domingo, 25 de janeiro de 2015

Terra Prometida "Canaã: A Terra que nunca aconteceu.



Por volta de dois mil anos antes de Cristo, Abraão e seus familiares moravam na cidade de UR dos caldeus ao sul da Babilônia (hoje sul do Iraque). Gênesis 11.31. Então Deus disse a Abraão que saísse dessa terra para se dirigir a uma outra. Gênesis 12.1.
Abraão se deslocou para a cidade de Harã (atualmente na Turquia) e depois seguiu para a Terra de Canaã que nos dias de hoje está ocupada pelo Estado de Israel e Jordânia. Gênesis 12.5.
Da cidade de Harã, conhecida como Pátria dos Patriarcas, Abraão dirigiu-se rumo ao sul com uma distância de mais de mil quilômetros. Nos dias de hoje, para seguir o caminho de Abraão, é preciso de quatro vistos; o da Turquia, o da Síria, isto para atravessar o trecho que vai do Eufrates passando por Damasco, até o Jordão, alem dos vistos da Jordânia e do Estado de Israel.

Características de Canaã

A antiga Canaã é uma faixa de terra estreita e montanhosa que localiza-se entre a costa do Mediterrâneo e a orla do deserto. Desde Gaza, no sul, até Emat, no norte.
Canaã significa "terra da púrpura" este nome foi devido a um produto local muito cobiçado na antiguidade. Os habitantes extraiam de uma espécie de caracol do mar a tinta mais famosa do mundo antigo que servia para tingir tecidos e que se chamava púrpura.
Em Canaã, por volta de 1900 a.C., os habitantes viviam em permanente estado de alerta, as povoações pequenas e isoladas eram presas fáceis para audaciosos assaltos dos Nômades que derrubavam tudo, levando o gado e as colheitas. Por essa região insegura vagueou Abraão com Sara sua mulher, Lot seu sobrinho, sua gente e seus rebanhos. ver (Gênesis 12.5 a 9). No cap.12 de Gênesis fala que Abraão ganhou a Terra Prometida chamada Canaã e no cap. 16.3 Abraão já estava vivendo nela há 10 anos.

Fome em Canaã - Emigração para o Egito

"Sobreveio porém uma fome no país e Abraão desceu ao Egito para aí viver algum tempo". (Gênese.12.10).
No cap. 42.1,3 de Gênese, fala que os irmãos de José, e posteriormente seu pai Jacó também fizeram o mesmo.
Contam os pesquisadores que do ano 1730 ao ano 1580 a.C, não se tem relatos sobre o Povo de Abraão. Em 1730 a.C. o Egito foi conquistado pelos hicsos, tribos semitas de Canaã e da Síria, tribos estas que desconheciam a piedade (violentas).
A Bíblia descreve que os filhos de Israel já estavam morando no Egito - Gênesis 45.18 - 46.32 - 47.3
Os viajantes israelitas que levaram José para o Egito, tinham camelos, carregados de aromas, resina e mirra (Gênesis 37.25).
"Israel habitou, pois, no Egito, isto é na terra de Gessém, e possuiu-a: e aumentou, e multiplicou-se extraordinariamente. (Gênesis 47.27).

Povo de Deus na escravidão - Época de Moisés

Êxodo 1.8 e 11 - "e os egípcios odiavam os filhos de Israel, e os afligiam com insultos e faziam-lhes passar uma vida amarga com penosos trabalhos de barro e tijolos".
Moisés após ter matado o capataz dos trabalhadores escravos, fugiu da jurisdição do Egito para o oriente. Como Canaã era um território ocupado pelo Egito, Moisés escolheu como exílio a montanhosa madian, a leste do golfo de Ácaba.

Saída do Egito e a indignação do Povo.

Tempo depois, Moisés conduziu o povo de Israel (6 mil homens), até que chegarem ao deserto do Sinai onde acamparam em frente ao monte. (Êxodo 19.2,3). Vagaram durante 40 anos a procura da Terra Prometida.
Anos mais tarde a vida miserável do deserto fez com que o povo de Israel se lamentasse. Muitos até arrependidos de terem saído do Egito.
"Antes fossemos mortos na terra do Egito pela mão do Senhor, quando estávamos sentados juntos às panelas de carnes, e comíamos pão com fartura", (Êxodo 16.3). "Quem nos dará carnes para comer?. Lembramo-nos dos peixes que comíamos de graça no Egito; vem-nos à memória os pepinos e os melões, e os alhos bravos, e as cebolas, e os alhos". Quem nos dará a comer carnes? Nós estávamos bem no Egito". (Números 11.4,5 e 18).
Muito tempo depois de Abraão, seus descendentes e seu povo ter deixado a Terra de Canaã, Moisés teve de se informar sobre a Terra, por isso mandou 12 observadores para lá. (Números 13.16,19).
Entre os observadores enviado por Moisés, encontrava-se Josué, homem de habilidade estratégica que veio se revelar mais tarde na conquista de Canaã..
O Povo de Israel, ao pressentir que para conquistar a Terra de Canaã teriam que guerrear contra tribos consideradas fortes, se lamentaram ao ponto de "Toda multidão se pôs a gritar e chorou aquela noite: Oxalá.... o Senhor não nos introduza nesta terra, para não sermos passados à espada..." (Números 14:1,3).

Nada de Terra Prometida.

