segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

O Livro de Urântia e o confuso relato da Rebelião de Lúcifer




O Livro de Urântia

Documento 53

A Rebelião de Lúcifer

(601.1) 53:0.1 LÚCIFER era um brilhante Filho Lanonandeque primário de Nébadon. Possuía experiência de serviço em muitos sistemas, havia sido um alto conselheiro do seu grupo e distinguira-se pela sabedoria, sagacidade e eficiência. Era o número 37 da sua ordem e, quando indicado pelos Melquisedeques, fora distinguido como uma das cem personalidades mais capazes e brilhantes entre mais de setecentos mil da sua espécie. Vindo de um começo tão magnífico, por meio do mal e do erro, abraçou o pecado, e agora está numerado como um dos três Soberanos de Sistemas em Nébadon que sucumbiram ao impulso do ego e renderam-se aos sofismas de uma liberdade pessoal espúria — a rejeição da lealdade universal, a desconsideração pelas obrigações fraternais e a cegueira para as relações cósmicas.

(601.2) 53:0.2 No universo de Nébadon, domínio de Cristo Michael, há dez mil sistemas de mundos habitados. Em toda a história dos Filhos Lanonandeques, durante o seu trabalho em todos esses milhares de sistemas e na sede-central do universo, apenas três Soberanos de Sistemas desrespeitaram o governo do Filho Criador.

1. Os Líderes da Rebelião

(601.3) 53:1.1 Lúcifer não era um ser ascendente; sendo um Filho criado no universo local, dele foi dito: “Eras perfeito em todos os teus caminhos, desde o dia em que foste criado; até que a falta de retidão fosse encontrada em ti”. Muitas vezes, esteve em conselho com os Altíssimos de Edêntia. E Lúcifer reinou “sobre a montanha sagrada de Deus”, a montanha administrativa de Jerusém, pois era o dirigente executivo de um grande sistema de 607 mundos habitados.
(601.4) 53:1.2 Havendo sido um ser magnífico, uma personalidade brilhante, Lúcifer estava ao lado dos Pais Altíssimos das constelações, na linha direta da autoridade no universo. Não obstante a sua transgressão, as inteligências subordinadas abstiveram-se de demonstrar-lhe desrespeito e desdém, antes da auto-outorga de Michael em Urântia. Mesmo o arcanjo de Michael, na época da ressurreição de Moisés, “não fez contra ele um juízo de acusação, mas simplesmente disse: ‘que o Juiz te repreenda’”. O julgamento dessas questões pertence aos Anciães dos Dias, governantes deste superuniverso.
(601.5) 53:1.3 Lúcifer atualmente é um Soberano caído e deposto de Satânia. A auto-admiração é sumamente desastrosa, até mesmo para as elevadas personalidades do mundo celeste. De Lúcifer foi dito: “O teu coração enalteceu-se por causa da tua beleza; tu corrompeste a tua sabedoria em vista do teu esplendor”. O vosso profeta de outrora percebeu esse triste estado, quando escreveu: “De que modo tu caíste dos céus, ó Lúcifer, filho da manhã! Tu que ousaste confundir os mundos, como foste abatido!”
(602.1) 53:1.4 Quase nada foi ouvido sobre Lúcifer em Urântia, devido ao fato de haver designado o seu primeiro assistente, Satã, para advogar a sua causa no vosso planeta. Satã, um membro do mesmo grupo de Lanonandeques primários, jamais funcionou como um Soberano de Sistema; mas participou totalmente da insurreição de Lúcifer. E o “diabo” não é nenhum outro senão Caligástia, o Príncipe Planetário deposto de Urântia, um Filho Lanonandeque da ordem secundária. Na época em que Michael esteve na carne em Urântia, Lúcifer, Satã e Caligástia aliaram-se para, juntos, tentar causar o insucesso da sua missão de auto-outorga. Todavia, tiveram um fracasso notável.
(602.2) 53:1.5 Abaddon era o dirigente do corpo de assistentes de Caligástia. Ele seguiu o seu chefe na rebelião e, desde então, atuou como dirigente executivo dos rebeldes de Urântia. Belzebu foi o líder das criaturas intermediárias desleais que se aliaram às forças do traidor Caligástia.
(602.3) 53:1.6 O dragão afinal tornou-se uma representação simbólica de tais personagens do mal. Com o triunfo de Michael, “Gabriel veio de Sálvington e acorrentou o dragão (todos os líderes rebeldes) por uma idade”. Dos rebeldes seráficos de Jerusém, está escrito: “E aos anjos que não mantiveram o seu estado original e que deixaram a sua própria morada, ele os prendeu nas correntes seguras da obscuridade para o grande dia do julgamento”.

2. As Causas da Rebelião

(602.4) 53:2.1 Lúcifer e o seu primeiro assistente, Satã, haviam reinado já em Jerusém por mais de quinhentos mil anos, quando, nos seus corações, começaram a alinhar-se contra o Pai Universal e o Seu Filho, o então vice-regente Michael.
(602.5) 53:2.2 Não houve qualquer condição peculiar ou especial, no sistema de Satânia, que sugerisse ou favorecesse a rebelião. Acreditamos que a idéia tomou origem e forma na mente de Lúcifer; e ele haveria de instigar tal rebelião, não importando onde estivesse servindo. Inicialmente Lúcifer anunciou os seus planos a Satã, todavia foram necessários vários meses para que a mente deste parceiro capaz e brilhante fosse corrompida. Contudo, uma vez convertido às teorias rebeldes, Satã tornou-se um defensor ousado e sincero da “afirmação de si e da liberdade”.
(602.6) 53:2.3 Ninguém jamais sugeriu a Lúcifer uma rebelião. A idéia da auto-afirmação, em oposição à vontade de Michael e aos planos do Pai Universal, tais como representados por Michael, teve a sua origem na própria mente de Lúcifer. As relações dele com o Filho Criador haviam sido sempre estreitas e cordiais. Em nenhum momento, antes da exaltação da sua própria mente, Lúcifer chegara a exprimir abertamente qualquer insatisfação com a administração do universo. Não obstante o seu silêncio, por mais de cem anos do tempo-padrão, os Uniões dos Dias em Sálvington haviam informado, por refletividade, para Uversa, que nem tudo estava em paz na mente de Lúcifer. Essa informação foi também encaminhada ao Filho Criador e aos Pais da Constelação de Norlatiadeque.
(602.7) 53:2.4 Ao longo desse período, Lúcifer tornou-se cada vez mais crítico de todo o plano de administração do universo; sempre, no entanto, professando lealdade sincera aos Governantes Supremos. A sua primeira deslealdade, manifestada abertamente, aconteceu por ocasião de uma visita de Gabriel a Jerusém, poucos dias antes da proclamação aberta da Declaração de Lúcifer pela Liberdade. Gabriel ficou tão profundamente impressionado que teve a certeza da iminência de uma ruptura; e foi a Edêntia, diretamente, para conferenciar com os Pais da Constelação sobre as medidas a serem tomadas no caso de uma rebelião declarada.
(603.1) 53:2.5 Muito difícil torna-se apontar uma causa, ou causas exatas que finalmente culminaram na rebelião de Lúcifer. Estamos certos quanto a uma única coisa, e esta é: quaisquer que tenham sido as causas iniciais, elas tiveram a sua origem inteiramente na mente de Lúcifer. Deve ter havido um orgulho do ego, nutrido por ele próprio, a ponto de levar Lúcifer a iludir a si mesmo de um modo tal que, durante um certo tempo, realmente se haja persuadido de que a idéia rebelde, de fato, era para o bem do sistema, se não do universo. Quando os seus planos haviam já sido desenvolvidos, a ponto de levá-lo à desilusão, sem dúvida ele havia ido longe demais e o seu orgulho original, gerador da desordem, não lhe permitiria parar. Em algum ponto nessa experiência, ele tornou-se insincero; e o mal evoluiu em pecado deliberado e voluntário. A prova de que isso aconteceu está na conduta subseqüente desse brilhante executivo. A ele foi oferecida, desde longa data, a oportunidade clara de arrependimento; no entanto, apenas alguns dos seus subordinados aceitaram a misericórdia oferecida. Os Fiéis dos Dias de Edêntia, a pedido dos Pais da Constelação, apresentaram pessoalmente o plano de Michael para a salvação desses rebeldes flagrantes; no entanto, a misericórdia do Filho Criador foi sempre rejeitada, e rejeitada com um desprezo e desdém sempre maiores.

3. O Manifesto de Lúcifer

(603.2) 53:3.1 Quaisquer hajam sido as origens primeiras do desacerto nos corações de Lúcifer e de Satã, a explosão final tomou forma na Declaração de Liberdade de Lúcifer. A causa dos rebeldes foi declarada sob três pontos principais:
(603.3) 53:3.2 1. A realidade do Pai Universal. Lúcifer alegou que o Pai Universal não existe realmente, que a gravidade física e a energia do espaço são inerentes ao universo e que o Pai seria um mito, inventado pelos Filhos do Paraíso, no fito de capacitá-los a manter o governo dos universos em nome Dele. Negou que a personalidade fosse uma dádiva do Pai Universal. E chegou a sugerir, até mesmo, que os finalitores estivessem juntos, em conspiração, com os Filhos do Paraíso, para impor tal fraude a toda a criação, posto que nunca chegavam trazendo uma idéia suficientemente clara da personalidade autêntica do Pai, tal como se pode discerni-la no Paraíso. Lúcifer lidava com a reverência como se esta fora uma ignorância. A acusação foi radical, terrível e blasfema. E esse ataque velado contra os finalitores, sem dúvida, foi o que influenciou os cidadãos ascendentes, então em Jerusém, levando-os a permanecerem firmes e manterem-se constantes, resistindo a todas as propostas rebeldes.
(603.4) 53:3.3 2. O governo universal do Filho Criador — Michael. Lúcifer sustentava que os sistemas locais deveriam ser autônomos. Protestava contra o direito do Filho Criador, Michael, de assumir a soberania de Nébadon, em nome de um Pai do Paraíso hipotético, bem como de exigir de todas as personalidades que reconhecessem lealdade a esse Pai nunca visível. Afirmava que todo o plano de adoração seria um esquema sagaz para o engrandecimento dos Filhos do Paraíso. Estava disposto a reconhecer Michael como o seu Pai-Criador, mas não como o seu Deus, nem como o seu governante de direito.
(603.5) 53:3.4 Lúcifer atacou, com profunda amargura, o direito dos Anciães dos Dias — “potentados estrangeiros” — de interferir nos assuntos dos sistemas e universos locais. A esses governantes, ele os denunciou como tiranos e usurpadores. E exortou seus seguidores a acreditarem que nenhum desses governantes poderia fazer algo que interferisse na operação de conquista de um governo autônomo, desde que homens e anjos tivessem tão só a coragem para afirmar-se a si próprios bem como, de modo ousado, reclamar os seus direitos.
(603.6) 53:3.5 Argumentou que os executores dos Anciães dos Dias poderiam ser impedidos de funcionar nos sistemas locais; para tanto bastava que os seres nativos afirmassem a sua independência. Sustentava que a imortalidade era inerente às personalidades do sistema, que sendo natural e automática, a ressurreição, todos os seres viveriam eternamente, não fossem os atos arbitrários e injustos dos executores a mando dos Anciães dos Dias.
(604.1) 53:3.6 3. O ataque ao plano universal de aperfeiçoamento dos ascendentes mortais. Lúcifer sustentava que um tempo longo demais e uma energia excessiva estavam sendo despendidos no esquema de instruir e preparar tão cuidadosamente os mortais ascendentes, nos princípios da administração do universo, princípios estes que, ele alegava, seriam sem ética e malsãos. Protestava contra o programa, com a duração de idades, de preparo dos mortais do espaço para um destino desconhecido; e apontou a presença do corpo de finalitores em Jerusém como prova de que tais mortais haviam despendido tempo excessivo na preparação para algum destino que era pura ficção. Indicava, ridicularizando, que os finalitores haviam encontrado um destino não mais glorioso do que o de serem reenviados a esferas humildes, semelhantes às da sua origem. Sugeria que os finalitores haviam sido corrompidos por excesso de disciplina e aperfeiçoamentos prolongados e que, na realidade, eram uns traidores dos seus companheiros mortais, pois que estavam agora cooperando com o esquema de escravização de toda a criação às ficções de um destino eterno mítico para os mortais ascendentes. Advogava que os seres ascendentes deveriam desfrutar da liberdade da autodeterminação individual. E, condenando-o, desafiava todo o plano de ascensão mortal, tal como estava sendo fomentado pelos Filhos de Deus do Paraíso e mantido pelo Espírito Infinito.
(604.2) 53:3.7 E foi com uma Declaração de Liberdade como essa que Lúcifer desencadeou a sua orgia de trevas e de morte.

