segunda-feira, 27 de março de 2017
domingo, 26 de março de 2017
Em Busca do Jesus Histórico: A expansão da fé no Brasil
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A expansão da fé no Brasil
Desde 2010, uma nova organização religiosa surge por hora
A expansão da fé no Brasil acontece em ritmo intenso: uma nova organização religiosa surge por hora no país. A facilidade para a abertura de novas igrejas a burocracia é pequena, ao contrário do que acontece em outras atividades, o fortalecimento do movimento neopentecostal e até mesmo os efeitos da situação econômica são apontados como motivos que podem explicar o fenômeno.
De janeiro de 2010 a fevereiro deste ano, 67.951 entidades se registraram na Receita Federal sob a rubrica de “organizações religiosas ou filosóficas”, uma média de 25 por dia. Ao levar em conta apenas os grupos novos, que não são filiais daqueles já existentes, o número é de 20 por dia. O processo é simples: primeiro, obtém-se o registro em cartório, com a ata de fundação, o estatuto social e a composição da diretoria; depois, os dados são apresentados à Receita, para que o órgão conceda o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), item obrigatório para o funcionamento legal das instituições.
Com o CNPJ em mãos, basta procurar a prefeitura e o governo estadual para solicitar, caso necessário, o alvará de funcionamento e garantir também a imunidade tributária — a Constituição proíbe a cobrança de impostos de “templos de qualquer culto”. Igrejas não pagam IPTU, Imposto de Renda (IR) sobre as doações recebidas, ISS, além de IPVA sobre os veículos adquiridos. Aplicações financeiras em nome das organizações também estão livres do IR. Em alguns estados, há ainda isenção sobre o recolhimento de tributos indiretos, como o ICMS.
— A vedação se estende a todo tributo que incide sobre a atividade religiosa, desde que o recurso arrecadado seja utilizado naquela finalidade. Caso a instituição não utilize o recurso para promover sua crença, ela pode ser autuada para pagar o imposto devido — explica o advogado Levy Reis, especialista em Direito Tributário, apresentando um exemplo. — Caso uma igreja tenha um estacionamento, não incide qualquer imposto sobre os ganhos, desde que ele seja usado para sua atividade em si. Mas se esta instituição arrecada o recurso e aplica numa viagem de um pregador a passeio para Las Vegas, fica descaracterizada a imunidade tributária. E aí sim pode ser aplicado o imposto com multa.
Migração de fiéis
O texto constitucional estabelece a imunidade fiscal e a liberdade de culto — o direito é classificado como “inviolável”. Não há, portanto, a necessidade de apresentar requisitos teológicos ou doutrinários para abrir uma igreja. A facilidade faz com que muitas organizações sequer tenham um lugar, próprio ou alugado, para receber os fiéis, informando o endereço de imóveis residenciais ou de outras empresas como sendo seus.
Números mostram a quantidade de organizações criadas - Receita Federal
A teóloga Maria Clara Bingemer, professora da PUC-Rio, aponta que a migração de fiéis também é um ponto que possibilita o surgimento de novas entidades. Um relato comum é o de integrantes de igrejas que, ao adquirir o domínio da doutrina e das pregações, resolvem abrir sua própria igreja.
— Os fiéis dessas igrejas neopentecostais, muitas vezes, são ex-católicos, ex-protestantes, estavam em outras religiões e migraram. Mas não permanecem: elas são lugar de trânsito — analisa a teóloga.
Do ponto de vista tributário, a fiscalização sobre os impostos da União cabe à Receita Federal, enquanto as secretarias estaduais e municipais de Fazenda devem supervisionar os tributos a cargo dos estados e cidades. O Ministério Público também tem o dever de averiguar possíveis irregularidades e desvios provocados pela blindagem fiscal.
No Rio, dados do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), mostram que há 21.333 CNPJs ativos de organizações religiosas. De janeiro de 2010 a fevereiro deste ano, houve 9.670 registros. O estado campeão no período foi São Paulo, com 17.052. Não há um cadastro único que apresente todas as igrejas em atividade no país, portanto a verificação da abertura do CNPJ é o caminho mais seguro. Mas, como o processo é autodeclaratório, a Receita ressalva não ser possível assegurar que todos os cadastros são de organizações religiosas.
Entre as denominações que surgiram, estão movimentos como a “Associação Ministerial Homens Corajosos”. O grupo não tem um templo próprio e percorre diversas igrejas evangélicas com palestras sobre os valores da vida em família. Eles direcionam as pregações para grupos de homens por acreditar que, sem a presença das mulheres, eles se sentirão mais à vontade para “revelar os pecados” e, a partir daí, mudar de postura. As reuniões de preparação para as palestras acontecem em uma sala cedida em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense — é onde funciona a funerária de Marcos de Jesus, um dos integrantes. Há ainda, no estado, organizações chamadas “Associação Missionária Boneka”, “Igreja Missionária As Portas do Inferno Não Prevalecerão” e a “Associação Ministerial Chris Duran”, criada pelo cantor, hoje também pastor, que fez sucesso nos anos 1990. Já a Igreja Protestante Escatológica, que estuda um ramo do cristianismo, funciona na casa de seu fundador, na Tijuca, Zona Norte do Rio.
— Todos nós temos nossos trabalhos, ninguém vive da atividade pastoral. Não há cobrança de dízimo, as igrejas que nos convidam pagam apenas os kits que entregamos e, em alguns casos, nosso deslocamento — afirma Marcos de Jesus, integrante da associação dos Homens Corajosos.
O advogado Gilberto Luiz do Amaral, presidente do Conselho Superior do IBPT, defende a imunidade fiscal para os templos:
— Não se pode atacar o todo com a premissa de que alguns usam a religião como atividade econômica. Partidos políticos também têm imunidade. Uma revisão constitucional não deveria servir só para os templos.