Em Números 32:13, fala que Deus estava irado contra Israel, e que por esse motivo fez com que o povo andasse errante pelo deserto durante 40 anos.
A Bíblia fala que nenhum dos homens que conduziram a fuga do Egito, poria os pés na Terra Prometida, nem mesmo Moisés. Isso nos dá a entender que a Promessa de Deus feita à Abraão não era para seus descendentes de imediato, e que Canaã na verdade não era a Terra Prometida, já que Abraão e seus descendentes já haviam morado nessa região antes de imigrarem para o Egito e portanto já conheciam perfeitamente essa terra.
Veja que se Canaã fosse a Terra Prometida ao povo de Deus, Abraão, Isaac, Jacó e seus filhos não precisariam ter abandonado aquelas terras e se deslocado para morar no Egito. Quando Moisés tirou o povo do Egito, Israel não precisaria derramar sangue para conquistar Canaã. Seu povo não teria passado fome e miséria, e também não precisaria que passassem mais de duzentos anos para entrarem nela, era só atravessar o mar vermelho e se dirigir a essa terra.
Toda essa demora e tormento passado pelo povo nos faz entender que Israel andava em busca de uma outra terra que fora visualizada pelos profetas e não Canaã pois esta já era conhecida há muito tempo. Outra, que as características de Canaã é diferente das Características da Terra Prometida conforme citam os trechos bíblicos, que irei mostrar no próximo capitulo.
Ao contrário do que pensavam os antigos e em desacordo com versões espalhadas em compêndios de religião, a Terra Prometida, embora já existente em qualquer lugar do planeta, não foi oficialmente alcançada pelo povo de Deus. Alerto aos leitores que se aventuram a ler a História Sagrada, sobre as dificuldades que encontrarão em sua interpretação, não só pela técnica empregada pelos profetas e pregadores como pela deficiência dos textos adulterados que nos chegam as mãos.

Entrada em Canaã

No fim do século XIII aC, estrangeiros procedentes do norte do mar Egeu tinham por objetivo conquistar Canaã e Egito. Mas Israel ainda não tinha adentrado na Terra de Canaã, pois ainda se encontrava junto ao Jordão e nada tinha a temer. A hora de Israel havia chegado: "Levantando pois todo o povo a gritar, e soando as trombetas..... caíram de repente os muros.... e tomaram a cidade..... E puseram fogo à cidade e a tudo o que nela havia. (Josué 6:20 e 24).
No museu do Cairo há uma lápide, procedente de um templo fúnebre de tebas no qual se canta a celebre vitória do Faraó Merenptah sobre os líbios. Contem a parte final de um cântico que relata a desolação de Israel: "Canaã foi capturada com todos os maus. Ascalão foi aprisionada, Gézer, ocupada e Jenoam, aniquilada. O povo de Israel está desolado, não tem juventude; a Palestina tornou-se viúva para o Egito".
Esse canto foi escrito em 1229 a.C., e segundo os pesquisadores, ele é valioso e instrutivo sob muitos pontos de vista, e que através deste cântico, é que aparece pela primeira vez perpetuado na história da humanidade o nome de "Israel" e isso por um estrangeiro e contemporâneo. Israel é citado expressamente como povo, além disso relacionado com nomes de cidades da Palestina, o que é sem dúvida uma prova de que pelo ano de 1220 a.C. Israel já estava estabelecido em Canaã e não era mais desconhecido.
Tendo em vista as disparidades análogas, os cientistas cogitaram da eventualidade de a descrição bíblica da "tomada da terra" condensar um processo extremamente complexo e lento continuado ao longo de vários séculos, apresentado pela Bíblia em ritmo de "tempo recorde" e concentrado na pessoa de Josué. Ademais a Bíblia é seletiva na apresentação dos acontecimentos, que reúne para um "filme contínuo", nem sempre coincidente em seus detalhes.
Alguns cientistas chegam inclusive a confirmar que jamais houve uma "tomada de terra", conforme a descrita pela Bíblia, e de maneira surpreendente, também essa tese pode ser provada com base nos próprios textos bíblicos, como segue: Após suas primeiras vitórias no país dos cananeus, Josué reúne "todo o Israel" junto aos montes de Garizim e Hebal, que se elevam acima do Nablus moderno (Josué 8:33). Neste contexto a Bíblia distingue expressamente entre "estrangeiros" e "naturais".
O pesquisador pergunta porquê?, já que todo povo de Israel já teria entrado na terra?. indaga ainda o pesquisador: porque fala então de "naturais"?. Veja que esta profecia não era para aquela época por isso de tanto moldarem ficou incompreensível pelo fato de parte das profecias de Josué serem feitas para os dias de hoje e acabaram enxertando para aqueles dias.

Canaã foi dividida como sendo a Terra Prometida?

"E o Senhor deu a Israel toda a terra que havia prometido com juramento a seus pais que lhes daria, e eles possuíram e habitaram nela" (Josué 21.43).
Aqui cabe uma observação: Como deu a terra? Se Canaã foi conquistada a custa de derramamento de sangue muito tempo depois de Abrahão e seus descendentes terem abandonados esta terra.
Teria Josué confundido Canaã como sendo a Terra Prometida? ou esse trecho bíblico teria sido uma visão de Josué para os dias de hoje, que fora mal interpretado com todo direcionamento à Canaã? Como ser Canaã a Terra Prometida se o Povo de Deus nunca teve paz naquela região? Veja que as características da verdadeira Terra Prometida são bem diferentes, como vamos ver mais adiante.

Os profetas relatam: Nada de Terra Prometida.