4. A Eclosão da Rebelião

(604.3) 53:4.1 O manifesto de Lúcifer foi emitido no conclave anual de Satânia, realizado no mar de cristal, em presença das hostes reunidas de Jerusém, no último dia do ano, cerca de duzentos mil anos atrás, no tempo de Urântia. Satã proclamou que a adoração podia ser dedicada às forças universais — físicas, intelectuais e espirituais — mas que a lealdade poderia apenas ser dedicada ao governante atual e de fato, Lúcifer, o “amigo de homens e anjos” e o “Deus da liberdade”.
(604.4) 53:4.2 A auto-afirmação foi o grito de batalha da rebelião de Lúcifer. Um dos seus argumentos principais foi o de que, se o autogoverno era bom e justo para os Melquisedeques e outros grupos, seria igualmente bom para todas as ordens de inteligência. Atrevido e persistente, advogava a “igualdade da mente” e “a irmandade da inteligência”. Sustentava que todo governo deveria ser limitado aos planetas locais e que a confederação desses sistemas locais deveria ser voluntária. Rejeitava qualquer outra supervisão. E prometeu aos Príncipes Planetários governarem os mundos como executivos supremos. Condenava a concentração das atividades legislativas na sede-central da constelação e a condução dos assuntos judiciais na capital do universo. Argumentando que todas essas funções do governo deveriam ser centradas nas capitais dos sistemas, começou a estabelecer a sua própria assembléia legislativa e organizou seus próprios tribunais, sob a jurisdição de Satã. Depois mandou que os príncipes apóstatas dos mundos fizessem o mesmo.
(604.5) 53:4.3 Todo o gabinete administrativo de Lúcifer seguiu-o em um só bloco e prestou um juramento público na qualidade de oficiais da administração da nova direção dos “mundos e sistemas liberados”.
(605.1) 53:4.4 Ainda que tenha havido anteriormente duas rebeliões em Nébadon, elas aconteceram em constelações distantes. Lúcifer afirmava que essas insurreições não tiveram êxito porque a maioria das inteligências não seguiu os seus líderes. Argumentou que a “maioria governa”, que “a mente é infalível”. A liberdade, dada a ele pelos governantes do universo, sustentou aparentemente muitas das suas opiniões nefandas. Desafiou todos os seus superiores; e, ainda assim, aparentemente, eles não deram atenção ao que ele fazia; e, assim, ele continuou livre para prosseguir no seu plano sedutor, sem empecilhos ou entraves.
(605.2) 53:4.5 Lúcifer apontou todos os atrasos misericordiosos da justiça como evidência de incapacidade, da parte do governo dos Filhos do Paraíso, para conter a rebelião. Desafiava abertamente e, com arrogância, provocava Michael, Emanuel e os Anciães dos Dias; e então assinalava o fato de nenhuma medida estar sendo tomada como uma evidência verdadeira da impotência dos governos do universo e do superuniverso.
(605.3) 53:4.6 Gabriel esteve pessoalmente presente durante o suceder de todos esses procedimentos desleais e apenas anunciou que iria, no devido tempo, falar por Michael; e que todos os seres seriam deixados livres e não seriam forçados nas suas decisões; que o “governo dos Filhos, em nome do Pai, desejava apenas a lealdade e a devoção voluntárias, de coração e à prova de sofismas”.
(605.4) 53:4.7 A Lúcifer foi permitido estabelecer totalmente e organizar cuidadosamente o seu governo rebelde, antes que Gabriel fizesse qualquer esforço para contestar o direito de secessão ou de contradizer a propaganda rebelde. Mas os Pais da Constelação, imediatamente, confinaram a ação dessas personalidades desleais ao sistema de Satânia. Esse período de demora, contudo, foi uma época de grande provação e testes para os seres leais de todo o Satânia. Durante alguns anos, tudo ficou caótico e houve uma grande confusão nos mundos das mansões.

5. A Natureza do Conflito

(605.5) 53:5.1 Quando a rebelião de Satânia estourou, Michael aconselhou-se com Emanuel, o seu irmão do Paraíso. Em seguida a essa significativa conferência, Michael anunciou que seguiria a mesma política que havia caracterizado o tratamento dado a levantes semelhantes no passado: uma atitude de não-interferência.
(605.6) 53:5.2 Na época dessa rebelião e das duas que a precederam, não havia nenhuma autoridade soberana absoluta e pessoal no universo de Nébadon. Michael governava por direito divino, como vice-regente do Pai Universal, mas não ainda pelo seu próprio direito pessoal. Não havendo completado a sua carreira de auto-outorgas, Michael ainda não havia sido investido com “todo o poder nos céus e na Terra”.
(605.7) 53:5.3 Desde o momento da eclosão da rebelião até o dia da sua entronização como governante soberano de Nébadon, Michael nunca interferiu nas forças rebeldes de Lúcifer; a elas foi permitido que agissem livremente por quase duzentos mil anos do tempo de Urântia. Cristo Michael agora tem amplo poder e autoridade para lidar prontamente, e até mesmo sumariamente, com esses rompantes de deslealdade; mas duvidamos que a autoridade soberana o levasse a agir diferentemente se outro desses levantes ocorresse.
(605.8) 53:5.4 Posto que Michael escolheu permanecer à margem da atividade da guerra, na rebelião de Lúcifer, Gabriel reuniu o seu corpo pessoal de assistentes em Edêntia e, em conselho com os Altíssimos, optou por assumir o comando das hostes leais de Satânia. Michael permaneceu em Sálvington, enquanto Gabriel rumou para Jerusém e, estabelecendo-se na esfera dedicada ao Pai — o mesmo Pai Universal cuja personalidade Lúcifer e Satã punham em dúvida — , na presença das hostes reunidas das personalidades leais, Gabriel içou a bandeira de Michael, o emblema material do governo da Trindade para toda a criação: três círculos concêntricos na cor azul-celeste sobre um fundo branco.
(606.1) 53:5.5 O emblema de Lúcifer era uma bandeira branca com um círculo vermelho ao centro, e dentro do qual se inseria um círculo todo em negro.
(606.2) 53:5.6 “Houve guerra nos céus; o comandante de Michael e os seus anjos lutaram contra o dragão (Lúcifer, Satã e os príncipes apóstatas); e o dragão e os seus anjos rebeldes lutaram, mas não prevaleceram.” Essa ‘guerra nos céus” não foi uma batalha física, como um conflito dessa ordem poderia ser concebido em Urântia. Nos primeiros dias da luta, Lúcifer permaneceu continuamente no anfiteatro planetário. Gabriel conduziu uma interminável exposição dos sofismas rebeldes, da sua sede-central estabelecida nas cercanias. As várias personalidades presentes à esfera, e que estavam em dúvida quanto à própria atitude, iam e voltavam em meio a essas discussões, até que chegaram a uma decisão final.
(606.3) 53:5.7 Mas essa guerra nos céus foi muito terrível e muito real. Ainda que não haja havido uma demonstração das barbáries tão características da guerra física dos mundos imaturos, esse conflito foi ainda mais mortal; a vida material fica em perigo no combate material, mas a guerra nos céus foi travada pondo em risco a vida eterna.

6. Um Comandante Seráfico Leal

(606.4) 53:6.1 Muitos atos nobres e inspiradores de devoção e lealdade, realizados por inúmeras personalidades, aconteceram no período entre a explosão das hostilidades e a chegada do novo governante do sistema e seu corpo de assistentes; mas o mais emocionante de todos os feitos audaciosos de devoção foi a conduta corajosa de Manótia, o segundo no comando da sede-central dos serafins de Satânia.
(606.5) 53:6.2 No eclodir da rebelião em Jerusém, o chefe das hostes seráficas uniu-se à causa de Lúcifer. Isso, sem dúvida, explica por que se transviou um número tão grande da quarta ordem, a dos serafins administradores do sistema. Este líder seráfico ficou espiritualmente cego pela personalidade brilhante de Lúcifer e seus modos encantadores fascinaram as ordens inferiores de seres celestes. Simplesmente não podiam compreender como era possível que uma personalidade tão deslumbrante pudesse errar.
(606.6) 53:6.3 Manótia disse, não há muito tempo, ao descrever as experiências ligadas ao começo da rebelião de Lúcifer,: “Mas o meu momento mais embriagante foi a aventura emocionante ligada à rebelião de Lúcifer, quando, como segundo comandante seráfico, me recusei a participar do projeto de insultar Michael; e os poderosos rebeldes procuraram destruir-me por intermédio das forças de ligação que se haviam formado. Houve um tremendo levante em Jerusém, mas nenhum serafim leal sofreu danos.
(606.7) 53:6.4 “Quando aconteceu que o meu superior imediato entrou em falta, a responsabilidade de assumir o comando das hostes angélicas de Jerusém recaiu sobre mim, na qualidade de diretor titular dos confusos assuntos seráficos do sistema. Apoiado moralmente pelos Melquisedeques, assistido habilmente por uma maioria de Filhos Materiais, fui desertado por um enorme grupo da minha própria ordem; no entanto, estive sendo magnificamente apoiado pelos mortais ascendentes em Jerusém.
(606.8) 53:6.5 “Tendo sido automaticamente excluídos dos circuitos da constelação, por causa da secessão de Lúcifer, ficamos dependentes da lealdade do nosso corpo de informação, o qual, a partir do sistema vizinho de Rantúlia, transmitia os chamados de ajuda para Edêntia; e verificamos que o reino da ordem, o intelecto da lealdade e o espírito da verdade foram inerentemente triunfantes sobre a rebelião, a afirmação do ego e a assim chamada liberdade pessoal; pudemos então prosseguir até a chegada do novo Soberano do Sistema, o digno sucessor de Lúcifer. Imediatamente depois, fui designado para o corpo de administradores provisórios Melquisedeques de Urântia. E assumi a jurisdição sobre as ordens seráficas leais, no mundo do traidor Caligástia, o qual havia proclamado a sua esfera como um membro do recém-projetado sistema de ‘mundos liberados e personalidades emancipadas’, proposto na infame Declaração de Liberdade, emitida por Lúcifer no seu apelo às ‘inteligências amantes da liberdade, do livre-pensamento e orientadas para o porvir dos mal administrados e governados mundos de Satânia’”.
(607.1) 53:6.6 Esse anjo, Manótia, está ainda a serviço em Urântia, na função de comandante associado dos serafins.