Blindagem fiscal é tratada com muita cautela
Igrejas elegem deputados, senadores e, assim como outros atores políticos, fazem lobby no Congresso. A influência vem da força de um eleitorado capaz de decidir eleições — não à toa, mesmo os candidatos pouco habituados aos ritos religiosos frequentam templos e rezam de acordo com o calendário eleitoral. O fim da blindagem fiscal é um tema explosivo e cercado de cuidados em Brasília. Já uma possível expansão dos benefícios tributários tornou-se um assunto incômodo em uma agenda econômica protagonizada pela crise.
Dois projetos antagônicos tramitam no Congresso. Uma Proposta de Emenda Constitucional do então senador Marcelo Crivella, hoje prefeito do Rio, defende a extensão da isenção de IPTU aos imóveis alugados pelas igrejas. O projeto foi aprovado no Senado e está pronto para ser votado na Câmara. Mas, num ambiente dominado por cortes orçamentários e Reforma da Previdência, a pauta não deverá deixar a gaveta tão cedo. Por ironia, o Rio seria prejudicado com as perdas no IPTU, segunda maior fonte de receita.
Já o projeto de iniciativa popular que defende o fim da imunidade tributária para as igrejas aguarda o parecer do relator, senador José Medeiros, na Comissão de Direitos Humanos. Um assunto espinhoso, que traria gastos enormes a organizações pouco acostumadas ao rigor fiscal.
Um episódio de 2015 resume bem o tema. Ao texto de uma medida provisória que elevava impostos, parte do pacote de ajuste fiscal da época, inseriu-se um artigo que anistiava multas a organizações religiosas. O acordo envolveu Dilma Rousseff e Eduardo Cunha. O texto virou lei, livrando poderosas igrejas de multas pesadas.
MPF investiga venda de horários para igrejas nas emissoras de TV
A presença maciça de programas produzidos por igrejas evangélicas nas grades das emissoras abertas de televisão despertou a atenção do Ministério Público Federal (MPF), que apura possíveis irregularidades na prática. Duas hipóteses sustentam as investigações, que acontecem no Rio e em São Paulo: a subconcessão, que é proibida por lei; e o desrespeito ao limite estipulado para a propaganda, hoje em 25% — como as organizações religiosas pagam aos canais, há o entendimento de que se trata de uma negociação publicitária.
De acordo com um estudo da Agência Nacional do Cinema (Ancine), o caso mais expressivo é o da CNT, que tem quase 90% da programação vendida para a Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd). Em São Paulo, o MPF já impetrou uma ação civil pública contra a CNT e a Iurd. No Rio, o inquérito verifica, além da CNT, as situações de Record, Bandeirantes, RedeTV e Gazeta.
O procurador da República Pedro Machado, à frente do processo em São Paulo, afirma que a prática configura uma “transferência indireta” da concessão:
— É o desvirtuamento de um serviço público concedido pela União. E dá para equiparar essa transferência a um espaço publicitário, porque a emissora é remunerada por isso — afirma.
Já o procurador da República Sérgio Suiama, responsável pela investigação no Rio, acrescenta outro elemento ao debate: a desigualdade no uso do espaço de uma concessão pública.
— Na praça, qualquer um pode pregar, mas na TV, que também é um espaço público, só quem paga pode fazer a pregação. Só as igrejas mais poderosas e com mais dinheiro podem financiar isso. Ou autoriza todo mundo a ocupar o espaço, ou proíbe todo mundo — opina.
Além da Iurd, Assembleia de Deus, Igreja Mundial do Poder de Deus, entre outras entidades, também alugam horários para a transmissão de seus cultos. O tema, no entanto, divide opiniões. O Ministério das Comunicações já manifestou, nos autos do inquérito do Rio, o entendimento de que não vê irregularidades no caso da CNT. As regras para radiodifusão não estabelecem limites para a produção de programas por terceiros, o que, de acordo com esta interpretação, seria o caso, e não uma relação publicitária. A segunda instância da Justiça Federal de São Paulo, na análise de uma liminar, negou o pedido para que a programação da CNT fosse suspensa.
Nos documentos que constam do inquérito, as emissoras negam irregularidades, sustentam que são responsáveis pelos conteúdos veiculados e garantem que respeitam os limites determinados para a exibição de publicidade.
Organizações religiosas no Rio:
Associação Ministerial Homens Corajosos
Associação Ministério Chris Duran
Associação Missionária Boneka — Semeando
Comunidade de Aliança Maria Rosa Mística
Comunidade Evangélica Alfa e Ômega
Assembleia de Deus Derrubando Muralhas em Irajá
Igreja Evangélica Pentecostal Porta Estreita
Igreja As Portas do Inferno Não Prevalecerão
Igreja Pentecostal Geração Eleita
Igreja Protestante Escatológica
Ministério Para Que Ele Cresça
Ministério Pentecostal Labareda de Fogo
Assembleia de Deus Geração Eleita em Cristo
Assembleia de Deus Garagem da Vitória
Ministério Itinerante o Querer de Deus
Igreja Missão Global a Voz do Senhor
Igreja Ministério Fonte Água Cristalina
Igreja Missão Evangélica Porta Para o Céu
Igreja Missionária a Fonte do Que Clama
Igreja Missionária Aliança, Promessa e Exaltação
Igreja Missionária Alto Refúgio Restaurando Vidas
Evangelho Pleno do Poder de Deus em Jacarepaguá
Igreja na Obra da Restauração de Tudo em Itaguaí
Igreja Pavilhão da Benção
Igreja Pentecostal a Descida do Espírito Santo
Igreja Pentecostal a Marca do Sangue
Igreja Promessa dos Escolhidos de Deus
Igreja Renovação Cristã Ministério Portas Abertas
Igreja Sinos de Belém Missão das Primícias
Igreja Sinais e Maravilhas de Deus
Igreja Só o Senhor Jesus Cristo Reina
sábado, 25 de março de 2017
Enigma - O Jogo da Imitação (Filme Completo PT)
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Um filme sobre como o pensamento pode auxiliar na compreensão de códigos, enigmas, que ele mesmo cria.