Chamo atenção aos leitores que os profetas e o povo daquela época só conheciam aquelas regiões e que muitas profecias foram moldadas, ajeitadas e direcionadas pelos tradutores antigos para terra de Canaã como sendo a Terra Prometida. Já que desconheciam o Novo Mundo.
De uma, das muitas bíblias pesquisadas, já que na maioria das vezes possuem traduções diferente. Vimos que em Juízes 18.1 diz que "Já se passaram 500 anos depois que saíram do Egito e a Tribo de Dan continua em busca da Terra" (observe que a maioria das bíblias não citam o nº 500).
Neste, nos dá mais uma pista no sentido de que Canaã não é e nunca foi a Terra Prometida, haja visto que o Povo de Deus, através de Abraão já havia habitado nela há muito tempo e que depois que o povo saiu do cativeiro do Egito (1500 a.C) só entraram na terra de Canaã por volta de 1230 a.C. Portanto haviam-se passado apenas 270 anos desde que saíram do Egito. Este capítulo também nos informa que mesmo vivendo em Canaã o povo ainda estava em busca ou a procura da Terra Prometida. E que em Canaã não havia farturas e riquezas por isso Abrão e seus descendentes tiveram que vir para o Egito.
Em Hebreus 11.13, Relata de maneira clara que todos morreram sem atingir a Terra Prometida. Veja que a interpretação dada pelos "sabidos e certos" é bem diferente.
Aprox. 500 aC, Em Jeremias 16.14, é bem claro: "Nossos pais não ganharam nada de Terra, mas chegará o dia em que dirão viva o Senhor que nos reuniu na Terra Prometida e não o Senhor que nos tirou do Egito". E continuando no capítulo 16.19 diz; "Senhor o que nossos pais receberam de partilha na Terra Prometida, não passa de um nada".
No capítulo 23.7 ainda de Jeremias diz: "Chegarão dias diz o Senhor, em que não se dirá mais viva Deus que nos tirou do Egito, mas sim viva Deus que fez vir todos os israelitas de todo o mundo para reunir-se na Terra Prometida".
Tudo isso nos prova que ao saírem do Egito, e após vagarem 40 anos pelo deserto e depois de terem se estabelecido as margens do Jordão, foram apenas para Canaã. E confirmando mais, em Jeremias 4.10 Relata: "Então disse eu: Ah! Senhor Deus! Enganaste este povo e a Jerusalém".
Em Números 16.12 "O Egito era a terra que corria leite e mel, na verdade não nos conduzistes a uma terra que corre leite e mel, pensas que taparás os olhos de toda uma gente?".
Leite e mel quer dizer fartura e riquezas, esta é uma das características da Terra Prometida. Quando o povo morava no Egito, tinham fartura e em Canaã miséria e fome.
Veja que Jeremias morava na região de Canaã. Esse trecho do livro de Número também nos mostra que o povo não estava na Terra Prometida e sim em Canaã. Lembre-se que por volta de 1900 a 1750 a.C., Abraão, Jacó e seu povo emigraram para o Egito por estarem passando fome em Canaã. E que em Canaã não existia leite e mel (fartura, riquezas) como é uma das características da Terra Prometida. Depois quando o povo retornou a esta terra tiveram que enfrentar muita dificuldade como descrito na 2ª dos Reis onde ressalta que: "As mães querem matar seus próprios filhos para comerem".
Na época de Jesus, em Atos dos apóstolos Cap.7.5, fala bem claro que Abraão não ganhou um palmo de Terra ou seja o Povo de Deus (Israel) não alcançou a Promessa de Deus.
Em Números 20.12 diz que assim como o povo, Moisés não entrou na referida terra porque pecou e confirma em Deuteronômio 28.63 onde diz que por desobediência Deus tiraria a promessa, isso para aquela época ou seja não permitiu que os israelitas alcançassem a promessa.
Na Primeira dos Reis 14.14 diz; "Tirarei vossa Terra e levarei para além do Eufrates como o caniço levado pelo vento".
Nesta nos dá entender que a promessa de Deus não era Canaã e que estaria longe daquela região e que para chegar a estas terras o povo teria que caminhar pelos mares (caniço levado pelos ventos - náus, navios a vela). Terra essa que vamos conhecer no segundo capítulo deste livro.
Na 2ª dos Reis 17.13 fala que "Os israelitas desobedeceram e pecaram, por isso Deus os expulsou da Terra Prometida até os dias de hoje".
Prova de que a Terra Prometida não foi alcançada pelo Povo de Deus. Quando diz que "Deus os Expulsou da Terra Prometida". Posso dizer que este versículo está moldado. Pois o correto é: Deus tirou-lhes a Terra Prometida até os dias de hoje ou seja Deus suspendeu a promessa até os dias de hoje. E após a tribulação do mundo todos os cristãos ficarão maravilhados em saber que estão dentro das benignidades do Senhor.
Na 2ª das Crônicas 36.11 diz que "Deus retirou a Terra Prometida e ainda mandou Nabucodonosor exterminar mulheres, velhos e crianças". Em Hebreus 3.11 Deus jurou que eles (povo da velha aliança) não entrariam na Terra, Haja visto que Jesus fez jura diante deles conforme Mateus cap. 24 vers.24, "Em verdade eu vos digo, esta raça não morrerá antes que tudo aconteça".
-- Quando Jesus se refere à "esta raça", subjuga-se sendo os judeus, pois além de não aceitarem Cristo como o filho de Deus, foram os maiores inimigos de Cristo e perseguidores dos cristãos conforme João cap.8 vers.59, cap.10 vers.31, cap.16 vers.3 e outros.
A história conta que no início da era cristã, fora encontrado em Roma, seis milhões de esqueletos de cristãos mortos pelos judeus, e na segunda guerra mundial Hitler judiou e matou seis milhões de judeus, teria sido isso só coincidência?. E nos Atos dos Apóstolos 13.13 diz que os Eleitos (cristãos) não têm a cidade permanente mas vão em busca da futura.
Em Eclesiástico 48.13 diz que os israelitas foram expulsos e andam dispersos por todo o mundo. (Referência aos Judeus) Na oração do Pai Nosso, Jesus intercede pelos seus ao dizer: "Pai nosso que estás no Céu, Santificado seja o Vosso Nome, Venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade assim na terra como no Céu".
Fica bem claro que na época de Cristo, o povo de Deus antes representado pelos judeus, ainda não havia localizado a Promessa de Deus. E que Cristo fez a nova ramagem do Povo do Senhor, os escolhidos e que mais tarde alcançariam a Terra Prometida que iremos ver adiante.
Em Salmo 105.40 "Então se inflamou contra seu povo a cólera divina e Deus tomou de volta a sua herança".
Neste capítulo de Salmo, está claro que Deus fez uma promessa à Abrahão, mas devido ao pecado do povo, Deus suspendeu a promessa. E como o povo Judeu não reconheceu Jesus como Filho de Deus, Deus tomou de volta a Herança, para dar aos cristãos nos dias de hoje, após destruição do mundo onde a Terra de Deus estará a salva com os eleitos.
Na 2ª dos Reis 18.31 "Assim vos fala o Senhor: deveis fazer as pazes com o rei da Assíria, para levar-vos a outra Terra semelhante a esta". Mais uma prova de que o povo não estava na Terra Prometida, e sim em Canaã.
1ª de Samuel 10.1 "Saul saiu para procurar as mulas e passou pelo túmulo de Raquel...".
Esta passagem mostra que depois de andarem tanto e de Josué já ter dividido as terras, ainda estavam em cima dos restos mortais de seus antepassados. "Um dia, Saul atravessou a pé as terras de Efraim, Benjamim, e outras..."
Estas terras pertenciam a Canaã e não a Terra Prometida. Apesar disso, por desconhecimento da nova revelação, teólogos continuam afirmando que Canaã é a Terra da Promessa de Deus. Se isso fosse verdade, como explicar que até hoje estão matando uns aos outros. Porque as características da terra de Canaã não bate com as da Terra Prometida? 

