse: Põe-lhe o nome de Maer-Salal-Has-Baz. Pois antes que o menino saiba dizer meu pai ou minha mãe, se levarão as riquezas de Damasco, e os despojos de Samaria, diante do rei da Assíria.” (Isaías. 8: 3).
Aí está o verdadeiro contexto da profecia: A VIRGEM referida era a profetisa, com quem teria coabitado o profeta. E isso teria ocorrido nos dias em que a Assíria se apoderou de Israel. Nada tinha a ver com uma virgem nos dias do Império Romano.
O suposto messias cristão surgiu mais de seis séculos depois desta profecia. Não libertou seu povo, foi morto pelos romanos, e o povo caiu em uma situação pior do que todas as anteriores, pois foram dispersos pelo mundo. Afinal, quem foi Jesus: Homem, Filho de Deus, Messias, Semideus, lunático, ou impostor?
Uma vez que as escrituras do AT e NT divergem sobre o caráter e a missão do Messias, restam apenas os ditos de Jesus, porém quais teriam sido verdadeiramente pronunciados pelo homem de Nazaré?
Jesus nunca afirmou que era Deus, ninguém encontrará no Evangelho uma só palavra sua em tal sentido. O título que Ele habitualmente se atribuía era o de "Filho do Homem", que figura 80 vezes nos Evangelhos (30 no de Mateus, 14 no de Marcos, 26 no de Lucas e 10 no de João). Poucas vezes, e em geral de forma indireta, Ele se autodenominou "Filho de Deus", título este que os discípulos, outras pessoas e até os espíritos impuros às vezes lhe atribuíam. É de notar que ser "filho de Deus" não é ser Deus, como esclarece (João 1:12) "A todos quanto o receberam, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus".
A maioria dos “teólogos” costumam apresentar como prova da sua divindade a frase "Eu e o Pai somos um" (João 10:30), sem atentar para o fato de que logo adiante Jesus incluiu na mesma categoria os apóstolos, quando afirmou: "Pai Santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós" (João 17:11) e "para que também eles sejam um em nós" (João 17:21).
E na mesma passagem citada acima, quando os judeus o acusaram de "se fazer Deus a si mesmo" (João 10:33), Ele encerrou a discussão afirmando: "Se a própria lei chamou deuses aqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida, como dizeis que blasfema aquele que o Pai santificou e enviou ao mundo porque diz “Sou Filho de Deus” ? (João 10:36).
Em várias outras passagens Jesus se proclamou um "enviado de Deus" (João 4:34; 5:24; 6:29; 6:44; 7:29; 8:26; 12:45; 17:3) e chegou a afirmar: "Porque eu desci do Céu, não para fazer a minha vontade, mas a daquele que me enviou" (João 6:38). É claro que um enviado é sempre inferior àquele que o envia. A respeito de Jesus atribuiu-se também vários outros títulos, como os de "Filho", de "Mestre e Senhor", de "Luz do Mundo", de "Bom Pastor", etc., mas é claro que nenhuma dessas expressões implica na pretensão de se fazer divino. Como um enviado de Deus para pregar aos homens a Verdade, Ele foi um instrumento, um meio, um caminho para se chegar a Deus, foi verdadeiramente o "pão da vida" que a Humanidade esperava para saciar sua fome espiritual.
Se (João 14:9) parece corroborar a idéia da divindade, logo no v. 10 Jesus esclarece que faz as obras porque o Pai permanece nele e no v.12 informa que os que cressem fariam obras até maiores, mostrando que a ação divina aconteceria nas obras de todos os que cressem. Nada havendo na passagem que justifique a noção de que Jesus se reputava Deus.
Outro trecho que se supõe confirmar a doutrina da Trindade é o de (I João 5:7-8), mas aí a interpolação é tão evidente que a própria "Bíblia de Jerusalém" (editada com aprovação eclesiástica) o resume com estas palavras: "Porque três são os que testemunham: O Espírito, a água e o sangue", aduzindo em nota de rodapé que as frases restantes "não constam dos antigos manuscritos, nem das antigas versões, nem dos melhores manuscritos da Vulgata, parecendo ser uma glosa marginal introduzida posteriormente" (N.T., 6a edição, página 649)
No mundo antigo havia muitos filhos de deuses. No Oriente antigo os reis eram tidos como gerados pelos deuses. Na mitologia grega os deuses geram filhos com mulheres humanas. Em Roma os imperadores eram divinizados depois de sua morte. Gênios que superavam a média humana (políticos, filósofos, imperadores) eram venerados como divinos, ou filhos de Deus.
E neste contexto, ninguém mais do que Jesus merece o título de Deus, como reconheceu o apóstolo Tomé (João 20:28) “Senhor meu e Deus meu” . Ele foi, com efeito, a mais perfeita das criaturas que pisaram neste planeta, nele se manifestou “corporalmente toda a plenitude da divindade" (Col. 2:9), pois em nenhum outro homem se apresentaram ações mais sublimes de sabedoria e virtude.
Mas foi precisamente isso, uma criatura de Deus que atingiu a máxima perfeição, ao ponto de gozar de íntima comunhão com Deus, daí o ter dito: "Quem me vê a mim, vê também o Pai" e "Glorifica-me, Pai, com a glória que eu tinha contigo antes que houvesse mundo" (João 17:5). Mas Ele também disse: "Eu rogarei ao Pai" (João 14:16 e 16:26) e o que roga evidentemente é inferior ao rogado. Ele também afirmou: "O Pai é maior do que eu" (João 14:28).
AMÉM!
Nenhum comentário:
Postar um comentário