O começo do Cristianismo - Marilia Fiorillo
Os primeiros séculos do cristianismo foram marcados pela disputa entre diversos grupos com interpretações diferentes sobre o significado dos ensinamentos de Jesus. Com o crescimento na religião, o racha nas interpretações logo virou uma briga por poder. No recém-lançado "O Deus exilado" (Civilização Brasileira), a professora da USP Marilia Fiorillo conta a história dos perdedores dessa briga, os chamados grupos gnósticos. Como ela explica nesta entrevista ao blog, são grupos que tinham em comum a valorização do conhecimento como caminho para a salvação, e assim, em contraste com os extremismos atuais, procuravam "conciliar o ímpeto pelo sagrado com a autonomia e liberdade de cada indivíduo".
Quando e em que circunstâncias surgem os primeiros movimentos gnósticos?
Falar em gnosticismo é o mesmo que falar em cristianismo primitivo, pois os cristãos gnósticos surgem com os primeiros grupos de seguidores de Jesus, já em finais do século I , e são praticamente os primeiros e únicos no Egito e na Síria oriental (que, com Antioquia e Roma, eram as metrópoles da nova religião), até o século IV. Isto ficou comprovado pela descoberta recente dos manuscritos de Nag Hammadi, e dos Evangelhos de Maria e de Judas, que, apesar de encontrados em locais diferentes, fazem parte de uma mesma "biblioteca" gnóstica, isto é, trazem uma versão própria e diferente do que as comunidades então acreditavam ter sido a mensagem do fundador Jesus.
Pode-se dizer que este livro trata de uma revisão histórica, ao dar voz aos perdedores da primeira batalha dentro do cristianismo, revelando fatos e ideários que não foram registrados na história oficial da Igreja. Esta, aliás, os combateu desde o princípio, e os derrotou de vez assim que a facção de Roma -a dos futuros católicos- ganhou a simpatia do imperador Constantino e se tornou a religião oficial do império romano.
A descoberta de um rico e vasto material sobre as comunidades gnósticas permitiu a divulgação, e reinterpretação, de uma outra versão sobre os primórdios do cristianismo. È interessante como esta questão das versões é atualíssima, e está em pauta, por exemplo, no principal episódio de política internacional que ocupou as manchetes nos últimos dias: os acontecimentos dramáticos que têm ocorrido na Faixa de Gaza. A versão oficial de Israel é a da legítima defesa; a versão de vários governos tem sido a de que se trata de um ataque desproporcional; já a versão do comissariado de direitos humanos da ONU, da Cruz Vermelha, da Anistia Internacional, da Human Rights Watch e de outras organizações humanitárias , após a divulgação dos últimos acontecimentos, é a de que se trata de um crime de guerra. A perseguição aos gnósticos foi brandíssima, mesmo tímida, se comparada ao atual massacre da população civil palestina. Mas em ambos os casos a história acaba se tornando a versão daquele que vence, daquele que ficou, ou ficará, para contá-la com autoridade ou legitimidade.
Quais são as principais questões que mobilizam seus integrantes, e quais os principais ramos que se desenvolvem?
Uma das principais características do gnosticismo é sua pluralidade. Eles divergem dos ortodoxos - aqui entendidos como os futuros católicos, "futuros" pois, até o século IV, ninguém poderia dizer ao certo quem era "orto", isto é, "reto", e quem era "hetero", isto é "diferente", pois as doxas (isto é, opiniões, no caso sobre o cristianismo) se equilibravam em número de adesões, importância e popularidade. Isto fica claro quando lembramos que dois dos expoentes gnósticos do século II, Valentino e Marcion, concorreram ao mais alto cargo de bispo inclusive em terreno alheio, isto é, Roma.
Assim, os gnósticos divergem mesmo entre si, e muito: há os que acham que a ressurreição foi só simbólica (os docéticos) e os que crêem que foi real, material; há aqueles simpáticos a certas passagens da Torá hebraica e os que a repudiam veementemente; os que acham que Jesus era um sábio, ou um anjo, ou um mestre ou a própria divindade.
Neste oceano de divergências compartilhadas eles têm, porém, três princípios em comum: 1) o de que o caminho para a salvação se faz pela gnose, ou conhecimento direto e individual de Deus, e não pela fé em algo transmitido por terceiros; 2) a idéia de que conhecer Deus é se conhecer, isto é, que cada pessoa possui uma faísca do divino em si; e 3) uma certa insolência ou arrogância que se revela tanto no estilo de seus evangelhos como no menosprezo que devotam aos opositores ortodoxos, para eles uns "tolos" e "falsos cristãos".
Como se dá o diálogo entre esses pensadores e o cristianismo?
Na verdade esses pensadores –pregadores, lideranças ou escritores- são tão cristãos quanto os que ficaram com o título. O diálogo e debate é intenso e feroz, eles se acusam mutuamente (de ímpios ou tolos) e há mesmo autores que dizem ser impossível imaginar a Igreja sem eles, pois eram a sombra uns dos outros, tamanha a competição, e em pé de igualdade. Dois padres da Igreja escreveram profusamente sobre eles no segundo século, Irineu de Lyon e Tertuliano de Cartago –este último foi tão zeloso em sua campanha que seu purismo acabou levando-o a ser excomungado pela própria Igreja.
Quando Irineu e Tertuliano acusam os gnósticos de "serpentes, escorpiões, devassos", o que lhes incomoda são principalmente dois traços de seus adversários: a imaginação (muitas vezes desenfreada ), e a audácia.