As citações das profecias bíblicas foram se sucedendo de tal forma que por providência divina, somente nos dias de hoje fosse revelado sobre onde está localizada a Terra Prometida. Se esta Terra fosse descoberta na época que saíram do Egito, os povos de todas as nações teriam se transportado em massa para ela e nos dias de hoje não caberia mais ninguém. Só que por revelação do Mistério de Deus. A Terra antes visualizada pelos profetas e hoje tão cobiçada pelo mundo, está reservada por Deus no meio das grandes águas para que seus habitantes, os eleitos através do reconhecimento em Cristo, testemunhem o "Grande Dia do Senhor".

sábado, 27 de setembro de 2014

(Download) Novo Comentário Bíblico São Jeronimo: Novo Testamento e Artigos Sistemáticos

                                               








        


   
      Novo Comentário Bíblico
São Jeronimo
Novo Testamento
e
Artigos Sistemáticos
Raymond E Brown 
Joseph A Fitzmyer
Roland E-Murphy

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(Download) Novo Comentário Bíblico São Jeronimo: Antigo Testamento

 Novo Comentário Bíblico São Jeronimo 
Antigo Testamento 
Raymond E Brown
 Joseph a Fitzmyer 
Roland E Murphy

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domingo, 21 de setembro de 2014

A Imaginação apocalíptica paleocristã: entre o êxtase religioso e a crítica social


Prezados alunos e ex-alunos recomendo:
Inscrições para curso "A Imaginação apocalíptica paleocristã: entre o êxtase religioso e a crítica social".
O curso será oferecido de 3 a 6 de novembro de 2014 (Segunda à Quinta, das 18h às 21h, no Instituto de História da UFRJ - Largo de São Francisco, S/N, Centro, Rio de Janeiro - RJ)
Professores: Daniel Justi (UFRJ), Juliana Cavalcanti (UFRJ) e Lair Amaro dos Santos Faria (UFRJ);
Valor para alunos da UFRJ: R$50; Demais: R$ 60.
Mais informações: jesushistorico@gmail.com
Realização: Laboratório de História das Experiências Religiosas (LHER IH-UFRJ); Apoio: UFRJ, Instituto de História - UFRJ, Kliné Editora.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

A Hipótese Documentária e suas fusões

P E N T A T E U C O

Pentateuco é o nome dado ao conjunto dos cinco primeiros livros da Bíblia - Palavra de Deus. Os judeus chamam o Pentateuco de TORAH, palavra hebraica que traduzida para o Português significa "Lei". Esta palavra dá ideia que o Pentateuco é um apanhado de leis, pelas quais os judeus se deixavam conduzir. No entanto, no Pentateuco, na verdade, se encontra narrações de histórias vividas pelos judeus. Quando Moisés perguntou a Deus pelo seu Nome, Ele respondeu: "Eu Sou Aquele que Age", isto é, pela tua história, pelo que Eu Serei contigo e com o teu povo, descobrirás quem Eu Sou.

À primeira vista, esta obra nos parece homogênea, isto é, uma só. Entretanto, ela foi escrita por vários autores, é composta de diversas camadas escritas em épocas diferentes.

Apesar da História de Israel ter começado bem antes, vamos tomar como ponto de partida o Século X, porque foi a partir dele que se escreveram as primeiras unidades literárias e também porque foi nele que Israel começou a ler suas histórias.

Há uma hipótese documentária que diz que a Torah é uma obra composta em cinco partes, baseada em quatro documentos erigidos em épocas diferentes. Esta hipótese é a mais aceita pelos Teólogos e pelos estudiosos da Bíblia. Ela fala que a Torah foi escrita por quatro grupos com Tradições diferentes:
a) tradição Javista (J);
b) tradição Eloísta (E);
c) tradição Sacerdotal (P);
d) tradição Deuteronomista (D).

O documento Javista foi escrito no final do Século X e narra toda a história do Rei Salomão e da Corte de Jerusalém.
O documento Eloísta já foi escrito no final do Século IX ou meados do Século VIII, narra os acontecimentos dos meios proféticos do Reino do Norte, onde encontramos Elias, Eliseu, Oséias...
O documento Sacerdotal narra todos os acontecimentos e as preocupações dos meios sacerdotais saídos de Jerusalém. Foi composto também durante o Exílio da Babilônia, mas por volta do Século VI.
Enfim, o documento Deuteronomista retrata a história de Moisés e a ligação do povo à Lei de Deus. Este documento foi composto no Reino do Norte e foi somente no reinado do Rei Ezequias que sua redação terminou. A edição final se deu no Exílio da Babilônia, entre os anos 587 e 538 aC, portanto, no Século V.

Para que estes cinco livros, de quatro tradições, pudessem se tornar uma única obra literária, foi preciso fazer algumas fusões.

A fusão J-E aconteceu por volta do ano 700aC, no reinado do Rei Ezequias. Estes dois documentos são narrações de histórias paralelas, de modo que é possível fazer uma sinopse entre ambos.
O documento tem muito em comum com a tradição E.
Já no Século IV, houve a fusão J-E com P.

Nasce então a Torah na forma de cinco livros. Provavelmente, o responsável por este magnífico trabalho foi Esdras, porque era considerado "secretário da Lei do Deus do Céu" (Esd 7,12). O Rei Persa, Artaxerxes II, em 398aC, incumbiu Esdras de faze um Estatuto para os judeus, tando aos que tinham voltado do Exílio como aqueles que tinham permanecido no País.

