quarta-feira, 13 de março de 2013

Cosmogonia ou Cosmologia: Mito ou ciência? (O Poder do Mito).



Os mitos bíblicos anteriores a Moisés

A Bíblia não fala apenas da história dos judeus (Velho Testamento) e do começo do cristianismo (Novo Testamento), mas também das origens da Terra e do Universo. A idéia de “início” dos tempos está contida na etimologia do primeiro livro: Gênesis tem como radical o termo “gene” (= nascimento), que deu origem a uma família de palavras pertencentes a línguas antigas e modernas do Oriente Médio e do Ocidente: genética, gineceu, ginecológico, genealogia etc. Enquanto o livro do Êxodo pode ser considerado uma teofania (a “fala” de Deus ao homem), o Gênesis é uma Cosmogonia (a “luta” entre os elementos do Universo). Podemos dividir o Gênesis em duas partes: a Criação do Mundo e de seus primeiros habitantes (1-11) e a História dos Patriarcas (12-50).
A fábula da criação do mundo

“No princípio, Deus criou os céus e a terra. A terra era informe e vazia. As trevas cobriam o abismo, e o Espírito de Deus movia-se sobre a superfície das águas. Deus disse: “Faça-se a luz”. E a luz foi feita... Façamos o homem a nossa imagem...Concluída toda a obra, no sétimo dia Deus repousou”.

A concepção de Deus que aparece no Gênesis é de um Construtor que edifica uma obra grandiosa no prazo de uma semana. Os hebreus, como outros povos primitivos, imaginavam a terra, moradia do homem e dos outros seres vivos, como um disco plano e circular a boiar sobre as águas salgadas do abismo e em baixo do firmamento, acima do qual existia um mar de água doce, de onde derramava a chuva. No subsolo habitavam os defuntos, enquanto o andar superior era a residência dos deuses. Tal descrição está de acordo com as aparências, anterior ao conhecimento científico da natureza. Como dizia um filósofo pré-socrático, “o homem é a medida de todas as coisas”: só podemos expressar o que está dentro de nós ou ao alcanço da nossa percepção.

Se é assim, cabe inverter a expressão bíblica de que Deus fez o homem a sua semelhança. A verdade é exatamente o contrário: é o homem que cria os deuses conforme a imagem que ele tem das coisas. Se o Deus do Velho Testamento é apresentado como um ser prepotente, excludente, injusto, ciumento, vingativo, é porque os hebreus daquela época eram assim. Na medida em que o povo judeu vai evoluindo, sua concepção de Deus irá adquirir feições cada vez mais espirituais e universais. Tal “evolução” é um fato inegável, admitido por todos os estudiosos e exegetas dos livros considerados sagrados, sejam eles católicos, protestantes, rabinos ou muçulmanos. E aqui cabe a pergunta: se os crentes admitem a evolução do espírito humano, por que rejeitam a teoria da evolução da matéria biológica?

Ao estudarmos Darwin, o princípio universal da evolução da vida, seja ela orgânica ou inorgânica, material ou espiritual, é o grande achado da ciência moderna, a única resposta racionalmente possível face ao mistério do Universo. A teoria evolucionista, apoiada no princípio de que natura non facit saltus (a natureza não dá pulos), irá substituir definitivamente a teoria do criacionismo bíblico, regido pelo fiat lux (a luz apareceu de repente, apenas por ato da vontade divina). Mas é evidente que não se trata de vontade divina. Se Ele realmente existisse e tivesse criado o mundo nos moldes descritos no Gênesis, seria um Arquiteto bem ruim.

Apenas dois exemplos: como explicar a existência das plantas antes da criação do sol? Como criar o Universo todo em apenas seis dias, quando a ciência nos ensina que a passagem do caos para o cosmo levou bilhões de anos? Estas e tantas outras inverdades e contradições, não apenas cosmológicas, mas também éticas (ordenar o genocídio de crianças!), só podem ser atribuídas à ignorância e à maldade humana. Um deus nunca poderia cometer tamanhas monstruosidades.

Os “profetas” de todos os tempos e de qualquer lugar, líderes que, numa altura de sua vida, se sentiram imbuídos de um espírito divino, devem ser considerados como visionários que se serviram do nome de Deus para dar credibilidade à sua concepção do mundo e impor sua doutrina e suas leis. Quem comete erros só pode ser o homem, pois Deus, por definição, é o ser perfeitíssimo,  onividente, onipotente, sumamente misericordioso. Em todos os trechos bíblicos, portanto, por justiça, deveríamos substituir “Deus disse” por Moisés, Salomão, Paulo de Tarso... disse. O mesmo diga-se com relação ao Corão: quem afirma coisas é o homem Maomé e não o deus Alá!
A justificativa costumeira é que a Bíblia não deve ser lida ao pé da letra, pois ela contém sentidos simbólicos e didáticos, expressos através de imagens poéticas, que relatam realidades peculiares de tempos e lugares. Tudo bem, de acordo. Mas, então, perguntamos, qual é a diferença entre os escritos dos dois Testamentos e os poemas épicos que a tradição nos legou? A inspiração divina? Mas o poeta grego Homero, ao escrever a Ilíada e a Odisseia, também ele se sentiu inspirados pela divindade:

“Canta, o deusa, a cólera de Aquiles, filho de Peleu....”

Este primeiro verso do poema A Ilíada deixa claro que o poeta se considera um intermediário entre a divindade e a humanidade, um “vate”, um profeta que revela um saber proveniente de uma esfera superior. O mesmo diga-se com relação ao romano Virgílio, autor da Eneida, e do italiano Dante Alighieri, que escreveu a Divina Comédia. O grandíssimo poeta florentino é o enviado de Deus que, acompanhado pelo pagão Virgílio e pela sua angelical amada Beatriz, revela aos homens o que se passa no Inferno, no Purgatório e no Paraíso, conforme a doutrina católica medieval e a realidade histórica da Florença da época do Autor. Por que considerar, então, os escritos de Moisés “inspirados” por uma divindade e os dos outros poetas épicos desprovidos de sacralidade, se, do ponto de vista imaginativo e educativo, Homero e Dante são de longe bem superiores a qualquer autor de textos da Bíblia ou do Alcorão? A única figura humana verdadeiramente sublime é Jesus Cristo, mas, infelizmente, ele não escreveu nada. O que sabemos dele foi redigido por intermediários, muito tempo depois de sua morte.