A principal acusação de Irineu era a de que os gnósticos não possuíam "o medo de Deus em seus corações". Para este primeiro teólogo da Igreja, o medo da punição divina era o que forjava um bom cristão, e como os gnósticos não pareciam movidos a medo, sugeriu que o melhor método para tratar estes adversários internos era "ferir fundo a besta". A principal crítica de Tertuliano -além de seu horror ao "despudor" das mulheres que participavam como iguais dos cultos gnósticos- era que estes "dissidentes" misturavam platonismo, isto é, filosofia, com cristianismo, e se permitiam a veleidade de pensar como bem entendiam. A "humanidade" (sic) com que os gnósticos se tratavam, assim como o "atrevimento" de suas mulheres , além da mania petulante deles de "perguntar sobre tudo" eram, segundo Tertuliano, vícios imperdoáveis.
Mas o mais interessante, agora que se pode ler na íntegra as idéias contidas nos manuscritos gnósticos, é notar o quanto a teologia dita ortodoxa nasceu, na verdade, de um empréstimo das idéias gnósticas, viradas do avesso. Por mais que Irineu e Tertuliano abominassem a imaginação gnóstica, foi nela que beberam. A teologia ortodoxa nasce como uma teologia da refutação, em que os éons dos gnósticos foram transformados em anjos, a ignorância (para os gnósticos, fonte de todo mal) virou pecado e a questão do sofrimento humano foi equacionada no livre-arbítrio.
Em que o gnosticismo pode ser importante para as reflexões contemporâneas?
Em uma palavra: no amor à liberdade. Os gnósticos eram ridicularizados e atacados por seus oponentes tanto por seu "excesso de imaginação" , isto é, pela livre interpretação que faziam da mensagem cristã (um de seus críticos dizia que eles empilhavam doutrinas como quartos de aluguel, e que havia tantos gnosticismos quanto membros de uma congregação), quanto por sua excessiva tolerância –eles admitiam que mulheres virassem bispos, adotavam o sistema de funções em rodízio, e achavam que o contato com Deus era direto e não precisava da intermediação de uma casta sacerdotal. A principal lição destes anarquistas espirituais é o elogio da convivência, o gosto pela diferença, e uma profunda antipatia por dogmas e autoridades auto-proclamadas. Numa época como a nossa, em que os fundamentalismos religiosos de todos os matizes ganham terreno, o gnosticismo é uma rara e feliz mostra de que, certa vez, foi possível conciliar o ímpeto pelo sagrado com a autonomia e liberdade de cada indivíduo, deixando os assuntos de Deus a cargo e competência de cada um, em vez de excluir, perseguir e matar coletivamente em Seu nome.
quinta-feira, 23 de março de 2017
V Encontro Nacional de Estudos Egiptológicos
O Grupo de Estudos Kemet (GEKemet) é responsável pela coordenação dos estudos acadêmicos sobre o Egito Antigo na Universidade Federal Fluminense (UFF) desde 2014, tendo iniciado nossa trajetória na Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 2013, com apoio do Laboratório de História Antiga (LHIA-UFRJ).
Adentramos na UFF com o intuito de suprir o espaço deixado pelo nosso excelentíssimo Prof. Dr. Ciro Flamarion Cardoso, possibilitado pela filiação ao Centro de Estudos Interdisciplinares da Antiguidade (CEIA-UFF). A partir dessa premissa, realizamos reuniões quinzenais com o objetivo de discutir livros acadêmicos com os interessados em aprofundar seus conhecimentos sobre a sociedade egípcia antiga.
Nos últimos anos temos recebido o apoio dos principais especialistas brasileiros da área, grande parte deles ex-orientandos do Prof. Ciro Flamarion. Assim, o diálogo e aliança institucional é uma das nossas pretensões mais sagradas. Com isso, a nossa consolidação enquanto grupo de estudos é gradativamente crescente. E após realizarmos inúmeras reuniões e cursos de extensões, decidimos por dar continuidade a um evento acadêmico que já fora organizado por nosso patrono juntamente com o Prof. Dr. Moacir Elias Santos.
Nos dias 28, 29 e 30 de Março de 2017, acontecerá o “V Encontro Nacional de Estudos Egiptológicos: Ciro Flamarion Cardoso” na Universidade Federal Fluminense, em homenagem ao Prof. Ciro. Para que o nosso evento seja um sucesso e para que consigamos consolidar o diálogo e a divulgação inter e intracomunidade acadêmica, esperamos contar a sua presença e divulgação.
Adentramos na UFF com o intuito de suprir o espaço deixado pelo nosso excelentíssimo Prof. Dr. Ciro Flamarion Cardoso, possibilitado pela filiação ao Centro de Estudos Interdisciplinares da Antiguidade (CEIA-UFF). A partir dessa premissa, realizamos reuniões quinzenais com o objetivo de discutir livros acadêmicos com os interessados em aprofundar seus conhecimentos sobre a sociedade egípcia antiga.
Nos últimos anos temos recebido o apoio dos principais especialistas brasileiros da área, grande parte deles ex-orientandos do Prof. Ciro Flamarion. Assim, o diálogo e aliança institucional é uma das nossas pretensões mais sagradas. Com isso, a nossa consolidação enquanto grupo de estudos é gradativamente crescente. E após realizarmos inúmeras reuniões e cursos de extensões, decidimos por dar continuidade a um evento acadêmico que já fora organizado por nosso patrono juntamente com o Prof. Dr. Moacir Elias Santos.
Nos dias 28, 29 e 30 de Março de 2017, acontecerá o “V Encontro Nacional de Estudos Egiptológicos: Ciro Flamarion Cardoso” na Universidade Federal Fluminense, em homenagem ao Prof. Ciro. Para que o nosso evento seja um sucesso e para que consigamos consolidar o diálogo e a divulgação inter e intracomunidade acadêmica, esperamos contar a sua presença e divulgação.