TRADIÇÃO JAVISTA

- J -

As primeiras obras literárias sobre a história de Israel aparecem no Século X.
O grande personagem deste século foi David, ungido rei em Hebron, por volta de 1010 e reconhecido como tal pelas tribos do sul - Judá (2Sm 2,1-4). Ele reinou sete anos e seis meses (2Sm 2,11; 5,5) e foi neste período que algumas tradições foram colocadas por escrito, nascendo assim o Documento Javista.

David era um homem de habilidade política inigualável. Tal habilidade o fez rei também do Reino do Norte - Israel (2Sm 5,1-4). David conseguiu manter uma espécie de "reino-unido" que perdurou até o fim do reinado de seu filho Salomão.

David conquista Jerusalém, que está situada entre Judá e Israel, e a transforma na Capital do Reino (2Sm 5,6-9), reinando nela 33 anos (2Sm 5,5) e Salomão reina durante 40 anos (de 972 a 933).
David desenvolveu uma política de conquistas e foi transformando muitos povos estrangeiros em vassalos: filisteus, cananeus, amonitas, jebuseus, moabitas, arameus entre outros.
Salomão, quando herdou o reino, procurou organizá-lo, estruturá-lo e desenvolvê-lo comercialmente.
Todo este universalismo tem o seu ponto negativo: o sincretismo. O culto a YaHWeH, sem dúvida nenhuma, foi sofrendo algumas mudanças estruturais, às vezes, até imperceptíveis, ao longo dos anos, por inculturações religiosas dos outros povos pagãos.

David construiu para si um enorme palácio, copiando os reis pagãos da época: da mesma maneira, ele quis construir um Templo para YaHWeH, copiando também os cananeus, no entanto, esta ideia foi rejeitada pelo povo através do Profeta Natã (2Sm7).
A ideia de "prender" "Deus num Templo" dá a impressão de um Deus estático, passivo, parado, preso, controlado pelos homens; por isso, há uma luta para manter a liberdade de Deus - de um Deus que guiou seu povo e que pode continuar a guiá-lo, se não for um prisioneiro.
Este é o contexto histórico do Século X, dominado pela figura imperativa do Rei David.
* * *
O Documento Javista começa em Gn 2,4b e termina com a narração de Balaão (Nm 22; 24), incluindo a narração da falta de Israel em Baal-Fegor (Nm 25,1-5). Os textos que constituem o Documento Javista devem ser procurados entre Gn 2,4b e Nm 25.
Deus chamado de YaHWeH (Gn 4,26; Ex 3,14; 20,2-3; Dt 5,6-7).
Sabe-se que o Documento Javista apareceu na segunda metade do reinado de Salomão (mais ou menos por volta de 950). Seu autor é um judeu que conhece o processo da instituição da monarquia e sua ideologia.
Exatamente durante o reinado de Salomão, em Judá, que a Tradição Javista compõe sua obra.

Texto-Chave do Documento Javista é Gn 12,1-3 e a Palavra Chave éBênção.
Deus ordena que Abraão saia de sua terra, do meio de seus parentes e vá para um lugar que Ele mesmo mostraria. Abraão obedece sem questionar, porque a "promessa de Deus" domina tudo.
A palavra povo, em hebraico, designa laços de parentesco entre os membros de um grupo. Deus promete que faria de Abraão uma grande nação. Ser nação significa que este povo vai ter um território e vai ser politicamente organizado.
Notamos que os Documentos Javista e Sacerdotal estão entrelaçados nos onze primeiros capítulos de Gênesis.
ciclo das origens vai de Gn 2-11 e tem seu ápice na narração da Torre de Babel e termina relatando a confusão das línguas e a dispersão dos povos sobre toda a terra. Gn 12,1-3 não é considerado somente a conclusão, mas também a verdadeira chave desse ciclo.

À bênção, cinco vezes mencionada em Gn 12,1-3, corresponde a maldição cinco vezes mencionada em Gn 2-11 (Gn 3,14.17; 4,11; 5,29; 9,25), onde são amaldiçoados: a serpente, o solo, Caim e Canaã.

ciclo patriarcal vai de Gn 12-36, onde encontramos as narrações sobre Abraão, Isaque e Jacó/Israel. Neste ciclo, o texto de Gn 12,1-3 é repetido duas vezes: Gn 18,18; 28,14.
ciclo de Abraão notamos o sinal da bênção, quando ele entrega para Lót a melhor parte da terra. Abraão foi abençoado por Deus, tornou-se rico e próspero. Além disso, Abraão torna-se bênção para seu sobrinho ao lhe entregar a "Planície do Jordão".
Dentro deste ciclo também vemos que há lugar para a maldição de Deus: Abraão mente para o faraó dizendo que Sara é sua irmã, quando, na verdade, era sua esposa. Deus cobre com maldição o faraó e todo o Egito.

Estudando o ciclo de Isaque vemos que Abimelek, rei dos filisteus, reconhece a bênção de Deus que está sobre Isaque. Este é símbolo da bênção, porque é descendente de Abraão.

ciclo de Jacó mostra que Jacó herdou a bênção de Isaque através de um ritual de bênção. Jacó obtém a bênção de Isaque enganando-o e fazendo-se passar por Esaú. Este ciclo mostra o aspecto de transferência de bênção de um povo a outro.
A bênção chega aos arameus (Labão) por intermédio de Jacó. A bênção de Deus deve alcançar os povos vizinhos pela promessa que Ele fez aos Patriarcas.

Quando nos debruçamos sobre a história de José (Gn 37-50), notamos que ele também foi uma bênção aonde quer que tenha andado. A bênção de Deus alcançou até o Egito através da pessoa de José. Deus está disposto a derramar suas bênçãos sobre todos que reconhecerem a ação de Israel.

Até mesmo na saída do Egito (Ex 1-17), vemos que isto acontece: se o faraó tivesse reconhecido a ação de Israel, Deus não teria mandado as pragas, que na Tradição Javista são 7, a saber: a água transformada em sangue (7,14-18.21a.24-25); as rãs (7,26-27; 8,4-5a.6.7a.8.9-11a); os mosquitos (8,16-28, exceto 18b); a peste dos animais (9,1-7); a chuva de pedras (9,13.17.18.23b.24b.25b.26.28-29.33-34); os gafanhotos (10,1a.3-11.13b14-19) e a morte dos primogênitos (11,4-7a.8b; 12,29-30).