O pecado original: é proibido conhecer a verdade

Voltando à leitura do Gênesis, estamos no Éden, o Paraíso primordial, onde nossos ancestrais, Adão e Eva, viviam felizes, gozando dos dons preternaturais, que lhes conferiam as imunidades do trabalho, da dor e da morte. Mas o homem perdeu esses benefícios por cometer o pecado do orgulho: comeu da fruta da árvore que lhe daria o conhecimento do bem e do mal, igualando-se, assim, a Deus. Esta forma de soberba era chamada pelos gregos de Híbris, a presunção de poder ultrapassar, impunemente, os limites impostos por uma força superior. A figura mitológica de Prometeu está bem próxima da descrição bíblica: enviado por Júpiter na terra para fazer um ser diferente dos animais, o Titã pegou do barro e esculpiu uma massa em que colocou a fidelidade do cavalo, a força do touro, a esperteza da raposa e a avidez do lobo. Mas lhe faltava vida espiritual. Prometeu, então, roubou uma centelha do fogo divino para animar sua criatura. E Júpiter se vingou enviando Pandora com sua caixa de desgraças que se espalharam pelo mundo.

As duas narrativas, bem semelhantes, tentam explicar a origem da insatisfação humana, que não se contenta com sua condição precária, querendo sempre saber e obter mais. O que causa espécie, quer no mito bíblico de Adão, quer nas lendas gregas de Prometeu e de Édipo, é a transmissão da culpa de pai para filho, de geração para geração. Conforme a justiça humana, nenhuma culpa é transferível de uma pessoa para outra. Os filhos podem herdar a “pena”, ser vítimas de ações desastrosas feitas pelos pais, mas nunca a “culpa”. Porque Adão e Eva comeram a maça nas origens da criação da raça humana, ainda hoje, após milhões de anos, uma criança e sua mãe herdam não só a conseqüência desse pecado, a dor do parto, mas também a culpa, necessitando da água batismal para lavar a alma. E quem não receber a água benta na cabeça será um excluído do reino do céu. Coitados dos homens que tiveram a infelicidade de viver antes de Cristo ou de não encontrar um padre ou um pastor que os batizasse!

Na verdade, o mito da “queda” de Adão é, por si só, um absurdo, algo que ofende a inteligência humana. Se Deus criara o homem livre, feliz e imortal, por que o sufocou com uma proibição impossível de obedecer? Se é próprio da natureza humana o “querer saber”, pois o suposto Criador fez o homem com um cérebro dotado de neurônios, as células do pensamento, por que, então, a ordem de manter o homem na ignorância? E se Ele, como ser onividente e onipotente, sabia de antemão que Adão não teria resistido ao sabor da fruta, por que o submeteu ao fracasso? Algum pai humano assistiria indiferente à desgraça de um filho, se pudesse evitá-la, apenas para salvaguardar seu livre arbítrio?

Pior é que o culto à ignorância, a proibição do querer saber, ainda persiste na sociedade moderna. Se há algo em comum em todas as religiões é a recusa de aceitar o raciocínio lógico, o bom senso, a realidade histórica, a verdade científica. Mandam simplesmente acreditar no que alguns exaltados, achando-se inspirados por uma divindade, disseram milhares de anos atrás. E alguns homens, que tiveram a ousadia de refletir por conta própria, diferenciando-se do que Nelson Rodrigues chamou de “unanimidade burra”, foram considerados loucos e castigados. A literatura tem páginas admiráveis sobre este tema: O elogio da loucura, do humanista holandês Erasmo de Roterdam; O alienista, de Machado de Assis; Assim falou Zaratustra, de Friedrich Nietsche; Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago.

A Arca de Noé

Adão, que tinha desobedecido a Deus, gera o filho Caim, que acaba matando o irmão Abel por ciúme, pois o Senhor gostava mais do churrasco do rebanho de Abel do que dos legumes oferecidos por Caim. Com tais ancestrais invejosos e fratricidas, não temos porque estranhar a continuada matança dos homens entre si, ao longo dos séculos! Talvez as lendas sobre Caim e Abel estejam ligadas à passagem da agricultura para a pecuária, ao longo da evolução da civilização hebraica.

Adão, que morreu com 930 anos, teve outros filhos. A linhagem de Set deu origem à série dos dez Patriarcas, anteriores ao Dilúvio, que constituem a ponte, sustentada por dez largos arcos, que liga Adão a Noé. Destaque para o patriarca Matusalém, que viveu 969 anos, vindo a ser o avô de Noé que, com 500 anos (e sem Viagra!) gerou Sem, Cam e Jafet. Essa cronologia bíblica gera muita suspeita, visto que os povos primitivos têm uma média de vida bem inferior à dos civilizados. Veja-se a grande mortalidade no meio das povoações indígenas, desprovidas de assistência médica, odontológica e hospitalar.

Sempre conforme a Bíblia, depois de uma época de heroísmo e grandiosidade, a humanidade se corrompeu e Deus se arrependeu de ter criado o mundo, determinando sua destruição. Quis salvar apenas o único homem justo, Noé, a quem deu a ordem de construir um enorme barco, onde pudesse abrigar sua família e um casal de cada espécie de animais e de plantas. Aí, abriu as torneiras do céu e mandou chover torrencialmente durante quarenta dias. As águas cresceram e levantaram a arca, fazendo-a flutuar, enquanto todas as outras criaturas desapareceram. Passado o dilúvio, Noé construiu um altar ao Senhor e ofereceu holocaustos. E Deus estabeleceu um Pacto de Aliança com Noé e sua descendência, prometendo nunca mais castigar a humanidade. E selou este acordo com a criação do Arco Íris.