7. A História da Rebelião

(607.2) 53:7.1 A rebelião de Lúcifer teve o âmbito de todo o sistema. Trinta e sete Príncipes Planetários em secessão conduziram as administrações dos seus mundos para o lado dos líderes rebeldes. Apenas em Panóptia, o Príncipe Planetário fracassou ao tentar levar o seu povo consigo. Nesse mundo, sob a liderança dos Melquisedeques, o povo congregou-se em apoio a Michael. Elanora, uma jovem mulher daquele reino mortal, tomou a liderança das raças humanas nas próprias mãos e sequer uma única alma daquele mundo transtornado alistou-se sob a bandeira de Lúcifer. E, desde então, os Panoptianos leais têm servido no sétimo mundo de transição de Jerusém, como construtores e cuidadores da esfera do Pai e os sete mundos de detenção que o circundam. Os Panoptianos além de atuar como custódios literais desses mundos, também executam as ordens pessoais de Michael ligadas à ornamentação dessas esferas para algum uso futuro desconhecido. Fazem esse trabalho enquanto permanecem ali, a caminho de Edêntia.
(607.3) 53:7.2 Ao longo desse período, Caligástia advogou a causa de Lúcifer, em Urântia. Os Melquisedeques opuseram-se habilmente ao Príncipe Planetário apóstata, todavia os sofismas de uma liberdade sem limites e as ilusões de auto-afirmação tiveram todas as oportunidades para enganar os povos primitivos de um mundo jovem e sem desenvolvimento.
(607.4) 53:7.3 Toda a propaganda da secessão teve de ser feita por meio do esforço pessoal, porque o serviço de transmissão e todas as outras vias de comunicação interplanetária haviam sido suspensas pela ação dos supervisores dos circuitos do sistema. No momento da eclosão da insurreição, todo o sistema de Satânia foi isolado, tanto dos circuitos da constelação, quanto dos circuitos do universo. Durante esse tempo, todas as mensagens que chegavam e saíam eram despachadas por agentes seráficos e Mensageiros Solitários. Os circuitos para os mundos caídos também foram cortados, de modo que Lúcifer não utilizasse tais meios para fomentar o seu esquema nefando. E tais circuitos não serão restaurados enquanto o rebelde supremo viver dentro dos confins de Satânia.
(607.5) 53:7.4 Essa foi uma rebelião Lanonandeque. As ordens mais elevadas de filiação do universo local não se ligaram à secessão de Lúcifer, embora uns poucos Portadores da Vida estacionados nos planetas rebeldes hajam sido um pouco influenciados pela rebelião dos príncipes desleais. Nenhum dos Filhos Trinitarizados transviou-se. Todos os Melquisedeques, os arcanjos e os Brilhantes Estrelas Vespertinas permaneceram leais a Michael e, ao lado de Gabriel, valentemente combateram pela vontade do Pai e o governo do Filho.
(608.1) 53:7.5 Nenhum ser originário do Paraíso esteve envolvido em deslealdades. Junto com os Mensageiros Solitários, eles tomaram as sedes-centrais do mundo do Espírito, as quais permaneceram sob a liderança dos Fiéis dos Dias de Edêntia. Nenhum dos conciliadores cometeu apostasia, nem se transviou sequer um dos Registradores Celestes. Contudo houve grandes perdas entre os Companheiros Moronciais e os Educadores dos Mundos das Mansões.
(608.2) 53:7.6 Da ordem suprema de serafins, nem um anjo foi perdido, mas um grupo considerável da ordem seguinte, a superior, deixou-se enganar e caiu na armadilha. Do mesmo modo, desviaram-se uns poucos da terceira ordem de anjos, a dos supervisores. O colapso mais terrível, contudo, produziu-se no quarto grupo, o dos anjos administradores, ou seja, os serafins que são designados normalmente para os deveres das capitais dos sistemas. Manótia salvou quase dois terços deles, mas um pouco mais que um terço seguiu os chefes, indo para as fileiras rebeldes. De todos os querubins de Jerusém, um terço, ligado aos anjos administradores, foi perdido junto com os seus serafins desleais.
(608.3) 53:7.7 Dos ajudantes planetários angélicos, designados para os Filhos Materiais, cerca de um terço foi iludido, e quase dez por cento dos ministros de transição caíram na armadilha. João viu isso simbolicamente quando escreveu sobre o grande dragão vermelho, dizendo: “E a sua cauda atraiu uma terça parte das estrelas do céu e jogou-as na obscuridade”.
(608.4) 53:7.8 A maior perda ocorreu nas fileiras angélicas, e a maior parte das ordens inferiores de inteligência envolveu-se na deslealdade. Dos 681 217 Filhos Materiais perdidos em Satânia, noventa e cinco por cento foram vítimas da rebelião de Lúcifer. Um grande número de criaturas intermediárias perdeu-se nos planetas cujos Príncipes Planetários uniram-se à causa de Lúcifer.
(608.5) 53:7.9 Sob muitos aspectos, essa rebelião foi a de maior magnitude e a mais desastrosa de todas as ocorrências semelhantes, em Nébadon. Mais personalidades estiveram envolvidas nessa insurreição do que em ambas as outras. E foi para a sua eterna desonra que os emissários de Lúcifer e Satã não pouparam as escolas de educação infantil no planeta cultural finalitor, procurando corromper logo essas mentes em evolução, até então misericordiosamente mantidas a salvo, vindas dos mundos evolucionários.
(608.6) 53:7.10 Os mortais ascendentes, mesmo sendo vulneráveis, resistiram aos sofismas da rebelião, com mais facilidade do que os seres espitiruais menos elevados. Conquanto hajam caído, nos mundos mais baixos das mansões, muitos dos mortais que ainda não haviam alcançado a fusão final com os seus Ajustadores, ficou registrado, para a glória da sabedoria do esquema de ascensão, que nem um membro sequer, com cidadania ascendente em Satânia e residente em Jerusém, participou da rebelião de Lúcifer.
(608.7) 53:7.11 Hora após hora e dia após dia, as estações de transmissão de todo o Nébadon mantinham-se repletas de observadores ansiosos, de todas as classes imagináveis de inteligências celestes, as quais examinavam avidamente os boletins da rebelião de Satânia e rejubilavam-se quando os relatos narravam continuamente sobre a lealdade inflexível dos mortais ascendentes, que, sob a liderança dos Melquisedeques, resistiram com êxito aos esforços combinados e prolongados de todas as forças sutis do mal, as quais tão rapidamente se haviam congregado em torno das bandeiras da secessão e do pecado.
(608.8) 53:7.12 Decorreram mais de dois anos, do tempo do sistema, desde o começo da “guerra nos céus” até a instalação do sucessor de Lúcifer. E afinal chegou Lanaforge; este novo soberano aterrissou no mar de cristal com seus assistentes. Eu estava entre as reservas mobilizadas, em Edêntia, por Gabriel; e bem me lembro da primeira mensagem de Lanaforge ao Pai da Constelação de Norlatiadeque, dizendo: “Não se perdeu um único cidadão de Jerusém. Todos os mortais ascendentes sobreviveram à dura prova e emergiram triunfantes e vitoriosos do teste crucial”. E uma mensagem chegou em Sálvington, em Uversa e no Paraíso, transmitindo a certeza de que a experiência de sobreviver, na ascensão mortal, é a maior proteção contra a rebelião e a salvaguarda mais segura contra o pecado. Esse nobre grupo somava exatamente 187 432 811 mortais fiéis.
(609.1) 53:7.13 Com a chegada de Lanaforge, os líderes rebeldes foram destronados e afastados de todos os poderes governantes, embora se lhes haja sido permitido transitar livremente em Jerusém, nas esferas moronciais e mesmo nos mundos individuais habitados. Eles continuaram com os seus esforços sedutores e enganadores, confundindo e desorientando as mentes de homens e anjos. Mas, no que concerniu ao seu trabalho no monte administrativo de Jerusém, “não houve mais lugar para eles”.
(609.2) 53:7.14 Embora Lúcifer haja sido despojado de toda autoridade administrativa em Satânia, não existia então, no universo local, nenhum poder, nem tribunal que pudesse deter ou destruir esse rebelde perverso; naquela época, Michael não era ainda um governante soberano. Os Anciães dos Dias apoiaram os Pais da Constelação, na sua tomada do governo do sistema, mas nunca baixaram nenhuma medida subseqüente, nas muitas apelações, ainda pendentes, com respeito ao status atual e à sorte futura de Lúcifer, Satã e seus parceiros.
(609.3) 53:7.15 Assim, pois, foi permitido a esses rebeldes supremos perambular pelo sistema inteiro, a fim de buscar maior penetração para as suas doutrinas de descontentamento e auto-afirmação. Todavia, durante quase duzentos mil anos do tempo de Urântia, eles não foram capazes de enganar nenhum outro mundo mais. Nenhum outro dos mundos de Satânia foi perdido, desde a queda dos trinta e sete; sequer mesmo os mundos mais jovens povoados desde os dias da rebelião.

8. O Filho do Homem em Urântia

(609.4) 53:8.1 Lúcifer e Satã perambularam livremente pelo sistema de Satânia, até que se completou a missão de auto-outorga de Michael em Urântia. Estiveram no vosso mundo juntos e pela última vez durante a época da investida combinada que praticaram contra o Filho do Homem.
(609.5) 53:8.2 Antes, quando os Príncipes Planetários, os “Filhos de Deus”, reuniam-se periodicamente, “Satã também se juntava a eles”, reivindicando ser quem representava todos os mundos isolados dos Príncipes Planetários caídos. Contudo não lhe foi mais permitida essa liberdade em Jerusém, desde a auto-outorga terminal de Michael. Depois do esforço que fizeram para corromper Michael quando encarnado em auto-outorga, toda a compaixão por Lúcifer e Satã, fora dos mundos isolados em pecado, esvaiu-se em todo o Satânia.
(609.6) 53:8.3 A auto-outorga de Michael pôs fim à rebelião de Lúcifer, em todo o Satânia, com exceção dos planetas dos Príncipes Planetários apóstatas. E este foi o significado, na experiência pessoal de Jesus, pouco antes da sua morte na carne, quando um dia ele exclamou para os seus discípulos: “E eu contemplo Satã caindo do céu como um raio”. Ele havia vindo, com Lúcifer, a Urântia para a última luta crucial.
(609.7) 53:8.4 O Filho do Homem permaneceu confiante no êxito e sabedor de que o seu triunfo, no vosso mundo, estabeleceria para sempre o status desses inimigos de toda uma era, não apenas em Satânia, mas também nos outros dois sistemas, onde o pecado havia penetrado. A sobrevivência, para os mortais, e a segurança, para os anjos, foram afirmadas quando o vosso Mestre, em resposta às propostas de Lúcifer, calmamente e com certeza divina, respondeu: “Vai retro, Satã”. Esse foi, em princípio, o fim real da rebelião de Lúcifer. É bem verdade que os tribunais de Uversa ainda não emitiram a sentença executiva a respeito do apelo de Gabriel, rogando pela destruição dos rebeldes; contudo, tal decreto irá, sem dúvida, ser emitido no completar do tempo, pois o primeiro passo na audiência desse caso já foi dado.
(610.1) 53:8.5 Caligástia foi reconhecido, pelo Filho do Homem, como sendo tecnicamente o Príncipe de Urântia, até perto da época da morte de Jesus. Disse Jesus: “Agora é o juízo deste mundo; agora o príncipe deste mundo será deposto”. E então, ainda mais perto de completar o trabalho da sua vida, ele anunciou: “O Príncipe deste mundo está julgado”. E é este mesmo Príncipe destronado e desacreditado que certa vez foi chamado de “Deus de Urântia”.
(610.2) 53:8.6 O último ato de Michael antes de deixar Urântia foi o de oferecer misericórdia a Caligástia e Daligástia, mas estes desdenharam a afetuosa oferta. Caligástia, o vosso Príncipe Planetário apóstata, ainda está em Urântia, livre para continuar os seus desígnios nefandos, mas não tem absolutamente nenhum poder para entrar nas mentes dos homens, nem pode aproximar-se das suas almas para tentá-las ou corrompê-las, a menos que realmente desejem ser amaldiçoadas pela sua presença perversa.
(610.3) 53:8.7 Antes da auto-outorga de Michael, esses governantes das trevas procuraram manter a sua autoridade em Urântia e obstinadamente resistiram às personalidades celestes menores e subordinadas. Todavia, desde o dia de Pentecostes, esses traidores, Caligástia e o seu igualmente desprezível parceiro, Daligástia, passaram a ser servis perante a majestade divina dos Ajustadores do Pensamento do Paraíso e o Espírito da Verdade, o espírito de Michael que foi efusionado em toda a carne, como protetor.
(610.4) 53:8.8 Mesmo assim, porém, jamais nenhum espírito caído teve o poder de invadir as mentes ou acossar as almas dos filhos de Deus. Nem Satã, nem Caligástia não poderiam jamais tocar, nem sequer se aproximar dos filhos de Deus pela fé; a fé é uma armadura eficaz contra o pecado e a iniqüidade. É verdade que: “Aquele que nasceu de Deus, guarda-se, e o maligno não toca nele”.
(610.5) 53:8.9 Em geral, quando se supõe que mortais fracos e dissolutos estejam sob a influência de diabos e demônios, na verdade estão meramente sendo dominados pelas suas próprias tendências vis inerentes, sendo transviados pelas próprias propensões naturais. Ao diabo tem sido dada uma grande quantidade de crédito, por um mal que não advém dele. Caligástia tem sido relativamente impotente, desde a cruz de Cristo.