Cordialmente,
Comissão Organizadora
Comissão Organizadora
quarta-feira, 15 de março de 2017
Programa Ecclesia: Os Quatro fins da Santa Missa – Ecclesia – 12/03/2017
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Programa Ecclesia – 26/02/2017 – A sacralidade da liturgia - parte 2
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Conversando com John Dominic Crossan / Conversation with John Dominic Crossan
Conversando com John Dominic Crossan / Conversation with John Dominic Crossan (Edição Bilíngue / Bilingual Edition)
Organizadores: Daniel Brasil Justi & Lair Amaro dos Santos Faria
“Um pesquisador que declara, a respeito de seu trabalho, ter o propósito de, um dia encontrando o Jesus histórico, poder ouvir dele: “li seu livro, Dominic, e é muito bom. (...) Obrigado, (...), por não falsificar a mensagem para adaptá-la à sua própria incapacidade. Isto pelo menos é alguma coisa”, não poderia esperar tranquilamente, da parte dos círculos acadêmicos, teológicos, religiosos e leigos, somente aplausos.
As controvérsias suscitadas pelos resultados heurísticos obtidos por Crossan, via de regra, coincidem com aspectos nucleares da fé cristã. Isso talvez explique tamanha repercussão de suas ideias. Há os que avaliem essa repercussão com ceticismo, aqueles que a veem como algo positivo e tantos outros que a tomam como objeto de reflexão e crítica dialógica. É precisamente essa questão, ou seja, a enorme repercussão de suas ideias, que motivou o presente livro. Formulada de outra maneira, a questão poderia ser: o que torna Crossan leitura obrigatória para estudantes dos paleocristianismos, no particular, e os cristianismos como um todo, no geral?" - Os organizadores,
Daniel Brasil Justi & Lair Amaro dos Santos Faria.
Livro de Bolso:
12 cm por 18 cm Preço
R$30,00 + FRETE
quarta-feira, 1 de março de 2017
Programa Ecclesia – 29/03/16 – Estado Laico e Liberdade Religiosa
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Programa Ecclesia – 21/06/16 – O que acontece após a morte?
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Programa Ecclesia – 06/09/2016 – O Pentateuco
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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017
domingo, 26 de fevereiro de 2017
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017
Programa Ecclesia - 19/02/2017 – A Sacralidade da Liturgia
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sábado, 18 de fevereiro de 2017
A Alma Imortal
As origens da doutrina da “imortalidade da alma”
Nós vimos no artigo: “Ressurreição ou vida imediatamente após a morte?” que a Bíblia apresenta clara e unanimemente que os mortos estão dormindo e não tem consciência. Apenas para clarear novamente eis alguma das passagens a este respeito:
Daniel 12:2 diz:
“E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno.”
A vida eterna começa não com a morte, mas com a ressurreição! Até aqueles que morreram estão no momento dormindo “no pó da terra”. Veja que Deus não diz a Daniel “e muitos daquelas almas estão agora no céu.”
Assim também com Paulo: ao falar aos tessalonicenses sobre a morte e a esperança que temos na ressurreição, ele falou sobre aqueles que estavam “dormindo:” Veja os termos que ele usa:
1 Tessalonicenses 4:13-16
“Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança. Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com ele. Dizemos-vos, pois, isto, pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro:”
A esperança de Paulo, a esperança que Deus nos deu em sua Palavra tem um nome: ressurreição. Em um tempo entre o agora e a ressurreição, alguns de nós, provavelmente todos (dependendo de quando o Senhor voltar – este tempo ninguém sabe) morreremos. Não entraremos em um estado de regozijo no céu ou paraíso. Ao invés disto estaremos dormindo. Onde? No pó do chão, ou como normalmente é chamado na Palavra “Sheol” ou “Hades”, o túmulo. Esta é a verdade contida na Palavra de Deus simples e fácil de entender.
Imortalidade da alma: a crença comum vs a Bíblia
A verdade que os mortos estão dormindo agora e voltarão à vida na ressurreição, infelizmente, não é o que a maioria dos Cristãos acredita e que pode ser resumida como segue:
“Uma pessoa é composta de corpo e alma. O corpo é o físico carne-sangue “couraça” que funciona como uma casa para a alma. A alma é a parte imaterial, a mente, os sentimentos, etc. Na morte a alma deixa o corpo e continua a viver conscientemente para sempre no céu ou no inferno.”
No artigo “corpo, alma e espírito” nós lidamos com a alma e o que ela é exatamente. Talvez não haja um resumo melhor para o significado da palavra hebreia (“nephesh”), traduzida como “alma” na Bíblia, do que aquela dada pelo dicionário Vine:
“Nephesh:” Essência da vida, o ato de respirar, tomar fôlego ... O problema com a "alma" do termo Inglês é que nenhum equivalente real do termo ou a ideia por trás dele é representado na língua hebraica. O sistema Hebreu de pensamento não inclui a combinação ou oposição do “corpo” e “alma” da qual são de fato origens latinas e Gregas” (Dicionário Vine Completo de palavras do Antigo e Novo Testamento, 1985, p. 237-238, com ênfases).
“Nephesh” (ou “Psuchi” no Novo Testamento grego), alma, é, de acordo com a Palavra de Deus simplesmente um fôlego da vida. Gênesis 2:7 demonstra esta verdade claramente:
Gênesis 2:7
“E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.[“nephesh” em hebraico]. ”
Veja que a Palavra não fala da alma como algo separado do corpo. “O homem foi feito alma vivente.” Cada um de nós que respiramos hoje é uma alma vivente. Quando dermos nosso último suspiro, não mais seremos almas viventes. Estaremos dormindo, sem consciência, e como pessoas que dormem profundamente não tem consciência.
Se adotarmos a definição que a Palavra de Deus nos dá para alma e não a versão “greco-latina”, como Vine a chama, não teremos então problemas quando entendermos que animais também tem alma.
Gênesis 1:20-21
" E disse Deus: Produzam as águas abundantemente répteis de alma vivente [nephesh, alma]; e voem as aves sobre a face da expansão dos céus. E Deus criou as grandes baleias, e todo o réptil de alma vivente que as águas abundantemente produziram conforme as suas espécies; e toda a ave de asas conforme a sua espécie; e viu Deus que era bom."
e Gênesis 1:29-30
"E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda a erva que dê semente, que está sobre a face de toda a terra; e toda a árvore, em que há fruto que dê semente, ser-vos-á para mantimento. E a todo o animal da terra, e a toda a ave dos céus, e a todo o réptil da terra, em que há alma vivente [nephesh em hebraico], toda a erva verde será para mantimento; e assim foi."