Também o episódio bíblico do Dilúvio não é original. Nas mitologias antigas há várias formas de dilúvio descritas como castigo de Deus. Essa lenda mesopotâmica deve ter tido origem em inundações do rio Tigre ou Eufrates. Provavelmente, foi aproveitada por Moisés ou outro escritor bíblico para explicar a desordem cósmica: primeiro, Adão revolta-se contra Deus (humanidade vs divindade); depois, Caim contra Abel ( homem vs homem); enfim, as águas contra Noé (força da natureza vs homem). O Dilúvio é um dos pontos centrais do Velho Testamento, porque representa a mediação das três Alianças que o Deus bíblico teria estabelecido com o povo hebreu, estando no meio entre a Aliança que Deus fez com Abraão (escolha do Povo) e a que fará com Moisés (conquista da Terra Prometida). Certo é que o episódio bíblico do dilúvio está ligado à memória mítica de povos primitivos assustados por imensas inundações ocorridas quando se formaram o Mar Negro e o Mediterrâneo.

A Torre de Babel

Após o dilúvio, os três filhos de Noé, Sem, Cam e Jafet, se dispersaram, dando origens a várias tribos, que acabaram falando dialetos diferentes. Para explicar a origem da diversidade de línguas, o narrador bíblico reporta a lenda da Torre de Babel: Deus teria punido o orgulho dos homens que, pela construção de uma torre altíssima, queriam alcançar o céu. O Senhor, simplesmente, confundiu a língua dos pedreiros. A aspiração humana para o alto se encontra também no mito grego de Ícaro, que alçou vôo por cima do mar com duas asas de cera, que o sol derreteu. O fato histórico que está por baixo da narração bíblica é que na cidade de Babel (outro nome de Babilônia, então centro comercial do Oriente), chegavam mercadores de vários países, que falavam diferentes idiomas.

A verdade é que os primeiros onze capítulos do Gênesis, que acabo de resumir, constituem a pré-história da cultura judaica. A língua hebraica, em que foi redigida o Velho Testamento (descontando alguns trechos em aramaico), pertence ao ramo cananeu do grupo semítico. Sua origem remonta ao séc. X a.C., época em que se encontram registrados os primeiros documentos históricos, poéticos e litúrgicos. Tudo o que aconteceu anteriormente foi transmitido pela tradição oral e, só bem mais tarde, pessoas alfabetizadas começaram a pôr por escrito histórias que ouviram de seus antepassados. Se a isso acrescentarmos o fato de que os livros bíblicos tiveram vários redatores e em épocas diferentes, não é difícil entender a causa de tantas repetições, contradições, inverdades.

sexta-feira, 1 de março de 2013

pt.scribd. ( O Testamento de Salomão)

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O "Testamento de Salomão"

Este texto (que pode ser lido, em versão inglesa, (aqui), apesar de ter a sua base na história bíblica do Rei Salomão, tem um aspecto .

Segundo esta obra, através de artes mágicas (ou milagres, ou o que lhe queiram chamar) o Rei Salomão capturou diversos demônios  com os quais construiu o famoso Templo de Jerusalém. Eventualmente aproximam-se deste rei uma infindável horde, e cada um deles revela o seu nome, ao que preside, e a forma como pode ser vencido. Porém, inesperadamente, pelo menos quatro dessas figuras são conhecidas por nós - as sete plêiades, a Medusa, Hecáte, e uma tripla criatura que se pode transformar em Cronos - e apesar de não serem mencionadas pelo respectivo nome, pelas suas características são possíveis de distinguir das demais, figuras extremamente obscuras e que não são mencionadas em quaisquer outros textos. Existe também a referência a uma outra figura desta mitologia, aí já como anjo, mas parece ser somente uma coincidência de nome, já que nunca se ouviu falar de uma semelhante metamorfose.

Será este texto, então, um dos primeiros em que as divindades pagãs começam a ser vistas como malévolas? Nos seus instantes finais existe uma referência implícita a Jesus Cristo (um dos demônios afirma temer alguém nascido de uma virgem e crucificado pelos Judeus), o que parece querer dizer que ou o texto foi escrito já na nossa era, ou foi alterado por cristãos, ou que esta previsão, a ser feita antes do nascimento de Jesus, foi certeira. Em qualquer dos casos, a referência às quatro figuras, supracitadas, parece demasiado idêntica para ser mera coincidência.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Inédito! Está chegando: Jesus no Cinema (André Leonardo Chevitarese)

Prepare-se! 
Em Breve !
JESUS NO CINEMA
Mais uma grande obra literária de
André Leonardo Chevitarese.
"Belo, impactante"
"Simplesmente sublime"
"Uma preciosidade"
"Literatura e Arte"
AGUARDE!



Jerônimo e Damaso, um acordo entre apóstatas.

 Tradução da carta escrita por S.Jerônimo ao Papa Damaso no ano 384, acerca de adulterações, a serem feitas nos 4 evangelhos do Novo testamento. Segundo Damaso, tais alterações serviriam para dar um padrão único aos  Evangelhos. E assim exprimir melhor a fé católica. O documento só reforça o que a Crítica textual da Bíblia afirma que, antes, durante, e após o fechamento do Cânon, textos da Bíblia foram suprimidos e interpolados. Algo que pode facilmente ser verificado também no Antigo Testamento.