9. O Status Atual da Rebelião

(610.6) 53:9.1 Nos primeiros dias da rebelião de Lúcifer, a salvação foi oferecida a todos os rebeldes, por Michael. A todos aqueles que dessem prova de arrependimento sincero, ele ofereceu, quando chegasse a alcançar a sua soberania completa no universo, o perdão e o restabelecimento em alguma forma de serviço no universo. Nenhum dos líderes aceitou essa oferta misericordiosa. Mas milhares de anjos e ordens inferiores de seres celestes, incluindo centenas de Filhos e Filhas Materiais, aceitaram a misericórdia proclamada pelos Panoptianos e lhes foi dada a reabilitação na época da ressurreição de Jesus, há cerca de mil e novecentos anos. Esses seres, desde então, foram transferidos para o mundo do Pai, em Jerusém, onde devem ser mantidos, tecnicamente presos, até que as cortes de Uversa baixem alguma decisão sobre o caso de Gabriel versus Lúcifer. Contudo, ninguém duvida de que, quando o veredicto da aniquilação for emitido, essas personalidades arrependidas e salvas ficarão eximidas do decreto de extinção. Tais almas, em provação, trabalham agora com os Panoptianos na tarefa de cuidar do mundo do Pai.
(611.1) 53:9.2 O arquifarsante nunca mais esteve em Urântia, depois dos dias em que tentou desviar Michael do propósito de completar a auto-outorga e estabelecer a si próprio, final e seguramente, como o governante irrestrito de Nébadon. Quando Michael tornou-se o soberano estabelecido do universo de Nébadon, Lúcifer foi levado em custódia pelos agentes dos Anciães dos Dias de Uversa e, desde então, tem estado prisioneiro, no satélite de número um, do grupo do Pai, nas esferas de transição de Jerusém. E, ali, os governantes de outros mundos e sistemas podem contemplar o fim do infiel Soberano de Satânia. Paulo sabia do status desses líderes rebeldes, depois da auto-outorga de Michael, pois escreveu sobre os chefes de Caligástia como as “hostes espirituais da maldade, nas regiões celestes”.
(611.2) 53:9.3 Michael, ao assumir a soberania suprema de Nébadon, solicitou aos Anciães dos Dias a autorização para internar todas as personalidades que participaram da rebelião de Lúcifer, até serem emitidas as sentenças dos tribunais do superuniverso para o caso Gabriel versus Lúcifer, assinalado nos registros da suprema corte de Uversa há quase duzentos mil anos, na medida de tempo adotada por vós. A respeito do grupo da capital do sistema, os Anciães dos Dias concederam o pedido de Michael, mas com uma única exceção: a Satã foi permitido fazer visitas periódicas aos príncipes apóstatas nos mundos caídos, até um outro Filho de Deus ser aceito por esses mundos apóstatas, ou até o momento em que as cortes de Uversa comecem o julgamento do caso de Gabrielversus Lúcifer.
(611.3) 53:9.4 Satã podia vir a Urântia, porque vós não tínheis nenhum Filho de categoria com residência aqui — nem Príncipe Planetário, nem Filho Material. Machiventa Melquisedeque, desde então, foi proclamado Príncipe Planetário vice-regente de Urântia; e a abertura do caso Gabriel versus Lúcifer assinalou a inauguração de regimes planetários temporários, em todos os mundos isolados. É verdade que Satã visitou periodicamente Caligástia e outros príncipes caídos, exatamente até o momento da apresentação dessas revelações, quando aconteceu a primeira das audiências solicitadas por Gabriel para o aniquilamento dos líderes rebeldes. Satã, no entanto, está agora incondicionalmente detido nos mundos de prisão de Jerusém.
(611.4) 53:9.5 Desde a auto-outorga final de Michael, ninguém, em todo o Satânia, desejou ir aos mundos de prisão para ministrar aos rebeldes internados. E nenhum outro ser foi conquistado pela causa dos enganadores. Por mil e novecentos anos, tal status não sofreu alteração.
(611.5) 53:9.6 Nós não antecipamos uma eliminação das restrições atuais feitas a Satânia, antes que os Anciães dos Dias hajam tomado uma decisão final sobre os líderes rebeldes. Os circuitos do sistema não serão reinstalados enquanto Lúcifer estiver vivo. Nesse meio tempo, ele está totalmente inativo.
(611.6) 53:9.7 A rebelião terminou em Jerusém. Ela cessa, nos mundos caídos, tão logo os Filhos divinos cheguem até eles. Acreditamos que os rebeldes que algum dia iriam aceitar a misericórdia já o fizeram, todos. Aguardamos pela teletransmissão que, em um clarão de relâmpago, irá privar tais traidores da existência da sua personalidade. Antecipamos que o veredicto de Uversa, a ser anunciado nessa transmissão, indicará a ordem de execução que irá efetivar a aniquilação desses rebeldes aprisionados. E então vós ireis procurá-los nos lugares deles, mas eles não serão encontrados. “E aqueles que vos conhecem, entre os mundos, espantar-se-ão convosco; pois fostes um terror, mas nunca mais o sereis novamente”. E assim todos esses traidores indignos “serão como se nunca houvessem existido”. Todos aguardam o decreto de Uversa.
(611.7) 53:9.8 Contudo, durante idades, os sete mundos de prisão, de escuridão espiritual em Satânia, constituíram um solene aviso para todo o Nébadon, proclamando eloqüente e efetivamente a grande verdade “de que o caminho do transgressor é duro”; “pois dentro de cada pecado está oculta a semente da sua própria destruição”; e que “a recompensa do pecado é a morte”.
(612.1) 53:9.9 [Apresentado por Manovandet Melquisedeque, anteriormente vinculado à administração provisória de Urântia.]

Os Problemas da Rebelião de Lúcifer

(613.1) 54:0.1 O HOMEM evolucionário acha difícil compreender plenamente o significado do mal e captar o sentido desse mal, do erro, do pecado e da iniquidade  O homem é lento para perceber que o contraste entre a perfeição e a imperfeição gera o mal potencial; que o conflito entre a verdade e a falsidade produz a confusão do erro; que o dom divino da escolha, do livre-arbítrio, pode levar aos domínios divergentes de pecado e retidão; que a busca persistente da divindade conduz ao Reino de Deus e que a contínua rejeição desse Reino, ao contrário, conduz aos domínios da iniquidade.

(613.2) 54:0.2 Os Deuses não criam o mal, nem permitem o pecado e a rebelião. O mal potencial existe no tempo, em um universo que abrange níveis distintos de significados e valores de perfeição. O pecado será potencial em todos os reinos nos quais os seres imperfeitos sejam dotados com a capacidade da escolha entre o bem e o mal. Conflitante em si mesma, a presença da verdade e a da inverdade, a do verdadeiro factual e a do falso, constituem uma potencialidade para o erro. A rejeição voluntária da verdade é o erro; a escolha deliberada do mal constitui o pecado e a adoção persistente do pecado e do erro constitui a iniquidade.

1. A Liberdade Verdadeira e a Falsa Liberdade

(613.3) 54:1.1 Entre os problemas de grande perplexidade, advindos da rebelião de Lúcifer, nenhum tem causado mais dificuldades do que a incapacidade com a qual os mortais evolucionários imaturos se defrontam ao tentar distinguir entre a verdadeira e a falsa liberdade.
(613.4) 54:1.2 A liberdade verdadeira é uma busca de idades e a recompensa do progresso evolucionário. A falsa liberdade é o engano sutil do erro, no tempo, e do mal, no espaço. A liberdade que perdura, funda-se na realidade da justiça — inteligência, maturidade, fraternidade e eqüidade.
(613.5) 54:1.3 A liberdade transforma-se em um instrumento de autodestruição na existência cósmica quando a sua motivação é pouco inteligente, incondicionada e descontrolada. A verdadeira liberdade, progressivamente, encontra-se relacionada à realidade e considera sempre a eqüidade social, a justiça cósmica, a fraternidade universal e as obrigações divinas.
(613.6) 54:1.4 A liberdade torna-se suicida quando divorciada da justiça material, da honestidade intelectual, da paciência social, do dever moral e de valores espirituais. A liberdade não existe fora da realidade cósmica; e toda a realidade da personalidade é proporcional às suas relações com a divindade.
(613.7) 54:1.5 A vontade própria incontida e a auto-expressão não regradas igualam-se ao egoísmo não mitigado: o ponto mais distante da divindade. A liberdade que não está associada à conquista e automestria do ego, que sempre devem estar em crescimento, é uma invenção da imaginação mortal egoísta. A liberdade motivada apenas no ego é uma ilusão conceitual, um engano cruel. E a licenciosidade mascarada com a veste da liberdade é precursora de uma escravidão abjeta.
(614.1) 54:1.6 A verdadeira liberdade é derivada do auto-respeito genuíno; a falsa liberdade é companheira da auto-admiração. A verdadeira liberdade é fruto do controle de si próprio; a liberdade falsa é fruto da pretensão da afirmação do ego. O autocontrole conduz ao serviço altruísta. A admiração de si próprio tende a conduzir à exploração dos outros, visando um engrandecimento individual egoísta e no erro. Tal indivíduo, por egoísmo, dispõe-se a sacrificar a realização, na retidão, pela posse de um poder injusto sobre os seus semelhantes.
(614.2) 54:1.7 Mesmo a sabedoria, é divina e segura apenas quando é cósmica, no seu alcance; e espiritual, pela sua motivação.
(614.3) 54:1.8 Não há erro maior do que a prática de enganar a si próprio, o que leva os seres inteligentes a aspirarem ao exercício do poder sobre outros seres, resultando no propósito de privá-los das suas liberdades naturais. A regra de ouro da justiça humana põe-se contra todas essas fraudes, injustiças, egoísmos e falta de retidão. Só a liberdade genuína e verdadeira é compatível com o Reino do amor e o ministério da misericórdia.
(614.4) 54:1.9 Como se atreve, a criatura movida pela vontade do ego, a intrometer-se nos direitos dos semelhantes, em nome de uma liberdade pessoal, quando mesmo os Governantes Supremos do universo abstêm-se, em respeito misericordioso, diante das prerrogativas e potenciais da vontade da personalidade! Nenhum ser, no exercício de uma suposta liberdade pessoal, tem o direito de privar qualquer outro ser dos privilégios da existência, conferidos pelos Criadores e devidamente respeitados por todos os seus leais companheiros, subordinados e súditos.
(614.5) 54:1.10 O homem evolucionário pode ter de lutar pelas suas liberdades materiais contra tiranos e opressores, num mundo de pecado e iniquidade  ou durante os tempos iniciais de uma esfera primitiva, em evolução; mas não é assim nos mundos moronciais, nem nas esferas do espírito. A guerra faz parte da herança do homem evolucionário primitivo, mas, nos mundos em que a civilização tem um avanço normal, o combate físico, como uma técnica de ajustamento para os mal-entendidos raciais, há muito tempo caiu em descrédito.