Desta forma, Moisés torna-se sinal da bênção de Deus. De uma maneira bem clara vemos isto no Sinai/Horeb: o acontecimento sinaítico simboliza o derramamento das bênçãos de Deus sobre o povo de Israel.
Balaque, rei de Moab, procura o vidente Balaão para conseguir a maldição sobre Israel, entretanto, o vidente não pôde retirar a bênção de Deus que estava sobre o povo.
Mesmo para Israel receber a bênção de Deus, é preciso comprometer-se diante de Deus.
* * *
Concluindo, para ficar bem gravado, quero frisar que a palavra-chave da Tradição Javista é bênção e o texto-chave é Gn 12,1-3.
A temática da Bênção perpassa todos os textos da Tradição Javista, como vimos até aqui.
Quanto ao estudo do Javismo, centralizamos nossa atenção na Promessa de Deus a Abraão em Gn 12,1-3. Esta Promessa se estende, sem dúvida, na aliança de Isaque com o rei dos filisteus, na astúcia de Jacó junto de Labão, o arameu, na missão de José do Egito.
Vimos que o Século X é o século do Rei David, e Gn 12,1-3 se estende também a David e a todo o seu Império.
Podemos fazer uma leitura cristã e até mesmo Cristológica do Documento Javista: Abraão e Moisés prefiguram o Rei David, enquanto Israel espera por um "Novo David", que, para os cristãos, é Jesus Cristo.

TRADIÇÃO ELOÍSTA

- E -

O reino unido de David e Salomão, com a morte deste último em 933, divide-se em Reino do Norte e Reino do Sul.
No Século IX, os reis, suas famílias e seus funcionários começam a se distanciar de YaHWeH. Jezabel, segundo 1Rs 18,19, sustenta 450 profetas de Baal. O povo corria perigo de acompanhar o rei e de prestar culto a YaHWeH e a Baal ao mesmo tempo (1Rs 18,21).
O Documento Eloísta começa com um texto composto, ou seja, não é um texto eloísta puro - Gn 15 - Ciclo de Abraão. O primeiro texto eloísta puro está em Gn 20.
O fim do documento não é fácil de ser identificado, pois encontramos ainda fragmentos dele em Nm 25 e 32.
A redação eloísta foi feita no Reino do Norte, bem depois da divisão dos Reinos de Judá e de Israel.

A presença de Deus acontece através dos seus enviados: os homens de Deus, como Moisés ou Abraão ou os Profetas, como Elias, Eliseu, Oséias...
Nesta Tradição, Deus é chamado, inicialmente, como ELOHIM (Ex 3,6.9-15. No v. 15, Deus se apresenta como YaHWeH). Elohim era o nome usado para as divindades não israelitas.

Podemos situar a redação do Dcumento Eloísta na primeira metade do Século VIII aC e a palavra-chave dele é temor de Deus.

No ciclo de Abraão notamos: Abimelek é rei dos filisteus, enquanto Abraão é considerado profeta, portanto representa Israel. Surge um conflito entre os dois, provocado por uma afirmação de Abraão, que aponta Sara como sua irmã. Isto gera um problema moral entre povos que não têm a mesma fé. A intenção da Lei é incutir o temor de Deus no coração de todos os povos. A situação de Abraão é humilhante, haja visto o fato de ter que pedir perdão a Abimelek por ter duvidado que ele, apesar de não ser israelita, tenha o temor de Deus.

Naamã, rei de Arã, foi curado da lepra, apesar de ser inimigo de Israel, foi procurar a cura em Samaria e alcançou a cura por causa do temor de Deus. Apesar de Naamã ser rei, ele reconhece o poder de curar do "nabi" - profeta.

Da mesma forma, Abimelek, que tem o temor de Deus, deve reconhecer que o "profeta" Abraão é importante, porque é o único que pode interceder por sua cura (Gn 20,17).
Vemos que a questão do temor é um tanto complexa, pois até mesmo entre os não judeus pode existir este temor.
Temor de Deus designa a obediência às normas morais, que tem como guardiã a divindade, e que deve ser observada tanto por judeus como por não-judeus.

Abraão aparece aqui como alguém que se submete totalmente a Deus.

No ciclo de Jacó vemos muito forte também a temática do temor de Deus. Este tema é uma nota característica do eloísta. Pertencem à Tradição Eloísta também a estada de Jacó em Maanaim (Gn 32,2-3), o envio de presentes a Esaú (32,14b-22); elementos de combate a Jaboque (32,24.25a.26b.30a.31-32). Jacó chega a Siquém (33,19-20); e vai a Betel (35,1-4.14-15), onde nasce Benjamim (35,16-20).
Estudando a história de José do Egito vemos também muito forte a presença do temor de Deus: o próprio José disse que temia a Deus (Gn 42,18b). Aqui poderíamos acrescentar ao temor de Deus o tema da Salvação.
No que concerne à pessoa de Moisés vemos que o temor de Deus paira até mesmo antes do seu nascimento. As parteiras, temendo a Deus, não entregaram Moisés ao faraó. A obediência a Deus aqui passa pela obediência ao faraó, por isto as parteiras foram abençoadas por Deus.

Esta Tradição fala apenas de cinco pragas: a água transformada em sangue (7,15b.17b.20b.24); a chuva de pedras (9,22-23a.24a.25a.27b.31-32.35a); os gafanhotos (10,12b.14a.15), as trevas (10,21-23.27), os primogênitos (4,23), que é associada à partida dos israelitas e à Pascoa.
No acontecimento do Sinai/Horeb, Moisés é visto como um grande profeta e a Lei de Deus vai incutir no povo o temor de Deus. A ausência do temor de Deus é chamada de "pecado", questão do temor a Deus: aqui nesta relação entra a Arca.