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1ª IMAGEM- CARTA DE JERÔNIMO EM LATIM

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2ª IMAGEM- CARTA DE JERÔNIMO EM LATIM

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3ª IMAGEM  
SELO DA AUTENTICAÇÃO DA CARTA DE JERÔNIMO

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4ª IMAGEM 
 CARTA DE JERÔNIMO EM PORTUGUÊS  (PT I)

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5ª IMAGEM 
 CARTA DE JERÔNIMO EM PORTUGUÊS  (PT II)

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6ª IMAGEM 
 CARTA DE JERÔNIMO EM PORTUGUÊS  (PT III)


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Epopeia de Gilgamés e o Paraíso Perdido


O Paraíso no Golfo Pérsico

Considerada por alguns especialistas como a mais antiga obra da literatura mundial, a Epopeia de Gilgamés já se referia à existência do paraíso numa ilha do Golfo Pérsico.

Cerca de 3 mil anos antes de Cristo, os sumérios já falavam a respeito da existência de um local conhecido como o Jardim do Éden. Nos textos cuneiformes da Suméria – talvez os mais antigos do planeta – o local surge com o nome de Dilmun, um lugar puro, limpo e claro, onde a doença, a violência e o envelhecimento não existiam. Inicialmente, nesse Éden faltava água, mas o deus da água, Enki, providenciou isso, e Dilmun foi transformado num jardim repleto de árvores frutíferas, plantas e flores.

Ao contrário da teoria defendida por vários pesquisadores, situando o Jardim do Éden citado na Bíblia numa região entre os rios Tigre e Eufrates, os textos sumérios o situam numa ilha, hoje em dia conhecida como Bahrein, situada no Golfo Pérsico. Ali estava o centro de um reino que se estendia por boa parte da atual Arábia Saudita.
Diferentemente do Éden da Bíblia, Dilmun era considerado um paraíso apenas para os deuses. O único humano admitido nesse paraíso foi Ziusudra, também conhecido como Utnapishtim, citado na Epopeia de Gilgamés como o homem que, avisado pelo deus Enki, sobreviveu ao dilúvio construindo uma arca.

Essas narrativas sumérias reforçam a ideia de que muitas histórias da Bíblia foram, na verdade, baseadas na Epopeia de Gilgamés, adaptando-se à cultura babilônica que posteriormente dominou a região da Mesopotâmia, depois chegando aos hebreus.

O Bahrein já foi chamado de “ilha dos mortos”, devido à imensa quantidade de montes funerários pré-históricos existentes no local. No entanto, as escavações arqueológicas comprovaram que o Bahrein era o centro de um império que se estendia à atual Arábia Saudita. Mais do que isso, teria sido a única região que sobreviveu ao dilúvio.
O fotógrafo e arqueólogo saudita Nabiel Al Shaikh, do Dammam Regional Museum, entende que um dos sítios encontrados, com cerca de quatro mil anos de idade, comprova que a civilização Dilmun foi uma das primeiras a utilizar um calendário solar.

Dilmun estava localizada na encruzilhada das rotas de comércio entre o vale do Indo e a Mesopotâmia, e era um importante elo de ligação entre as duas civilizações.
As escavações arqueológicas no Bahrein começaram em 1954, lideradas por Geoffrey Bibby, que liderou a expedição dinamarquesa do Museu Moesgaard. Muitos objetos foram encontrados em sepulturas, assentamentos e templos, como ferramentas e armas da idade da pedra, com mais de sete mil anos de idade. Geralmente, os arqueólogos determinam o primeiro período da civilização entre 3.200 e 2.200 a.C. O período áureo teria sido entre 2.200 e 1.600 a.C., com a civilização se estendendo até cerca de 300 a.C., quando ocorreu um declínio no comércio de cobre que era controlado por Dilmun.

Claro que os objetos encontrados estão longe de sustentar o status de “morada dos deuses” atribuído à ilha na Epopeia de Gilgamés. No entanto, essa é uma situação que ocorre também com relação a vários documentos ou textos antigos do mundo. Por exemplo, a maioria dos estudiosos afirma que o texto sumério sobre Gilgamés foi escrito cerca de 3 mil anos antes de Cristo, também a idade aproximada da civilização suméria; mas outras linhas de pesquisa se referem a datas que chegam a 8 ou 10 mil a.C. Não são poucos os que situam o dilúvio em cerca de 10 mil a.C., de modo que uma civilização estruturada já deveria existir nessa época.

Quase todos os estudos preferem entender que as referências a um “paraíso terrestre” ou um “local onde os deuses residiam” não devem ser entendidas literalmente. A chamada “linha alternativa” de pesquisas vai por outro lado, partindo da especulação de que esses “deuses” de fato existiram, estabeleceram seus centros em várias regiões do planeta. A partir desses centros, dominaram ou ajudaram diferentes culturas, fornecendo informações que alavancaram o desenvolvimento ou, nos casos mais graves, escravizaram a população local.

A descoberta de que Dilmun era um centro importante no comércio entre a Mesopotâmia e o Vale do Indo, especialmente com Harapa, considerada uma das cidades mais antigas do mundo, reforça o argumento de inúmeros historiadores e arqueólogos segundo o qual as antigas civilizações do planeta tinham estabelecido entre elas um sistema de comunicação muito mais efetivo e constante do que se imaginava até alguns anos atrás. Por exemplo, hoje em dia, expedições científicas estão procurando comprovar a existência de comunicação entre o antigo Egito e a América do Sul, algo tido como certo por muitos especialistas.









Imagem do deus sumério Enki, que permitiu que Utnapishtim sobrevivesse ao dilúvio. Foi Enki quem aconselhou a criação dos seres humanos a partir da argila formada em apsu, "o abismo das águas".
Os mitos dizem que Enki convenceu os demais deuses a deixarem suas moradas para vir à Terra instruir os seres humanos.







Taça com pedestal, objeto da civilização Dilmun, datado entre 2.000 e 1.800 a.C.


Ruínas do templo Ba bar, onde estaria localizada a "fonte da juventude", em Dilmun.

Enki


O deus sumério Enki, que às vezes surge com o nome de Ea, é considerado o deus que sugeriu a criação dos seres humanos a partir da argila, outra semelhança com a criação do homem descrita na Bíblia, e que levou os especialistas a acreditar que o Gênesis foi baseado nos textos da Suméria.