2. O Roubo da Liberdade

(614.6) 54:2.1 Com o Filho e no Espírito, Deus projetou a eterna Havona e, desde então, ali prevaleceu o arquétipo eterno da participação coordenada na criação — o compartilhamento. Esse modelo de compartir é o projeto mestre para cada um dos Filhos e Filhas de Deus, os quais saem para o espaço com o fito de engajar-se na tentativa de duplicar, no tempo, o Universo Central de perfeição eterna.
(614.7) 54:2.2 Todas as criaturas que aspiram a cumprir a vontade do Pai, em todos os universos em evolução, estão destinadas a tornar-se parceiras dos Criadores tempo-espaciais, nessa magnífica aventura de tentar alcançar a perfeição experiencial. Se isso não fosse uma verdade, o Pai não haveria dotado tais criaturas de um livre-arbítrio criativo nem residiria nelas, formando junto com elas, na verdade, uma sociedade na qual Ele se faz presente por intermédio do Seu próprio espírito.
(614.8) 54:2.3 A loucura de Lúcifer foi tentar fazer o não-factível: abreviar o tempo, por um atalho, em um universo experiencial. O crime de Lúcifer foi a tentativa de privar todas as personalidades de Satânia da própria liberdade criativa, de reduzir indevidamente a participação pessoal da criatura — o livre-arbítrio de poder participar — na longa luta evolucionária para alcançar o status de luz e vida, tanto individual quanto coletivamente. Ao fazer isso, aquele que certa vez foi o Soberano do vosso sistema colocou o propósito temporal da sua própria vontade em oposição direta ao propósito eterno da vontade de Deus, tal como é revelada na outorga do livre-arbítrio a todas as criaturas pessoais. A rebelião de Lúcifer, assim, ameaçou infringir, ao máximo possível, a faculdade da escolha livre dos ascendentes e servidores do sistema de Satânia — uma ameaça de privar para sempre cada um desses seres da experiência apaixonante de contribuir com algo de pessoal e único para o soerguimento vagaroso do monumento da sabedoria experiencial, que existirá, algum dia, como sendo o sistema de Satânia perfeccionado. Assim pois, o manifesto de Lúcifer, mascarado e revestido pelos trajes de uma liberdade, destaca-se, à luz clara da razão, como ameaça monumental a consumar o roubo da liberdade pessoal e a fazê-lo numa escala só alcançada, em toda a história de Nébadon, por duas vezes.
(615.1) 54:2.4 Em resumo, o que Deus dera aos homens e anjos, Lúcifer lhes queria tirar; isto é, o privilégio divino de participar na criação dos seus próprios destinos e do destino deste sistema local de mundos habitados.
(615.2) 54:2.5 Nenhum ser, em todo o universo, possui liberdade, por direito, de privar qualquer outro ser da verdadeira liberdade, do direito de amar e ser amado, do privilégio de adorar a Deus e servir aos seus semelhantes.

3. A Demora Temporal da Justiça

(615.3) 54:3.1 As criaturas de vontade moral dos mundos evolucionários entregam-se sempre à inquietação de formular a pergunta impensada: por que os Criadores oniscientes permitem o mal e o pecado? Não compreendem que, se a criatura deve ser verdadeiramente livre, ambos tornam-se inevitáveis. O livre-arbítrio do homem que evolui, e o do anjo extraordinário, não são mero conceito filosófico, ideais simbólicos. A capacidade do homem de escolher entre o bem e o mal é uma realidade do universo. Essa liberdade, de escolher por si próprio, é um dom dado pelos Governantes Supremos; e eles não permitirão a qualquer ser, ou grupo de seres, privar sequer uma personalidade, em todo o amplo universo, dessa liberdade divinamente outorgada — e, menos ainda, para satisfazer os seres transviados e ignorantes no desfrute de algo erroneamente considerado como liberdade pessoal.
(615.4) 54:3.2 Embora a identificação consciente e deliberada com o mal (o pecado) seja o equivalente à não-existência (o aniquilamento), deve haver sempre um intervalo de tempo entre o momento dessa identificação pessoal com o pecado e a execução da pena — o resultado automático do abraçar voluntário do mal — ; um intervalo de tempo que seja suficiente para permitir que o juízo feito do status do indivíduo, no universo, demonstre ser inteiramente satisfatório a todas as personalidades a ele relacionadas, no universo; e que seja tão equânime e justo a ponto de chegar a receber a aprovação do próprio pecador.
(615.5) 54:3.3 Mas, caso esse ser do universo, que se rebelou contra a realidade da verdade e da bondade, recusar-se a aprovar o veredicto e, se tal culpado conhecer, no seu coração, a justiça da sua condenação, mas se recusar a confessar esse fato, então a execução da sentença deverá ser retardada de acordo com a decisão conveniente dos Anciães dos Dias. E os Anciães dos Dias negam-se a aniquilar qualquer ser antes que todos os valores morais e todas as realidades espirituais sejam extintas, tanto no pecador, quanto em todos aqueles que o apoiam e ou possíveis simpatizantes.

4. A Demora Temporal da Misericórdia

(615.6) 54:4.1 Outro problema na constelação de Norlatiadeque, um tanto difícil de se explicar, diz respeito às razões de se ter permitido que Lúcifer, Satã e os príncipes caídos houvessem chegado a semear a discórdia, durante tanto tempo, antes que fossem apreendidos, confinados e julgados.
(616.1) 54:4.2 Os pais, aqueles que geram e criam filhos, estão mais aptos para compreender por que Michael, um Criador-pai, possa ser lento em condenar e destruir seus próprios Filhos. A história do filho pródigo, que Jesus narrava, ilustra bem o quanto um pai amoroso pode esperar, por um longo tempo, pelo arrependimento de um filho que haja errado.
(616.2) 54:4.3 O fato em si de que uma criatura que pratica o mal possa verdadeiramente escolher o erro — cometer o pecado — estabelece a realidade do livre-arbítrio e justifica plenamente os atrasos, de qualquer duração, na execução da justiça, posto que a extensão da misericórdia pode conduzir ao arrependimento e à reabilitação.
(616.3) 54:4.4 A maior parte das liberdades buscadas por Lúcifer, ele já as tinha; e outras, ele estava para recebê-las no futuro. Todos esses dons preciosos foram perdidos quando ele cedeu à impaciência; e quando se rendeu ao desejo de possuir, imediatamente, o que desejava possuir; e possuir desafiando todas as obrigações de respeitar os direitos e liberdades de todos os outros seres que compõem o universo dos universos. As obrigações éticas são inatas, divinas e universais.
(616.4) 54:4.5 Muitas razões, conhecidas por nós, há, pelas quais os Governantes Supremos não destruíram nem confinaram imediatamente os líderes da rebelião de Lúcifer. E, sem dúvida, ainda outras razões, possivelmente mais fortes, desconhecidas por nós, também existem. As características da misericórdia, contidas nessa demora na execução da justiça foram oferecidas pessoalmente por Michael de Nébadon. Não fora o afeto desse Criador-pai pelos seus filhos em erro, a justiça suprema do super-universo teria agido imediatamente. Houvesse um episódio, como a rebelião de Lúcifer, ocorrido em Nébadon, enquanto Michael estava encarnado em Urântia e os instigadores do mal poderiam ter sido instantânea e absolutamente aniquilados.
(616.5) 54:4.6 A justiça suprema pode agir instantaneamente quando não restringida pela misericórdia divina. Mas a ministração da misericórdia aos filhos do tempo e do espaço vem sempre provida desse retardamento temporal, desse intervalo salvador, entre época de semear e hora de colher. Se a semente plantada é boa, esse intervalo provê a prova e a edificação do caráter; se o plantio é mau, esse retardamento misericordioso provê tempo para arrependimento e retificação. A demora no julgamento e execução dos que cometeram o mal é inerente à ministração da misericórdia aos sete superuniversos. O refreamento da justiça, pela misericórdia, prova que Deus é amor, que este Deus do amor domina os universos e que Ele, com misericórdia, controla o destino e o julgamento de todas as Suas criaturas.
(616.6) 54:4.7 As demoras temporais da misericórdia existem por mandado do livre-arbítrio dos Criadores. No universo há um bem que se deriva dessa técnica de paciência para lidar com rebeldes pecadores. Ainda que seja mais que verdadeiro que o bem não possa vir do mal; para aquele que admira e comete o mal, é igualmente verdadeiro que todas as coisas (inclusive o mal potencial e o mal manifesto) trabalhem juntas para o bem de todos os seres que conhecem Deus, que amam fazer a Sua vontade e estão ascendendo na direção do Paraíso, de acordo com o Seu plano eterno e Seu propósito divino.
(616.7) 54:4.8 Mas essas demoras, por misericórdia, não são intermináveis. Não obstante a longa demora (como o tempo é considerado em Urântia) para julgar a rebelião de Lúcifer, podemos registrar que durante o tempo de efetuar essa revelação, a primeira audiência do caso pendente de Gabriel versus Lúcifer, aconteceu em Uversa; e que logo depois foi emitido o mandado dos Anciães dos Dias instruindo que Satã fosse então confinado ao mundo-prisão, com Lúcifer. Isso põe fim à capacidade de Satã de fazer novas visitas a quaisquer dos mundos caídos de Satânia. A justiça, num universo dominado pela misericórdia, pode ser lenta, mas é certa.