O Decálogo (Ex 20,2-17; Dt 5,6-18) e o Código da Aliança (Ex 20,22-23,19). O primeiro texto é um texto vivo, marcado pelo uso no culto, o que o conservou. O Decálogo é qualificado como moral porque interpela o homem a respeito de suas atitudes para com Deus e o próximo.
O segundo texto recebe o nome de Código da Aliança por causa de Ex 24,3-5, onde Moisés lê ao povo o "Livro da Aliança".
Podemos reconhecer uma certa ordem neste código:
a) em todo lugar que Deus se manifestar deve ser erigido um altar a Deus;
b) nota-se que muitas sentenças começam por "Se...", indicando um direito casuístico muito parecido com as Leis Mesopotâmicas;
c) vemos as prescrições litúrgicas (Ex 23,14-19).
Assim, o Código se abre e se encerra com prescrições cultuais.

TRADIÇÃO SACERDOTAL

- P -

Apareceu em Jerusalém uma outra corrente judaica, que apresentou a "Lei de Santidade" (Lv 17-26), antes do Exílio, e a "História Sacerdotal" durante e após o Exílio. Uma figura muito forte nesta corrente é a pessoa do Profeta Ezequiel.
estrutura da Lei da Santidade se aproxima da estrutura do Código Deuteronômico. Ela se abre e se fecha com prescrições cultuais (Lv 17,1-16; 26,1-2); apresenta-se como um discurso de Moisés ao povo (17,1-2) e é seguida de bênçãos e maldições (26,3-45).

Quanto ao conteúdo, o texto se preocupa com o culto e suas observâncias. Esta lei trata de uma codificação de costumes e de práticas ligadas ao Santuário de Jerusalém e centradas no culto e na instituição sacerdotal. A Lei da Santidade se refere à santidade de Deus e à sua transcendência. Como Deus é Santo, o povo de Deus é santo (19,2).
Lv 19,2 é o versículo-chave desta corrente e as palavras-chaves são santo, santidade, aliança.
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A Tradição Sacerdotal é designada pela letra P, pois vem de Priester Kodex, cuja tradução é Código Sacerdotal. A História Sacerdotal aconteceu na Babilônia, antes do final do Exílio, ou seja, antes de 538.

Em 587 o rei da Babilônia, Nabucodonosor, toma Jerusalém e deporta seus habitantes. Só conseguimos entender a História Sacerdotal quando compreendermos a relação com o choque produzido pela queda de Jerusalém e pelo Exílio. Os exilados estavam numa situação desastrosa: seu rei estava preso, o templo estava destruído, a terra - dom de Deus estava a centenas de quilômetros de distância. Em meio a tantas tribulações, houve quem visse tudo com desânimo e descrédito; por outro lado, muitos tentaram encontrar no passado de Israel uma motivação para uma fé e uma esperança capazes de enfrentar a crise pela qual estavam passando. Este papel de animar o povo a enfrentar toda a sua tribulação coube aos sacerdotes de Jerusalém exilados em Babilônia, entre os quais Ezequiel. Assim, antes do Exílio, portanto em 538, foi elaborada a História de Israel.

A Tradição Sacerdotal insiste em mostrar sempre que aquelas pessoas pertencem a um povo e se preocupa em manter a identidade de Israel em Babilônia a fim de evitar a dissolução do povo e permitir a Deus realização de suas promessas. O sábado se torna um tempo consagrado a Deus, já que o templo não existe; a circuncisão é o sinal que o povo pertence a Deus; a Palavra de Deus desempenha a função do templo. Já que o povo está vivendo em terra estranha, os sacerdotes procurar levar o povo a compreender o desígnio de Deus. É todo um ideal teocrático que existe e os exilados procuram guardar no coração, com a ajuda dos sacerdotes, a fé em Deus e em sua lei.
Vamos desenvolver agora alguns pontos sobre as características da História Sacerdotal: os textos sacerdotais caracterizam-se pelo uso de datas tiradas do calendário sacerdotal, que não é nem monárquico e nem babilônico; os meses são designados por números e não por nomes (Gn 7,11; 8,13; Ex 16,1; Nm 1,1).

O estilo é seco, sem detalhes e é recheado pelos números, pelas enumerações, pelas listas; já o vocabulário é preciso e técnico - alguns termos são próprios de P. A preocupação com as genealogias é exacerbada e nos desconcerta, mas demonstra quais são as raízes do povo. Neste sentido dá para entender as proibições do casamento com estrangeiros, pois isto colocava o povo em perigo. Há uma inserção enorme de leis nas narrações. Estas leis ou instituições realçam os valores religiosos: lei da fecundidade (1,28), do sábado (2,3), circuncisão (17,9-14), lei sobre a Páscoa (Ex 12,1-13).
Uma grande parte das leis e das prescrições está ligada à organização do culto, à construção do santuário e às questões relativas ao sacerdócio (Ex 25-31; 35-40). A obra que os autores sacerdotais criaram não é fruto de sua imaginação, mas da reflexão sobre a tradição do passado.

Parece certo que a obra de P vai da criação até a morte de Moisés (Dt 34,7-9).
Sabemos que a História Sacerdotal está permeada de aliança. Em Gn 9, Deus faz, através de Noé, uma aliança com seu povo. A única cláusula dessa aliança é o respeito à vida e ao sangue, também no abate não sacrifical de animais e a proibição de derramar o sangue de humanos, porque o homem é imagem de Deus. É uma aliança de Salvação.

Deus também fez uma aliança com Abraão (Gn 17) e o sinal desta aliança é a circuncisão.

Uma última aliança que Deus fez e não poderíamos deixar passar foi a aliança com Moisés. No monte Sinai/Horeb, Moisés recebe as leis que têm por finalidade a construção de um santuário (Ex 25,8; 24, 15-18) e a consagração a Araão: a perspectiva é cultual e institucional. Para Israel, o sinal desta aliança é exatamente ver o santuário repleto da glória de Deus (Ex 40,24-35).

A expressão "reino de sacerdotes" mostra que o poder real está não nas mãos de um rei, mas nas mãos dos sacerdotes que dirigiam o povo de Israel.
Depois de 587, os sacerdotes sabiam que a aliança mosaica não podia mais assegurar o futuro da comunidade no Exílio. O problema de Israel é o seu pecado, a sua revolta contra Deus. Diante desta situação, o sacerdócio de Araão (Nm 17,25), torna-se o ponto mais importante. O sinal desta aliança é a vara (do hebraico mathé, que significa tribo). Este sinal foi necessário por causa da murmuração do povo que não aceitava a função de Araão.