Foi Enki quem convenceu os demais deuses a deixarem o local onde moravam e virem à Terra para instruir os humanos, que ainda andavam nas quatro patas e nus. Esse e outros relatos fizeram com que alguns ufólogos relacionassem esses deuses com a presença de seres extraterrestres num passado longínquo do nosso planeta, ideia rechaçada pela maioria dos historiadores e arqueólogos.

Alguns textos afirmam que, para ficar em paz, Enki se isolou na cidade de Eridu, que na época ficava às margens do Golfo Pérsico. Seu palácio se situava debaixo do mar, e ali ele dormia profundamente. Esse conceito parece que se estendeu até as civilizações posteriores, como a babilônica e a assíria, que se referiram à presença de seres conhecidos como akpalos; eles surgiam do mar, carregando aparelhos estranhos às costas, e ensinavam uma série de conhecimentos científicos às populações locais.


terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Igreja Universal afirma que o "Banho do Abre Caminhos de 2013" é o mesmo que abriu os caminhos de Jesus para o seu ministério.

A água nas terras da Bíblia: 

Especialista alerta sobre a poluição no Rio Jordão.

VAI ENCARAR!!!


"A Igreja Universal anuncia "Banho do Abre Caminhos" especial de ano novo, com água supostamente vinda do rio Jordão

A Igreja Universal anunciou que na próxima terça feira, 01 de janeiro 2013 fará um trabalho em todos os cenáculos do Brasil oferecendo o "banho do abre caminhos", distribuindo água que seria do rio Jordão a fim de abençoar o ano novo dos fiéis.

Durante o programa "Duelo dos Deuses", o bispo Guaracy Santos, que se apresenta como especialista em paranormalidade, falou sobre rituais de ano novo feitos em cachoeiras e praias, afirmando que esse tipo de ritual faz com que a pessoa busque trevas, quando acha que está buscando luz.

Guaracy afirmou ainda que o banho que será distribuído nos templos da Universal é o mesmo que abriu os caminhos de Jesus para o seu ministério, que curou Naamã da sua lepra, preparando-o para fazer "um estrago no reino das trevas". Afirmando que as águas do Jordão foram divisoras de histórias em vários momentos da Bíblia, o bispo diz que foi pessoalmente ao rio para trazer a água que será entregue na igreja.

Ele afirma ainda que esse banho vai lavar toda a nação brasileira da imundície espiritual."

O fato é que atualmente rio Jordão em Israel tem mais coliformes fecais do que uma fossa. Está super poluído em quase todo os seus trechos", sendo assim, não é possível que a água utilizada pela Universal seja realmente do Jordão. A não ser que seja um "banho de doenças de pele, hepatite, diarreia...



Daniel B. Wallace, Paul Johnson, Bruce Metzger, sobre o “Evangelho de Barnabé”.


O evangelho de Barnabé


Uma bíblia secreta?


Será que uma “Bíblia secreta” descoberta em uma operação de contrabando turca contém a verdade real sobre a identidade de Jesus Cristo? De acordo com um oficial turco, um texto envolto em couro de 1.500 anos, oculto secretamente por 12 anos, poderia ser a versão autêntica do Evangelho de Barnabé.

Blogs muçulmanos estão enlouquecendo com as notícias da descoberta.  De acordo com alguns estudiosos islâmicos, o Evangelho de Barnabé foi “ocultado pela igreja cristã por conter fortes paralelos com a visão muçulmana de Jesus”.[1] Refletindo essa crença muçulmana, uma pesquisa do site islâmico revela que mais da metade dos leitores acreditam que o Evangelho de Barnabé é o verdadeiro Evangelho de Jesus.] O autor muçulmano Muhammad Ata ur-Rahim declara: “O Evangelho de Barnabé é o único evangelho remanescente escrito por um discípulo de Jesus… ”. Rahim afirma que o evangelho circulou amplamente na igreja primitiva até 325 d.C.

De acordo com esta “Bíblia secreta”, Barnabé foi um dos doze apóstolos originais de Jesus. Contudo, no livro de Atos, Lucas apresenta Barnabé como um apóstolo que veio depois dos doze originais, e um colega missionário do apóstolo Paulo. Em suas viagens, Paulo e Barnabé declararam firmemente a morte, ressurreição e domínio de Jesus no primeiro século.

Um Jesus diferente?

Apesar de o documento chamado Evangelho de Barnabé conter a maior parte das mesmas informações contidas nos evangelhos do Novo Testamento, ele difere profundamente com relação à identidade de Jesus Cristo. Essas são algumas das diferenças significativas no Evangelho de Barnabé:
  1. Nega a divindade de Jesus
  2. Rejeita a trindade
  3. Nega a crucificação de Jesus
  4. Nega Jesus como messias (essa visão não está de acordo com a do Alcorão)
O antigo manuscrito turco diverge dos ensinamentos do Alcorão chamando Maomé de messias em vez de Jesus. Contudo, como no Alcorão, o Evangelho de Barnabé apresenta Jesus como um mero mortal. Nele, Jesus supostamente diz:
“Confesso perante os céus e tenho como testemunha tudo o que habita a terra, que estou alheio àquilo que os homens falam de mim, dizendo que sou mais que um homem. Pois eu sou um homem, nascido de uma mulher e sujeito ao julgamento de Deus, que vive aqui como qualquer outro homem, sujeito aos mesmos tormentos”.
Claramente o Evangelho de Barnabé mostra Jesus negando sua divindade, onde o apóstolo Paulo nitidamente escreve de Jesus como Deus Filho, Criador do mundo:
No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava com Deus no início. Através dele todas as coisas são criadas, sem ele nada pode ser feito. … O Verbo se tornou carne e veio habitar entre nós. Nós vimos sua glória…

Quem é o Jesus real?