5. Sabedoria no Adiamento

(617.1) 54:5.1 Das muitas razões conhecidas por mim, pelas quais Lúcifer e seus confederados não foram confinados nem julgados mais cedo, me é permitido mencionar as seguintes:
(617.2) 54:5.2 1. A misericórdia requer que todos os malfeitores tenham tempo suficiente para formular uma atitude deliberada e plenamente determinada a partir dos seus maus pensamentos e atos transgressores.
(617.3) 54:5.3 2. A justiça suprema é dominada pelo amor do Pai; portanto a justiça jamais destruirá aquilo que a misericórdia pode salvar. Um período de tempo para aceitar a salvação é garantido a todo malfeitor.
(617.4) 54:5.4 3. Nenhum pai afeiçoado precipita-se em aplicar uma punição a um membro da sua família que cometeu um erro. A paciência não pode funcionar independentemente do tempo.
(617.5) 54:5.5 4. Embora o erro seja sempre deletério para uma família, a sabedoria e o amor exortam os filhos justos a agirem com paciência para com um irmão que erra, durante o tempo concedido pelo pai afeiçoado, necessário para que o pecador possa enxergar o erro no seu caminho e abraçar a salvação.
(617.6) 54:5.6 5. Independentemente da atitude de Michael para com Lúcifer, não obstante ser ele o Criador-pai de Lúcifer, não seria da alçada desse Filho Criador exercer a jurisdição sumária, sobre o Soberano apóstata do Sistema, pois Michael não havia, até então, completado a sua carreira de auto-outorgas, por intermédio da qual alcançaria a soberania incondicional de Nébadon.
(617.7) 54:5.7 6. Os Anciães dos Dias poderiam ter aniquilado imediatamente com esses rebeldes, mas raramente executam os malfeitores sem haverem ouvido tudo sobre o seu caso. Nessa instância recusaram-se a passar por cima das decisões de Michael.
(617.8) 54:5.8 7. É evidente que Emanuel aconselhou Michael a permanecer distante dos rebeldes permitindo que a rebelião chegasse, por seu curso natural, à auto-obliteração. A sabedoria dos Uniões dos Dias é reflexo, no tempo, da sabedoria unificada da Trindade do Paraíso.
(617.9) 54:5.9 8. Os Fiéis dos Dias, em Edêntia, aconselharam os Pais da Constelação a permitirem o livre trânsito aos rebeldes, com o fito de que toda a compaixão por esses malfeitores acabasse sendo extirpada o mais cedo possível dos corações de cada cidadão presente e futuro de Norlatiadeque — de todas as criaturas mortais, moronciais ou espirituais.
(617.10) 54:5.10 9. O representante pessoal do Executivo Supremo de Orvônton em Jerusém aconselhou Gabriel a prover todas as oportunidades para que cada criatura viva fizesse uma escolha, deliberadamente amadurecida, sobre todas as questões envolvendo a Declaração de Liberdade de Lúcifer. Havendo sido levantadas as questões da rebelião, o conselheiro de Gabriel, vindo do Paraíso em tais emergências, declarou que se uma oportunidade plena e livre como aquela não fosse dada a todas as criaturas de Norlatiadeque, então, a quarentena do Paraíso efetuada contra todas essas criaturas, possivelmente indecisas ou tomadas pela dúvida, seria estendida, em nome da autoproteção, a toda a constelação. Para manter as portas do Paraíso abertas para a ascensão, aos seres de Norlatiadeque, seria necessário dar chances de pleno desenvolvimento à rebelião e assegurar a completa determinação de atitude da parte de todos os seres relacionados, de algum modo, a ela.
(617.11) 54:5.11 10. A Ministra Divina de Sálvington emitiu, como a sua terceira proclamação independente, um mandado ordenando que nada fosse feito para curar pela metade, para suprimir covardemente ou, de qualquer outro modo, ocultar o rosto horrível dos rebeldes e da rebelião. Foi instruído às hostes angélicas que trabalhassem por uma plena divulgação e fosse dada oportunidade ilimitada à expressão do pecado, afirmando ser essa a técnica mais rápida para realizar a cura perfeita, e final, da praga do mal e do pecado.
(618.1) 54:5.12 11. Foi organizado em Jerusém um conselho de emergência de ex-mortais constituído de Mensageiros Poderosos, mortais glorificados com experiência pessoal em situações semelhantes, juntamente com seus colegas. Eles advertiram Gabriel de que seria, pelo menos, três vezes maior o número de seres a se perderem, caso fossem tentados métodos arbitrários ou sumários de supressão. Todo o corpo de conselheiros de Uversa se pôs de acordo para aconselhar Gabriel a permitir que a rebelião tomasse o seu curso pleno e natural, ainda que fosse necessário um milhão de anos para eliminar as conseqüências.
(618.2) 54:5.13 12. O tempo é relativo, até mesmo num universo temporal: se um mortal de Urântia, com um período mediano de vida, cometesse um crime que precipitasse um pandemônio mundial e, caso ele fosse apreendido, julgado e executado, dois ou três dias após haver cometido o crime, pareceria muito tempo para vós? E tal seria uma comparação aproximadamente válida, considerando a duração da vida de Lúcifer; ainda que o seu julgamento, agora iniciado, não terminasse nem dentro de cem mil anos do tempo de Urântia. O lapso relativo de tempo, do ponto de vista de Uversa, onde o litígio está pendente, poderia ser indicado, se disséssemos que o crime de Lúcifer foi levado a julgamento dois segundos e meio depois de cometido. Do ponto de vista do Paraíso, no entanto, o julgamento é simultâneo ao ato.
(618.3) 54:5.14 Existe um número igual de motivos para que não se tivesse terminado arbitrariamente a rebelião de Lúcifer, os quais seriam parcialmente compreensíveis para vós; todavia não me é permitido descrevê-los. Posso informar-vos que, em Uversa, ensinamos sobre quarenta e oito motivos para possibilitar que o mal tome o curso pleno da sua própria bancarrota moral e da sua extinção espiritual. Não duvido que haja pelo menos um número igual de razões, além dessas, que eu não conheça.

6. O Triunfo do Amor

(618.4) 54:6.1 Quaisquer sejam as dificuldades que os mortais evolucionários possam encontrar, nos seus esforços de compreender a rebelião de Lúcifer, deveria parecer claro, a todos os pensadores que meditam, que a técnica de lidar com os rebeldes constitui uma demonstração do amor divino. A misericórdia amorosa estendida aos rebeldes parece ter envolvido muitos seres inocentes em provações e atribulações; mas todas essas personalidades afligidas podem, com segurança, confiar nos Juízes, infinitamente sábios, para julgar também os seus próprios destinos, tanto em misericórdia, quanto em justiça.
(618.5) 54:6.2 Sempre que lidam com seres inteligentes, tanto o Filho Criador, quanto o seu Pai do Paraíso, são conduzidos pelo amor. É impossível compreender muitas fases da atitude dos governantes do universo para com os rebeldes e a rebelião — o pecado e os pecadores — , a menos que seja lembrado que Deus, como Pai, tem precedência sobre todas as outras fases de manifestação da sua Deidade, em qualquer tratativa que a divindade tenha com a humanidade. Deveria também ser lembrado que todos os Filhos Criadores do Paraíso são motivados pela misericórdia.
(618.6) 54:6.3 Se um pai afeiçoado de uma grande família, escolhe demonstrar misericórdia a um dos seus filhos, culpado por graves erros, pode muito bem acontecer que essa extensão da misericórdia, ao filho mal-comportado, resulte em provações temporárias para todos os outros filhos bem-comportados. Essas eventualidades são inevitáveis; e tal risco se faz inseparável da situação da realidade de se ter um pai cheio de amor e ser um membro de um grupo familiar. Cada membro de uma família beneficia-se da conduta justa de todos os outros membros; do mesmo modo, cada membro deve sofrer a conseqüência imediata, no tempo, da má conduta de todos os outros membros. Famílias, grupos, nações, raças, mundos, sistemas, constelações e universos são relacionamentos de associação que possuem individualidade; portanto, cada membro de todo o grupo, grande ou pequeno, colhe os benefícios e sofre as conseqüências das boas ações e dos erros de todos os outros membros do grupo envolvido.
(619.1) 54:6.4 Entretanto, uma coisa deve ficar clara: caso sejais levados a sofrer as conseqüências más, por causa do pecado de algum membro da vossa família, de um compatriota ou companheiro mortal, ou mesmo por causa da rebelião no sistema, ou em outra parte — não importa o que vós possais ter de suportar, por causa do erro de conduta dos vossos parceiros, companheiros ou superiores — , podeis ficar seguros na certeza eterna de que tais atribulações serão aflições passageiras. Nenhuma dessas conseqüências do erro dos seres fraternos, do mau comportamento grupal, pode jamais colocar em perigo as vossas perspectivas eternas, nem vos privar, no mínimo grau que seja, do vosso direito divino de ascensão ao Paraíso e de alcançar a Deus.
(619.2) 54:6.5 E há uma compensação para tais provações, para esses adiamentos e desapontamentos, que invariavelmente acompanham o pecado da rebelião. Entre as muitas repercussões consideráveis da rebelião de Lúcifer que podem ser nomeadas, apenas chamarei a atenção para as carreiras enaltecidas dos mortais ascendentes, os cidadãos de Jerusém que, por resistirem aos sofismas do pecado, se colocaram na posição de tornarem-se futuros Mensageiros Poderosos, companheiros da minha própria ordem. Cada ser que haja resistido ao teste daquele episódio do mal, por esse mesmo motivo avançou imediatamente no seu status administrativo e elevou o seu valor espiritual.
(619.3) 54:6.6 A princípio, o levante de Lúcifer pareceu constituir uma calamidade sem atenuantes para o sistema e mesmo para o universo. Gradualmente os benefícios começaram a acumular-se. Com o decorrer de vinte e cinco mil anos do tempo do sistema (vinte mil anos do tempo de Urântia), os Melquisedeques começaram a ensinar que o bem resultante da loucura de Lúcifer chegava a igualar o mal incorrido. A soma do mal, àquela altura, havia-se tornado quase estacionária, continuando a crescer apenas em alguns mundos isolados, enquanto as repercussões benéficas multiplicavam-se e estendiam-se pelo universo e o super-universo, chegando mesmo até Havona. Os Melquisedeques ensinam agora que o bem que resulta da rebelião de Satânia é mais do que mil vezes a soma de todo o mal.
(619.4) 54:6.7 Mas uma colheita tão extraordinária e benéfica, extraída de erros e malfeitos, apenas poderia advir por intermédio da atitude sábia, divina e misericordiosa de todos os superiores de Lúcifer, desde os Pais das Constelações, em Edêntia, até o Pai Universal, no Paraíso. O passar do tempo elevou o bem conseqüente derivado da loucura de Lúcifer; e, desde que o mal a ser penalizado desenvolveu-se totalmente, num período de tempo relativamente curto, torna-se evidente que os governantes do universo, infinitamente sábios e de ampla visão, prolongariam com certeza o tempo no qual iriam colher resultados cada vez mais benéficos. A despeito das muitas outras razões para retardar a detenção e o julgamento dos rebeldes de Satânia, esse ganho seria já suficiente, em si, para justificar o porquê de tais pecadores não terem sido confinados há mais tempo; e o porquê de não haverem sido julgados nem destruídos.
(619.5) 54:6.8 As mentes mortais de pouca visão e tolhidas pelo tempo deveriam ser menos apressadas ao criticar as demoras no tempo geradas na amplidão de visão e sabedoria dos administradores dos assuntos do universo.
(620.1) 54:6.9 Um erro no pensamento humano, a respeito desses problemas, consiste na idéia de que todos os mortais evolucionários, num planeta em evolução, escolheriam aderir à carreira do Paraíso, caso o pecado não houvesse amaldiçoado o seu mundo. A aptidão para recusar a sobrevivência não data dos tempos da rebelião de Lúcifer. O homem mortal sempre possuiu o dom da escolha de livre-arbítrio, com respeito à carreira do Paraíso.
(620.2) 54:6.10 Na medida que ascenderdes na experiência da sobrevivência, vós ireis ampliar os vossos conceitos do universo e estender os vossos horizontes de significados e valores; e, desse modo, tornar-vos mais capazes de entender melhor por que é permitido a seres tais como Lúcifer e Satã continuarem em rebelião. Ireis também compreender melhor como o bem último (se não o bem imediato) pode derivar-se do mal, limitado pelo tempo. Após alcançardes o Paraíso, sereis realmente esclarecidos e confortados ao escutardes os filósofos super-seráficos dissecando e explicando esses profundos problemas de ajustamentos no universo. Mas, mesmo então, duvido de que estejais plenamente satisfeitos, nas vossas próprias mentes. Ao menos eu não fiquei, nem mesmo quando havia alcançado a cúspide da filosofia do universo. Não atingi uma compreensão plena dessas complexidades, senão após haver sido designado para os deveres administrativos no super-universo, onde, por meio da experiência real e prática, adquiri a capacidade conceitual adequada à compreensão desses problemas multifacetados, da equidade cósmica e da filosofia espiritual. À medida que ascenderdes na direção do Paraíso, ireis aprender, mais e mais, que muitos dos aspectos problemáticos da administração do universo só poderão ser compreendidos depois da aquisição de uma capacidade experiencial maior e um discernimento espiritual mais elevado. A sabedoria cósmica é essencial ao entendimento das situações cósmicas.
(620.3) 54:6.11 [Apresentado por um Mensageiro Poderoso que sobreviveu experiencialmente à primeira rebelião sistêmica nos universos do tempo; esse Mensageiro Poderoso está vinculado, atualmente, ao governo do super-universo de Orvônton e atuou nesta tarefa a pedido de Gabriel de Sálvington.]