Obviamente não há nada metafísico na alma. Qualquer ser que respira, seja homem ou animal, é uma alma vivente. De onde vem então esta crença da imortalidade da alma? Isto é algo que veremos a seguir.
Imortalidade da alma: uma crença platônica
Em relação à origem da ideia da imortalidade da alma, Vine já nos deu algumas dicas a respeito: esta crença vem da filosofia grega, defendida especialmente por dois filósofos gregos: Platão e Sócrates. Platão, embora não seja o primeiro a defender a doutrina da imortalidade da alma, ele foi definitivamente o mais eloquente. Como Werner Jaeger da Universidade de Harvard diz:
“A imortalidade do homem era um dos credos fundamentais da religião filosófica do platonismo, que foi, em parte, adotada pela igreja cristã.” (Werner Jaeger, “As ideias gregas da imortalidade”, Revisão Teológica de Harvard, Volume LII, Julho 1959, Número 3, com ênfases).
Como a Enciclopédia Católica (Tópico: a escola platônica) também nos informa:
“A grande maioria dos filósofos cristãos até Santo Agostinho foram platônicos.”
O que Platão acreditava a respeito da alma? Platão era discípulo de outro filósofo grego, Sócrates. A obra de Platão “Fédon” é um diálogo no qual retrata a morte de Sócrates. Ele se passa no último dia de vida de Sócrates antes de ser executado, tomando cicuta. Como a Wikipédia diz: “um dos temas centrais no Fédon é a ideia da alma ser imortal”. Poderíamos considerar “Fédon” uma obra que suporta a crença de dois grandes filósofos gregos no assunto. Aqui estão algumas passagens desta obra (tirada do seguinte site: http://classics.mit.edu/Plato/phaedo.html ):
“A alma é a semelhança do divino e imortal, e inteligível, e uniforme, e indissolúvel e imutável... Ela vai para o puro, eterno e imortal, e imutável, ao qual ela pertence..." (Fédon)
E novamente:
“A alma, cuja atitude inseparável é a vida nunca admite vida oposta, a morte. Assim, a alma é destinada a ser imortal, e uma vez imortal, indestrutível ... Não acreditamos que não existe tal coisa como a morte? Com certeza. E isso é qualquer coisa, mas a separação da alma e do corpo? E estar morto é a realização de tal separação, quando a alma existe em si mesma e se separa do corpo, e o corpo é partido da alma. Que é a morte .... A morte é apenas a separação da alma e do corpo." (com ênfases)
Mais ainda:
“Alegrai-vos e não choreis minha partida...Quando colocar-me no túmulo, diga que está enterrando meu corpo, não minha alma.”
O que Platão e Sócrates dizem soa familiar? De fato, sim. Poderia ser o resumo da crença da maioria dos cristãos!
Como o historiador da igreja Philip Schaff diz:
“Platão dá destaque também para a doutrina de um estado futuro de recompensas e punições. Na morte, por uma lei inevitável do seu próprio ser, assim como pela nomeação de Deus, cada alma vai para o seu lugar, o gravitacional mal para o mal e do bem subindo para o bem supremo.” (A Nova Enciclopédia Schaff-Herzog de Conhecimentos Religiosos, artigo: platonismo e cristianismo).
Tudo parece de fato ter sido escrito por um pregador cristão contemporâneo. De fato, compare o que lemos sobre Fédon com o que a maioria dos pregadores célebres do Cristianismo Contemporâneo diz sobre nosso tema:
“….você é uma alma imortal. Sua alma é eterna e viverá para sempre. Em outras palavras, seu real “eu” – sua parte pensante, sentimentos, sonhos, desejos, o ego, a personalidade – nunca morrerá....sua alma viverá eternamente em um dos dois lugares – Céu ou inferno...Se somos salvos ou perdidos, há consciência e existência da alma e personalidade.” (Billy Graham, Paz em Deus, capítulo 6, parágrafos 25 e 28).
Agora compare isto com o que Deus e Seu arqui-inimigo, o diabo, diz em Gênesis 2 e 3:
Gênesis 2:16-17, 3:4
“E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás... Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis.”
A primeira coisa que foi ensinada ao homem é – embora caído – supostamente imortal era o diabo no jardim do Éden. Compare “certamente não morrereis” com a doutrina da imortalidade da alma. “Sua alma é imortal e viverá para sempre”, Billy Graham disse. Embora o respeite muito, a mesma coisa disseram também Platão e Sócrates. De acordo com eles: não uma morte real. “Certamente não morrereis”, sua alma apenas deixa o corpo e vive eternamente no céu ou no inferno, dependendo do que se tem feito”. Irmão, isto não é uma crença Cristã, é uma crença pagã, ensinada primeiro pelo pai da mentira no jardim do Éden.
Imortalidade da alma: Tyndale e Lutero
Vejamos agora o que dois grandes reformadores pensam sobre a doutrina da imortalidade da alma. Tyndale aquele grande reformador e reverenciado tradutor da Bíblia, que foi queimado na estaca, disse sobre a doutrina da imortalidade da alma, respondendo ao defensor Papal Thomas More :
“Ao colocar as almas que partiram no céu, no inferno, ou no purgatório, destruís os argumentos com os quais Cristo e Paulo provam a ressurreição. . . E ainda, se há almas no céu, por que elas não estão em uma boa posição como os anjos? Se a alma está no céu, dizei-me que motivo há para a ressurreição?... a fé verdadeira posta (estabelecida) a ressurreição, a qual somos advertidos a buscar a todo momento. Os filósofos pagãos, negando isto, declaram que as almas sim vivem. E o Papa une a doutrina espiritual de Cristo e a doutrina carnal dos filósofos, coisas tão contrárias que não tem como estarem de acordo. Não mais como o espírito e a carne no homem cristão. E por essa mentalidade carnal de um papa ao consentir uma doutrina pagã, portanto ele corrompeu a Escritura Sagrada para estabelece-la. (Resposta ao diálogo de Sir Thomas More (reimpressão Parker 1850), pp. 180, 181., com ênfases)
E disse também:
“Eu me maravilho de que Paulo não tenha reconfortado os Tessalonicenses com esta doutrina (da imortalidade da alma) se soubesse que as almas de seus mortos estavam em gozo, assim como ele sabia da ressurreição, que seus mortos viveriam novamente. Se as almas estão no céu, em estado de glória como os anjos, conforme sua doutrina, diga-me então para que a ressurreição” (Resposta ao diálogo de Sir Thomas More (reimpressão Parker 1850), pp. 118., com ênfases).