Em Gn 1,28 encontramos a fórmula-chave da compreensão da mensagem de toda a Tradição Sacerdotal. Essa proclamação foi dada a um povo exilado, sem raízes, longe de sua terra e sem esperança no seu Deus. A finalidade desta fórmula é fazer o povo entender que Deus não o esqueceu, mas novamente vai lhe dar uma terra. Isto aconteceu com o Edito de Ciro, em 538, acabando assim com o Exílio, o povo pôde voltar para sua terra e reconstruir o Templo - que aconteceu em 515.
Entre os textos legislativos anteriores a P, podemos citar a lei dos sacrifícios(Lv 1-7); a lei da pureza (Lv 11-16); e as prescrições sobre as festas (Nm 28-29).
{ a) YaHWeH é igual aos deuses não israelitas: Gn 1,1;
b) a Abrão, Deus se apresenta como El Shadai. No meio de tantos, YaHWeH é o mais poderoso: Gn 17,1;
c) para Moisés, Deus se apresenta como YaHWeH - o único: Ex 6,2-7.}

TRADIÇÃO DEUTERONOMISTA

- D -
O Rei Josias reina de 640 a 609 e se torna um rei segundo o coração de Deus. Ele manda fazer restaurações no Templo de Jerusalém e durante o trabalho, Hilquias descobre um livro "Livro da Lei", que faz chegar nas mãos do rei (2Rs 22,3-10).
Há uma grande probabilidade de ter sido encontrado em 622 este magnífico Livro da Lei ou Livro da Aliança (2Rs 22-23), que deve ter sido depositado no Templo durante o reinado de Ezequias - 722. Houve durante o reinado de Ezequias um grande desenvolvimento literário: a fusão de E, a coleção dos Provérbios (Pr 25,1).
Em 622 houve uma celebração solene da Páscoa e a partir deste ano, o Deuteronômio primitivo serviu de lei para o povo e entrou oficialmente para o patrimônio religioso de Israel.

No Século V, Neemias usou este livro de lei para resolver uma pendência entre israelitas; no Século IV, quando foi formado o Pentateuco, o Deuteronômio foi o livro que deu o desfecho do grupo dos cinco rolos que formaram aTorah.
Dentro do Deuteronômio encontramos o Código Deuteronômico (Dt 12-26). Este código começa e termina com prescrições cultuais (12,1-16,17; 26,1-15). A estrutura deste código lembra a do Decálogo, mas é inegável que é uma compilação de leis já existentes. Por outro lado, o código não pode ser separado de seu contexto: ele faz parte de uma estrutura mais vasta que é a da aliança.

Não só o código como todo o Deuteronômio é uma reflexão sobre a infidelidade de Israel. Infidelidade que levou ao desaparecimento do Reino do Norte. O código pode simbolizar até a Salvação do povo, pois se este tivesse obedecido as leis, nada lhe teria acontecido.
Sabemos que o Código Deuteronômico foi redigido em 722, depois da queda de Samaria e provém do Reino do Norte. O Código se impôs no Reino de Judá, antes do Exílio, mas não conseguiu a adesão popular. O Reino do Norte desapareceu e o único santuário de pé é o de Jerusalém e o povo que resta é o de Judá.

O Livro do Deuteronômio se aproxima muito da estrutura dos tratados de vassalagem que estavam em uso na época. A aliança instaura uma relação entre dois grupos humanos ou entre duas pessoas.De uma aliança entre tribos, reconhecendo YaHWeH como Deus de Israel, passa-se para uma aliança entre YaHWeH e Israel.
Parece que os autores do Deuteronômio estão preocupados em manter as características principais do povo de Israel: um povo, um Deus, uma terra, uma lei, um templo...

Há a experiência original de Deus e de sua Palavra transmitida por Moisés.
Deus escolheu o seu povo do meio do povo. Essa escolha faz de Israel o povo de Deus e o torna assim responsável pela figura de Deus neste mundo. Este povo escolhido é uma comunidade estruturada que vive em uma terra e é uma assembléia convocada por Deus no Horeb (5,22; 9,10; 10,4). Esta comunidade tenta viver a fraternidade, tendo no seu meio o juiz, o rei, o sacerdote-levita, o profeta (16,18-18,22). A Lei se torna o princípio desta vida em comunidade: a Torah deve estar no coração, o Nome de YaHWeH nos lábios e um só santuário nacional constituem o ideal do Deuteronômio.

CONCLUSÃO


O Pentateuco terminou então depois da fusão dos quatro documentos: Javista (P); Eloísta (E); Sacerdotal (P); Deuteronomista (D). Entre 722 e 700, houve a fusão dos dois documentos J-E. No final do Exílio, J-juntam-se ao Documento Sacerdotal (P). Por fim, o Documento Deuteronomista (D) encontrado no tempo de Ezequias, por volta de 716-687, junta-se ao processo formando a Torah.

A formação dos textos do Pentateuco é magnífica. Escrita por vários autores. No decorrer de vários séculos. Nota-se que são portadores de uma Tradição viva.
Torna-se claro que a estruturação do Pentateuco se realiza aos poucos - das origens até a morte de Moisés. A morte de Moisés vem mostrar que o povo não deve contentar-se com o que tem, mas deve permanecer disponível para uma ação de Deus sempre imprevista.

A leitura da Torah mostra seriedade que a fé exige do homem no trato com Deus, a necessidade do perdão numa relação que constantemente está ameaçada.
Finalmente, o Pentateuco está aberto para uma leitura cristã, onde as idéias determinadas de cada documento convergem para Jesus Cristo, filho de David.

Jesus se enquadra dentro dos quesitos do rei segundo o coração de Deus, que o Javista aponta. O caminho cheio de provações e sofrimento indicado pelos Eloístas prefigura o ministério e a paixão de Cristo.
No Deuteronômio, vemos o retrato de uma comunidade unida e unânime com relação ao serviço de Deus.
O Documento Sacerdotal leva o povo a refletir sobre seus erros e o leva à reconciliação com Deus, a exemplo de Cristo - único Sacerdote capaz de reconciliar o povo definitivamente com Deus.