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Egito Antigo: Heka, a magia, ou deus da magia.


Heka, a magia, ou deus da magia, na extrema esquerda
da figura, em frente a deusa Maat. No fundo, o trono de
Osíris. Papiro funerário da sacerdotisa Nesitanebetisheru,
950 a.C.. British Museum.

No antigo Egito, a magia [heka] era uma das forças que o Criador tinha usado para fazer o mundo e a magia consistia, principalmente, em atos simbólicos que produziam efeitos práticos. Todas as divindades possuíam algum tipo desse poder e havia regras sobre os motivos e modos de usar magia. Os sacerdotes eram os guardiões desse conhecimento secreto; eram os únicos capazes de ler os livros antigos que continham as fórmulas, dádivas dos deuses que protegiam os homens das "desgraças do destino", verdadeiros tesouros guardados nos palácios e bibliotecas.

Havia uma hierarquia de magos e magias: a mais importantes, protegiam o faraó, influíam sobre o nascimento e a morte. A magia curativa era uma especialidade dos sacerdotes de Sekhmet, a apavorante deusa da calamidade. Em um nível mais baixo de especialização, estavam os "encantadores de escorpiões", conhecedores do venenos dos répteis e dos insetos. As mulheres também conheciam a magia prática do dia a dia e algumas, consideradas sábias, eram consultadas em casos que envolviam fantasmas e perturbações na vida pessoal.

Os amuletos eram muito usados para proteção contra diferentes tipos de males. Alguns deles eram simplesmente fórmulas escritas em papiro, dobradas, inseridas em tecido de linho e costuradas às roupas, como alguns bentinhos, usados pelos católicos há poucas décadas, hoje mais raros. Estes amuletos eram propiciadores de longa vida, prosperidade e saúde.

Em geral, o alvorecer era o momento mais propício para os rituais e oficiante deveria estar "puro", uma condição que envolvia o uso de roupas rigorosamente limpas, abstinência sexual e evitar contato com pessoas consideradas impuras, como os embalsamadores e as mulheres menstruadas. Um encantamento consistia em dizer as palavras corretamente, principalmente o nome das divindades, descrevendo as ações que seriam empreendidas.

As palavras podiam ativar a potência de amuleto, uma figura ou uma poção. As poções, muitas vezes continham ingredientes bizarros, como o sangue de uma cachorro negro ou o leite de uma mulher que estivesse amamentando um menino. Música e dança podiam complementar o encanto, como o som dos tambores, usado para afastar entidades malignas.

Doenças, acidentes, pobreza e infertilidade podiam ser causados por divindades irritadas, fantasmas invejosos, demônios e bruxas. As vítimas mais comuns dos males causados por essas figuras eram as mulheres grávidas e as crianças.

Bastões mágicos, feitos de marfim ou metal, decorados com entalhes de símbolos mágicos podiam ser usados para formar um círculo protetor contra as forças do mal que, não raro, eram atribuídas a magos estrangeiros. A deusa hipopótamo Taweret e anão-leão Bes eram considerados deuses protetores cujas imagens eram traçadas em utensílios domésticos e peças do mobiliário. Também apareciam freqüentemente nos amuletos.

Cippus de Hórus, magia curativa

MAGIA DE CURA

Magia empregada em casos de doença era um tratamento alternativo e, também, terapia complementar. Os papiros médico-mágicos continham fórmulas usadas pelos sacerdotes de Sekmet contra seres sobrenaturais causadores de diferentes males dos corpo e da mente. Conhecer os nomes desses seres era uma forma eficaz de agir sobre e contra eles.


 Os demônios eram atraídos pelas coisas feias e/ou delituosas e, assim, o lógico era usar coisas deste tipo para atraí-los e afastá-los; outro recurso era usar substâncias doces, como o mel e/ou desenhar na pele do paciente imagens de divindades protetoras para repelir as criaturas. Também recorria-se à recitação de palavras mágicas que podiam ser a reconstituição de mitos ligados à cura: o sacerdote proclamava que era Toth, o possuidor do conhecimento que curou o olho de Hórus.

 Coleções e magias curativas e de proteção, muitas vezes eram inscritas sobre estátuas e placas de pedras, as stelas. Seu uso era público. Uma estátua do faraó Ramsés III [1184 a.C.-1153 d.C.], colocada no deserto, servia para repelir cobras e curar suas mordidas. Um tipo de stela mágica conhecida como cippus mostrava o deus Hórus menino subjugando animais perigosos e répteis. Muitas continham descrições de como Hórus foi envenenado por seus inimigos e como sua mãe, Isis, implorou pela vida do filho até que Rá enviou a cura. A história termina com a promessa de que qualquer um que esteja doente será curado como Hórus. O poder daquelas palavras e imagens podia ser obtido colhendo água derramada sobre a stela. Esta água mágica podia ser bebida pelo paciente ou usada para lavar suas feridas.

 MALDIÇÕES

Os egípcios também praticavam a magia das maldições ou magia destrutiva. Nomes de inimigos estrangeiros e traidores eram escritos em vasos, tabuletas ou figuras de cerâmica. Nas figuras, os inimigos eram representados amarrados. Os objetos eram, então, queimados ou enterrados em cemitérios. Esse procedimento deveria enfraquecer ou destruir o adversário.Nos templos, sacerdotes e sacerdotisas realizavam cerimônias para amaldiçoar inimigos de ordem divina, como a serpente do caos, Apophis, que vivia eternamente em guerra com o Sol, deus da Criação. Imagens de Apophis traçadas em papiro ou modeladas em cera eram recebiam manifestações de desprezo, como cusparadas ou eram espancadas, pisadas, apunhaladas, queimadas. Os resíduos eram dissolvidos em baldes de urina. Deuses violentos do panteão eram convocados para combater e destruir Apophis, incluindo sua alma e sua magia. Os rivais humanos dos faraós também eram amaldiçoados durante essa cerimônia.

Este tipo de magia foi usado contra o faraó Ramsés III por um grupos de magos, cortesãos e mulheres do harém. Os conspiradores, apoderando-se de um livro de magia negra da biblioteca real, usaram os conhecimentos ali contidos para preparar poções e figuras de cera a fim de prejudicar o faraó e sua guarda. As maldições projetadas nas figuras de cera eram mais eficazes se nelas eram incorporadas elementos pertencentes à vítima: cabelos, unhas, fluidos corporais [como no vudu. No caso de Ramsés III, esses elementos foram facilmente obtidos pelas mulheres do faraó. Não obstante, o plano falhou e os conspiradores, descobertos, foram condenados à morte.

Apophis, s Serpente da Escuridão, inimiga de Rá, o Sol.

SONHOS
 Os egípcios acreditavam que a vontade divina podia ser conhecida através dos sonhos. Sonhos eram considerados como prova da existência de um outro mundo não muito diferente do mundo terreno por que conheciam. 
O conhecimento da arte de provocar os sonhos e interpretá-los era muito valorizado no antigo Egito e o sacerdote que possuía esse dom podia alcançar um status de grande honra na hierarquia do Estado, como na história bíblica de José, o garoto judeu que chegou à terra dos faraós como escravo e alcançou o mais alto posto administrativo da época interpretando sonhos do faraó que permitiram a previsão de uma época de seca e o reforço dos estoques de grãos, salvando o país da fome que, de fato, na época indicada, assolaram o Oriente Médio. Assim, o futuro era revelado nos sonhos de modo que tragédias podiam ser evitadas e mistérios, desvendados.

Porém, sonhos reveladores não eram uma coisa comum e os mágicos eram solicitados para produzi-los através de encantamentos. No acervo do Britsh Museum, o papiro nº 122 contém uma fórmula para obter uma visão ou sonho com a deusa Bes:
 "Faça um desenho da deusa em sua mão esquerda e envolva a mão e o pescoço em uma tira de tecido preto consagrado a Ísis. Deite-se e durma sem dizer uma só palavra. A tinta usada para fazer o desenho deve ser feita com sangue de vaca, sangue de uma pomba branca, incenso puro e fresco, mirra, tinta para escrita negra, cinábrio, suco de amora, suco de ervilhaca, suco de ervas amargas e água da chuva. Com essa mesma tinta, escreva seu pedido antes do por do sol. Envie ao verdadeiro vidente do santuário e suplique: Lampsuer, Sumarta, Baribas, Dardalam, Iorlex, Senhor! Envia a sagrada divindade Anuth, Salbana, Breith, Salbana, Chambré, agora, rapidamente. Faça a súplica à noite".
 Ou, ainda:
 "Para provocar sonhos, disponha de uma bolsa limpa e escreva sobre ela os nomes de Aemiuth, Lailamchouch, Arsenophrephren, Phta, Archentechtha. Dobre a bolsa e coloque-a sobre uma lâmpada de puro óleo. Ao crepúsculo, vá se deitar sem comer, em jejum levando consigo a lâmpada e repita sete vezes a fórmula: "Sachmu, Aeon Trovejador, Vós que possuis o culto da serpente e faz exaurir a própria lua, e faz raiar o sol nas estações, Chthetho é teu nome. eu peço, Senhor dos Deuses, Seth, Chreps, conceda-me a informação que desejo". Antes de adormecer, apague a lâmpada".

FANTASMAS

 As idéias dos egípcio sobre a composição do homem favoreceram a crença em aparições e fantasmas. O homem seria uma combinação de corpos:
1.corpo físico
2.sombra [seria o corpo astral]
3.duplo - ka, espírito
4.alma
5.coração ou alma-coração [seria a porção anímica animal]
6.khu, veículo do espírito
7.força [vital].


 Com a morte do corpo físico, dele se desprende a sombra que somente pode ser trazida de volta por meio de cerimônias místicas. O duplo permanecia na tumba com o corpo e era visitado pela alma, que passava a habitar o Paraíso. Essa alma ka, o duplo, era, ainda, algo material, assim como khu, veículo do espírito que partilhava [alimentava-se] das oferendas funerárias depositadas na tumba: carnes e bebidas.

Se o duplo não encontrasse alimentos na sepultura, passava a vagar entre os vivos em busca de algo para comer e beber, consumindo mesmo coisas imundas, o que era considerado uma maldição. Mas além da sombra, do duplo e da alma, também o espírito, a parte realmente imortal do homem que, em geral, tinha sua morada no Céu, muitas vezes era encontrado no sepulcro. Nesse caso, tal espírito estava preso a uma estátua representativa do morto.

Nestas tumbas, uma parte especial era reservada para ka [o espírito, o duplo], chamada "casa de ka" e o sacerdote de ka cuidava especialmente desse aspecto, provendo o espírito com perfume de incensos, flores, ervas, carne e bebida, as coisas que a pessoa apreciava em vida. Ka, era, por excelência, o fantasma dos egípcios, muitas vezes confundido com seu veículo, khu. [Ou seja, o espírito ka possui um suporte material, khu].

Apesar dessa confusa constituição do homem, o fato é que os egípcio acreditavam podia interagir com seus parentes e amigos que permaneciam no mundo terreno. Esse contato poderia ser propiciado por meio de encantamentos escritos em um papiro, declamados diante da estátua que abrigava ka [o espírito].