Nesta passagem, João declara que realmente viu Jesus. Posteriormente ele nos conta que o tocou, viajou com ele e ouviu seus ensinamentos por três anos. Ele fala de Jesus como um amigo. Mas o autor do Evangelho de Barnabé não faz tais declarações.

Ambos as escrituras também divergem quanto à crucificação de Jesus. O Evangelho de Barnabé apresenta Judas Iscariotes como aquele que morreu na cruz no lugar de Jesus, enquanto que no Novo Testamento, Judas trai Jesus.  Ao contrário do ensinamento islâmico de que a morte de Jesus na cruz nunca ocorreu e teria sido desnecessária, toda a mensagem cristã baseia-se na morte de Jesus como o Salvador dos nossos pecados e sua ressurreição como esperança de vida eterna.

Ambas as mensagens não podem ser verdadeiras. Então como sabemos qual Jesus é real?

Apesar de estudiosos usarem vários testes para determinar a confiabilidade de um manuscrito, o mais importante é se este é ou não um relato de uma testemunha ocular. Em um tribunal de júri, uma testemunha ocular é sempre considerada superior ao testemunho de alguém que não presenciou o crime.

Podemos saber se o Evangelho de João ou o Evangelho de Barnabé são relatos de uma testemunha ocular?

Uma das razões de os estudiosos citarem a autoria de João é o fato de os historiadores da igreja primitiva atribuírem-lhe a escritura do evangelho. Mas para ter sido escrito por ele, deve tê-lo sido durante a vida de João. Se houver evidências de o evangelho ter sido escrito após o início do segundo século, quando João já estava morto, este não poderia ter sido escrito por ele.

Da mesma maneira, se o Evangelho de Barnabé foi escrito após a vida de Barnabé, ele não poderia ser um relato de uma testemunha ocular. Contudo, se qualquer dos evangelhos puder ter suas origens rastreadas até primeiro século, a probabilidade de serem confiáveis aumenta muito. Então, o que as evidências mostram? Comecemos pelo Evangelho de Barnabé.

O  Evangelho de Barnabé é o relato de uma testemunha ocular?

A “Bíblia secreta” descoberta na Turquia é considerada uma cópia de quinze séculos de idade. Se isso for verdade, ela teria sido escrita de 400 a 500 anos após a morte e ressurreição de Jesus, quando as testemunhas oculares já estavam mortas. Mas, visto que é uma cópia, o original poderia ter sido escrito no início do primeiro século. Para descobrir, precisamos verificar os registros históricos das histórias cristã e muçulmana.

Existem somente dois manuscritos antigos do Evangelho de Barnabé além do descoberto na Turquia: um manuscrito italiano datado do século XV ou XVI e uma cópia espanhola do mesmo período que foi perdida. O texto recém-descoberto no manuscrito turco está em aramaico. Nenhuma dessas cópias está em grego, a língua de Barnabé e dos apóstolos.

Duas listas cristãs de trabalhos apócrifos, dos séculos V e VII, mencionam “um Evangelho de Barnabé.” Se estas referem-se ao mesmo evangelho, o texto teria sido escrito cerca de 400 a 500 anos depois de Cristo, ou antes. Mas isso ainda seria várias centenas de anos após o primeiro século.

Os Atos de Barnabé é um trabalho apócrifo do século V dirigido à igreja de Chipre que é por vezes confundido com o Evangelho de Barnabé.

O único livro do primeiro século atribuído ao apóstolo Barnabé é a Epístola de Barnabé, que é uma escritura apócrifa, não incluída no Novo Testamento. Essa carta do primeiro século fala de Jesus como o Senhor crucificado e revivido. Os estudiosos acreditam que foi escrito por Barnabé entre 70 e 90 d. c.

Mas, se Barnabé escreveu sobre Jesus como o Senhor no primeiro século na Epístola de Barnabé, por que teria escrito de Jesus como um mero profeta no Evangelho de Barnabé? Por que escreveria dois relatos contraditórios sobre Jesus?

A Epístola de Barnabé é aceita por estudiosos como um autêntico relato de Jesus do primeiro século, que está de acordo com o Novo Testamento. Contudo, o Evangelho de Barnabé é um livro completamente diferente com uma linha temporal diferente.

As seguintes evidências sugerem que o Evangelho de Barnabé não foi reconhecido como um evangelho do primeiro século pelos muçulmanos ou cristãos antigos:
  • Nenhum escritor muçulmano faz referência a ele até o século XV ou XVI.
  • Nenhum escritor cristão faz referência a ele desde o século I até o século XV.
  • A referência mais antiga a ele é do século XV, mas isso ainda é duvidoso.
  • Ele cita fatos históricos que ainda não iriam existir por centenas de anos.

Uma falsificação medieval?


A grande questão que não quer calar é: Por que não teriam os estudiosos muçulmanos escrito sobre o Evangelho de Barnabé, se este existia quando ambos muçulmanos e cristãos debatiam acaloradamente sobre a identidade de Cristo, entre os séculos VII e XV? Não existe nenhuma menção desse trabalho.

Além disso, escritores cristãos (como Irineu) escreveram extensivamente sobre documentos anticristãos, como os evangelhos gnósticos, classificando-os como hereges. Ainda assim, apesar das afirmações do escritor islâmico Rahim, nenhuma das cartas ou documentos de Irineu menciona o Evangelho de Barnabé. Não existe simplesmente nenhuma menção dele por nenhum escritor cristão ou muçulmano antigo.

Talvez a maior indicação de sua data tardia seja que o Evangelho de Barnabé descreve a vida medieval na Europa ocidental, bem como um jubileu de 100 anos, que não foi declarado até o século XIV. Como Barnabé ou qualquer outro escritor do século I poderia saber tais detalhes históricos anos antes deles serem declarados?

O Dr. Norman Geisler conclui: “As evidências de que esse não foi um evangelho do século I, escrito por um discípulo de Cristo, são esmagadoras”.