Mais ainda, Martín Lutero, o grande reformador Alemão, em resposta à mesma Bula de Leão X, classificou a imortalidade da alma como “opinião monstruosa”. Eis aqui o que ele disse:
“Contudo, permito ao Papa estabelecer artigos para ele mesmo e seus fiéis seguidores, tais como: Que o pão e o vinho são substanciados no sacramento, que a essência de Deus gera não é gerada, que a alma é a forma substancial do corpo humano, que ele (o papa) é o imperador do mundo e rei do céu e um deus terreno, que a alma é imortal, e todas essas monstruosidades sem fim...( Afirmação de todos os artigos de M. Lutero condenados pela última Bula de Leão X), artigo 27, Weimar edição das Obras de Lutero, vol. 7, pp 131, 132, com ênfases)
O estudioso Luterano Dr T. A. Kantonen (A esperança Cristã, 1594, p. 37), resumiu a posição de Lutero sobre a morte com essas palavras:
"Lutero, com grande ênfase na ressurreição, preferiu concentrar na metáfora da escritura do sono. “Pois assim como quem dorme e alcança o amanhecer inesperadamente ao acordar, sem saber o que aconteceu com ele, também devemos ser despertados de repente no último dia sem saber como entramos na morte e passamos por ela. Dormiremos, até que Ele venha e bata no nosso túmulo e diga, Doutor Martin, levante-se! Então ressuscitaremos prontamente com ele para sempre.”
Não poderíamos concordar mais com esses dois grandes reformadores. A morte é sem dúvida dormir. Não existe tal coisa de alma imortal. O conforto da Bíblia é NÃO o conforto da maioria dos pregadores dão nos funerais, ou seja, que a alma morta, supostamente está viva. Este foi o conforto de Platão e Sócrates ao ensinar seus alunos convertidos. (Eu lembro novamente a citação da Enciclopédia Católica: “A grande maioria dos filósofos cristãos até Santo Agostinho foram platônicos”.) Continuaremos a acreditar nisto ou voltaremos nossos ouvidos para o que a Palavra de Deus diz?
Imortalidade da alma: outras fontes, os fundadores da Igreja
A imortalidade da alma é algo contrário às escrituras e é também estabelecida pela enciclopédia Judaica que diz a esse respeito:
"A crença de que a alma continua existindo após a morte do corpo não está nos ensinamentos da Sagrada Escritura... a crença da imortalidade da alma vem de judeus que tiveram contato com os gregos, de modo especial sobre a filosofia da Platão e seus princípios, que foi conduzido por meio dos mistérios Órficos e Eleusianos dos quais os egípcios e babilônios foram estranhamente misturados.” (A Enciclopedia Judaica, artigo, “imortalidade da alma, com ênfases).
De modo similar a Enciclopédia Bíblica internacional diz:
“sempre fomos influenciados de certa forma pelas ideias gregas, platônicas de que o corpo morre, mas a alma é imortal. Tais ideias são completamente contrárias à consciência israelita e não relato disso no Antigo Testamento.” (1960, Vol. 2, p. 812, “Morte”)
Irmãos, a alma NÃO é imortal. A alma é apenas para dar vida ao corpo. Você respira. Você tem alma. Assim também para os animais: eles são almas viventes. Você morreu, não há mais alma. A esperança dos Cristãos se apoia em apenas uma única doutrina: a doutrina da ressurreição dos mortos. Quando Paulo foi para Atenas, a capital do filósofo grego, a casa de Platão e Sócrates, ele pregou: “Jesus e a ressurreição” (Atos 17:18). Desde então o conceito da imortalidade da alma de espalhou por toda Grécia. Mas Paulo não disse isso para reiterar a mentalidade da filosofia grega. Ao contrário, ele pregou a única doutrina verdadeira sobre o assunto: a doutrina da ressurreição. Paulo não comprometeria a verdade reiterando os filósofos e suas opiniões. De fato aqui está um alerta para todos a este respeito:
Colossenses 2:8
“Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo.”
A palavra “filósofos” é a palavra usada em atos 17:18 para descrever os epicuristas e estoicos que ridicularizavam Paulo, porque ele estava pregando a ressurreição. É a palavra usada por Platão, Sócrates e todos os demais para descreverem a si mesmos. Eles eram filósofos e suas obras eram uma só: filosofia. Enquanto Paulo alertava: “cuidado para que ninguém vos prenda pela filosofia” – os fundadores da igreja – a maioria deles – foram capturados por ela. Por exemplo, o Dicionário Teológico Evangélico diz sobre a origem, os fundadores da igreja são descritos pela Enciclopédia Britânica como: “os teólogos e bíblicos mais importantes do início da igreja grega”.