Um fantasma insatisfeito poderia, por exemplo, perturbar a vida de um vivo. Foi o caso de um homem que se queixava da esposa morta há três anos e que não o deixava em paz, lançando sobre a vida dele toda sorte de infortúnios. Para se livrar da perseguição da falecida, ele escreveu em um papiro seus próprios méritos, lembrou o bom tratamento dedicado a ela em vida e alegou que que o mal que ela vinha fazendo não se justificava. O papiro foi levado à tumba da mulher e ali depositado, amarrado à estátua que abrigava o duplo da morta que, assim, poderia ler a petição de paz.

Os cemitérios ou necrópoles eram lugares temidos pelos egípcios justamente porque ali moravam os espíritos. A crença era compartilhada também entre os povos de língua árabe do Egito e do Sudão, exceto pelos violadores de túmulos. No Sudão, acreditavam que os espíritos daqueles que morriam em batalhas permaneciam nos locais em que tombaram mortos ou onde seus corpos tinham sido enterrados.

DESTINO

O destino de uma pessoa era determinado antes do nascimento e não podia ser alterado. Os sábios podiam antever a vida futura de alguém a partir da data de nascimento e da análise da posição de estrelas e planetas neste dia: era o horóscopo egípcio. A deusa do destino chamava-se Shai, geralmente acompanhada de outra deusa, Renenet, esta, Senhora da Fortuna. Ambas estavam presentes na Cena do Julgamento onde testemunhavam a pesagem do coração do morto. Outra deusa, Meskhenet, também se apresentava e influenciava a vida futura daqueles que acabavam de morrer.

A vida também poderia ser feliz ou infeliz em função do dia e da hora do nascimento. Cada dia do ano egípcio era dividido em três partes, cada uma delas mais ou menos afortunada. Quando Alexandre, o Grande, estava para nascer, o sábio Nectanebus, observando os corpos celestes, controlava o momento do parto junto à mãe, Olímpia, para que a criança viesse ao mundo em uma hora favorável; e somente permitiu o nascimento no momento em que viu certo esplendor no céu. Quando o menino nasceu, ele disse: "Rainha, acaba de nascer de ti um Governador do Mundo". A terra tremeu, luzes eram vistas no firmamento e um trovão se fez ouvir ao longe.

Nos papiros dos mágicos, freqüentemente aparece a advertência de que certas cerimônias não devem ser feitas em determinados dias considerados negativos para as forças e/ou potências que serão acionadas. O calendário egípcio, em correspondência com o calendário Gregoriano, começa no dia 11 de setembro, o mês de Toth. O terceiro dia do ano é o primeiro assinalado como desafortunado e a partir daí, dias e horas são marcados com símbolos que indicam boa ou má sorte, do dia e das horas das três partes nas quais se divide o dia. A boa sorte  e a má sorte eram assinaladas com os símbolos abaixo, respectivamente:
  
boa sorte   má sorte
E o calendário era assinalado segundo uma tabela,
como esta, correspondente ao mês de Toth:


Os sacerdotes que elaboraram o calendário tinham suas razões para definir dias propícios ou não. Por exemplo, o dia 19 do mês de Toth, completamente afortunado e, segundo o papiro Sallier IV, este era um dia de festa no Céu e na Terra na presença de Rá. O dia 26, ao contrário, era um dia ruim, dia que lembrava a batalha entre Hórus e Seth: era um dia de fazer oferendas a Osíris e Toth mas completamente inadequado para qualquer tipo de trabalho.

O dia 20 de Toth era desfavorável para receber estrangeiros. No mês de Paophi, nascer no dia 4 era vaticínio de morte por doença. No quinto dia, devia-se evitar as relações sexuais e os nascidos nesse dia morreriam por excesso de luxúria. Já os nascidos em 9 de setembro, morreriam em idade avançada. No mês de Hator, No 5º dia, não era recomendável acender o fogo em casa e no 16º dia era proibido ouvir música. Os nascidos no dia 26, morreriam afogados.



OS MESES EGÍPCIOS:
01. Toth - deus da escrita e da sabedoria, entre 11 de setembro e 10 de outubro
02. Paophi - deus do Nilo, entre 11 de outubro e 10 de novembro
03. Hathor - deusa da beleza e do amor, entre 11 de novembro e 09 de dezembro
04. Koiak - o sagrado boi Ápis, entre 10 de dezembro e 8 de janeiro
05. Tobi - Amon-Rá, o Sol, entre 9 de janeiro e 7 de fevereiro
06. Meshir - deus dos ventos, entre 8 de janeiro e 9 de março
07. Paremhat - deus da guerra, entre 10 de março e 8 de abril
08. Paremoude - deus das tempestades e da morte, entre 9 de abril e 8 de maio
09. Pashons - deus da Lua, entre 9 de maio e 7 de junho
10. Paoni - mês do Festival do Vale, em Tebas, entre 8 de junho e 7 de julho
11. Epip - a Serpente que Hórus matou, entre 8 de julho e 6 de agosto
12. Mesori - mês do Nascimento do Sol, entre 7 de agosto e 5 de setembro
Estes meses somavam 360 dias. Os cinco restantes, últimos dias do ano eram dias especiais, os epagomenals days, dedicados ao nascimento de cinco divindades principais: Osíris ─ Hórus ─ Seth ─ Ísis ─ Neftis. Dos 5 dias epagomenais, o primeiro, o terceiro e o quinto, eram desafortunados para o trabalho.
FONTES: WIKIPEDIA | EGYPTIAN DATES

ANIMAIS SAGRADOS

Na vida futura, deuses e homens poderiam assumir formas de animais e plantas maravilhosas que lhes fossem agradáveis e essa transformação, no entendimento popular, era considerada um poder desejável. No livro dos mortos, ao menos 12 capítulos são dedicados a ensinar ao morto as palavras de encantamento necessárias à realização de uma reencarnação nessas condições: "falcão de ouro" ou "falcão divino", "governador dos príncipes soberanos", o deus portador da luz na escuridão, o lótus, a fênix, o crocodilo, um "espírito livre" ou como Ptah, deus do Tempo.

Entretanto, tudo indica que o texto do Livro dos Mortos, neste caso, refere-se a estes animais como alegorias que se referem a um estado superior de existência e não a uma reencarnação em forma animal ou mesmo assumindo personalidade divina. O Livro firma, ainda, que no Paraíso, o Espírito poderia voar ou nadar qualquer distância em qualquer direção.

Os egípcios reverenciavam certos animais. O povo, considerava estes animais como encarnações de deuses; magos e pessoas mais cultas, entendiam, mais acertadamente, que aqueles animais representavam manifestações de qualidades dos deuses. Quando um animal sagrado morria, as qualidades do deus que ele [o animal] simbolizava eram transferidas para outro indivíduo da mesma espécie, reencarnação do que morrera. O animal morto recebia a honra da mumificação.

Eram sagrados: o touro e a vaca, representantes da força física e de procriação; o crocodilo, reverenciado como uma espécie de rei das águas fluviais e identificado com o deus Sobek; outra potência dos rios, era o hipopótamo, relacionado à deusa Tauret e à gestação. Os gatos simbolizavam a deusa Bastet. 
O escaravelho era associado a Rá, o Sol. Anúbis tinha cabeça de chacal, animal que rondava os cemitérios sendo, assim, apropriadamente ligado àquele deus que presidia a morte.

O escaravelho era associado a Rá, o Sol. Anúbis tinha cabeça de chacal, animal que rondava os cemitérios sendo, assim, apropriadamente ligado àquele deus que presidia a morte.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

(VÍDEO) O Mensalão de YHWH. Desaconselhável para pessoas com mais de 12 contribuições dizimais.

José Dirceu, José Genoíno, Marcos Valério, Delúbio Soares,  Roberto Jefferson,
 e toda quadrilha são "fichinhas" perto dessa "patota".
Cana neles Interpol!
Cana neles Ministério Público!
Cana neles Supremo Tribunal Federal!
Cana neles Ministro Joaquim Barbosa!

x
vergonhoso, diabólico, nefasto,...
                  



quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Revista Menorah ( em PDF) Colinas de Golã: Vida judaica no local há 1.800 anos

Arqueologia atual em Israel - Pela primeira vez na mídia as ruinas das sinagogas e cidades judaicas nas Colinas de Golã e os artefatos judaicos da sinagoga de Gaza - que ficam por aí dizendo que nunca existiram - revista menorah 615 pdf

Revista Menorah (em PDF) A história do livro Mein Kampf de Adolf Hitler


A história do livro Mein Kampf de Adolf Hitler, com o plano de exterminar os judeus desde 1925, entrevista exclusive com o escritor francês Antoine Vitkine autor de extensa pesquisa sobre o Mein Kampf  - revista menorah 613 pdf

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Silas Malafaia e Edir Macedo: Quem é mais comandado pelo Diabo?

O pastor Silas Malafaia usou seu programa para responder ao Bispo Edir Macedo e outros bispos da Igreja Universal do Reino que falaram nas últimas semanas contra as manifestações pentecostais e contra os cantores evangélicos dizendo que 99% deles são endemoniados.
“Qual é a diferença da arruda da sua igreja e a do centro de macumba? Qual é a diferença do sal grosso da sua igreja e o do centro de macumba? Qual é a diferença da rosa ungida da sua igreja e da do centro de macumba?”, questiona Malafaia falando sobre as campanhas da Igreja Universal.
O pastor Silas demonstra indignação ao falar sobre o caso e critica, sem citar nome de igrejas ou líderes, o ponto de vista teológico usado pela IURD. “Você é tão trouxa na tua argumentação, tão fraco que teologicamente vocês são um zero! Eu digo até que vocês entendem de fé, de oração. Eu digo até que vocês entendem um pouco trabalho. Mas de teologia, vocês são analfabetos.”

Malafaia fala contra a Rede Record

Outro tema criticado pelo presidente da Assembleia de Deus Vitória em Cristo foi a forma como a IURD fala sobre demônios e também diz que a Rede Record é comandada por principados das trevas. “Os demônios que incorporam pessoas no máximo eles comandam legiões, agora em efésios 6, a partir do versículo 10, diz que satanás tem principados, príncipes das trevas, está falando de demônios que comandam principados, esses não incorporam em pessoas, esses comandam a programação da rede de televisão de vocês”.
A crítica se refere ao fato de usar o dinheiro dos membros da igreja para financiar a programação secular que Silas Malafaia caracteriza como “lixo moral financiado por dízimos e ofertas”. Ainda sobre a programação da Record ele cita que a fazenda, que hoje é palco de um reality show, antes era usada para treinamento de pastores.

Jogo comercial de gravadoras

O apresentador do programa Vitória em Cristo também comentou sobre os cantores evangélicos que foram chamados de endemoniados. Na visão do pastor Silas Malafaia, a cúpula da IURD só está falando isso para impedir que os membros de sua igreja comprem os CDs dos cantores que não fazem parte do elenco da gravadora ligada à Igreja Universal.
“A gravadora dele não está com nada, a gravadora dele está dando prejuízo há anos, e a Ana Paula [Valadão] gravou por essa grande gravadora dessa grande emissora de TV. O jogo é comercial”, disse Malafaia que ainda concluiu. “É para o povo dele não comprar o CD”. Ainda sobre esse tema ele fala sobre as rádios que pertencem a IURD, questionando que se 99% dos cantores evangélicos são endemoniados porque as emissoras de rádio da igreja transmitem a música desses artistas em sua programação? Malafaia termina o programa dizendo que não está falando da igreja, mas dos líderes.
                

Simonia: Venda de favores divinos, bençãos, cargos eclesiásticos, prosperidade material, bens espirituais, coisas sagradas, objetos ungidos, etc. em troca de dinheiro.



segunda-feira, 12 de novembro de 2012