As evidências não só vão contra ele ter sido escrito por Barnabé no primeiro século, mas alguns estudiosos acreditam também que o evangelho é uma falsificação. Um especialista declara: “na minha opinião a pesquisa acadêmica provou completamente que esse ‘evangelho’ é falso”.

Estudiosos cristãos e seculares não estão sozinhos em seu veredito de que alguém alterou o texto, fazendo-o parecer de forma fraudulenta o trabalho do companheiro de Paulo, Barnabé. Essa opinião também é sustentada por diversos estudiosos muçulmanos. The Concise Encyclopedia of Islam afirma: “com relação ao Evangelho de Barnabé, não há dúvidas que se trata de uma falsificação medieval”.

Porém, como indicado anteriormente, estudiosos muçulmanos também argumentam que a mensagem do Novo Testamento foi “corrompida” pela Igreja, apresentando um Jesus diferente do que viveu na Galileia de 2 mil anos atrás. Isso nos leva à questão de sua confiabilidade. Podemos descobrir o Jesus real através dessas páginas?

O Novo Testamento é confiável?

Teriam os livros do Novo Testamento sido escritos cedo o suficiente para serem relatos de testemunhas oculares? Se sim, devem ter sido escritos durante o primeiro século. Examinemos as evidências e comparemos as datas do Novo Testamento com o que descobrimos sobre o Evangelho de Barnabé.

A história fornece pistas de três fontes primárias das datas de origem dos 27 livros do Novo Testamento:
  1. Testamentos de inimigos da igreja
  2. Relatos cristãos antigos
  3. Cópias de manuscritos antigos

Testemunho dos hereges


A primeira pista é uma lista parcial dos livros do Novo Testamento criada pelos inimigos da igreja chamados de hereges. Como párias da igreja, os hereges não precisariam concordar com os líderes da mesma sobre a autoria ou data do Novo Testamento. Ainda assim, dois hereges antigos, Marcião e Valentim, de fato atribuíam as escrituras de vários livros do Novo Testamento e suas passagens aos apóstolos.
  1. Em 140 d.C., o herege Marcião listou 11 dos 27 livros do Novo Testamento como sendo os escritos autênticos dos apóstolos.
  2. Por volta da mesma época, outro herege, Valentino, faz menção a uma ampla variedade de temas do Novo Testamento e suas passagens.
Isso nos diz que em meados do século II, muitos livros do Novo Testamento já circulavam há algum tempo. Mesmo “párias” hereges aceitavam essas narrativas do Novo Testamento como relatos do testemunho dos apóstolos.

Relatos cristãos antigos


Nossa segunda pista é o vasto número de cartas, sermões, comentários e crenças cristãs antigas que fazem referência a Jesus como o Senhor revivido. Eles aparecem a partir de cinco anos após sua crucificação. Apesar de muitas escrituras terem sido queimadas sob o edito do imperador romano Diocleciano, milhares sobreviveram.

O número de tais documentos é impressionante, mais de 36 mil escrituras completas ou parciais foram descobertas, algumas até mesmo do primeiro século. Suas palavras poderiam praticamente reproduzir todo o Novo Testamento, com a exceção de poucos versos.

Como isso se compara com o Evangelho de Barnabé? Já notamos que existem apenas duas citações deste que são anteriores ao século XV, e há dúvidas de que essas referências sejam sobre o “Evangelho de Barnabé” em questão.

As escrituras mais antigas, fora do Novo Testamento, eram de homens que conheciam e seguiam Paulo, Pedro, João e os outros apóstolos. Esses líderes da igreja antiga não eram testemunhas oculares de Jesus, mas souberam dele através daqueles que realmente o viram e ouviram. De maneira significativa, suas escrituras confirmam muitos detalhes do Novo Testamento sobre Jesus, incluindo sua crucificação e ressurreição.

As mais importantes escrituras antigas, fora do Novo Testamento, são de Clemente Romano, Inácio de Antioquia e Policarpo de Esmirna.
  • Em 96 d. c., Clemente Romano escreveu uma longa carta para a igreja de Corinto na qual citou Mateus, João e 1 Coríntios. Alguns acreditam que ele é o Clemente mencionado por Paulo em Filipenses 4:3. Visto que a carta de Clemente foi escrita em 96 d.C., esses três livros devem ter sido escritos antes disso.
  • Em cerca de 110 d.C., Inácio de Antioquia, um discípulo do apóstolo João, escreveu seis cartas a igrejas e uma a um colega bispo, Policarpo, nas quais faz referências a seis das cartas de Paulo.
  • Policarpo de Esmirna, outro discípulo do apóstolo João, faz referência a todos os 27 livros do Novo Testamento em sua carta à igreja filipense (110 a 135 d.C.). Portanto, os evangelhos devem ter existido durante o primeiro século enquanto algumas testemunhas (incluindo João) ainda estavam vivas.
Não vemos tal referência antiga à existência do Evangelho de Barnabé.

Cópias de manuscritos antigos


Nossa terceira pista é a abundância de manuscritos antigos do Novo Testamento que ajudaram os estudiosos a determinar a data aproximada de sua composição original. Arqueólogos descobriram mais de 5.600 cópias de manuscritos do Novo Testamento no idioma grego original, alguns livros completos e alguns fragmentos. Contando outros idiomas, existem mais de 24 mil.

Claramente, 5.600 contra três é uma vantagem numérica enorme de manuscritos para o Novo Testamento. Além disso – e comparando-se ao período tardio do Evangelho de Barnabé – arqueólogos descobriram fragmentos do Novo Testamento que datam de uma a duas gerações depois de Cristo.