“Especulação sobre a alma na igreja sub apostólica foi fortemente influenciada pela filosofia grega. Pode-se ver isto na aceitação da origem da doutrina platônica da preexistência da alma como mente pura (nous)...” (1992, p. 1037, “Alma”)
Aqui está o que a própria Origem escreveu:
“. . . A alma, tendo sua substância e vida em si mesma, deverá após sua partida do mundo, ser recompensada de acordo com que ela merece, ser destinada para obter uma herança de vida eterna e benção...ou ser mandada para o fogo eterno e punição...” (Padres pré Nicenos, Vol. 4, 1995, p. 240)”
Muitos dos fundadores da igreja, ao invés de rechaçar essas influências filosóficas, eles a cristianizaram, sendo enganados por elas e misturando-as com a verdade da Palavra com um erro da filosofia pagã. Veja o que Ackermann diz a respeito dos Padres da igreja grega, o mártir Justino:
"Justino foi como ele mesmo relata um admirador entusiasta de Platão antes de encontrar no Evangelho a satisfação plena que ele tinha procurado intensamente, mas em vão, na filosofia. E, embora o evangelho fosse infinitamente superior em seu ponto de vista do que a filosofia platônica, ainda assim ele considerava a filosofia como estado preliminar para o evangelho.” E do mesmo modo fizeram muitos escritores apologéticos ao se expressarem sobre Platão e sua filosofia.” (Ackermann, Das Christliche im Plato, chap. i., Hamburg, 1835; Eng. transl., The Christian Element in Plato, Edinburgh, 1861).
De fato a Enciclopédia Britânica descreve o mártir Justino como “o primeiro cristão a usar a filosofia grega no serviço da fé cristã”.
E como o historiador de igreja alemão Philip Schaff diz em sua Enciclopédia:
“muitos dos primeiros cristãos encontraram peculiar atração nas doutrinas de Platão, e as empregaram como armas de defesa e extensão do cristianismo, ou colocaram as verdades do cristianismo em um molde platônico. As doutrinas do Logos e da Trindade receberam a sua forma de Padres gregos, os quais, se não treinados nas escolas, foram muito influenciados, direta ou indiretamente, pela filosofia Platônica, particularmente no modelo Judeu-Alexandrino. Que os erros e corrupções penetraram na Igreja a partir desta fonte não pode ser negada... Entre os mais ilustres dos padres que foram influenciados por Platão, podemos nomear: Justino Mártir, Atenágoras, Teófilo, Irineu, Hipólito, Clemente de Alexandria, Orígenes, Felix Minúcio, Eusébio, Metódio, Basílio, o Grande, Gregório de Nissa, e Santo Agostinho.” (A Nova Enciclopédia de conhecimentos religiosos Schaff-Herzog, artigo: Platonismo e Cristianismo, com ênfases).
Imortalidade da alma: conclusão
Concluindo: a doutrina da qual afirma que alma dos mortos se separam de seu corpo e segue vivendo no céu ou no inferno, por que a alma e supostamente imortal, não é uma inovação Cristã. É algo que foi articulado por Platão e Sócrates, os quais por sua vez tiveram grande influência na maioria dos doutores da Igreja, do Mártir Justino até Agostinho. Esta doutrina pagã embora infundada na Bíblia e nos livros do Antigo Testamento, Jesus e os apóstolos foram colocados juntos com as ideias de outros filósofos gregos e renomeado de cristã. Esta doutrina platônica pagã substituiu a verdadeira esperança cristã em relação à morte: “a ressurreição ao soar da última trombeta, porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis.” (1 Coríntios 15:52). Portanto por que a ressurreição dos mortos é mantida como a doutrina da igreja, se afirmam que os mortos tornam-se imortais logo após a morte? Tyndale foi muito direto ao perguntar: “Se as almas estão no céu, em estado glorioso como anjos, conforme sua doutrina mostre-me para que a ressurreição”. A imortalidade da alma não é bíblica, pagã e essencialmente incompatível com a doutrina da ressurreição dos mortos: Não há na verdade nenhum sentido se o morto está vivo agora, pois ressurreição indica que estão vivos”. Como Paulo diz em I Coríntios 15:22-23):
“Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda.”
TODOS serão vivificados. Isto é futuro. A palavra ao dizer que SERÃO vivificados na vinda de Cristo, deixa claro que eles NÃO estão vivos agora. Tudo mais é mentira, independente se seu pastor, sua denominação ou sua santa igreja favorita lhes ensina isto.
Você e eu temos uma escolha a fazer: acreditaremos em Deus e sua Palavra, ou acreditaremos em Platão, Sócrates e o que eles trouxeram, por meio de seus discípulos para dentro da doutrina da Igreja? Você quer ser discípulo de Platão ou de Cristo? Fazer a escolha certa significa permanecer de pé contra a opinião popular (e acreditar na imortalidade é popular, estabelecida pela opinião da igreja) e arcar com as consequências. Mas cuidemos disto ou cuidemos da verdade? Importaremos com o que homens dizem ou sobre o que Deus nos diz a esse respeito? Como Paulo nos ensina:
2 Timóteo 2:15
“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.”
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017
terça-feira, 14 de fevereiro de 2017
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017
domingo, 5 de fevereiro de 2017
segunda-feira, 30 de janeiro de 2017
Curso: Mito e Verdade na Bíblia
Data: 13, 20 e 27 de março, sempre às segundas-feiras, das 19h às 21h.
Ementa: A proposta deste curso é discutir, a partir da crítica da modernidade, os critérios de verdade na Bíblia. Para fazer isso, será necessário voltar-se para a importância do mito, dos símbolos e da poesia para falar de Deus no mundo contemporâneo.
Programa:
– A crítica da modernidade e a verdade da Revelação;
– A narrativa e os gêneros literários na Bíblia;
– O lugar do mito, dos símbolos e da poesia para falar de Deus.
Professora: Silvana Venâncio é Doutora em Teologia pela PUC-Rio e pastora anglicana.
Carga Horária: 6 horas/aula, com certificado para o aluno que frequentar 75% das aulas dadas.
Local: Rua Bambina, 115, em Botafogo. Próximo à estação do Metrô de Botafogo (saída pela rua São Clemente). Há estacionamento no local.
Investimento: R$ 150.
INSCREVA-SE AQUI.
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