No início do século XX, um fragmento do Evangelho de João foi descoberto no Egito (especificamente P52: João 18:31-33) datando de 117 a 138 d.C. O renomado estudioso bíblico Bruce Metzger comentou a significância desta notável descoberta:
Assim como Robinson Crusoé viu nada mais que uma única pegada na areia, e concluiu que um ser humano de dois pés estava presente na ilha com ele, o P52 [o título do fragmento] prova também a existência e o uso do Quarto Evangelho durante a primeira metade do século II… ”
A descoberta deste fragmento significa que uma geração depois de João ter escrito seu evangelho, uma cópia havia migrado da Ásia menor até o Egito.

Existem muitos outros manuscritos antigos datados da metade do século II até os séculos IV e V. Livros completos do Novo Testamento datam de 200 a 1500 d.C., e estão preservados em vários museus (Papiros de Bodmer).

Um fragmento de papiro ainda mais antigo dos Manuscritos do Mar Morto (7Q5) foi identificado por um paleógrafo como uma parte do Evangelho de Marcos datando de cerca de 50 d.C., significativamente antes do fragmento P52 de João.

O professor do Novo Testamento, Daniel B. Wallace, que estudou o fragmento dos Manuscritos do Mar Morto, concorda que este é do primeiro século.[22] Apesar de haver discussões sobre este fragmento, as evidências coletivas de outros manuscritos apoiam fortemente um Novo Testamento escrito no primeiro século.

Consenso dos estudiosos


Antes dessas descobertas, importantes estudiosos alemães do final do século XIX e início do século XX argumentavam que o Novo Testamento havia sido escrito por autores desconhecidos no século II. Porém essa nova evidência revela que os livros foram todos escritos no primeiro século. O historiador Paul Johnson escreve:
A noção do fim do século XIX e início do século XX de que o Novo Testamento era uma coleção de registros tardios e altamente imaginativos, não pode mais ser seriamente mantida. Ninguém duvida agora que as epístolas de São Paulo – os registros cristãos mais antigos – são autênticas ou datam-nas depois da década de 50 d.C.
O arqueólogo William Albright concluiu que todo o Novo Testamento foi escrito “muito provavelmente em algum momento entre 50 e 75 d.C.”.

O estudioso de Cambridge John A. T. Robinson afirma datas ainda mais antigas. Ele acredita que a maior parte do Novo Testamento foi escrita entre 40 e 65 d.C. Robinson baseia sua conclusão primariamente no fato de todos os livros do Novo Testamento não mencionarem a destruição de Jerusalém. Um evento chave como esse com certeza seria mencionado por eles caso tivesse ocorrido antes de serem escritos.

Outras evidências de uma data anterior são as mortes de Pedro e Paulo em 66 d.C., que não são mencionadas em nenhum livro. Há uma quantidade incrível de detalhes sobre suas vidas no Novo Testamento, por que não de suas mortes? Isso convence muitos estudiosos de que tais mortes não haviam ocorrido na época em que os textos foram escritos.

O consenso da maioria dos estudiosos hoje é que as cartas de Paulo começaram no início da década de 50 e os evangelhos sinópticos (Mateus, Marcos e Lucas) foram escritos de início a meados da década de 60. As estimativas sobre os outros livros variam de 40 a 95 d.C., mas o consenso é que todas as escrituras do Novo Testamento foram compostas no primeiro século.

Essas conclusões significam que os relatos do Novo Testamento sobre Jesus foram escritos de sete a 30 anos após sua morte, quando milhares de testemunhas estariam vivas para negar tais fatos se eles estivessem errados. Apesar disso, não existem contestações dos relatos dessas testemunhas.

As evidências de confiabilidade do Novo Testamento excedem todas as outras da história antiga. John A. T. Robinson escreve: “a riqueza dos manuscritos e sobretudo o breve intervalo entre sua escritura e as cópias mais antigas existentes, tornam-no certamente o texto mais aceito dentre todas as escrituras antigas do mundo”.

De fato, o Novo Testamento possui muito mais manuscritos com datas muito mais antigas que o Evangelho de Barnabé, como se vê no quadro abaixo.

Compare o Novo Testamento e o Evangelho de Barnabé

TESTES DE CONFIABILIDADE

NOVO TESTAMENTO

EVANGELHO DE BARNABÉ

Data do original40 a 95 d. c.400 a 1500 d. c.
Cópias verificadas mais antigas117 a 138 d. c.400 a 1500 d. c.
Intervalo desde o original22 a 98 anosIndeterminado
Anos depois de Cristo7-30370-1,470
Número de manuscritos no idioma original5,600+Nenhum
Número de manuscritos em todos os idiomas24,000+3
Citações em outros documentos históricos36,000+2

Conclusão


Enquanto a “Bíblia secreta” chamada de Evangelho de Barnabé foi escrita de 400 a 1500 anos depois de Cristo, a maioria dos estudiosos acredita que os evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas foram escritos no primeiro século, uma geração depois de Cristo.

Ao ler o Novo Testamento, é evidente que os escritores tentaram registrar verdadeiramente a vida, palavras e eventos relacionados a Jesus. Lucas, autor do Evangelho de Lucas e do livro dos atos, coloca desta maneira:
Muitas pessoas puseram-se a escrever relatos sobre os eventos realizados entre nós. Eles usaram relatos de testemunhas que circulam entre nós pelos primeiros discípulos. Tendo investigado tudo detalhadamente desde o início, I também decidir escrever um relato detalhado para você, nobre Teófilo, para que possa ter certeza da verdade de tudo o que lhe foi ensinado.

As antigas escrituras do Novo Testamento sugerem fortemente que podemos saber o que Jesus ensinou e como ele realmente era, através das palavras dos que o conheceram, suas testemunhas. Uma testemunha, o apóstolo Pedro, escreveu:
Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas; Nós vimos seu esplendor majestoso com nossos próprios olhos.

Pedro e as outras testemunhas proclamaram audaciosamente “Jesus como Senhor” sob o risco de perderem suas vidas. Talvez o legado de seu compromisso inabalável seja a evidência mais convincente de todas que o Novo Testamento, e não o Evangelho de Barnabé, apresenta o Jesus real.